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CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS 1. INTRODUÇÃO Os sais de cálcio na forma de fosfatos ou carbonatos podem se depositar em tecidos mortos (necroses), doentes (degenerações) e em tecidos normais. Esse processo é conhecido como Calcificação Patológica. Apesar de essencial, o cálcio é um elemento tóxico para as células. Cálcio: Mensageiro na tradução dos sinais participando de importantes processos (Criação ou manutenção dos potenciais de ação; contração muscular; motilidade; divisão celular; secreção e modulação de atividades enzimáticas; coagulação e mesmo a morte celular). 2. CLASSIFICAÇÃO Calcificação Patológica: Ocorre sob duas formas. A. Calcificação distrófica ou local - que afeta tecidos previamente lesados (necróticos ou degenerados) e não depende das concentrações plasmáticas de cálcio e fósforo e nem de distúrbios do metabolismo do cálcio. B. Calcificação metastática ou geral – que afeta tecidos normais e quase sempre resulta de uma HIPERCALCEMIA secundária a algum distúrbio do metabolismo do cálcio. 3. ETIOPATOGENIA Calcificação Distrófica: � Nos tecidos conjuntivos fibrosos hialinizados (ex: placas ateromatosas antigas); � Em válvulas cardíacas inflamadas, em alguns tumores (ex: carcinomas mamários); � Em áreas de necroses antigas e não reabsorvidas como na tuberculose (necrose caseosa), infartos antigos (necrose coagulativa), ao redor de parasitas e larvas mortas, necrose enzimática das gorduras na pancreatite (esteatonecrose), abscessos crônicos de difícil resolução (necrose liquefativa) e em trombos venosos crônicos, etc. 3. ETIOPATOGENIA Calcificação Distrófica: � Na pele ou no tecido subcutâneo, Calcinose cutânea em cães com hiperadrenocorticismo devido a ação de glicocorticóides endógenos e exógenos. Há mineralização do colágeno da derme e de estruturas foliculares. � Os depósitos de cálcio são relativamente permanentes mas, inofensivos, exceto quando interferem mecanicamente (ex: válvulas cardíacas calcificadas). 3. ETIOPATOGENIA Calcificação Metastática (Hipercalcemia metastática): Caracterização geral: � Ocorre em tecidos normais e é secundária à hipercalcemia; � Há entrada de grande quantidade de íons cálcio nas células que se precipitam nas organelas, notadamente em mitocôndrias; 3. ETIOPATOGENIA Calcificação Metastática (Hipercalcemia metastática): � Causas principais: 1. Decorre da absorção abundante de cálcio no tubo gastrointestinal (intoxicação vitamina D {cães/gatos intoxicados por rodenticidas com colecalciferol}; ingestão de plantas calcinogênicas); 2. Decorre da mobilização excessiva de cálcio dos ossos (hiperparatireoidismo; imobilização prolongada; osteólise (mielomas ou de metástases ósseas); Calcificação Metástatica Herbívoros intoxicados por Solanum malacoxylon e cestrum diurnum Princípio ativo semelhante ao da forma mais ativa da vitamina D 1,25- diidroxicolecalciferol que em excesso estimula a síntese de proteínas captadoras de cálcio e sua absorção intestinal Hipercalcemia deposição de sais de cálcio em vários tecidos moles calcificação metastática. HIPERPARATIREOIDISMO 1. PRIMÁRIO 2. SECUNDÁRIO: 2.1. NUTRICIONAL 2.2. RENAL Hiperparatireodismo Primário (Raro) Tumor ou hiperplasia das paratireóides Aumento da concentração de paratormônio Reabsorção óssea excessiva (Cálcio) com aumento da eliminação tubular de fósforo Hipercalcemia, hiperfosfatúria e hipofosfatemia Hiperparatireoidismo Secundário Nutricional (HSN) Deficiência dietética de cálcio ou excesso de fósforo Hipocalcemia/hiperfosfatemia Estímulo das paratireóides Paratormônio (PTH) � Reabsorção óssea HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO NUTRICIONAL EX: ANIMAIS CARNÍVOROS DOMÉSTICOS E DE ZOOLÓGICO (DIETA EXCLUSIVA DE CARNE E VÍSCERAS E AUSÊNCIA DE OSSOS E SUPLEMENTOS DE CÁLCIO) EX: HERBÍVOROS ALIMENTADOS COM EXCESSO DE GRÃOS (DEFICIÊNCIA DE GRAMÍNEAS) ⇒⇒⇒⇒ ACARRETA HIPERFOSFATEMIA ⇒⇒⇒⇒ COM MAIOR SECREÇÃO DE PARATÔRMONIO NO SENTIDO DE EQUILIBRAR A RELAÇÃO CÁLCIO-FÓSFORO NO SANGUE ⇒⇒⇒⇒ CONSEQÜENTE HIPERPARATIREOIDISMO COM EXCESSIVA MOBILIZAÇÃO ÓSSEA E SATURAÇÃO DOS NÍVEIS PLASMÁTICOS DE CÁLCIO E FÓSFORO ⇒⇒⇒⇒ PRECIPITAÇÃO DE SAIS DE CÁLCIO NOS TECIDOS. Hiperparatireoidismo Secundário Renal (HSR) Insuficiência Renal Crônica com Uremia Hipofosfatúria e Hiperfosfatemia Hipocalcemia ( conc. de cálcio ionizado plasmático) Estímulo das paratireóides HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO RENAL EX: NEFROPATIA CRÔNICA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA COM RETENÇÃO DE FOSFATOS (HIPERFOSFATEMIA POR HIPOFOSFATÚRIA)COM CONSEQUENTE MAIOR SECREÇÃO DE PARATÔRMONIO PARA EQUILIBRAR A RELAÇÃO CÁLCIO-FÓSFORO NO SANGUE. HIPERFOSFATEMIA ⇒⇒⇒⇒ EXCESSIVA MOBILIZAÇÃO ÓSSEA, ⇒⇒⇒⇒ ELEVAÇÃO DA CALCEMIA ⇒⇒⇒⇒ SEM RESPOSTA DOS RINS ⇒⇒⇒⇒ ULTRAPASSA O LIMIAR DE SOLUBILIDADE DO CÁLCIO E FÓSFORO/PLASMA ⇒⇒⇒⇒ PRECIPITAÇÃO NOS TECIDOS. A CALCIFICAÇÃO DE TECIDOS MOLES NA UREMIA, REPRESENTA AMBAS AS FORMAS DE CALCIFICAÇÃO, METASTÁTICA E DISTRÓFICA 4. ASPECTOS MORFOLÓGICOS Macroscopia - Nódulos freqüentemente palpáveis, de consistência firme, pétrea ou arenosa, resistentes ao corte, com coloração brancacenta ou acinzentada. - À tentativa de secção, a faca “range” ao corte. - São radio-opacos ao raio x. 4. ASPECTOS MORFOLÓGICOS Microscopia óptica - Grumos basófilos irregulares (muitas vezes confundidos com bactérias) que confluem ou crescem formando grânulos maiores - A coloração é azul escuro ou roxo (HE) e vermelho-escarlate (alizarina vermelha) e negro (van kossa). CÁLCULOS, CONCREÇÕES OU LITÍASES 1. CONCEITO (DO LATIM “CALCULUS” – PEDRA DE CONTAR); CONCREÇÕES ENDÓGENAS (DO LATIM “CONCRETIONE” – MATERIA ENDURECIDO); LITÍASE (DO GREGO “LITHOS” – PEDRA). 2. CLASSIFICAÇÃO A- CONCREÇÕES ENDÓGENAS: São massas esferoidais, ovóides ou facetadas compactas, de consistência argilosa a pétrea, que se formam no interior de órgãos ocos, cavidades naturais do organismo, condutos naturais e mesmo no interior de vasos. ETIOPATOGENIA Deposição por precipitações sucessivas de sais inorgânicos ao redor de um núcleo orgânico, formado por agregados de células descamadas, grumos bacterianos, massas de fibrina ou de mucina, corpos estranhos, etc – com estrutura radiada ou mesmo em estratificações sucessivas formando camadas concêntricas. NOMECLATURA: Ex: Biliares (colelitíase e colélitos); Urinários ( urolitíase e urólitos); Salivares ( sialolitíase e sialólitos); Intestinais ( enterolitíase e enterólito); Vasculares (flebólitos e arteriólitos). Termo designativo do local de formação ou origem + sufixo “litíase” para ocorrência do problema + sufixo “lito” para denominar o cálculo B- CONCREÇÕES EXÓGENAS OU “BEZOÁRIOS” Massas esféricas, ovóides ou ainda facetadas, que se formam no tubo gastrointestinal, constituídos de material exógeno (pêlos ingeridos ou fibras vegetais não digeridas). Dois tipos são descritos: � Piloconcreções, pilobezoários ou egagrópilos � Fitoconcreções ou fitobezoários PILOCONCREÇÕES OU PILOBEZOÁRIOS Caracterização: � São massas leves (densidade =0.7 g/cm3 ), lisas, formadas pelo enovelamento dos pêlos ingeridos. Freqüência: � Bovinos, camelos, cães e suínos. Causas: � Dermatopatias, desnutrição e/ou verminose (com perversão do apetite). Conseqüências: � Obstruções, rupturas e peritonite quando se tornam muito volumosos. FITOCONCREÇÕES OU FITOBEZOÁRIOS: Caracterização: � São massas mais leves que os enterólitos e mais pesados que as piloconcreções, podem ser aveludados, esverdeados e, às vezes cerebriformes. Freqüência: �Encontra nos pré-estômagos de ruminantes. PSEUDOCONCREÇÕES: FECÁLITOS OU “FECÁLOMAS” OU “CÍBALOS”�Trata-se de material fecal endurecido, consequência de constipação crônica. Não deve ser confundida com os verdadeiros enterólitos, que são mais raros.
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