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FOTOTRANSDUÇÃO MODELO DE TRANSMISSÃO DO SINAL ATRAVÉS DE MEMBRANAS CELULARES A. Rocha-Sousa Integrada nas Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica apresentadas a 28 de junho de 2001 à Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Correspondência: A. Rocha-Sousa Serviço de Fisiologia Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Al. Prof. Hernâni Monteiro 4200-319 Porto Portugal Email: arsousa@med.up.pt Resumo: A fototransdução é um exemplo elucidativo do papel das proteínas estruturais de membrana e dos segundos mensageiros celulares na transdução celular do sinal extracelular. Integra os mecanismos de modulação celular, pelo cálcio (Ca2+) e a regulação dos níveis de GMPc por proteínas reguladoras. Tais fenómenos são modificados conforme o meio está ou não iluminado (fotópico, escotópico). No presente artigo, o autor apresenta a fototransdução como um modelo de integração do sinal extracelular, incluindo a descrição dos fenómenos que a complementam, como a hiperpolarização do fotorreceptor e a sua regulação. Abstract: Phototransdution is an example of the structural proteins and second messenger’s role in the transudation of the extracellular signal. It involves the Calcium and cGMP cellular modulation mechanisms by some regulatory proteins. Phototransdution is regulated by a conjunct of proteins involved in the signal transmission and intracellular modulation, modified as the background is illuminated or not (photopic and scotopic). The cellular transmission of the light signal is in the basis of all visual process. In this article phototransduction is presented as a model of cellular signal transduction. Also we do a review of the other different phenomena that take place in the photoreceptor as a consequence of phototransduction, its hyperpolarization and the related regulation mechanisms. INTRODUÇÃO A fototransdução é um fenómeno de transmissão do sinal foto-químico envolvendo proteínas de membrana, sistemas de 2º mensageiros e por fim uma forma diferente de transmissão do potencial eléctrico celular. Ao contrário do esquema clássico de transmissão do sinal eléctrico em células polarizadas, estamos aqui perante uma célula permanentemente despolarizada, ou melhor com uma corrente eléctrica intracelular constante ocorrendo a transmissão do sinal durante a interrupção desta mesma corrente. A presença de uma corrente eléctrica conduz à libertação do neurotransmissor, enquanto a sua interrupção o inibe promovendo a transmissão do sinal luminoso. A fototransdução é um exemplo elucidativo do papel das proteínas estruturais de membrana e dos segundos mensageiros celulares na transdução celular do sinal extracelular. São apresentados os mecanismos de modulação celular, pelo cálcio (Ca2+) e a regulação dos níveis de GMPc por de proteínas reguladoras, moduladas pelos mesmos. Trata-se de um conjunto de proteínas reguladoras da transmissão do sinal e sua modulação intracelular, com diferentes variações conforme o meio está ou não iluminado (fotópico, escotópico). Tentaremos efectuar a integração destas funções celulares durante o decorrer de um fenómeno que está na base da visão, a transdução celular do sinal luminoso. ORGANIZAÇÃO CELULAR DA RETINA O desenvolvimento da retina A retina nervosa constitui uma extensão externa do diêncefalo, sendo o nervo óptico um feixe nervoso que conecta a retina com os outros centros nervosos, não apresentando características de nervo periférico. O olho humano desenvolve-se a partir das vesículas prosencefálicas laterais geradas durante a terceira semana de desenvolvimento. Estas vesículas aumentam progressivamente, inicialmente nas suas superfícies dorsais e laterais e formam a tacícula óptica, composta de duas paredes, com orientação latero- ventral. A cavidade no interior das duas paredes representa a continuação da cavidade do tubo neural, tornando-se no entanto uma cavidade virtual, aquando da obliteração desta comunicação no pedículo óptico. Este espaço subretiniano mantêm-se virtual durante toda a vida, excepto em situações de descolamento de retina em que se torna real. A retina desenvolve-se a partir do neuroepitélio pseudo-estratificado, cujas células finas e altas percorrem toda a sua espessura, atingindo a superfície interna e externa. Dentro das células deste epitélio os núcleos migram para a superfície ventricular, dando-se as divisões celulares a este nível. Algumas destas células param o processo de divisão e iniciam a diferenciação originando um dos vários tipos celulares nervosos ou gliais da retina madura. As primeiras células diferenciadas são as células ganglionares, que constituem a camada mais próxima da superfície vítrea. No que respeita à formação de sinapses esta inicia-se nos fotorreceptores, constatando-se que o desenvolvimento sináptico não se processa na sequência do aparecimento das células diferenciadas. Progressivamente a estrutura histológica da retina continua a individualizar-se com a formação de 3 camadas de células com os corpos MLI FNO C.G CPI CNI CPE CNE MLE SI SE EP Figura 1- Divisão histológica da retina. Corte em microscopia de luz: EP- epitélio pigmentado; SE, segmento externo dos fotrreceptores; SI, segmento internos dos fotorreceptores; MLE, membrana limitante externa; CNE, camada nuclear externa; CPE, camada plexiforme externa; CNI, camada nuclear interna; CPI, camada plexiforme interna; CG camada das células ganglionares; FNO, camada das fibras do nervo óptco; MLI. membrana limitante interna. Adaptado de Cohen, 1992. celulares (camada nuclear interna, nuclear externa e das células ganglionares) e camadas intermédias que constituem as sinapses. (plexiforme interna e plexiforme externa). Histologicamente a retina fica finalmente formada por 10 camadas, que se estendem desde o epitélio pigmentado até à membrana limitante interna, interface com a membrana hioloideia posterior do vítreo. (figura 1)(Cohen, 1992). Os fotorreceptores Na camada de fotorreceptores identificámos 4 tipos diferentes de células caracterizadas pela sua forma, distribuição espacial, características bioquímicas e capacidade de absorção de luz de diferentes comprimentos de onda. Estes tipos celulares agrupam-se em dois tipos de fotorreceptores, os cones e os bastonetes. Os bastonetes são células com uma sensibilidade espectral maior para a luz azul-verde com um pico de sensibilidade localizada nos 500 nm de comprimento de onda de luz. A presença de um só tipo de bastonetes não é universal. Há répteis com dois tipos de bastonetes sensíveis respectivamente ao azul e ao verde (Walls, 1934; Liebman e Entire, 1968). Os cones dividem-se, nos primatas, em 3 tipos celulares diferentes designados por curto, médio e longo comprimento de onda. As sensibilidade de maior absorção de luz situam-se nos 420 nm para os cones de curto comprimento de onda (cones azuis) (De Monasterio e col., 1981; Szel e col., 1988), 531 nm para os de médio comprimento de onda (cones verde) e 558 nm para os de longo comprimento de onda (cones vermelhos) (Marc e Sperling, 1977; Gouras, 1986) (figura 2). A existência de 3 tipos de cones não é universal no reino animal. A maioria dos mamíferos possuem dois tipos de cones (dicromatas), havendo no entanto alguns peixes que possuem 5 tipos diferentes de Figura 2- Absorvância média dos quatro pigmentos visuais humanos. Circulos fechados-bastonetes (496 nm); quadrados- conesazuis (419 nm); triangulos-cones verdes(531 nm); circulos abertos-cones vermelhos (558 nm).; linhas a cheio- curvas calculadas com o uso de um nomograma Adaptado de Dartnall HJA et col. Microspectrophotometry of human photoreceptors: in Molon Jd, Sharpe L.T. eds. Color Vision, 1983, copyright by Academic Press, Inc [London] Ltd fotopigmentos (Bowmaker e col., 1991; Hisatomi e col. 1997). A sensibilidade espectral está directamente correlacionada com o fotopigmento presente no segmento externo do fotorreceptor. Trata-se da rodopsina nos bastonetes e das opsinas dos cones. O quinto pigmento de comprimento de onda intermédio médio-curto (MS) tem um espectro de absorção de 452 nm e encontra-se distribuído em células com forma de bastonete (Hisatomi e col., 1998). Os vários fotopigmentos têm uma origem comum, derivam duma molécula ancestral que originou dois grupos de pigmentos, um de curto e outro de longo comprimento de onda e estes posteriormente originaram as moléculas existentes ao longo da filogenia (Takanuga e col., 1999). Subdivisão celular dos fotorreceptores Os fotorreceptores dividem-se em 4 porções subcelulares. O segmento externo, o segmento interno, o corpo e o pedículo celular (Cohen, 1972). O segmento externo é constituído por um conjunto de discos derivados da membrana celular impregnados de fotopigmentos responsáveis pela fototransdução. Nos meados do século passado Schultze dividiu os fotorreceptores em cones e bastonetes conforme a forma do segmento externo, sendo semelhante a um bastão nos bastonetes e cónica nos cones. Apesar destas características, existem espécies em que esta distinção não é fácil, podendo mesmo, em algumas tornar-se impossível. Os segmentos externos são compostos por um conjunto de discos membranares resultantes do pregueamento da membrana celular em sucessivas camadas. Este processa-se mantendo a comunicação entre os espaços membranares e o espaço extracelular. Há diferenças entre a estrutura dos discos membra-nares dos bastonetes e dos cones (figura 3). No bastonete os discos membranares estão rodeados por uma membrana celular contínua que se interrompe na base. O perímetro dos bastonetes é interrompido por uma ou mais incisuras que penetram em direcção ao centro do disco membranar. As ansas membra- nares estão unidas na sua porção lateral por uma estrutura designada por anel membranar (rim), existindo elementos fibrosos externos que unem os anéis membranares à membrana celular adjacente (Roof e Henser, 1982;Usukura e Yamada,1981; Fetter e Corless, 1987). As membranas dos discos intercalares encontram-se impregnadas de fotopigmento iniciando-se aí o processo de fototransdução. Os fotopigmentos são proteínas estruturais que para serem extraídos das membranas celulares requerem o uso de detergentes. Esses constituem mais de 50% das proteínas estruturais destas membranas celulares (Papermaster e Dreyer, 1974). O segmento interno separa-se do externo por um estrangulamento. Imediatamente abaixo e numa posição excêntrica situa-se o corpo basal do qual se origina o pedículo ciliar, composto por 9 pares de microtúbulos. Este continua-se excentricamente no segmento externo. Mais internamente o segmento interno possui uma acumulação basal de organelos celulares, com grande abundância em mitocôndrias (Cohen, 1992). O segmento interno continua-se com o corpo celular (que aloja o núcleo celular) e a terminação sináptica. O primeiro situa-se na camada nuclear externa da retina, enquanto o segundo é constituinte da camada plexiforme externa. A terminação sináptica é especializada na sua forma conforme Segmento externo Segmento externo Discos livres Membrana plasmática Membrana pregueada Segmento Interno Terminação sináptica Cílio Cílio BASTONETE CONE Figura 3- Constituição e diferenças entre a estrutura do cone e do bastonete. Compostos por segmento externo, interno e terminação sináptica. O segmento externo é envolvido por uma membrana interrompida na base no bastonete, enquanto do cone esta membrana mantém a comunicação com o exterior. Adaptado de Berne e Levi. Ed. Physiology ,2000. consideramos os cones ou os bastonetes (Dowling, 1966; Kolb, 1970). Nos cones a terminação sináptica designa-se por pedículo, é grande, cónica, com uma porção terminal achatada de 8-10 µm, dispondo-se paralelamente na camada plexiforme externa. Em contraste, nos bastonetes, designam-se por esférulas e são pequenas porções alargadas da terminação dos axónios com cerca de 5 µm de diâmetro. As esférulas encontram-se agrupadas entre e acima dos pedículos dos cones (Alnelt e col., 1990). Em ambos as terminações estão preenchidas com pequenas vesículas sinápticas. Na retina os fotorreceptores estabelecem sinapses com as células bipolares e horizontais, e as primeiras, por sua vez, com as células ganglionares, cujos axónios formam o nervo óptico. A forma como essa sinapse é efectuada varia conforme nos referimos aos cones ou aos bastonetes (Dowling, 1970). TRANSDUÇÃO MEMBRANAR DO SINAL LUMINOSO Para explanação dos mecanismos relacionados com a transdução do sinal luminoso ao longo da membrana citoplasmática passaremos a descrevê- la nos bastonetes. A razão para esta opção tem a ver com o grande conhecimento do processo neste fotorreceptor, o conhecimento da estrutura da rodopsina, fotopigmento visual, e com a identificação de grande homologia entre este e o desenvolvido nos cones. Há, de facto homologia entre as vias metabólicas da fototransdução dos cones e dos bastonetes (Takunaga e col., 1999). Anteriormente referimo-nos à estrutura histológica dos bastonetes, descrevendo-os como compostos pelo segmento externo, pelo interno, corpo celular e terminação sináptica. A sua função essencial é a transdução do sinal visual (luminoso) em sinal eléctrico que se faz especificamente no segmento externo e interno do fotorreceptor. Potencial de repouso do fotorreceptor Na maior parte dos neurónios em repouso há a geração de um potencial de membrana hiperpolarizador e consequente inibição da libertação de neurotransmissor na fenda sináptica. O bastonete tem um mecanismo diferente de transmissão do sinal nervoso ao na sinapse. Na verdade, o fotorreceptor é uma célula que está constantemente despolar- izada, ou melhor, que é cons- tantemente atravessada por uma corrente eléctrica posi- tiva, resultante da abertura constante dos canais de sódio (Na+) no segmento externo, da existência de uma bomba de Na+ no segmento interno e da existência de uma bomba de Na+/K+,Ca2+ no segmento externo do fotorreceptor. Todas estes estruturas membranares estão situadas ao nível da menbrana celular. A célula está constantemente despolarizada com um potencial de membrana que se aproxima de - 40 mV. Na membrana celuar d segmento interno os canais de K+ voltagem dependentes permitem a saída de K+ com consequente contributo para o estabelecimento da corrente de cargas positivas intracelulares. A bomba de Na+ aqui existente está a excretar Na+ do interior da célula. Durante a estimulação luminosa dá-se a interrupção desta corrente com descida do potencial do fotorreceptor, que se aproxima do potencial de equilíbrio do K+ (- 75 mV), com consequente inibição da libertação de glutamato e transmissão do sinal à célula bipolar (Copenhagen e Jahr,1989) (figura 4). Para que esta transmissão se efectue é fundamental o encerramento dos canais de Na+ que se encontram normalmente abertos no segmento externo do fotorreceptor. Estes não se tratam decanais simples de Na+, mas sim de canais de Na+ ou Ca2+, ião importante na regulação do processo de fototransdução. Segmento externo Segmento interno LUZ ESCURO Figura 4. Fenómenos associados à fototransdução no fotorreceptor. No escuro os canais de Na+ dependentes do GMPc localizados no segmento externo estão abertos, dando-se a extrusão de Na+ e Ca2+ pelas bombas de Na+/K+ do segmento interno e pelas bombas de Na+/K+,Ca2+ do segmento externo. Durante a estimulação luminosa dá-se o encerramento dos canais de Na+ por diminuição do GMPc intracelular conduzindo há hiperpolarização do bastonete. Adaptado de Cohen 1992. Os canais de Na+ do segmento externo do fotorreceptor são dependentes do GMPc (Yau e Baylor, 1989; Yau, 1994). A sua diminuição conduz ao encerramento desses canais. Para a compreensão do processo de que resulta a diminuição do GMPc vamos analisar a processo pelo qual a energia luminosa é convertida numa via metabólica conducente à diminuição dos níveis de GMPc. Fotoquímica da transdução do sinal luminoso Inicialmente cada fotão atravessa todas as camadas celulares da retina até atingir o segmento externo do fotorreceptor. Este está em intima ligação com o epitélio pigmentado da retina, com funções nutritivas e reguladoras metabólicas. A transdução do sinal está dependente desta ligação e da existência de rodopsina nos discos membranosos do bastonetes. A rodopsina resulta da junção de uma proteína estrutural dos discos membranares, a opsina, que se dispõe assimetricamente na bicamada fosfolipídica, e de um cromóforo, o retinaldeído, envolvido no interior da membrana pela estrutura secundária da mesma proteína. A sua estrutura secundária consiste em 7 segmentos helicoidais α com três ansas citoplasmáticas e três ansas dispostas nos discos intramembranares. (figura 5). CITOPLASMA Lumen do disco CITOPLASMA CITOPLASMA INTERIOR DO DISCO Figura 5- A-Orientação linear da sequência da opsina em relação ao disco membranar. Observam-se-se 7 regiões em hélice α, que atravessam a membrana citoplasmática, resultando 3 ansas citoplasmáticas e 3 ansas no lumen do disco membranoso. B-Disposição da rodopsina em relação à membrana celular. As ansas helicoidais estão a rodear o cromoforo, o 11-cis-retinaldeído. Adaptado de Dratz EA, Hargrave PA: Trends Biochem. Sci. 8:128, 1983. MEMBRANA A B As suas ansas citoplasmáticas podem ligar-se à transducina (Blasynski e Ostroy, 1984). A opsina é formada a partir da síntese proteica no ribossómico, sendo glicosilada no aparelho de Golgi com adição de 2 cadeias de oligossacarídeos. Posteriormente algumas serinas e treoninas são fosforiladas pelas cínases da rodopsina, conferindo-lhe afinidade para a arrestina, proteína importante na interrupção do processo de fototransdução (Cohen, 1992). Nos cones os fotopigmentos são menos abundantes e estáveis pelo que a sua identificação se tornou mais difícil. Trata-se de 3 cadeias proteicas com grande homologia, entre si e com a rodopsina, e com picos de absorção das radiações correspondentes ao verde, ao vermelho e ao azul. As moléculas com maiores semelhanças estruturais são as opsinas verdes e vermelhas. Estas só diferem em 4% dos amino-ácidos na sua estrutura primária (Nathans e col., 1986). O estudo dos fenómenos retinianos desencadeados pela estimulação luminosa iniciou-se no século XIX, com a verificação da perda da cor da retina aquando da sua estimulação (Kuhne, 1879). A rodopsina, responsável pela conversão da energia luminosa em energia química, é activada por um fotão, o que conduz à sua isomerização cis- trans (Alpern, 1971). Ao atingir a cis-rodopsina o fotão conduz à sua fotoisomerização e formação do primeiro componente da via metabólica designado de batorrodopsina. To- dos os produtos das reacções seguintes encontram-se na for-ma trans e a estimu-lação luminosa deixa de ser necessária a partir deste primeiro passo, já que a conversão da batrodo- Bastonete 11-trans retinal 11-cis retinal Luz Luz cromoforo rodopsina Corrente escura cilio Memb. S. E. Figura 6-A-Na ausência de estimulação luminosa os canais de Na+/K+ do segmento externo encontram-se abertos estabelecendo-se uma corrente de Na+ e Ca2+ entre o segmento externo e o interno. B- Durante a estimulação luminosa verifica-se activação da rodopsina com formação da metarrodopsina II (R*). C- Nesta fase dá-se a isomerização do 11-cis- retinal em 11 trans-retinal.. Adaptado de Palczeweski et. Col; Bioessay2000;:22. 337-350. SE SI N S psina em luminorrodopsina e metarrodopsina I,II,II é puramente térmica. As diferenças entre estas moléculas prenem-se com a sua estrutura secundária e terciária (Strier, 1986, 1991; Pugh e Lamb, 1993; Liebman, 1987). A duração destas reacções é da ordem dos picosegundos. Cerca de 60% da energia do fotão estimulante foi absorvida na mudança de configuração cis-trans (Cooper, 1979; Schick e col., 1987) (figura 6). Nesta altura a rodopsina está decomposta em opsina e trans-retinaldeído (Schoenlein e col., 1991). Seguidamente o trans-retinaldeido será isomerizado em cis-retinaldeido, no epitélio pigmentado, e integrará novamente a molécula de rodopsina para nova fotoisomerização. A este processo designa-se ciclo visual (Kuhne, 1879; Alpern, 1971). Após a fotoisomerização, a metarrodopsina II (R*) vai activar a transducina, uma proteína G com capacidades enzimáticas. Esta situa-se na face interna da membrana do fotorreceptor e é composta por três unidades diferentes α,β,γ. À sub-unidade α está ligada uma molécula de GDP. A presença da fracção γ inibe a actividade da transducina. Ao ser activada pela metarrodopsina II (R*) a transducina desliga-se do GDP e liga-se a uma molécula de GTP, resultando uma alteração conformacional com desprendimento da porção α das fracções β,γ (Dzeja e col., 1999). Nesta altura, a R* desliga-se da porção α da transducina (TC) ficando esta livre para nova activação ou para ser inactivada pela sua fosforilação mediada pela rodopsina-cínase. Agora a porção α da transducina, ligada ao GTP, vai activar uma segunda proteína, a fosfodiestérase (PDE) (He e col., 1998; Makino e col., 1999; Gaudet e col., 1999). Esta é constituída por 4 sub-unidades, uma α, uma β e duas γ, e possui o sítio activo nas suas porções αβ permanentemente inibido pelas porções γ (Baher e col., 1979; Deterre e col., 1988). Após a sua activação pela transducina a fracção αβ separa-se da fracção γ, conduzindo à estimulação da mesma enzima (Deterre e col., 1988). Esta separação e consequente ligação à molécula do GTP não está inequivocamente demonstrada. Para a plena activação da fosfodiastérase é necessária a ligação de 2 moléculas de transducinaα−GTP. Em conclusão, a via metabólica iniciada pela activação da rodopsina conduz então à activação da fosfodiestérase (Funk e col., 1990; Wensel e Stryer, 1990; Yamazaki, 1990). Seguidamente, a fosfodiastérase activada vai actuar sobre o substracto GMPc e convertê-lo em 5-GMP, conduzindo a uma diminuição dos seus níveis intracelulares e ao encerramento dos canais de Na+ da membrana do segmento externo do fotorreceptor. Face aos níveis intracelulares de GMPc só uma pequena fracção de canais de Na+ se encontram abertos durante a fase escura, encerrando-se com a estimulação luminosa (Fesenko e Kolesnikov, 1985)(figura 7). Apesar de hoje o GMPc ser universalmente aceite como o 2º mensageiro nesta via metabólica, este papel foi muitas vezes posto em causa pela verificação de que os seus níveis intracelulares, durante a fase escura e após com o estabelecimentoda corrente de Na+ na fase luminosa, não serem os esperados para o efeito mediador (Fesenko e Kolesnikov, 1985). A sua justificação está no facto do GMPc estar em dois compartimentos diferentes no interior da célula. Para além do GMPc livre no citoplasma, a célula possui um segundo ”pool” de GMPc ligado a sítios não catalíticos da molécula da fosfodiestérase. A libertação deste “pool” resulta num grande aumento (cerca de 6 vezes) da sua concentração e consequente verificação da grande diferença entre a fase escura e a fase luminosa da via metabólica. Também na concentração do ião Ca2+ se verificam oscilações importantes entre a fase escura e luminosa do fenómeno, pelo que lhe foi atribuído o papel Escuro Membrana do disco Memb. Plasmática Canal iónico insensível à luz Sup. do disco Citoplasma LUZ IPM Canal CNG Catiões Canais CNG fechados Catiões Figura 7. Esquema elucidativo da fototransdução no segmento externo do fotorrecetpor. Esta figura subdivide-se em 2 porções ilustrando respectivamente os fenómenos da fototransdução na ausência e presença de luz. Adaptado de Palczeweski et. Col; Bioessay 2000;:22. 337-350. de 2º mensageiro. Sabe-se hoje que o seu papel é de regulação do fenómeno e não de mensageiro do mesmo. Nos cones a fototransdução, apesar de não estar completamente caracterizada, parece ser conduzida por uma via metabólica semelhante à dos bastonetes (Li e col., 1990). As opsinas dos cones mantêm regiões com capacidade de fosforilação, existem isoenzimas da transducina e da fosfodiestérase (Takunaga e col., 1999) e foram identificadas respostas de abertura e encerramento de canais membranares com a variação dos níveis de GMPc (Hackos e col., 1997). Hiperpolarização do bastonete e informação visual A transdução do sinal luminoso iniciou-se assim pela estimulação luminosa do fotopigmento, seguida dos fenómenos fototérmicos de trans- missão do sinal na membrana, diminuição da concentração de GMPc encerramento dos canais de Na+ na membrana do segmento externo dos fotorreceptores, interrupção da corrente positiva de Na+ intracelular e diminuição do potencial de membrana com consequente hiperpolarização. Todos estes fenómenos conduzem à inibição da libertação de glutamato na fenda sináptica e estimulação da célula bipolar. O glutamato é um neurotransmissor com capacidades excitatórias existindo receptores para o mesmo ao nível das células bipolares, horizontais e mesmo das células ganglionares (Schoenlein e col., 1991). Na retina existem alguns subtipos de receptores para o glutamato (Miller e Slaughter, 1985), com regulação da sinapse conforme os cofactores presentes (como a glicina) e do tipo celular em causa (Ehinger, 1972). De qualquer das formas, o pedículo do fotorreceptor não tem só uma sinapse química com a célula bipolar, também as membranas celulares estão especializadas para a transmissão do sinal eléctrico (Raviola e Gilula, 1975; Nelson, 1985). Em termos histológicos há diferenças significativas entre a morfologia das terminações sinápticas dos cones e dos bastonetes. O cone organiza-se em tríadas, com o pedículo a unir-se a uma célula bipolar e duas células horizontais (Missotten, 1965; Dowling, 1966; Kolb, 1970; Lasansky, 1971). Em contrapartida os bastonetes organizam-se de forma a que a duas esférulas estão associados dois elementos sinápticos laterais que estabelecem ligação com as células horizontais e elementos centrais que sinaptizam com as células bipolares (Missotten, 1965; Dowling, 1966; Kolb, 1970). Entre os fotorreceptores existem “gap-junctions” com características de sinapse eléctrica, tendo sido demonstradas correntes electrogénicas entre estes dois tipos celulares (Nelson e col., 1977). Assim os pedículos dos cones tem telodedros que sinaptizam lateralmente com outros cones ou bastonetes. REGULAÇÃO DA FOTOTRANSDUÇÃO Quando nos referimos à regulação da fototransdução teremos que localizar dois processos de regulação opostos embora complementares. O primeiro de amplificação do fenómeno e o segundo de auto-limitação (feed- back-negativo) do mesmo. Amplificação A amplificação é o fenómeno pelo qual uma molécula de um fotorreceptor conduz à activação de várias moléculas de fosfodiestérase com consequente diminuição acentuada dos níveis de GMPc. Uma molécula de rodopsina é capaz de activar cerca de 500 moléculas de transducina até perder o seu poder catalítico (Fung e col., 1981). A rodopsina parece ser uma enzima responsável pela regulação da actividade eléctrica do fotorreceptor. Por sua vez a transducina activada vai exercer a sua acção metabólica sobre 800 moléculas diferentes de fosfodiestérase (Baher e col., 1979; Yee e Liebmann, 1978). Assim o efeito de um só fotão é amplificado resultando numa grande diminuição das moléculas de GMPc, na ordem das 105 vezes. Auto-limitação Por outro lado, este fenómeno tem também uma segunda via metabólica conducente à reposição dos níveis de GMPc e limitação da Figura 8- Papel do Cálcio na fototransdução. Activação da rodopsina cínase (RK), com consequente fosforilação da rodopsina (Rho). Activação das proteínas activadoras da guanidilcíclase (GCAP) e recuperação dos níveis de GMP. Regulação do canal iónico de Na+/Ca2+. Adaptado de Philipov 2000. transdução do sinal. Aqui o Ca2+ tem um papel extremamente importante. Como anteriormente referenciamos o Ca2+ entra na célula a partir dos canais de Na+ do segmento externo. Esta entrada é cerca de 15% do total de iões entrados, verificando-se concentrações durante a adaptação ao escuro de 700 nM, enquanto durante a fase luminosa de 30 nM (Koutalos e Yau, 1996). Com o encerramento dos canais de Ca2+, os seus níveis intracelulares baixam, face ao contínuo bombeamento de Ca2+ pela bomba de Na+/K+, Ca2+ da membrana do segmento externo (Cook e col., 1988). Nesta fase, a guanil-cíclase condiciona a transformação GTP-GMPc com reposição dos níveis intracelulares de GMPc e reabertura dos canais de Na+, logo que a estimulação luminosa cesse. Com níveis de Ca2+ demasiado baixos a bomba Na+/K+, Ca2+, deixa de actuar, sendo esta provavelmente regulada por proteínas cínase (Schne-tkamp e col., 1995). A regulação da guanil-cíclase pelo Ca2+ não é uma regulação directa. Acontece por intermédio das proteínas activadoras da guanil-cíclase (GCAP), de 23 KD, com 3 isoformas ( Palczewski e col., 1994; Dizhoor e col., 1995; Gorczyca e col., 1995), estimuladoras da guanidilcíclase e dependente do Ca2+. A localização no fotorreceptor não está completamente definida. (Philipov, 2000). A diminuição dos níveis de Ca2+ citoplasmático, conduz a uma activação da guanil-cíclase (figura 8). A activação da guanidilcíclase potencia a sua acção 5 a 10 vezes. O Ca2+ é também importante na regulação da adaptação dos fotorreceptores a ambientes de muita e pouca luminosidade (figura 9). Os seus níveis intracelulares variam conforme o bastonete esteja adaptado à luz ou não. No escuro o Ca 2+i tem concentrações mais altas do que adaptado à luz, modulando-se assim o limiar de estimulação luminosa. Esta modulação é feita pela activação pelo Ca2+ da recoverina/modulina-S. No escuro verifica-se uma activação maior da modulina-S por aumento dos níveis de Ca2+, com inibição da rodopsina-cínase e manutenção Figura 9- Efeito do ambiente luminoso no limiar de estimulação do bastonete. Em ambientes com escotópicos o limiar é mais baixo devido aos níveis altos de Ca2+intracelulares (circulos). O Limiar aumenta em ambiente fotópico.(linha a cheio) Adaptado de Palczeweski et. Col; Bioessay2000;:22. 337-350.da rodopsina activada. Durante a adaptação á luz o fenómeno é contrário (Kawamura, 1994). Por fim a baixa dos níveis de cálcio sensibilizam os canais iónicos do segmento externo para o GMPc, podendo esta sensibilização aumentar 6 vezes a sua permeabilidade (Hsu e Molday, 1993; Weitz e col., 1998). A transducina α tem capacidade GTPásica e auto-limita a sua actividade, convertendo o GTP em GDP e ligando-se novamente à sub-unidade β e γ. A libertação das sub-unidades da transducina conduz a nova agregação da fosfodiestérase (Yee e Liebmann, 1978; Pober e Bitensky, 1979). Em relação à rodopsina activada esta terá de ser inactivada para evitar a perpetuação de toda a via metabólica. Ela é fosforilada, na dependência do ATP, pela rodopsina-cínase (Thomson e Findley, 1984), na porção C terminal. Este fenómeno confere-lhe afinidade para uma outra proteína, a arrestina (Hisatomi e col., 1997b), cuja ligação inactivará a rodopsina, libertando a opsina e o trans-retinaldeído (Bennet e Sytaramaya, 1988). Nos cones e nos bastonetes as moléculas de arrestina são denominadas de S e X arrestina sendo diferente em termos de composição molecular (Hisatomi e col., 1997b). A variação dos níveis de Ca2+ afecta concomitantemente a concentração de R*. Estes níveis estão correlacionados com a presença ou ausência de luz. A fosforilação da R* com consequente inibição é modulada pela modulina-S. Esta proteína inibe a fosforilação da R* e prolonga a sua semi-vida o que implica níveis elevados de cálcio intracelular. Em ambiente escotópico (escuro) os níveis de Ca2+ intracelular são mais altos conduzindo a uma activação da modulina-S e inibição da fosforilação da R*. Nesta circunstância a semi-vida da R* está aumentada. O aumento da semi-vida da R* conduz uma maior hidrólise do GMPc e o nível de resposta ao estímulo luminoso aumenta. Por um mecanismo contrário, a semi-vida da R* está diminuída em ambiente fotópico com consequente diminuição da amplitude de resposta ao estímulo luminoso (Kawamura, 1993, 1994; Chen e col., 1995). IMPLICAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS A desregulação dos mecanismos de fototransdução está na base de numerosas patologias retinianas de etiologia hereditária. Assim, e percorrendo as várias etapas da fototransdução, as alterações moleculares subjacentes às doenças heredodegenerativas da retina estendem-se desde a rodopsina até à guanilcíclase e às proteínas reguladoras dependentes pelo Ca2+. A rodopsina pode ser afectada por um elevado número de mutações, as quais estão na base de várias patologia como a retinopatia pigmentada autossómica dominante (RPAD) (Dryja TP et col, 1990; Berson EL, 1993) e recessiva (RPAR) (Rosenfeld, et col. 1992) e a cegueira nocturna congénita estacionária (CNCE).(Dryja e col, 1993; Sieving e col, 1995). As alterações na molécula de transducina condicionam CNCE (Dryja e col, 1996), enquanto as da fosfodiestérase originaram a RPAD (McLaughlin e col, 1993; Huang e col, 1995) e CNCE (Gal e col, 1996). Durante a fase de inactivação da rodopsina é fundamental a actuação da rodopsina cínase e da arrestina. Ambas, quando alteradas, originam variantes da CNCE (173, 174). No final destes fenómenos os níveis de GMPc encontram-se reduzidos e condicionam o encerramento dos canais de Ca2+/Na+ da membrana celular do fotorreceptor. As anomalias moleculares destes canais condicionam o desenvolvimento de RPAR. Os níveis de GMPc serão posteriormente restabelecidos pela activação da guanil-cíclase, regulada por proteínas dependentes do Ca2+. As alterações moleculares destas proteínas condicionam respectivamente distrofia cone- bastonete e distrofia cone. Por fim, a doença de Stargart, a RPAD e a DCB podem estar relacionadas com alterações no gene da proteína ABCR/Rim, uma proteína estrutural que mantém a conformação dos discos membranares do fotorreceptor. Enquanto a distrofia macular e a RPAD podem estar relacionadas com alterações no gene da periferina RDS, outra proteína estrutural na membrana dos discos dos fotorreceptores. Destes parágrafos podemos inferir que a relação entre o quadro fisiopatológico e as manifestações clínicas nem sempre pode ser estabelecida. A fisiopatologia destas alterações condicionam uma ausência de transmissão do sinal luminoso, no caso da rodopsina, transducina e fosfodiestérase, com consequente ausência da estimulação do fotorreceptor. Consequentemente, a nictalopia é um dos primeiros sintomas apresentados por estes pacientes. Nos fenómenos que condicionam uma manutenção da estimulação da rodopsina, por ausência da sua inactivação, a lesão celular estabelece-se por consumo das reservas celulares e manutenção constante do estado de hiperpolarização celular. Outro tipo de patologias condicionam lesão celular no fotorreceptor. Na retinopatia associada a carcinoma este secreta recoverina, uma proteína de ligação ao Ca2+ reguladora da fototransdução. A recoverina desperta, por seu turno, uma resposta imunológica pois não é reconhecida como própria. Assim, secundariamente os linfócitos condicionarão a destruição do fotorreceptor. O papel da imunidade celular e humoral neste processo é desconhecido, observando-se nos fenómenos que condicionam a apoptose a presença de anti-corpos anti-recoverina. As distrofias cone estão associadas a uma mutação no gene da proteína activadora da guanil-cíclase. Esta mutação condiciona uma diminuição da sua sensibilidade ao Ca2+ com consequente manutenção da activação da guanil-cíclase e aumento da concentração de GMPc. Estes limitam a inactivação da guanil-cíclase na ausência de estimulação luminosa. As mutações ao nível da fosfodiestérase condicionam também um aumento da quantidade citosólica de GMPc. Os níveis elevados deste 2º mensageiro mantêm abertos os canais de Ca2+ do segmento externo do fotorreceptor, elevando a concentração citosólica deste ião. Quando os níveis de Ca2+ são mantidos constantemente acima dos 200 mM desencadeia-se a falência dos mecanismos de regulação pelas mitocôdrias e pelos sistemas de membrana importantes para a manutenção da sua homeostasia. Tais níveis condicionam o desenvolvimento de fenómenos apoptóticos. No segmento externo do fotorreceptor, apesar desses níveis de Ca2+ serem ultrapassados, não se estabelecem fenómenos apoptóticos devido ao isolamento do citoplasma do segmento externo. Convém, no entanto, sublinhar que, apesar destas particularidades fisiológicas, a manutenção, em condições patológicas, de níveis elevados de Ca2+ no segmento externo podem desencadear os tais fenómenos apoptóticos que conduzem à morte celular. CONCLUSÃO A fototransdução é um processo desenvolvido nos discos membranares do segmento externo dos fotorreceptores e que transforma o sinal luminoso em impulso nervoso conduzido pela via óptica ao córtex visual. O processo pelo qual o sinal luminoso é transformado em sinal químico resulta de uma série de reacções químicas que envolvem o cromóforo do fotorreceptor (a rodopsina), o sistema celular de proteínas G (a transducina) e por fim a transmissão do sinal intracelular, a qual condiciona uma redução dos níveis de GMPc e o encerramento do canais de Na+ do segmento externo do fotorreceptor. Ao contrário do que ocorre nas outras células nervosas, no fotorreceptor a hiperpolarização conduz à condução nervosa do sinal luminoso com inibição da libertação de glutamato na fenda sináptica e excitação das células bipolares. Na fototransdução, tal como noutros processos celulares de transdução do sinal através das membranas biológicas,há fenómenos de regulação dos mesmos. Esta auto-regulação condiciona mecanismos de amplificação, um fotão é capaz de amplificar a sua resposta na via metabólica numa razão logarítmica de 5 vezes, e mecanismos de auto-limitação do sinal. A auto- limitação processa-se anulando a actividade das moléculas activadas, como a rodopsina, a transducina e a fosfodiastérase. Em alguns casos, processa-se sem intervenção de qualquer via metabólica, sendo esta necessária noutros como no caso da rodopsina. Por fim, para o processo cessar é necessário eliminar os sistemas de segundo mensageiro gerado, neste caso o GMPc. Este fenómeno bem como o mecanismo de adaptação celular ao escuro ou a ambientes iluminados é regulado pelo ião Ca2+, importante aqui tal qual noutros fenómenos de regulação da homeostasia celular. BIBLIOGRAFIA: Alnelt P.K., Kerinsuficiência cardíaca., Kolb H. Identification of pedicles of putative blue sensitive cones in human and primate retina. J. Comp. Neurol. 1990; 255:18-34. Alpern M. Rhodopsin kinetics in the human eye. J. Physiol. 1971;217:447-471. Baehr W. Devlin M.J., Applebury M.L. Isolation and characterization of cGMP phosphodiasterase from bovine rod outer segments. J. Biol.Chem. 1979; 254: 11669-11677. Bennett N., Sytaramaya A . Biochemistry 1988; 27: 1710-1715. Berson EL. Retinitis pigmentosa. The Friedenwald Lecture. Invest. Ophthalmol. Vis. Sci. 1993; 34: 1659-1676. Blasynski IC. Ostroy S.E. Pathways in hydrolysis of vertebrate rhodopsin. Vision Res. 1984; 24: 459. Bowmaker J.K., Thorpe A. Douglas R.H. Ultraviolet-sensitive cones in the goldfish. Vision. 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