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FARMACOLOGIA DAS DOENÇAS ÁCIDO PÉPTICAS A mucosa possui uma série de células que possuem função de secreção, nas camadas mais profundas há as células parietais (secreção de ácido com pH muito baixo, o ácido clorídrico), células principais, células enterocromafins (produz serotonina - eixo cérebro intestinal) Abaixo da mucosa, há a submucosa que possui a função da neuro percepção pelos receptores Por fim, há a camada muscular, que possui função autônoma 1. A principal função do estômago é triturar e esmagar a comida para que consiga passar pelo piloro e chega na consistência pastosa para o intestino delgado Se não chega nessa consistência, há o fator osmótico, puxando água e a pessoa apresenta diarreia. Quem fez bariátrica ou que possui doenças disabsortivas, precisam fazer essa parte na boca, aprendendo a mastigar mais 2. Outra função do estômago é de defesa/imunológica de infecções, através dos ácidos, para que o conteúdo vá para o intestino com a menor quantidade de bactérias possível, principalmente para que não há broncoaspiração e não faça pneumonia de repetição 3. Outra função é produzir fator intrínseco para ligar a B12 e é levado no íleo terminal Etapas da liberação ácida gástrica: · Maioria dos alvos terapêuticos atuam nessa parte I. Fase cefálica: vontade de comer, fazendo com que o cérebro faça uma liberação de acetilcolina, que estimula a secreção de gastrina e, por fim, de ácido no estômago. Primeira fase da secreção ácida II. Fase gástrica: quando come, a presença do alimento faz uma distensão do estômago mecânica que ativa as células parietais a liberar ácido, e as células G a liberar gastrina III. Fase intestinal: quando chega aminoácidos, peptídeos, glicose, entres outros, no duodeno, libera secretina que ativa mais uma onde de substâncias ácidas, pelas células G e parietais Lesão ácido-péptica: · Temos uma grande produção de muco e bicarbonato pelas células da camada mais superficial da mucosa ativamente, principalmente pela prostaglandina E2, que protege o estômago · Perda da proteção mucosa: diminuição de muco, lesão epitelial e aumento de secreção ácida · Algumas situações faz bloqueio da produção de muco, como os AINE (quando é absorvido, age de forma sistêmica inibindo a prostaglandina), não importando o meio de administração · O que pode causar essas lesões: soda cáustica, choque circulatório (diminui a circulação sanguínea e faz isquemia da região, gerando um estresse circulatório/orgânico, não emocional) · O aumento é dado por uma quantidade maior do que é necessário, que ocorre por tumores produtores neuroendócrinos que aumentam a produção de gastrina, chamados de vipoma ou gastrinoma, em geral benignos, são raros · Agressão ácida sobre o epitélio desprotegido: a exemplo a mucosa esofágica que não tem uma boa camada de muco igual a gástrica. Na doença do refluxo, o ácido do estômago sobe para um local que não deveria Classes de drogas: 1. Agentes protetores da mucosa: faz uma película ou estimulam a produção de muco · Sucralfato: mais usado, favorece a cicatrização da mucosa esofágica e gástrica, que já é rápida · Bismuto: não é muito potente, coadjuvante · Misoprostol: estimula a produção de prostaglandina E2 de forma importante, favorecendo a produção de muco e a cicatrização. Age na mucosa intrauterina, sendo abortivo · Alginato: polímero que quando entra em contato com a mucosa, faz uma película na secreção ácida e deixa o conteúdo ácido mais sólido, não permitindo com que ele ascenda 2. Antiácidos: função de aumentar o pH. Meia vida de 2-3 minutos, com alívio imediato dos sintomas, mas não produz cicatrização. O abuso em pacientes com DRC pode levar a distúrbios hidroeletrolíticos · Bicarbonato de sódio · Bicarbonato de cálcio · Hidróxido de magnésio (laxativo) e hidróxido de alumínio (constipante) 3. Bloqueadores/antagonistas dos receptores de H2 (histamina 2) · Receptor presente na base da célula parietal. Relacionado ao sistema vago e sistema de percepção de distensão · Quando o receptor de histamina está ativado, ativa a bomba de prótons, dirigindo-se para as vilosidades, secretando ácido → atua inibindo esse processo de produção de ácido pelas células parietais · Cimetidina: pouco usada, não muito boa pelos diversos efeitos colaterais, como arritmias, precipita demência em idosos e interações medicamentosas · Ranitidina: não tem mais no mercado · Famotidina (BR)e nizatidina (EUA) · Ambas têm absorção intestinal · Sofrem metabolismo hepático: hepatopata grave prescrever com cautela · Depuração hepática e renal · Inibição competitiva nos receptores H2 das células parietais, impedindo que ative a bomba de prótons · Meia vida de 8h; 2-3x ao dia · Desenvolvem taquifilaxia em 2-3 meses, precisando fazer paradas (quando ocorre um mecanismo de adaptação e o medicamento vai perdendo o efeito conforme o uso) · Possuem efeito imediato · Deixa o pH entre 4-5, facilitando a cicatrização 4. Inibidores de bomba de prótons (IBP) · Omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, esomeprazol, rabeprazol e deslanzoprazol · Não utiliza os receptores, sendo independente da causa, inativando a bomba nas células parietais, deixando o pH entre 5-6 com uma tomada diária · O efeito demora cerca de 2-3 dias · Fármaco ácido lábil inativo: em contato com um meio ácido é inativado, precisando de um revestimento entérico · Absorção intestinal, ficando inativo em 30 minutos (meia vida curta), precisando que o estômago estava vazio: tomar em jejum! · Difusão em membranas para ambientes ácidos, uma vez que é uma base fraca lipofílicas (não precisa de carreador, pois passa pelas membranas lipídicas), permanecendo nas células parietais (único local do corpo de ambiente ácido) - órgão específico · É inativo, precisando ser protonado em ambiente ácido que é justamente nas células parietais · Faz ligação irreversível na bomba (são renovadas em 2-3 dias) · Após 30 min de tomar o remédio, é necessário comer para que seja ativada uma onda ácida Posologia: · O efeito chega a 80-90% geralmente após 3 meses tomando o remédio · Pacientes que possuem escape noturno podem se beneficiar de uma outra tomada ou outro medicamento · Quando usa o endovenoso: quando a via oral está impossibilitada (paciente vomitando, intubado, etc) → dura 2h circulando, mas como a pessoa não pode comer também, precisa ser em bomba de infusão. Usado em hemorragia digestiva por úlcera para auxiliar parar o sangramento ou até para evitar · Omeprazol com clopidogrel possuem interação medicamentosa · Perda da acidez gástrica pode gerar deficiência de B12 pela diminuição do fator intrínseco, sendo necessário fazer a dosagem regularmente, além de que pode fazer com que diminua a proteção contra bactérias, podendo ocorrer broncoaspiração em crianças e idosos · Dose plena: 40mg; nas crônicas para manutenção varia de 20 a 80mg · Principais indicações: doença do refluxo (crônica, mesmo operando), cicatrização de úlceras gástricas e duodenais (toma por 2-3 meses), para dispepsia funcional (tem sintomas, mas não encontra uma causa), esôfago de Barrett e gastrite crônica atrófica (duas últimas são indicações absolutas e contínuas) 5. Bloqueadores ácido-competitivos de potássio · PCABs - vonoprazana · Compostos ácido estáveis: boa absorção em jejum ou pós alimentação · Meia vida longa no plasma: níveis estáveis de inibição da secreção ácida, podendo até ser tomado em dias alternados · Não precisa de revestimento entérico · Bloqueia competitivamente a disponibilidade de K para as bombas de prótons (k+, H+, ATPase) - protonação: efeito pleno na primeira dose, ligando-se às bombas mesmo que inativas · Ligação reversível às bombas de prótons: atividade anti-secretora independente da alimentação · Preço elevado · Bom perfil de segurança mesmo usado de forma contínua · É um medicamento novo no mercado image1.png