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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
PRINCIPAIS
COMMODITIES
AGRÍCOLAS
unidade I
Introdução ao Mercado
de Commodities
Professora Dr. Maria Clara Melo Ferreira
unidade II
O Destaque do Trigo
na Balança Comercial
unidade III
Brasil: O Gigante
Cafeeiro
A cadeia produtiva
da soja 
competitividade da
cadeia do trigo no
Brasil e na Argentina
o consumo de
café no Brasil
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca por 
tecnologia, informação, conhecimento de qualida-
de, novas habilidades para liderança e solução de 
problemas com eficiência tornou-se uma questão 
de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsa-
bilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos 
nossos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário 
Cesumar – assume o compromisso de democra-
tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia 
e contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promo-
ver a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cida-
dãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro 
Universitário Cesumar busca a integração do 
ensino-pesquisa-extensão com as demandas 
Reitor 
Wilson de Matos Silva
palavra do reitor
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson 
de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora 
Cláudio Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos Próprios 
James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron, 
Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho, Gerente 
de Conteúdo Juliano de Souza Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, 
Design Educacional Rossana Costa Giani Diagramação André Morais, Revisão Textual Nayara Valenciano, 
Ilustração André Morais, Fotos Shutterstock, iStockphoto..
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
institucionais e sociais; a realização de uma 
prática acadêmica que contribua para o desen-
volvimento da consciência social e política e, por 
fim, a democratização do conhecimento aca-
dêmico com a articulação e a integração com 
a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar 
almeja ser reconhecido como uma instituição univer-
sitária de referência regional e nacional pela qualidade 
e compromisso do corpo docente; aquisição de com-
petências institucionais para o desenvolvimento de 
linhas de pesquisa; consolidação da extensão univer-
sitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e 
a distância; bem-estar e satisfação da comunidade 
interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis-
trativa; compromisso social de inclusão; processos 
de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relacionamento 
permanente com os egressos, incentivando a edu-
cação continuada.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância:
 Principais Commodities Agrícolas. Maria Clara Melo Ferrei-
ra. 
 Maringá - PR, 2015.
 131 p.
“Pós-graduação - EaD”.
 1. Commodities. 2. Agricultura . 3. EaD. I. Título.
CDD - 22 ed. 338.1
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do 
Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido 
conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. 
Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais 
daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um 
conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, de-
mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos 
aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da edu-
cação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em 
diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa-
ção e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso 
horário e atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje 
em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das 
desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a co-
nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está 
disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda 
uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer-
ramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura 
e transformando a todos nós.
Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância 
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos 
em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao 
mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como 
já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso 
que a EAD da UNICesumar se propõe a fazer. 
Pró-Reitor de EaD
Willian Victor Kendrick 
de Matos Silva
boas-vindas
sobre pós-graduação
a importância da pós-graduação
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um 
processo de transformação, pois quando investimos em nossa 
formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, 
consequentemente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunida-
des e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível 
de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no 
mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este pro-
cesso, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, 
na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e en-
contram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no 
processo educacional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando 
conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como 
principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o con-
teúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia 
em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação 
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e 
construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os 
diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar 
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista 
às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se 
que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra 
disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu proces-
so de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade 
e segurança sua trajetória acadêmica.
Professora Kátia Solange Coelho
Direção Operacional de Ensino
NEAD - UNICESUMAR
apresentação do material 
O Brasil vem firmando sua posição entre os maiores 
produtores e exportadores das principais commo-
dities agrícolas. Face à crescente importância que 
esses produtos vêm assumindo na pauta de expor-
tações brasileiras, torna-se cada vez mais necessáriouma maior compreensão do mercado internacio-
nal destes produtos agropecuários, em particular, 
no que diz respeito aos impactos das oscilações 
das cotações internacionais dessas commodities 
sobre os produtores nacionais. Como os preços 
no Brasil seguem as cotações internacionais, toda 
vez que esses preços sofrem oscilações bruscas, a 
renda dos agricultores brasileiros é afetada positi-
va ou negativamente. 
Dessa forma, fica alterada sua estabilidade fi-
nanceira e capacidade em honrar compromissos, 
tais como dívidas contratadas, tanto para custeio 
como para aquisição de máquinas e equipamentos. 
Em última instância, isso pode gerar mais 
pedidos de renegociações de dívidas perante o 
Governo Federal, com reflexos nas carteiras dos 
bancos operadores das linhas de crédito e progra-
mas afetados. 
O acompanhamento desses setores é, portanto, 
essencial para a definição de uma estratégia preven-
tiva. O preço das commodities agrícolas é formado 
pela interação entre demandantes e ofertantes no 
mercado. Por serem produtos essencialmente ho-
mogêneos e não apresentarem barreiras à entrada 
Professora Doutora 
Maria Clara Melo Ferreira
relevante, o comportamento desse mercado se 
aproxima de uma dinâmica concorrencial. 
Os preços se formam em bolsas de mercado-
rias - em geral localizadas em países desenvolvidos 
- que apresentam dinâmicas isentas da interferên-
cia individual de produtores e consumidores. Para 
caracterizar-se como commodity, não só o produto 
agrícola, mas também sua armazenagem e pro-
cesso de comercialização, devem respeitar uma 
padronização internacionalmente reconhecida. 
Vale ressaltar que a existência de mercados se-
cundários organizados torna as posições nessas 
commodities ativos líquidos que fazem parte da 
composição de portfólios em diversas institui-
ções financeiras. A aposta em mercados futuros 
pode ter fortes reflexos nos preços de curto prazo. 
Atualmente, há diversos fatores pressionando os 
preços das commodities. O recente dinamismo 
de países emergentes (China, Índia etc.) levou a 
uma significativa ampliação da renda per capita e 
a uma crescente demanda por consumo de pro-
dutos agrícolas, agravada pelos baixos níveis de 
estoques internacionais. 
A integração com os mercados externos faz 
com que a dinâmica dos setores produtores esteja, 
primordialmente, ligada à exportação dessas 
commodities. 
Este material mostrará uma visão abrangen-
te sobre as principais commodities agrícolas do 
agronegócio brasileiro, com o intuito de compre-
ender a importância de tais produtos na economia 
nacional.
Na unidade 1 “Introdução ao Mercado de 
Commodities” será discutido o conceito de commo-
dities e sua relevância para o agronegócio brasileiro. 
Nessa unidade, começaremos a discutir sobre um 
importantíssimo produto, a soja, e a sua relanvância 
não apenas no cenário econômico nacional como 
também no cenário mundial.
A unidade 2 “O Destaque do Trigo na Balança 
Comercial” será dado destaque a outro importan-
te produto do agronegócio brasileiro, o trigo. Será 
estudada a cadeia produtiva do trigo, ressaltando 
sua importância econômica e social no Brasil e no 
mundo.
Por fim, na unidade 3, estudaremos a cadeia 
produtiva do café, uma das principais commo-
dities exportadas pelo nosso país, seguindo o 
mesmo esquema das unidades anteriores, sempre 
evidenciando a importância econômica para o 
agronegócio.
Esse material foi desenvolvido objetivando es-
clarecer e responder as principais questões que 
giram em torno do tema commodities agrícolas, en-
tendendo o funcionamento das cadeias e a forma 
como tais produtos influenciam a economia na-
cional e mundial.
Um grande abraço e um ótimo curso.
su
m
ár
io 01
12
caracterização do mercado de 
commodities: estrutura e relação 
com o agronegócio brasileiro
18 a cadeia produtiva da soja 
27 o valor de mercado da soja
30 competitividade brasileira no mercado da soja
34 projeções da soja
INTRODUÇÃO AO MERCADO 
DE COMMODITIES
02 03
46 a cadeia produtiva do trigo
57 a cadeia do trigo na Argentina
64 competitividade da cadeia do trigo no Brasil e na Argentina
69 os números da cadeia do trigo
73 projeções do trigo
84 as raízes do café no Brasil
89 o mercado do café
98 a cadeia produtiva do café
103 o consumo de café no Brasil
107 projeções do café
O DESTAQUE DO TRIGO NA 
BALANÇA COMERCIAL
BRASIL: O GIGANTE CAFEEIRO
1 INTRODUÇÃO AO MERCADO DE COMMODITIES
Professora Dra. Maria Clara Melo Ferreira
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estu-
dará nesta unidade:
• Caracterização do mercado de commodities: es-
trutura e relação com o agronegócio brasileiro.
• A cadeia produtiva da soja
• O valor de mercado da soja
• Competitividade Brasileira no Mercado da soja.
• Projeções da soja.
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer o signifi cado de commodity e sua im-
portância para o agronegócio.
• Entender a estrutura da cadeia produtiva da soja.
• Estudar a importância da soja no cenário econô-
mico do Brasil.
• Estudar a importância da soja no cenário econô-
mico mundial.
• Compreender os fatores críticos da produçao da 
soja.
Caro (a) aluno (a), seja bem-vindo!
Este material foi preparado objetivando mostrar uma visão 
abrangente sobre as principais commodities agrícolas do agro-
negócio brasileiro, com o intuito de compreender a importância 
de tais produtos na economia nacional.
Na Unidade I, estudaremos a cadeia produtiva da soja e sua im-
portância econômica para o Brasil e o mercado externo.
A unidade começa com a apresentação do mercado de commo-
dities para a compreenção das transações no mercado futuro, 
no primeiro tópico e, em seguida, daremos início ao estudo da 
cadeia da soja.
O Tópico 3 abordará a evolução da cadeia da soja no mercado 
externo.
Após isso, estudaremos a ação dos elos que compoem a cadeia 
da soja e como sua forma de atuação interfere na competiti-
vidade da cadeia. E, por fi m, veremos as perspectivas para o 
mercado da soja para os próximos anos.
Um grande abraço e um ótimo curso.
Principais Commodities Agrícolas
12
CARACTERIZAÇÃO DO 
MERCADO DE COMMODITIES
estrutura e relação com 
o agronegócio brasileiro
Pós-Graduação | Unicesumar
13
Commodities são produtos naturais cultivadas ou de extração mineral, que podem 
ser estocados por certo tempo sem perda sensível de suas qualidade, como o 
suco de laranja congelado, a soja, o trigo, a bauxita, a prata ou o ouro. São produzi-
dos em larga escala e comercializados em todo o mundo em bolsas mercadorias.
As Commodities são uma forma de investimento, uma opção de investimen-
to no mercado, como a poupança ou os Fundos de Investimento. No entanto, 
quando em tempos de recessão, o valor das commodities cai drasticamente, o 
que prejudica o lucro das empresas de suas ações nas bolsas de valores. 
As commodities podem ser de quatro tipos:
• Agrícolas: esse segmento é 
representado por produtos tais como 
o suco de laranja, a soja, o trigo, o café 
etc.
• Minerais: segmento representado 
por produtos como minério de ferro, 
petróleo, ouro, níquel, prata etc.
• Financeiras: títulos públicos de 
governos federais.
• Ambientais: créditos de carbono 
utilizados na queima de combustíveis. 
fósseis (MARQUES, 2006).
A negociação das commodities é feita em bolsas, logo, é o mercado internacional quem 
define os preços. Dessa forma, os preços acabam tornando-se muito suscetíveis às oscila-
ções nas cotações de mercado devido às perdas e ganhos nos fluxos financeiros no mundo. 
Essa negociação se dá tanto no mercado físico, para exportação, quanto no mercado 
interno e nos mercados derivativos das Bolsas de Valores e contratos futuros.
Principais Commodities Agrícolas14
Os Mercados 
Futuros
Os mercados futuros são uma espécie de 
“seguro” para o produtor rural e para as em-
presas em meio as oscilações do valor de 
mercado, possibilitando uma garantia quanto 
à volatilidade dos preços em um tempo 
futuro, ou seja, quando começar a comer-
cialização da safra agrícola (MARQUES, 2006). 
A comercialização em mercados futuros 
não diz respeito à entrega imediata do 
produto comercializado, mas sim, à garan-
tia do recebimento da mercadoria em uma 
data pré-determinada, com o preço estabe-
lecido anteriormente. 
Assim, ao final das negociações, em 
torno de 2% do total de contratos dará 
origem a entregas e recebimentos físicos 
na Bolsa, em praças de entrega e armazéns 
credenciados pela BM&FBovespa e, previa-
mente, conhecidos pelas partes envolvidas 
(SCHOUCHANA, 1953).
A vantagem das negociações em mer-
cados futuros se dá pela possibilidade de 
entrega e recebimento do produto agríco-
la dentro das normas de classificação, em 
locais de formação de lotes conhecidos e 
de confiança do mercado e a convergência 
de preços entre o mercado disponível e o 
futuro na época de liquidação desses con-
tratos. Isso confere a segurança necessária 
ao funcionamento e à liquidez dos merca-
dos futuros (MARQUES, 2006).
O Brasil e os Mercados 
Futuros
Como vimos, nos parágrafos anteriores, nos 
mercados futuros são transacionados con-
tratos de produtos agrícolas, como o soja, 
o café e o boi gordo, por exemplo, com um 
valor pré-determinado para uma data futura. 
No Brasil, essas transações começaram a 
ocorrer em 1917 na Bolsa de Mercadorias de 
São Paulo, resposável pela comercialização 
do algodão em mercados futuros. Na década 
de 90, houve a fusão da Bolsa de Mercadoria 
de São Paulo com a Bolsa Mercantil e de 
Futuros dando origem a Bolsa de Mercadorias 
e Futuros (BM&F) localizada em São Paulo - 
SP. Para maiores informações leia o quadro 
saiba mais (BM&F, 2007, p. 47).
A BM&F é uma entidade privada sem 
fins lucrativos, formada de associados, 
pessoas físicas e jurídicas, como cor-
retoras, membros de compensação e 
operadores especiais, dirigida por um 
Conselho de Administração eleito, e 
que tem como função primordial ofe-
recer condições de funcionamento li-
vre e aberto de mercados disponíveis e 
de liquidação futura, como os de com-
modities agropecuárias. Na BM&F tam-
bém existem outros mercados futuros, 
como o mercado de ouro, de dólar, de 
índices de ações, que apresentam um 
expressivo volume de negócios.
Fonte: adaptado de Brasil (online, 
2011).
Pós-Graduação | Unicesumar
15
O mercado de commodities apresenta cinco 
agentes atuantes envolvidos na transação 
dos produtos agrícolas. São eles: os vende-
dores, os compradores, os especuladores, os 
corretores e os operadores. A seguir, veremos 
a função de cada um deles no mercado.
Os vendedores são representados pelos 
produtores, ou seja, aqueles que possuem o 
produto. Além dos produtores, entram nessa 
categoria as cooperativas agropecuárias. Os 
vendedores recebem o nome de Hedgers 
(BM&FBOVESPA, 2013).
Os hedgers estão em busca de transações 
seguras capazes de protegê-los das ocilações 
dos valores do mercado (BERTOLO, 2010). A 
venda dos contratos futuros pelos hedgers 
referente aos produtos agropecuários recebe 
o nome de short (posição vendida).
Os compradores, por sua vez, são 
aqueles que irão negociar com os vende-
dores (hedgers), uma vez que necessitam 
do produto agropecuário. Esse grupo é 
representado pelos exportadores, agroin-
dústrias e cooperativas processadoras. Esse 
grupo também recebe o nome de hedgers 
quando estão em busca de transações que 
os protejam contra as oscilações de preço 
em datas futuras, mantendo uma posição de 
mercado denominada long (posição com-
prada) (SCHOUCHANA,1953).
As vendas e compras dos produtos agrí-
colas nos mercados futuros, posições short e 
long, só são possíveis pela intermediação de 
uma corretora que seja membro do BM&F e, 
para que essas corretoras sejam credencia-
das junto ao BM&F, é necessária a presença 
dos operadores.
Os operadores do pregão têm a função 
de executar as ordens de compra e venda 
dos clientes e acompanhar as transações 
que partem das corretoras para os clientes 
(BERTOLO, 2010, online). 
Além desses agentes supracitados, o 
cenário de mercados futuros conta, ainda, 
com os especuladores, que são de fundamen-
tal importância para a liquidez das transações. 
Os especuladores transferem os riscos do pro-
dutor rural para o mercado, permitindo que 
esses produtores entrem e saiam da transa-
ção no momento que lhes for mais oportuno. 
Os contratos negociados no mercado futuro 
da BM&F referem-se a uma quantidade de 
produto agropecuário, de acordo com uma 
especificação de qualidade, classificação, não 
existindo, necessariamente, a intenção de 
comercializar produtos físicos diretamente 
na Bolsa. Isto é, o mercado futuro em Bolsa é 
um mercado de contratos, de intenções, em 
que, na realidade, são negociados “preços” 
futuros de uma mercadoria. 
Os agentes atuantes no Mercado 
de Commodities 
Principais Commodities Agrícolas
16
O esquema funciona da seguinte forma:
Os produtores vão entrar no mercado 
vendendo um determinado produto, por 
exemplo, o café. Esse produto será comercia-
lizado por meio de uma corretora que enviará 
as ordens para o pregão por meio dos ope-
radores. Estes, por sua vez, irão vender os 
contratos para os especuladores dando início 
da rede de vendas entre especuladores até 
que uma agroindústra X decida comprar os 
contratos futuros por intermédio de uma cor-
retora. Essa corretora irá enviar a ordem de 
compra para o pregão da BM&F, onde, então, 
será realizada a compra dos contratos futuros 
por intermédio de outro especulador, dando 
fim ao processo.
Dessa forma, concluímos que os mer-
cados futuros têm como função minimizar 
os riscos devido às oscilações de preço dos 
produtos agrícolas no mercado e maximizar 
os lucros por meio das compras de contra-
tos futuros.
O Brasil vem se destacando entre os 
maiores produtores e exportadores das 
principais commodities agrícolas, graças à 
crescente importância que esses produtos 
vêm assumindo no âmbito de exportações 
brasileiras, sendo, portanto, cada vez mais 
importante compreender o mercado inter-
nacional destes produtos agropecuários.
Nesta unidade, além de entendermos um pouco mais sobre commodities, vamos 
tratar de um produto muito importante, a soja, a mais importante de todas as 
oleaginosas produzidas no Brasil.
Os municípios que lideram a produção de soja, no Brasil, têm Índice de Desenvolvi-
mento Humano (IDH) e taxa de crescimento anual da população superiores à média 
nacional, segundo apontou pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística (IBGE, 2014). 
Pós-Graduação | Unicesumar
17
Exemplo de contrato futuro da soja
Ativo-objeto: soja a granel tipo exportação, com conteúdo de óleo base de 18,5% e com até 14% de 
umidade; base de 1%, não ultrapassando o máximo de 2% de impurezas; e máximo de 8% de avariados, de 
10% de grãos verdes e de 30% de grãos quebrados. 
Tamanho do contrato: 450 sacas de 60kg. 
Cotação: dólares dos Estados Unidos da América/saca de 60 quilogramas com duas casas decimais, 
livres de quaisquer encargos, tributários ou não-tributários. 
Vencimentos: os meses de vencimento autorizados são março, abril, maio, junho, julho, agosto, se-
tembro e novembro. 
Data de vencimento do contrato: no dia útil anterior ao primeiro dia do mês de vencimento. 
Preço à vista de referência: base da referênciade preço do produto – é o Porto de Paranaguá (PR) 
Liquidação por entrega: começando no 14º dia útil anterior ao 1º dia do mês de vencimento e termina no 
10º dia útil anterior ao 1º dia do mês de vencimento. 
Principais participantes dessa modalidade de negociação: o sojicultor atua na proteção da 
queda de preço. 
A Cadeia produtiva de óleo, farelo de soja, trading´s, Indústria de Insumos, Criadores de Aves, Suínos e Frigoríficos atuam 
na proteção da alta de preço (MESA DE OPERAÇÕES BM&F, 2008).
Os gastos produtivos da soja estão, diretamente, relacionados com a rentabilidade de safra. 
Os principais fatores que influenciaram o aumento do custo com insumos são o dólar e o 
aumento da demanda. 
Fonte: Soja…(2016, online)2.
Principais Commodities Agrícolas
18
A CADEIA PRODUTIVA
daSOJA
Aprodução da soja, no Brasil, torna-se cada vez mais importante, alcançando status não apenas no mercado interno, mas também no mercado internacional. O mercado está cada vez mais acirrado.
Dada a crescente importância da produção da soja, verifi ca-se, até hoje, uma busca de 
ingresso ao mercado cada vez mais acirrada. Para tanto, crescem as estratégias competiti-
vas em busca de reduções de custos da commodity para obter níveis elevados de efi ciência 
produtiva, tanto em qualidade quanto em quantidade, atendendo, adequadamente, às ne-
cessidades do mercado interno e obtendo resultados positivos no mercado externo, frente 
à competitividade, que gera a busca incessante do aumento de produtividade.
Sendo assim, propomos, nesta unidade de estudo, nos aprofundarmos na cadeia da soja. 
Pós-Graduação | Unicesumar
19
A soja
Origem 
A soja (Glycine max (L.) Merrill) é utilizada como alimento a mais de 5.000 anos, 
e embora muito difundida no mundo, a planta demorou anos para ser cultivada 
nos países ocidentais. O início de seu cultivo ocorreu nos Estados Unidos e, na 
década de 40, houve a “explosão da soja”, onde cerca de 2 milhões de hectares 
foram plantados para a exploração comercial da soja, primeiro como forrageira 
e, posteriormente, como grão (EMBRAPA, 2014, online)3. 
Os Estados Unidos foram os responsáveis pela introdução da soja no nosso 
país, os primeiros estudos dos cultivares foi por volta de 1882 no estado da Bahia, 
mas a expansão da soja no nosso país começa mesmo por volta dos anos 70, 
quando a indústria do óleo começa a tomar força, e a soja se tornou a principal 
cultura do agronegócio naquela época (ROSA & MAKIYA, 2011).
Atualmente, a soja é considerada uma 
das principais commodities no agronegócio 
e o Brasil se destaca na exportação de grãos, 
farelo e óleo (SAMPAIO et al., 2012).
Além do valor como commoditidy, a soja 
tbm pode ser utilizada com outras finalidades 
(Figura 1). Para maiores informações, leia o 
artigo disponibilizado no quadro Saiba Mais. 
A principal praga das plantações é a 
ferrugem da soja (ou ferrugem asiáti-
ca), um fungo que pode causar perdas 
de até 100% em algumas lavouras. 
Fonte: Embrapa (2014, online)4.
Principais Commodities Agrícolas
20
Figura 1- Destinos e usos da soja no Brasil
Fonte: adaptado de Aprosoja(2016, online)5
Pós-Graduação | Unicesumar
21
A cultura da soja no Brasil, a partir dos anos 
90 até os meados dos anos 2000, apresentou 
um crescimento de 8,1% ao ano, represen-
tando, aproximadamente, 49% do território 
nacional em área plantada de grãos (MAPA, 
2014). 
Todo esse crescimento e aumento da pro-
dutividade ocorreu graças ao investimento 
em tecnologias e capacitação de produto-
res em parceria com a Empresa Brasileira de 
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), indús-
trias e centros privados de pesquisa (MAPA, 
2014). A importância da cadeia da soja está 
não apenas na alimentação animal, que 
proporciona grande avanço econoômico e 
reconhecimento mundial ao setor pecuá-
rio brasileiro, mas também pelo crescente 
aumento do uso da soja na alimentaçção 
humana.
A concentração do cultivo da soja no 
Brasil ocorre, principalmente, nas Regiões 
Centro-Oeste e Sul do nosso país.
Quando falamos em soja normalmente 
pensamos como alimento ou matéria-
-prima para derivados, como óleo e 
farelo, mas o grão pode ser usado de 
inúmeras maneiras como por exemplo 
nas indústrias, fabricação de biodiesel, 
saúde humana etc. Também não po-
demos esquecer da importância desse 
grão para a produção animal.
Integração lavoura-pecuária (ILP) se 
constitui em sistema de produção que 
alterna, na mesma área, o cultivo de 
pastagens anuais ou perenes, desti-
nadas à alimentação animal, e culturas 
destinadas à produção vegetal, sobre-
tudo, grãos.
Fonte: Baldinot Junior et al. (2009, p. 
1925-1933). 
"Depois de uma campanha do Gre-
enpeace e a pedido de clientes como 
Carrefour e McDonald's, os principais 
exportadores brasileiros deixaram de 
comprar soja cultivada em terras des-
matadas depois de 2006. Isso diminuiu 
fortemente o impacto do nosso setor 
na Amazônia".
(Bernardo Machado Pires)
A soja em números: a indústria nacio-
nal transforma, por ano, cerca de 30,7 
milhões de toneladas de soja, produ-
zindo 5,8 milhões de toneladas de óleo 
comestível e 23,5 milhões de toneladas 
de farelo protéico, contribuindo para a 
competitividade nacional na produção 
de carnes, ovos e leite. Além disso, a 
soja e o farelo de soja brasileiros pos-
suem alto teor de proteína e padrão de 
qualidade premium, o que permite sua 
entrada em mercados extremamente 
exigentes como os da União Europeia 
e do Japão. 
Fonte: Brasil (2016, online)6.
Principais Commodities Agrícolas
22
A Cadeia Produtiva
Conceito 
Batalha (1995, p. 6) discorre sobre as cadeias produtivas agroindustriais 
em seu artigo: “As cadeias de produção agroindustrias: uma perspectiva 
para o estudo das inovações tecnológica.” Veja a maneira como o autor 
descreve o termo.
“[...] uma cadeia de produção agroindustrial pode ser dividida, quando per-
corrida de jusante a montante, em três macro segmentos. Os três macro 
segmentos propostos são: comercilização, industrialização e produção de 
matérias primas [...]”.
Terreaux e Jeandupeux (1996, p. 241-248) elaboram ainda mais o tema e 
chegam ao seguinte significado deixando-o mais simplificado: “Seqüência 
de operações que permite elaborar um produto final, ou inversamente, 
as diferentes utilizações de uma matéria prima.”
Grosso modo, as cadeias produtivas podem ser descritas como um 
conjunto de atividades que seguem uma sequência, ou seja, desde os 
insumos básicos até o produto final, incluindo a distribuição e comercia-
lização, constituindo-se em elos de uma corrente.
• Na Figura 2, é representado o fluxograma das cadeias 
produtivas. Podemos observar a presença dos diferentes 
elos, que são comuns a todas as cadeias: - Industria de 
insumos.
• Produção agrícola.
• Indústria de processamento.
• Varejo.
• Consumidor final.
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23
Figura 2- Fluxograma da cadeia produtiva da soja
Fonte: Zortea et al. (2013).
Atualmente, o Brasil ocupa a seguda posição como maior produtor mundial de soja, ficando 
atrás dos Estados Unidos, com uma produção de 95,070 milhões de toneladas e uma produ-
tividade de 3.011 Kg/ha. A plantação da cultura da soja ocupa uma área de 31,573 milhões 
de hectares (BINAGRI, 2015).
A Figura 3 traz a representação dos maiores produtores de soja no Brasil. Dentre os estados 
brasileiros são o estado do Mato Grosso com uma produção de 27,868 milhões de tonela-
das. Em seguida, destaca-se o estado do Paraná, cuja produção chega a 17.136 milhões de 
toneladas e a produtivadade é da ordem de 3.293 kg/ha. Por fim, em terceiro lugar, temos 
o estado do Rio Grande do Sul com uma produção de 14,688 milhões de toneladas e uma 
área plantadade 5,216 milhões de hectares. A produtividade do estado é de 2.816 kg/ha 
(CONAB, 2015, online).
Principais Commodities Agrícolas
24
Na Região Sul, prevalecem pequenas mi-crorregiões, que são formadas por vários municípios com pequena área territo-
rial e relativamente próximos uns aos outros. De 
outra forma, a Região Centro-Oeste, notadamente, 
o Mato Grosso é formado por grandes microrre-
giões, cujos municípios possuem áreas territoriais 
signifi cativas e estão mais distantes uns dos outros, 
quando comparados à Região Sul (EMBRAPA, 2014). 
Atualmente, a soja corresponde a 52,9% da 
área total de grãos do País.
Depois de ler as informações contidas no mapa, 
leia o quadro refl ita com seus sobre a importância 
da sustentabilidade no agronegócio nos dias atuais.
A agricultura responsável, ou seja, preocupada com questões sociais e ambientais, é de 
extrema importância nos dias atuais, pois “o uso adequado dos recursos naturais é uma 
exigência social decorrente da atualidade do desafi o planetário da sustentabilidade.”
(LeoneL, 1998)
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25
Figura 3- Distribuição espacial da área de produção de soja no Brasil
Fonte: Conab (2015).
A soja é uma alternativa para a fabricação do biodiesel, combustível capaz de reduzir em 
78% a emissão dos gases causadores do efeito estufa na atmosfera. 
Fonte: Barros et al.(2003).
Principais Commodities Agrícolas
26
Entre as décadas de 1970 e início da década de 1980, no Brasil, a expansão 
da soja se deu pela abertura de novas áreas para agricultura nas regiões 
Sul e Centro-Oeste. Essa expansão foi graças a três fatores: 
A- Mercado favorável. 
B- Políticas agrícolas de incentivo à agroindústria nacional.
C- Estabelecimento da cadeia produtiva, que permitiu a oferta 
crescente de modernas tecnologias de produção, associadas com 
diversos aspectos, como melhoramento vegetal, produção de se-
mentes, manejo e fertilidade do solo e controle de plantas daninhas, 
pragas e doenças, dentre outros (EMBRAPA, 2014). 
A partir da metade dos anos 80, o processo de expansão da área cul-
tivada começou a se modificar, ao invéz da abertura de novas áreas, 
ocorreu a substituição de atividades produtivas, como a bovinocultu-
ra de corte e o cultivo de arroz. Percebemos, portanto, que a cultura 
da soja começou a ganhar grandes proporções e a mesma passou a 
ocupar áreas pastagens degradadas; a pecuária de corte sofria com a 
falta de tecnologia e de investimentos no setor, logo, a cultura da soja 
foi abrindo caminho rumo a grande expansão. 
O setor pecuário sempre foi um importante elo do agronegócio 
brasileiro, sendo assim, não poderia ficar abandonado sem a falta de 
investimentos e incentivos no setor, uma alternativa para melhorar a 
estabilidade de produção e de renda dos produtores foi a elaboração 
dos sistemas de integração lavoura-pecuária,utilizado em grande escala 
atualmente no Brasil (EMBRAPA, 2014).
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27
Neste tópico, iremos estudar como se com-porta o mercado da soja no momento da comercialização. O preço é um fator 
de grande incerteza no momento da transação, 
como vimos, anteriormente, quando discutimos 
sobre os contratos de mercados futuros. Vejamos 
os fatores que levam à formação do preço da soja. 
As variações no preço da soja ocorrem por di-
versos motivos, dentre eles, as variações climáticas, 
econômicas e sociais se destacam.
O Valor de Mercado 
da Soja
Principais Commodities Agrícolas
28
Dentro das variações sociais, a forma como 
a propriedade passou a ser vista fez muita 
diferença no mercado da soja. O que antes 
era visto apenas como uma unidade de pro-
dução, passou a ser entendida como um 
empreendimento, e como tal, uma fonte de 
retorno fi nanceiro (EMBRAPA, 2014). 
Logo, o aumento da efi cência da terra, 
passou a ser de extrema importância para a 
manter esses “empreendimentos” ativos no 
mercado. Manter um empreendimento ativo 
no mercado refere-se à competitividade do 
setor, a produção de produtos de melhor 
qualidade e que estejam de acordo com as 
exigências impostas pelo mercado, seja ele 
interno ou externo. 
No caso das commodities, o apoio das 
cadeias produtivas bem estruturadas e 
fortalecidas é muito importante para a va-
lorização não apenas do produto mas de 
todo o empreendimento.
A soja é uma das culturas mais difundi-
das no mundo. Apesar da sua grande 
importância econômica no mercado 
mundial, a importação da soja em grão 
limita-se a poucos países. A China e 
a União Europeia respondem juntas 
com cerca de 75,6%, segundo dados 
do USDA, na safra 2014/15.
Fonte: IMEA (2015, online)7.
Além da mudança na forma de en-
xergar a propriedade agrícola, outro 
importante fator para a alavancada do 
preço da soja é a capacitação da mão de 
obra. Um profi ssional bem capacitado se 
sente parte do sistema no qual ele traba-
lha, consequentemente irá trabalhar com 
maior comprometimento, gerando maiores 
ganhos para todo o sistema (MALAFAIA et 
al. 2007). 
Quando os produtores estão capitali-
zados, a tendência é aumento no uso de 
insumos produtivos, sobretudo, aqueles 
direcionados ao aumento de produti-
vidade, como é o caso do adubo. Dessa 
forma, haverá um aumento no valor a ser 
pago pelo produto, no nosso caso, a soja 
(EMBRAPA, 2004).
Além de tudo isso, não podemos nos 
esquecer de um elemento muito impor-
tante para a produção da soja, a semente, 
que pode ser de diversos cultivares, uns 
mais precoces, outros mais resistentes às 
intempéries do clima etc. E, para que ocorra 
a plantação, o uso de máquinas agríco-
las é de fundamental importância, não é 
mesmo? Sendo assim, isso é mais um ponto 
de acréscimo ao valor do grão (EMBRAPA, 
2014). 
Na Tabela 1, são descritos os custos de 
produção da soja no principal estado pro-
dutor do Brasil, o Mato Grosso.
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29
Tabela 1 - Custos de produção da soja (Mato Grosso, Janeiro/2015)
Fonte:IMEA (2016, online)8.
As exportações dos produtos do 
agronegócio alcançaram em agosto 
de 2015, US$ 7,34 bilhões, o que re-
presenta recuo de 17,4% nas vendas 
externas do país em relação ao mes-
mo mês do ano de 2014. Já as impor-
tações totalizaram US$ 967 milhões, 
com retração de 31,5% na compara-
ção ao mesmo período de 2014. Com 
isso, o saldo da balança comercial do 
setor foi de US$ 6,38 bilhões em agos-
to. Os dados constam do Sistema de 
Estatísticas de Comércio Exterior do 
Agronegócio Brasileiro (AgroStat), do 
Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento (MAPa).
Soja, carnes, produtos fl orestais, com-
plexo sucroalcooleiro e café concen-
traram 80% dos embarques
Fonte: Brasil(2016, online)9. 
Muitos consumidores acreditam que 
produtos cultivados organicamente (li-
vre de agrotóxicos) são mais saudáveis, 
mais seguros e tem melhor sabor que 
os alimentos convencionais, enquanto 
que Organismos Geneticamente Modi-
fi cados (OGMs) são vistos como uma 
ameaça para a saúde e para o ambien-
te. A questão primordial é que essa per-
cepção não é confi rmada por dados de 
pesquisas científi cas. Do ponto de vista 
científi co, alimentos orgânicos não são 
nem mais saudáveis, nem mais seguros, 
que os convencionais ou os genetica-
mente modifi cados. Alguns estudos 
mostram que alimentos orgânicos têm 
mais toxinas que alimentos produzi-
dos por métodos tradicionais. Lucia 
de Souza, pesquisadora, para o site da 
associação Nacional de Biosegurança.
(Lucia de Souza)10
Principais Commodities Agrícolas
30
Nesse tópico, entenderemos o conceito de competitividade e como ele se aplica a um Sistema Agroindustrial. Além disso, veremos os números da soja no Brasil. É fato que o agronegóciobrasileiro é um setor de em pleno desenvolvimen-
to, tanto no campo nacional quanto no exterior. Em 2014, o Brasil conquistou seu lugar 
na lista dos dez maiores produtores e exportadores mundiais de grãos e carnes (MAPA, 
2015). 
Moderno, eficiente e competitivo, esse setor foi responsável por 23% do Produto 
Interno Bruto (PIB) no ano de 2015 (MAPA, 2015).
As exportações do agronegócio brasileiro somaram US$ 9,13 bilhões e as importações, 
US$ 1,06 bilhão, em junho de 2015. O que representou um saldo positivo de US$ 8,07 
bilhões na balança comercial do Brasil. Segundo o Mapa, a participação do agronegócio 
no total dos embarques do Brasil alcançou 46,5% em maio do mesmo ano (MAPA, 2015).
Os principais setores exportadores do agronegócio, em junho de 2015, foram o com-
plexo soja, com 49,1% de participação; as carnes, com 14,6%; os produtos florestais, com 
9,8%; o complexo sucroalcooleiro, com 7,5%; e o café, com 4,9%. Em conjunto, os cinco 
setores alcançaram US$ 7,85 bilhões e tiveram 86% de participação nos embarques em 
maio do mesmo ano.
Vemos, portanto, a importância da soja no agronegócio e economia nacional. De acordo 
com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA (2008), a soja é o princi-
pal grão oleaginoso cultivado no mundo.
O complexo soja é um grande gerador de empregos à jusante, a partir do processa-
mento do produto.
De acordo com a ABIOVE (2012), o crescimento da cadeia produtiva da soja no Brasil 
depende da competitividade na exportação.
Competitividade 
Brasileira
no Mercado
da Soja 
Pós-Graduação | Unicesumar
31
As vendas externas do complexo soja (grão, farelo e óleo) alcançaram US$ 4,48 bilhões, 
queda de 3,0% em relação a igual período do ano de 2014 (US$ 4,62 bilhões). Mesmo com 
a redução em valor, a quantidade embarcada de soja em grão bateu recorde histórico, 
chegando a quase 10 milhões de toneladas. Em seguida, aparece o farelo de soja, com US$ 
620 milhões e o óleo de soja, com US$ 102 milhões .
Fonte: Mapa (2015, online)11.
Principais Commodities Agrícolas
32
O termo competitividade está relacionado à capacidade sustentável da fi rma sobreviver 
em mercados concorrentes ou em novos mercados (BATALHA; SOUZA FILHO, 2009); es-
tratégias voltadas para incremento de competitividade podem ser desenvolvidas para 
agentes individuais, as fi rmas, ou para o conjunto de agentes, a exemplo das redes de 
negócios (PORTER, 1986). A consolidação de fi rmas que atuam no mesmo seguimento 
de determinado setor em ambiente competitivo pode ser mais simples quando existe 
coesão entre essas, facilitando, por exemplo, a troca de informações e o desenvolvimen-
to de produtos e processos mais adequados para um dado mercado.
Ao lidar diretamente com a competitividade de Sistemas Agroindustriais brasilei-
ros, Farina e Zylbersztajn (1998, p. 2) descreveram o termo competitividade da seguinte 
maneira:
Competitividade não tem uma defi nição precisa. Pelo contrário, compreende tantas facetas 
de um mesmo problema, que difi cilmente se pode estabelecer uma defi nição ao mesmo 
tempo abrangente e útil. Do ponto de vista das teorias de concorrência, a competitividade 
pode ser defi nida como a capacidade de sobreviver e, de preferência, crescer em merca-
dos correntes ou novos mercados. Decorre dessa defi nição que a competitividade é uma 
medida de desempenho das fi rmas individuais. No entanto, esse desempenho depende das 
relações sistêmicas, já que as estratégias empresariais podem ser obstadas por gargalos de 
coordenação vertical ou de logística. 
Conceito de competitividade
Pós-Graduação | Unicesumar
33
Os autores ressaltam a importância do desenvolvimento de competitividade 
sistêmica. Para eles, as relações estabelecidas entre os agentes do sistema são 
fundamentais para que se tenha ganho competitivo, sejam estes específicos a 
cada agente ou em conjunto1.
Best (1990) considera que a definição de estratégias em busca de competitivi-
dade representa a capacidade que a firma demonstra, individualmente ou em 
conjunto2, de alterar a seu favor características do ambiente competitivo.
Segundo Farina (1999), a competitividade de determinado setor deve ser vista 
de forma dinâmica, tratando das relações existentes entre os agentes da cadeia 
produtiva, bem como seus mecanismos de articulação e coordenação. Um sistema 
se torna competitivo quando todos os agentes que o compõe caminham em 
busca de objetivos comuns e trabalham em conjunto para alcance do mesmo.
De acordo com Braga (2010), a competitividade das firmas3, aliada às neces-
sidades de adaptações aos mercados, tem tornado uma das maiores exigências 
para as empresas do agronegócio. Isso em virtude da características intrínsecas 
destes sistemas, tais como a perecibilidade de produtos, dependência de fatores 
incontroláveis tais como climáticos, defasagem entre o tempo de investimento 
e comercialização de produtos, entre outras. Para Ferraz et al. (1996); Zylbersztajn 
(1995) e Batalha (2007), a competitividade de um Sistema Agroindustrial está di-
retamente relacionada à capacidade de coordenação entre seus agentes.
1 A competitividade pode estar também relacionada a liderança em custos ou produtividade, inovação de produtos e processos ou a qualida-
de do produto. Maiores detalhes podem ser encontrados em Porter (1990).
2 A partir por exemplo, de associações, cooperativas ou sindicatos entre outras formas de cooperação.
3 De acordo com a economia neoclássica, as firmas são sinônimos de empresas, entre as quais, a propriedade rural.
Principais Commodities Agrícolas
34
Vamos estudar um pouco mais as expectativas para o mercado da soja nos próximos anos.Os números para o complexo soja, tanto em produção quanto em 
exportação, são muito promissores para a safra 2016/17. A produção mundial 
alcançará 279,7 milhões de toneladas (+23,3% sobre a safra 2006/2007) e será 
mais concentrada nesse período. Os três maiores produtores de soja, Estados 
Unidos, Brasil e Argentina, respectivamente, representarão 83% da produção 
mundial. 
Projeções
da Soja
Pós-Graduação | Unicesumar
35
O complexo oleaginoso (soja, mamona, 
palma etc.) experimentará o maior cresci-
mento entre os vários setores agropecuários 
até o ano de 2010, notadamente, por países 
com baixos custos de produção, como Brasil 
e Argentina.
As perspectivas para o Brasil na safra 
2016/17 é a que nosso país seja o maior 
exportador mundial de soja em grão. A par-
ticipação do Brasil passará de 40% para 59,4%, 
nesse período. 
As projeções para a produção de soja até 
2017/2018, no Brasil, mostram uma produ-
ção de 75,3 milhões de toneladas. Estima-se 
que o consumo em grão atinja 39 milhões 
de toneladas, representando 52% da pro-
dução. Espera-se que as exportações para o 
mesmo período sejam 40% superiores às ex-
portações de 2006/2007. 
No que diz respeito às exportações, a 
variação prevista em 2025 relativamente a 
2014/15 é de um aumento na quantidade 
exportada de soja grão da ordem de 42,1%, 
69,0 milhões toneladas de exportações para 
a soja em grão, no final da próxima década 
(MAPA, 2015). 
Na Tabela 2 são apresentados os dados 
de produção, consumo e exportação de soja 
em grãos (mil toneladas), no Brasil, no ano de 
2016 e as projeções até 2025.
Para que a soja possa ser utilizada, é preciso 
que ela passe por um processo de indus-
trialização. Após esse processo são gerados 
vários produtos, porém dois são os mais co-
nhecidos, o farelo e o óleo de soja. O farelo 
de soja, com teor proteico de 44% a 48% 
(se o grão for descascado antes da extração 
do óleo), é utilizado, na maioria das vezes, 
como suplemento rico em proteínas para a 
criação de animais 
Fonte: Missão (2006). 
PrincipaisCommodities Agrícolas
36
O farelo e o óleo de soja mostram moderado dinamismo da produção nos próximos 
anos. A produção de farelo de soja deve aumentar 26,2% e a de óleo de 21,1%, como 
apresentado na Tabela 3. 
As exportações de farelo devem aumentar 17,4% entre 2014/15 e 2024/25, e as de óleo 
devem sofrer uma queda de 6,5%. O consumo interno deverá ser nos próximos anos o prin-
cipal fator a impulsionar a produção de óleo de soja, que deve crescer ao fi nal da década 
cerca de 30,6% em relação ao consumo do ano de 2015, como apresentado na Tabela 4.
Tabela 2- Produção, consumo e exportação de soja em grão (mil toneladas)
Fonte: CONAB (2015).
Tabela 3- Produção, consumo e exportação de farelo de soja (mil toneladas)
Fonte: CONAB (2015).
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37
A soja é um dos grãos mais “versáteis” que 
existem. Ela pode ser consumida na forma 
de sucos, leite, leite condensado, margari-
na, saladas, óleos, queijos, farinhas, molhos, 
pães, carnes… 70% dos alimentos proces-
sados contêm soja Fonte: MISSÃO, 2006.
Tabela 4- Produção consumo e exportação do óleo de soja (mil toneladas)
Fonte: CONAB (2015).
Metade da área plantada no 
Brasil é dominada pela soja!
Principais Commodities Agrícolas
38
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a)!
Chegamos ao fim da primeira unidade. Estudamos o conceito de com-
modities e entendemos como funcionam as transações nos mercados futuros 
da soja. Vimos, também, que o Brasil ocupa uma posição de destaque nesse 
setor agrícola e somente uma cadeia bem estruturada e fortalecida é capaz 
de gerar números tão promissores nos próximos anos, no que diz respeito 
às exportações, para o agronegócio nacional.
Entendemos que, para que a cadeia produtiva da soja seja estruturada, 
fortalecia, e portanto, competitiva, é preciso que haja o perfeito gerencia-
mento dos elos que compõem a cadeia e, o mais importante, o incentivo 
daqueles que fazem a cadeia girar, ou seja, daqueles que lidam diretamen-
te da produção fazendo-os se sentirem parte de todo o sistema, para que 
os objetivos (produção de grãos de boa qualidade para atender exigências, 
tanto do mercado interno quanto externo, dentre outros), não se percam ao 
longo do caminho e, assim, o sistema todo ser beneficiado.
A capacitação dos produtores é uma estratégia fundamental para o 
aumento da produção com qualidade. Logo, cursos, palestras, associações 
com cooperativas, instituições públicas de ensino e pesquisa, são de fun-
damental importância para os produtores e para que, também, os demais 
trabalhadores envolvidos na produção, tenham acesso às informações rele-
vantes para a produção do grão. 
Além disso, a capacitação dos trabalhadores envolvidos na produção é 
muito importante para a formação do capital humano, ou seja, para formar 
um grupo sólido de trabalhadores que se sentem como “membros da equipe”, 
tendo como foco a produção. 
Até a próxima unidade.
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39
atividades de estudo
1. Descreva os agentes atuantes no mercado de commodities.
2. Quais os fatores determinantes para a expanção da soja no Brasil a 
partir da década de 80?
3. Quais os fatores determinantes para a formação do preço da soja?
4. Defina o termo competitividade
5. De acordo com o exposto na unidade, cite um fator importante 
para que as projeções da exportação da soja seja tão favorável ao 
agronegócio brasileiro.
Gestão de Negócios
40
A CADEIA PRODUTIVA DA SOJA: UMA PERSPECTIVA DA ESTRATÉGIA 
DE REDE DE SUPRIMENTO ENXUTA 
A cadeia produtiva da soja apresenta diversas etapas que são interligadas por operações 
logísticas de transporte, entre elas, a produção, a distribuição e a comercialização. Essas 
fases possuem fatores de desperdícios que precisam ser analisados e eliminados pelos 
produtores, esmagadoras e distribuidoras de atacado/varejo na tentativa de reduzir 
custos e aumentar a competitividade no mercado doméstico e global. Entretanto, a 
análise das perdas na cadeia produtiva da soja requer um levantamento dos fatores, 
bem como suas possíveis causas. As estratégias de rede de suprimentos podem ser 
uma alternativa para os atores entenderem melhor a cadeia produtiva na qual se en-
contram inseridos e buscar soluções viáveis que minimizem esses impacto, tanto da 
produção quanto ao longo do processo de abastecimento e da falta de logística ade-
quada. Isso poderá ser uma forma de agregar valor ao produto, ligado à maximização 
dos benefícios que o produto pode oferecer ao consumidor, partindo da premissa que 
a percepção de valor para os consumidores varia de acordo com as expectativas de 
cada um; logo, cada ator deve estudar sua rede e verificar se esta tem capacidade de 
atender ao mercado. Agregar valor por meio da rede gera mais vantagem competitiva 
do que atuar isoladamente. Dessa maneira, esse trabalho pretende analisar o impacto 
dessas perdas na produção de soja e como a rede de suprimento enxuta pode agregar 
valor à cadeia produtiva, tornando-a competitiva no mercado, através da eliminação 
dos desperdícios. 
Fonte: Machado, S. T.; Reis J. G. M. dos; Santos, R.C.(2013, online).
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41
Cadeia Produtiva da Soja - volume 212
Autor: Luiz Antônio Pinazza
Editora: Série agronegócios
Sinopse: O livro trata das cadeias produtivas que cresceram em importân-
cia mais recentemente, como orgânicos e mel, dada a grande dificuldade 
de levantamento bibliográfico e estatístico. Sendo assim, o resultado da 
parceria MAPA/IICA traduz-se em um documento pioneiro, que pode ser 
de grande valia para estudantes e técnicos interessados nessas áreas. Em 
cadeias mais tradicionais, a exemplo de soja e milho, os livros têm o dife-
rencial de reunirem dados, que, normalmente, estão fragmentados em 
diversas publicações.
No site do MAPA, o aluno irá encontrar informações importantes a res-
peito da origem da soja, a produção nacional e mundial e dados sobre 
importação e exportação.
<http://www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/soja>. Acesso em: 28 
abr. 2016.
O vídeo intitulado “Perdas e desperdícios”, na cadeia produtiva da soja, 
traz dados importantes de como essa cadeia, que é tão importante para 
o agronegócio brasileiro, poderia ser ainda mais expressiva se não hou-
vesse tantas perdas ao longo do processo. Veja quais são os principais 
motivos que ainda dificultam a completa alavancada da cadeia da soja. 
Discuta com seus colegas de curso sobre o tema.
<https://www.youtube.com/watch?v=S8nz4vPoUsE>. Acesso em: 3 maio. 
2016.
Web
Principais Commodities Agrícolas
42
GABARITO
1. São eles: vendedores, compradores, especuladores, corretores e 
operadores. Os vendedores são representados pelos produtores, 
aqueles que possuem o produto. Os compradores, por sua vez, 
são aqueles que irão negociar com os vendedores (hedgers), uma 
vez que necessitam do produto agropecuário. Os operadores 
do pregão tem a função de executar as ordens de compra e 
venda dos clientes e acompanhar as transações que partem 
das corretoras para os clientes. Os especuladores, que são de 
fundamental importância para a liquidez das transações e 
transferem os riscos do produtor rural para o mercado, permitindo 
que esses produtores entrem e saiam da transação no momento 
que lhes for mais oportuno.
2. Essa expansão foi graças a três fatores: 
A- Mercado favorável.
B- Políticas agrícolas de incentivo à agroindústria nacional.
C- Estabelecimento da cadeia produtiva, que permitiu a oferta 
crescente de modernas tecnologias de produção, associadas 
com diversos aspectos, como melhoramento vegetal, produção 
de sementes, manejo e fertilidade do solo e controle de plantas 
daninhas, pragas e doenças, dentre outros. 
3. As variações no preço da soja ocorrem por diversos motivos, 
dentreeles, as variações climáticas, econômicas e sociais se 
destacam.
4. O termo competitividade está relacionado à capacidade 
sustentável da firma sobreviver em mercados concorrentes ou em 
novos mercados. 
5. A crescente preocupação com o meio ambiente e, portanto, a 
crescente necessidade de produção de biocombustíveis.
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43
2 O DESTAQUE DO TRIGO NA BALANÇA COMERCIAL
Professora Dra. Maria Clara Melo Ferreira
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará 
nesta unidade:
• A cadeia produtiva do trigo
• A cadeia do trigo na Argentina
• A competitividade da cadeia do trigo no Brasil e na 
Argentina
• Os números da cadeia do trigo
• Projeções do trigo
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer a cadeia do trigo no Brasil.
• Entender a estrutura da cadeia produtiva do trigo.
• Estudar a importância da cadeia tritícola no cenário 
econômico do Brasil.
• Conhecer os principais concorrentes concorrentes 
do Brasil quanto a produção de trigo.
• Compreender os fatores críticos da produção.
Caro (a) aluno (a)!
Esta unidade abordará o histórico da utilização do trigo como alimento 
e as características fundamentais da cadeia produtiva do trigo no Brasil, 
além de destacar os aspectos mais críticos da produção, no que tange a 
concorrência com outros países, por exemplo, a Argentina que, ao longo 
dos anos, tem se mostrado um forte concorrente do Brasil nessa cadeia.
A cultura do trigo no Brasil, principalmente, na região sul do país, se 
tornou uma atividade das mais importantes para o agronegócio. Essa 
cultura se tornou uma importante alternativa econômica de inverno, com-
plementada, dentro do processo de modernização, pela soja no verão. 
No entanto, a cultura tritícola somente pode se desenvolver graças ao 
apoio ofi cial, via subsídios e políticas agrícolas favoráveis. 
Com o fi m do apoio governamental, a cadeia do trigo sofreu perdas 
signifi cativas e desde então não conseguiu alcançar grandes índices 
de produção, uma realidade que se altera profundamente, a partir de 
1990, quando o governo federal deixou de apoiar diretamente a cultura 
do trigo e, além disso, passou a desenvolver um processo de abertu-
ra comercial, dada a abertura do Mercosul, a partir da década de 1990, 
favorecendo à entrada de trigo estrangeiro no país. Assim, a abertura 
comercial favoreceu cada vez mais a entrada de trigo argentino, graças 
aos acordos junto ao bloco econômico, provocando uma profunda 
mudança na economia do trigo brasileiro. 
Nesta unidade, será estudada a cadeia do trigo no Brasil, no tópico 1, “A 
cadeia produtiva do trigo”. No tópico 2, “ A cadeia do trigo na Argentina”, 
será dado ênfase às relações comerciais entre a Argentina e Brasil, par-
tindo, então, para o tópico 3 “A competitividade da cadeia do trigo no 
Brasil e na Argentina”, um estudo da competitividade da cadeia entre 
Brasil e Argentina a partir da consolidação do Mercosul. No tópico 4, 
“Os números da cadeia do trigo” estudaremos os números gerados pela 
cadeia tritícola e, fi nalizando essa unidade, no tópico 5 “Projeções do 
trigo”, as perspectivas para o futuro da cadeia do trigo. 
Bons estudos!
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a cadeia produtiva
doTRIGO
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Acadeia produtiva do trigo como uma das mais importantes do setor alimentício, suprindo grande per-
centual da necessidade de alimentos da 
população brasileira, como pães, massas, 
biscoitos, além de ser fonte geradora de 
empregos. Dessa maneira, é de extrema ne-
cessidade manter a competitividade dessa 
cadeia produtiva no Brasil. 
A cultura do trigo já ocupou posição 
de destaque na agricultura brasileira em 
períodos anteriores. Todavia, problemas fi -
tossanitários de políticas públicas e de 
coordenação da cadeia acabaram por de-
sestimular os agricultores, o que conduziu 
ao decréscimo gradual do cultivo de trigo e 
aumento da dependência externa do cereal a 
partir da década de 1990. (MAGGIAN; FELIPE, 
2009, p. 2).
Ao ponto em que diminuia a competi-
tividade da cadeia do trigo no Brasil, ocorria 
efeito inverso na Argentina, que apresentava-
-se com maior competitividade na produção 
e exportação do cereal, sendo inclusive o 
Brasil um dos principais destinos das expor-
tações argentinas.
Dessa forma, é de extrema importância o 
estudo da cadeia agroindustrial do trigo no 
Brasil, uma vez que esta apresenta proble-
mas, se comparada à da Argentina. 
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O Panorama histórico do trigo no Brasil
De acordo com o artigo publicado no site 
AGROLINK, a aplicação de agroquímicos é 
uma prática comum que exige a planificação 
da lavoura por parte da assistência técnica 
e/ou do agricultor. A adoção desta prática, 
bem como dos produtos a serem utiliza-
dos, deve ser decidida anteriormente ao 
surgimento da doença, praga ou invasora e 
associada a outras técnicas que assegurem 
um potencial elevado de rendimento da la-
voura. A escolha da cultivar a prática de rota-
ção de culturas, o tratamento de sementes, 
poderão ser fundamentais para o sucesso 
da lavoura. Na escolha do produto recomen-
dado, é importante considerar fatores como 
o modo de ação, eficiência, persistência, 
aspectos toxicológicos e econômicos.
Diante do exposto no parágrafo anterior, 
discuta com seus colegas sobre o uso de 
produtos químicos para o controle de pra-
gas nas lavouras e as consequências disso 
para os seres humanos.
http://www.agrolink.com.br/cereaisdeinver-
no/InformacoesTecnicasTrigo.aspx
Fonte: Trigo…(online).
De acordo com relatos históricos, o trigo desenvolveu-se no Rio Grande 
do Sul a partir da segunda metade do Século XVIII. Ao final desse período, 
tiveram início as exportações, que em 1816 totalizaram 8.000 toneladas. 
Durante o século XIX, a ferrugem dizimou os trigais brasileiros, pratica-
mente extinguindo a produção nacional (ABITRIGO, 2009). 
Segundo a ABITRIGO (2009), após a I Guerra Mundial, o decreto 2.049 
de 31/12/1908 constituiu a primeira medida de fomento a cultura do 
trigo no Brasil, marcando, portanto, o início da regulação estatal e o in-
centivo à produção do trigo. Dez anos após a primeira guerra mundial, 
o decreto 12.896 de 06/03/1918 instituiu prêmios em máquinas agríco-
las, em valor proporcional ao número de hectares cultivados e garantia 
de preços mínimos por kg de trigo posto no Rio de Janeiro, mostrando, 
assim, os esforços governamentais para impulsionar a cadeia do trigo no 
território brasileiro.
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De acordo com os dados do Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 
2009), a evolução da produção brasileira de 
trigo deu-se da seguinte forma: Em 2007, o 
cultivo do cereal deu-se em nove estados 
brasileiros, contudo, 88,7% da produção na-
cional ocorreu no Paraná e no Rio Grande do 
Sul. Em 2008, totalizou 6,03 milhões de tone-
ladas, com uma área colhida de 2,42 milhões 
de hectares e rendimento de 2,49 toneladas 
por hectare (MAGGIAN; FELIPE, 2009). 
E, em 2014, a área plantada de trigo na 
safra apresentou um incremento de 15,6% 
em relação à safra anterior, atingindo 2.191,3 
mil hectares, contra 1.895,4 mil hectares na 
safra 2012/13. Superando todas as expecta-
tivas, o estado do Rio Grande do Sul obteve 
a maior produtividade por unidade de área 
de toda a história (EMBRAPA TRIGO, 2014). 
Mesmo com todas as intempéries cli-
máticas ocorridas na época que afetam a 
produtividade em algumas regiões do estado, 
a média atingiu 2.983 kg/ha. 
Esses registros evidenciaram a poten-
cialidade e a aptidão da região sul para a 
produção de trigo (EMBRAPA TRIGO, 2014). 
O Paraná, a cultura ocupa uma área de 
976,9 mil hectares, representando um incre-
mento de26,3% em relação à safra anterior. A 
produtividade de 1.833 kg/ha deve ser 32,9% 
menor do que a safra 2012/13 por causa das 
perdas em função das variações climáticas. 
A Cadeia Produtiva de Trigo no Brasil
As vendas pelos produtores caminham 
bem e deve-se levar em consideração que 
a falta do produto nos países vizinhos e, 
também, no mercado interno, além das 
ocilações cambiais contribuem para a co-
mercialização do cereal. 
Em Santa Catarina, a safra 13/2014 plan-
tada em 72,6 mil hectares teve pouco ataque 
de pragas e doenças em virtude do clima 
mais frio durante o inverno. Na maior parte 
do ciclo, o clima foi favorável ao desenvolvi-
mento da cultura. (USDA, 2014). 
Chuvas em menor intensidade durante 
a formação e maturação dos grãos fa-
voreceram a boa qualidade e sanidade. 
Atualmente, chuvas localizadas estão atra-
palhando o avanço da colheita, mas, ainda 
não comprometem a qualidade dos grãos. A 
produtividade deve ser de 2.850 kg/ha, 35,1% 
maior do que a safra anterior. (EMBRAPA, 
2014, online).
Dessa forma, a região Sul do Brasil desta-
ca-se na participação da produção nacional 
de trigo. 
A produção de trigo no país concentra-se 
na região Sul, nos estados de Paraná, 47,2% e 
Rio Grande do Sul, 44,2%. A participação de 
outros estados é da ordem de 8,6%. Essa par-
ticipação é distribuída entre Santa Catarina, 
São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, 
conforme representado na figura 1 (CONAB, 
2014).
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Na tabela 1 é representada a área, a produção e o rendimento do trigo no 
Brasil por estado e o total, para a safra de 2014.
Figura 1- Produção de trigo no Brasil
Tabela 1- Área, rendimento e produção de trigo no Brasil, por estado e total
Fonte: adaptada de IBGE (2014).
Fonte: CONAB (2013).
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Para saber mais sobre a importância do trigo para a economia nacional 
como também sua importância nutricional, confi ra o artigo disponibili-
zado no elemento fatos e dados a seguir.
O trigo é um alimento que assume signiti-
cativa importância para a dieta de milhões 
de pessoas, sendo o cereal mais cultivado 
no mundo. Fornece cerca de 20% das ca-
lorias provenientes dos alimentos consu-
midos, pois possui glúten, uma proteína 
que não é encontrada em outros grãos, o 
que o torna indispensável na alimentação. 
O trigo é essencial na dieta por concentrar 
elevado valor energético, bem como ser rico 
em carboidratos e proteínas. Devido à sua 
importância para a alimentação humana 
é chamado de “o mais nobre” dos cereais. 
(MAGGIAN; FELIPE, 2009). 
Fonte: Maggian; Felipe(2009).
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Produção Nacional
O plantio da safra 2013/14 mostrou um crescimento de área de 15,6% e 
uma produção da ordem de 5.358,5 mil toneladas, contra 4.813,8 mil to-
neladas da estimativa anterior e 4.379,5 mil toneladas da safra de 2012/13 
(IBGE, 2014). 
O Rio Grande do Sul, favorecido pelo clima, é responsável por 57,6% da 
safra nacional, o Paraná por 33,4% e os demais estados por 8,9%. Devido 
a uma série de intempéries climáticas no Paraná, como seca na implanta-
ção da lavoura, geadas e chuvas em excesso em período crítico do cultivo, 
além de vendavais e granizo, estimou-se perda de 1,0 milhão de tonela-
das no estado, comparativamente às previsões iniciais. 
Para entender um pouco mais sobre as dificuldades enfrentadas pelos 
produtores ao longo da produção, confira o link no Material Complementar: 
Na web no final da unidade.
Com referência ao suprimento interno, no ano safra que terminou em 
31 de julho de 2013, as importações foram de 7,01 milhões de tonela-
das, usando divisas de US$2,2 bilhões, enquanto as exportações de 1,68 
milhão de toneladas renderam ao país US$498,6 milhões, valor próximo 
a meio bilhão de dólares (CONAB, 2014). 
Para o período 2013/14, houve a necessidade de importação da ordem 
de 6,7 milhões de toneladas, ou seja, 4,4%, menor que a do ano anterior. 
Quanto às exportações, recuou-se para 500 mil toneladas, a depender da 
conjuntura de preços no mercado da Argentina no primeiro semestre de 
2014 (CONAB, 2014). 
Na Figura 2, observa-se o mapa da cultura agrícola do trigo no Brasil 
no ano de 2014.
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Figura 2- Distribuição geográfi ca da cultura do trigo no Brasil
Fonte: CONAB/IBGE(2015)
Maiores informações sobre a cultura do trigo no Brasil e estratégias gover-
namentais para alavancar a produção do cereal estão disponíveis no site do 
Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). No elemento Saiba Mais dispo-
nibilizado, a seguir, podemos ver alguns dos elementos usados pelo governo 
nacional para a promoção da cultura tritícola. 
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A Tabela 2 traz a comparação entre as safras de 2013 e 2014 quanto à área, produtivida-
de e produção do trigos entre os estados brasileiros.
Tabela 2- Área, produtividade e produção de trigo nos estados brasileiros
Fonte: adaptado de CONAB (2013).
O Ministério da Agricultura tem como de-
safi o estimular a produção do trigo mi-
nimizando os efeitos climáticos. Estudos 
de zoneamento de risco climático para os 
principais estados produtores, reajuste dos 
preços mínimos em níveis que sustentem a 
formação da renda da atividade e ampliação 
do limite de fi nanciamento para custeio das 
lavouras são algumas das ações desenvol-
vidas para aumentar a produção de trigo e 
diminuir a dependência externa do país em 
relação ao cereal.
Fonte: Mapa(2014, online)31.
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As cadeias produtivas são formadas por sis-
temas produtivos que operam em diferentes 
ecossistemas ou sistemas naturais, além de 
diversas instituições de apoio (instituições de 
crédito, pesquisa, assistência técnica e outras) 
e um aparato legal e normativo (MAGGIAN; 
FELIPE, 2009).
O agronegócio nada mais é que um con-
junto de cadeias produtivas. Assim, políticas 
agrícolas efi cazes e coesas (crédito agrícola, 
crédito para pesquisa, normas de impostos 
e taxas, serviços de apoio, entre outras) serão 
estabelecidas a partir de uma visão sistêmica 
do negócio (ROSSI et al., 2004 apud CASTRO, 
2000, p.4). 
A indústria do trigo no Brasil 
A cadeia do trigo, segundo Brum e 
Muller (2008), é dividida em insumos, produ-
ção, moinhos, transformação/distribuição e 
consumo. Na Figura 4 estão representados os 
elos que compõem a cadeia do trigo de acordo 
com o proposto por Rossi e Neves (2004). 
Na Figura 3 são descritas todas as etapas 
da cadeia, desde o fornecimento dos insumos 
até a distribuição dos produtos no varejo. 
A algum tempo atrás, a cultura do trigo no 
Brasil ocupou uma posição de destaque 
no mercado, porém problemas fi tossanitá-
rios, políticas públicas, má coordenação da 
cadeia e a grande vulnerabilidade ao clima, 
fi zeram os produtores abandonarem o cultivo 
(MAGGIAN; FELIPE, 2009). 
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No início dos anos 90, as diretrizes das 
politicas brasileiras consistiam na abertura co-
mercial ao mercado dos produtos estrangeiros, 
desregulamentação das atividades do setores 
agropecuários, objetivando impulsionar a 
maior eficiência econômica, competitivida-
de, qualidade e preços mais baratos para os 
consumidores (CANZIANI et al., 2004). 
Essa estratégia retirou do mercado do grão 
pequenos produtores menos eficientes pro-
movendo, dessa forma, a inserção de grandes 
produtores adequados à modernização per-
mitindo maior desenvolvimento do setor. 
No entanto, o resultado obtido não foi 
como o esperado. Houve grande desânimo 
no mercado e, em 1995, o Brasil produzia 
apenas 25% do que produziu no final dos 
anos 80. O governo brasileiro até tentou re-
erguero setor, porém o receio quanto ao 
impacto que isso geraria na inflação do país 
era grande (MAGGIAN; FELIPE, 2009). 
O agricultor sem condições de se manter 
no mercado e enfrentar a concorrência com 
o produto importado, começou a diminuir 
progressivamente a área plantada.
Figura 3- Cadeia produtiva do trigo
Fonte: Rossi e Neves (2004).
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A Cadeia do Trigo na
Argentina
A Argentina é um importante exporta-
dor de trigo e o Brasil, por sua vez, um 
dos principais importadores. Porém, a 
Argentina atua como um forte tomador 
de preços no mercado externo e, dessa 
forma, exerce infl uência indireta dos 
preços praticados na Bolsa de Chicago 
sobre os preços praticados no interior 
do Brasil. Enquanto isso, o Brasil des-
regulamentava a produção de trigo, 
deixando o setor aquém ao mercado 
externo. 
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Esse fato mostra a necessidade da intervenção governamental na cadeia tritícola brasi-
leira que, atualmente, encontra-se desestruturada. Tal desestruturação agravou-se com 
o passar do tempo o que refletiu nas perdas em termos de poder de negociação e, con-
sequentemente, nos ganhos dos produtores rurais.
Sendo assim, o Brasil não consegue chegar a autosuficiência em trigo, considerando 
mais interessante importar o produto da Argentina.
Segundo a Secretaría de Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentos Argentina (SAGPYA, 
2004), a expansão do cultivo do trigo deu-se a partir de 1850 sendo considerado como 
uma grande transformação na agricultura argentina. 
Assim como no Brasil, o desenvolvimento do cereal está diretamente ligado às 
importantes transformações econômicas que ocorreram na Argentina, além disso, mu-
danças ocorridas no setor social, como a vinda de mão de obra européia para o país, foi 
de extrema relevância (SAGPYA, 2004).
As condições edafo-climáticas da Argentina foram favoráveis para o desenvolvimen-
to da cultura do trigo, principalmente o trigo hard, mais específico para a produção de 
pães e massas, o que transformou a Argentina em um grande exportador do cereal e de 
outros grãos.
Atualmente, o cultivo do cereal apresenta uma importante difusão geográfia e, nos 
últimos anos, vem se expandindo em regiões que tradicionalmente não se plantava o 
cereal (SAGPYA, 2004). O trigo argentino, apesar de boa qualidade, sofre perdas signi-
ficativas no momento do embarque devido à contamição por corpos estranhos, por 
isso, o ceral é conhecido como sujo, gerando, portanto, desvalorização no preço (BRUM; 
MÜLLER, 2008). 
Em vista desse problema e com o objetivo de otimizar todos os processos da cadeia, 
foi criado o programa nacional de qualidade do trigo, com a resolução n° 334/2003, por 
meio da SAGPYA. Visa-se com esse programa: a) melhorar a qualidade do trigo, permitin-
do oferecer ao mercado uma ampla gama de produtos de acordo com os requerimentos 
da demanda; b) identificar as exigências de qualidade da demanda interna e externa; c) 
estabelecer uma política de sementes que permita a diferenciação e agrupar os cultivos 
por tipo qualidade; d) orientar a classificação da mercadoria; e) e garantir o máximo nível 
de segurança no abastecimento do trigo (SAGPYA, 2004).
O trigo é uma importante fonte de glúten e é utilizado na fabricação de pães, macar-
rão, bolos entre outros produtos alimentícios, porém existem pessoas que não podem 
consumir glúten, bem como existem pessoas, que, preocupadas com a boa forma, deci-
diram eliminá-lo da dieta. 
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Algumas pessoas apresentam into-
lerância ao glúten, assim não podem 
ingerir alimentos que contenham a 
substância, já que ela impede a correta 
absorção de nutrientes pelo intestino. 
Os portadores de sensibilidade ao glú-
ten necessitam evitar o seu consumo, 
no entanto, é notável os benefícios 
dessa dieta em qualquer pessoa. 
Cadeia produtiva do trigo 
na Argentina 
De acordo com a SAGPYA, o cultivo ocorre em cinco províncias argentinas, tendo 
a de Buenos Aires como a principal produtora, com 59,2% do total. 
O consumo está estimado em cerca de 5,5 milhões de toneladas, o que resulta 
em excedente de 2,8 milhões de toneladas. 
A distribuição da produção de trigo na Argentina é observada na seguinte. 
O desenvolvimento da cultura de trigo vem crescendo e tem como princi-
pal província produtora Buenos Aires, com cerca de 47% do total, seguido por 
Córdoba (23%), Santa Fé (14%), Entre Ríos (6%), La Pampa (4%) e outras provín-
cias (3%). 
Diante da diversidade geográfica, o plantio do trigo começa primeiro nas pro-
víncias do norte, nos meses de maio e junho e finaliza no sudoeste de Buenos 
Aires, no mês de agosto (SAGPYA, 2005). 
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De acordo com a SAGPYA (2005), o cultivo do trigo apresenta uma importante difusão 
geográfi a e nos últimos anos vem se expandindo em regiões que tradicionalmente não 
se plantava o cereal. Vale ressaltar, porém que na safra 08/09, em específi co, a produção 
argentina caiu pela metade, mesmo assim, ainda há margem para exportações, como 
já mencionado. 
A Argentina, exportador de trigo ao Brasil, deverá ter um volume maior do cereal para 
oferecer aos brasileiros. A produção dos argentinos, que chegou a cair para 8 milhões 
de toneladas há dois anos, deverá atingir 12,5 milhões de toneladas na safra 2014/15, 
segundo dados do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA). 
A Bolsa de Cereais de Buenos Aires prevê produção de 11,2 milhões de toneladas. 
Figura 4-Distribuição da produção de trigo na Argentina
Fonte: adaptado de Maggian; Felipe (2009). 
Aspectos da indústria de 
derivados de trigo na Argentina 
A qualidade apresentada pelo trigo argentino é superior ao brasileiro, 
dada a preferência pelo grão de tipo pão no país. Apesar disso, a qualida-
de ainda é inferior se comparado com os principais países exportadores 
mundiais, como Austrália, Canadá e Estados Unidos. 
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Segundo o SAGPYA (2005), o perigo ao 
cultivo argentino se dá pela grande oferta 
mundial do grão, principalmente, os de 
baixos preços como os países do do leste 
da Europa. Como a Argentina faz parte 
do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), 
os preços para exportação para países do 
mesmo bloco econômico são reduzidos em 
cerca de 10,5%. 
Os dados do SAGPYA (2005) apontam 
que o ciclo comercial do trigo argentino 
coincide com o clico australiano, visto que 
ambos estão localizado no Hemisfério Sul. 
Já os países do Hemisfério Norte não tem 
seu ciclo no mesmo período, porém estão 
bem próximos. Sendo assim, o mercado in-
ternacional não fi ca desabastecido por um 
longo tempo. 
Mesmo a Argentina estando entre os 
maiores produtores mundiais, seu princi-
pal comprador do trigo é o Brasil, seguido 
de outros países sul-americanos, de alguns 
países do norte da África e do Oriente 
(SAGPYA, 2005). 
O país se encontra, atualmente, entre os 
cinco maiores exportadores do cereal, porém 
vem perdendo algumas posições devido à 
forte participação de países como a Rússia.
Figura 5- Principais exportadores de trigo
Fonte: adaptado de USDA (2013).
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Para a formação de preço do trigo não existe 
um mercado de referência único. Os merca-
dos exportadores se dividem entre vários 
países e também depende das características 
do destino do grão (MAGGIAN; FELIPE, 2009). 
Basicamente, as vendas canadenses e 
australianas são administradas por Juntas 
Comerciais e a União Européia aplica uma 
política de subsídios e restituições à expor-
tação de trigo. 
Na Argentina, o cálculo da formação do 
preço, habitualmente, se baseia na cotação 
FOB Golfo do México para o trigo tipo Hard