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BLOCH- A análise histórica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA INFORMAÇÃO - ICHI
HISTÓRIA BACHARELADO
TEORIA E METODOLOGIA DA HISTÓRIA I
DOCENTE JÚLIA SILVEIRA MATOS
ACADÊMICO: Cláudia Severo 
E-MAIL: claudiasevero@live.com
MATRÍCULA: 75525
TEXTO 04: BLOCH, Marc. A análise histórica. In: Apologia da História ou O Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2001. 
	PÁG.
	IDEIA DO AUTOR
	REFLEXÃO
	125
	Existem duas maneiras de ser imparcial: a do cientista e a do juiz. Elas têm uma raiz comum, que é a honesta submissão à verdade. O cientista registra, ou melhor, provoca o experimento que, talvez, inverterá suas mais caras teorias. Qualquer que seja o voto secreto de seu coração, o bom juiz interroga as testemunhas sem outra preocupação senão conhecer os fatos, tais como se deram. 
	O cientista deve ser imparcial com relação ao fenômeno estudado, assim como o historiador, ele irá apenas tentar compreender o fato e explica-lo. Entretanto, não é possível para o historiador simular o seu objeto de estudo ou criar vestígios para a realização da sua pesquisa, já o cientista tem essa possibilidade. 
	130
	Um nome abstrato jamais representa senão um rótulo de classificação. Tudo o que se tem direito de exigir dele é que agrupe os fatos segundo uma ordem útil para seu conhecimento. Apenas as classificações arbitrárias são funestas. Cabe ao historiador experimentar incessantemente as suas para revisá-las, se for o caso, e, sobretudo, flexibilizá-las. Aliás, elas são necessariamente de natureza bastante variável.
	O historiador usa da abstração para a classificação dos fenômenos, para a divisão da história?
Essas classificações não são nem podem ser fixas, pois sua revisão é necessária a fim de sempre flexibiliza-las. 
	131
	 A ”antropogeografia” estuda as sociedades e suas relações com o meio físico: trocas de sentido duplo, isso é claro, em que o homem age incessantemente sobre as coisas ao mesmo tempo que estas sobre ele. Aqui, portanto, nada mais nada menos que uma perspectiva, que outras perspectivas deverão completar. Este é, com efeito, em qualquer ordem de investigação, o papel de uma análise. 
	A análise histórica, como a geografia humana, tem por objetivo compreender e perceber as relações do homem e o meio físico – a ação e reação dessas relações para ambos os lados. 
	132
	O biólogo pode efetivamente, por maior comodidade, estudar à parte a respiração, a digestão, as funções motoras; não ignora que, acima disso tudo, há o indivíduo do qual é preciso dar conta. Mas as dificuldades da história são também de uma outra essência. Pois, em última instância, ela tem como matéria precisamente consciências humanas. As relações estabelecidas através destas, as contaminações, até mesmo as confusões da qual são terreno constituem, a seus olhos, a própria realidade.
	Para a história, todos os aspectos influenciam no fenômeno. Por esse motivo, não é possível compreendê-las sem conhecer o contexto histórico em que o fato aconteceu. 
	134
	 O conhecimento dos fragmentos, sucessivamente estudados, cada um por si, jamais propiciará o do todo; não propiciará sequer o dos próprios fragmentos. 
 Mas o trabalho de recomposição, ao qual nos convidam tanto Michelet como Fustel, só poderia vir depois da análise, como sua razão de ser.
	O conhecimento do passado é construído a partir de fragmentos. Essa construção – ou recomposição, como Bloch chama – só ocorre depois da realização da análise.
	136
	Para dar nomes a seus atos, as suas crenças e aos diversos aspectos de sua vida de sociedade, os homens não esperaram para vê-los tornarem-se o objeto de uma pesquisa desinteressada. A história recebe seu vocabulário, portanto, em sua maior parte, da própria matéria de seu estudo. Aceita-o, já cansado e deformado por um longo uso; ambíguo, aliás, não raro desde a origem, como todo sistema de expressão que não resulta do esforço severamente combinado dos técnicos.
	Diferentemente de outras ciências, o vocabulário utilizado pelos historiadores não foi criado ou desenvolvido por eles. Os atos, as crenças e outros aspectos foram nomeados pelos homens antes deles se tornarem objeto de estudo.
	138
	Essas divergências verbais, apresentam, em si mesmas, fatos bastante dignos de atenção. Porém, ao conformar a isso sua própria terminologia, o historiador não comprometeria apenas a inteligibilidade de seu discurso; impossibilitaria até mesmo o trabalho de classificação, que figura entre seus primeiros deveres. 
	A linguagem sofre modificações durante os tempos. Algumas palavras, por exemplo, são extintas e outras, substituídas por sinônimos. Devido a isso, o historiador deve estar atento ao vocabulário recebido em suas fontes de pesquisa, pois pode comprometer com o seu estudo quando não bem analisado e compreendido. Além disso, muitos dos documentos estudados são em outros idiomas, por isso a necessidade de tradução que pode acarretar em erros visto a diferença entre os idiomas. 
	140
	[...] é por esses escritos – excetuando testemunhos materiais – conhecemos uma sociedade. Aquelas em que triunfou um tal dualismo de linguagem revelam-se a nós portanto, em muitos de seus traços principais, apenas através de um véu aproximativo. Às vezes, inclusive, até uma tela suplementar se interpõe.
	Não apenas depoimentos e documentos são testemunhos para a história, mas também o vocabulário utilizado por esses. Através dos termos utilizados, somos capazes de conhecer sociedades e seus indivíduos.
	142
	[,,,] o vocabulário dos documentos não é, a seu modo, nada mais que um testemunho; precioso, sem dúvida, entre todos; mas, como todos os testemunhos, imperfeito; portanto, sujeito à crítica. Cada termo importante, cada figura de estilo característica, torna-se um verdadeiro instrumento de conhecimento, bastando ser confrontado uma única vez com seu ambiente, recolocado no uso da época, no meio ou do autor; protegido, sobretudo, quando sobreviveu por muito tempo contra o perigo, sempre presente, do contra-senso por anacronismo.
	O vocabulário é sim um testemunho, como afirma Bloch, mas imperfeito e passível de crítica.
	149
	Na confusão das nossas classificações cronológicas, uma moda insinuou-se, bem recente, creio, tanto mais intrusiva, em todo caso, quanto menos sensata. Com naturalidade, contamos por séculos.
	Assim como os testemunhos, a divisão cronológica da história também é passível de crítica visto que para cada historiador há um fato que marca o término e início de períodos diferentes.
	153
	O tempo humano, em resumo, permanecerá sempre rebelde tanto à implacável uniformidade como ao seccionamento rígido do tempo do relógio. Faltam-lhe medidas adequadas à variabilidade de seu ritmo e que, como limites, aceitem frequentemente, porque a realidade assim o quer, conhecer apenas zonas marginais. 
	Buscou-se uniformidade do tempo, mas devido a própria nomenclatura e aos conceitos utilizados para denominar certas características, a uniformidade e divisão do tempo são dificultadas.

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