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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PRINCIPAIS COMMODITIES AGRÍCOLAS unidade I Introdução ao Mercado de Commodities Professora Dr. Maria Clara Melo Ferreira unidade II O Destaque do Trigo na Balança Comercial unidade III Brasil: O Gigante Cafeeiro A cadeia produtiva da soja competitividade da cadeia do trigo no Brasil e na Argentina o consumo de café no Brasil Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualida- de, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsa- bilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – assume o compromisso de democra- tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promo- ver a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cida- dãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas Reitor Wilson de Matos Silva palavra do reitor DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron, Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho, Gerente de Conteúdo Juliano de Souza Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Design Educacional Rossana Costa Giani Diagramação André Morais, Revisão Textual Nayara Valenciano, Ilustração André Morais, Fotos Shutterstock, iStockphoto.. NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desen- volvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento aca- dêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição univer- sitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de com- petências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão univer- sitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis- trativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a edu- cação continuada. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância: Principais Commodities Agrícolas. Maria Clara Melo Ferrei- ra. Maringá - PR, 2015. 131 p. “Pós-graduação - EaD”. 1. Commodities. 2. Agricultura . 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 338.1 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, de- mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da edu- cação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa- ção e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a co- nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer- ramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da UNICesumar se propõe a fazer. Pró-Reitor de EaD Willian Victor Kendrick de Matos Silva boas-vindas sobre pós-graduação a importância da pós-graduação Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunida- des e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este pro- cesso, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e en- contram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse- ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o con- teúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu proces- so de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. Professora Kátia Solange Coelho Direção Operacional de Ensino NEAD - UNICESUMAR apresentação do material O Brasil vem firmando sua posição entre os maiores produtores e exportadores das principais commo- dities agrícolas. Face à crescente importância que esses produtos vêm assumindo na pauta de expor- tações brasileiras, torna-se cada vez mais necessáriouma maior compreensão do mercado internacio- nal destes produtos agropecuários, em particular, no que diz respeito aos impactos das oscilações das cotações internacionais dessas commodities sobre os produtores nacionais. Como os preços no Brasil seguem as cotações internacionais, toda vez que esses preços sofrem oscilações bruscas, a renda dos agricultores brasileiros é afetada positi- va ou negativamente. Dessa forma, fica alterada sua estabilidade fi- nanceira e capacidade em honrar compromissos, tais como dívidas contratadas, tanto para custeio como para aquisição de máquinas e equipamentos. Em última instância, isso pode gerar mais pedidos de renegociações de dívidas perante o Governo Federal, com reflexos nas carteiras dos bancos operadores das linhas de crédito e progra- mas afetados. O acompanhamento desses setores é, portanto, essencial para a definição de uma estratégia preven- tiva. O preço das commodities agrícolas é formado pela interação entre demandantes e ofertantes no mercado. Por serem produtos essencialmente ho- mogêneos e não apresentarem barreiras à entrada Professora Doutora Maria Clara Melo Ferreira relevante, o comportamento desse mercado se aproxima de uma dinâmica concorrencial. Os preços se formam em bolsas de mercado- rias - em geral localizadas em países desenvolvidos - que apresentam dinâmicas isentas da interferên- cia individual de produtores e consumidores. Para caracterizar-se como commodity, não só o produto agrícola, mas também sua armazenagem e pro- cesso de comercialização, devem respeitar uma padronização internacionalmente reconhecida. Vale ressaltar que a existência de mercados se- cundários organizados torna as posições nessas commodities ativos líquidos que fazem parte da composição de portfólios em diversas institui- ções financeiras. A aposta em mercados futuros pode ter fortes reflexos nos preços de curto prazo. Atualmente, há diversos fatores pressionando os preços das commodities. O recente dinamismo de países emergentes (China, Índia etc.) levou a uma significativa ampliação da renda per capita e a uma crescente demanda por consumo de pro- dutos agrícolas, agravada pelos baixos níveis de estoques internacionais. A integração com os mercados externos faz com que a dinâmica dos setores produtores esteja, primordialmente, ligada à exportação dessas commodities. Este material mostrará uma visão abrangen- te sobre as principais commodities agrícolas do agronegócio brasileiro, com o intuito de compre- ender a importância de tais produtos na economia nacional. Na unidade 1 “Introdução ao Mercado de Commodities” será discutido o conceito de commo- dities e sua relevância para o agronegócio brasileiro. Nessa unidade, começaremos a discutir sobre um importantíssimo produto, a soja, e a sua relanvância não apenas no cenário econômico nacional como também no cenário mundial. A unidade 2 “O Destaque do Trigo na Balança Comercial” será dado destaque a outro importan- te produto do agronegócio brasileiro, o trigo. Será estudada a cadeia produtiva do trigo, ressaltando sua importância econômica e social no Brasil e no mundo. Por fim, na unidade 3, estudaremos a cadeia produtiva do café, uma das principais commo- dities exportadas pelo nosso país, seguindo o mesmo esquema das unidades anteriores, sempre evidenciando a importância econômica para o agronegócio. Esse material foi desenvolvido objetivando es- clarecer e responder as principais questões que giram em torno do tema commodities agrícolas, en- tendendo o funcionamento das cadeias e a forma como tais produtos influenciam a economia na- cional e mundial. Um grande abraço e um ótimo curso. su m ár io 01 12 caracterização do mercado de commodities: estrutura e relação com o agronegócio brasileiro 18 a cadeia produtiva da soja 27 o valor de mercado da soja 30 competitividade brasileira no mercado da soja 34 projeções da soja INTRODUÇÃO AO MERCADO DE COMMODITIES 02 03 46 a cadeia produtiva do trigo 57 a cadeia do trigo na Argentina 64 competitividade da cadeia do trigo no Brasil e na Argentina 69 os números da cadeia do trigo 73 projeções do trigo 84 as raízes do café no Brasil 89 o mercado do café 98 a cadeia produtiva do café 103 o consumo de café no Brasil 107 projeções do café O DESTAQUE DO TRIGO NA BALANÇA COMERCIAL BRASIL: O GIGANTE CAFEEIRO 1 INTRODUÇÃO AO MERCADO DE COMMODITIES Professora Dra. Maria Clara Melo Ferreira Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estu- dará nesta unidade: • Caracterização do mercado de commodities: es- trutura e relação com o agronegócio brasileiro. • A cadeia produtiva da soja • O valor de mercado da soja • Competitividade Brasileira no Mercado da soja. • Projeções da soja. Objetivos de Aprendizagem • Conhecer o signifi cado de commodity e sua im- portância para o agronegócio. • Entender a estrutura da cadeia produtiva da soja. • Estudar a importância da soja no cenário econô- mico do Brasil. • Estudar a importância da soja no cenário econô- mico mundial. • Compreender os fatores críticos da produçao da soja. Caro (a) aluno (a), seja bem-vindo! Este material foi preparado objetivando mostrar uma visão abrangente sobre as principais commodities agrícolas do agro- negócio brasileiro, com o intuito de compreender a importância de tais produtos na economia nacional. Na Unidade I, estudaremos a cadeia produtiva da soja e sua im- portância econômica para o Brasil e o mercado externo. A unidade começa com a apresentação do mercado de commo- dities para a compreenção das transações no mercado futuro, no primeiro tópico e, em seguida, daremos início ao estudo da cadeia da soja. O Tópico 3 abordará a evolução da cadeia da soja no mercado externo. Após isso, estudaremos a ação dos elos que compoem a cadeia da soja e como sua forma de atuação interfere na competiti- vidade da cadeia. E, por fi m, veremos as perspectivas para o mercado da soja para os próximos anos. Um grande abraço e um ótimo curso. Principais Commodities Agrícolas 12 CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DE COMMODITIES estrutura e relação com o agronegócio brasileiro Pós-Graduação | Unicesumar 13 Commodities são produtos naturais cultivadas ou de extração mineral, que podem ser estocados por certo tempo sem perda sensível de suas qualidade, como o suco de laranja congelado, a soja, o trigo, a bauxita, a prata ou o ouro. São produzi- dos em larga escala e comercializados em todo o mundo em bolsas mercadorias. As Commodities são uma forma de investimento, uma opção de investimen- to no mercado, como a poupança ou os Fundos de Investimento. No entanto, quando em tempos de recessão, o valor das commodities cai drasticamente, o que prejudica o lucro das empresas de suas ações nas bolsas de valores. As commodities podem ser de quatro tipos: • Agrícolas: esse segmento é representado por produtos tais como o suco de laranja, a soja, o trigo, o café etc. • Minerais: segmento representado por produtos como minério de ferro, petróleo, ouro, níquel, prata etc. • Financeiras: títulos públicos de governos federais. • Ambientais: créditos de carbono utilizados na queima de combustíveis. fósseis (MARQUES, 2006). A negociação das commodities é feita em bolsas, logo, é o mercado internacional quem define os preços. Dessa forma, os preços acabam tornando-se muito suscetíveis às oscila- ções nas cotações de mercado devido às perdas e ganhos nos fluxos financeiros no mundo. Essa negociação se dá tanto no mercado físico, para exportação, quanto no mercado interno e nos mercados derivativos das Bolsas de Valores e contratos futuros. Principais Commodities Agrícolas14 Os Mercados Futuros Os mercados futuros são uma espécie de “seguro” para o produtor rural e para as em- presas em meio as oscilações do valor de mercado, possibilitando uma garantia quanto à volatilidade dos preços em um tempo futuro, ou seja, quando começar a comer- cialização da safra agrícola (MARQUES, 2006). A comercialização em mercados futuros não diz respeito à entrega imediata do produto comercializado, mas sim, à garan- tia do recebimento da mercadoria em uma data pré-determinada, com o preço estabe- lecido anteriormente. Assim, ao final das negociações, em torno de 2% do total de contratos dará origem a entregas e recebimentos físicos na Bolsa, em praças de entrega e armazéns credenciados pela BM&FBovespa e, previa- mente, conhecidos pelas partes envolvidas (SCHOUCHANA, 1953). A vantagem das negociações em mer- cados futuros se dá pela possibilidade de entrega e recebimento do produto agríco- la dentro das normas de classificação, em locais de formação de lotes conhecidos e de confiança do mercado e a convergência de preços entre o mercado disponível e o futuro na época de liquidação desses con- tratos. Isso confere a segurança necessária ao funcionamento e à liquidez dos merca- dos futuros (MARQUES, 2006). O Brasil e os Mercados Futuros Como vimos, nos parágrafos anteriores, nos mercados futuros são transacionados con- tratos de produtos agrícolas, como o soja, o café e o boi gordo, por exemplo, com um valor pré-determinado para uma data futura. No Brasil, essas transações começaram a ocorrer em 1917 na Bolsa de Mercadorias de São Paulo, resposável pela comercialização do algodão em mercados futuros. Na década de 90, houve a fusão da Bolsa de Mercadoria de São Paulo com a Bolsa Mercantil e de Futuros dando origem a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) localizada em São Paulo - SP. Para maiores informações leia o quadro saiba mais (BM&F, 2007, p. 47). A BM&F é uma entidade privada sem fins lucrativos, formada de associados, pessoas físicas e jurídicas, como cor- retoras, membros de compensação e operadores especiais, dirigida por um Conselho de Administração eleito, e que tem como função primordial ofe- recer condições de funcionamento li- vre e aberto de mercados disponíveis e de liquidação futura, como os de com- modities agropecuárias. Na BM&F tam- bém existem outros mercados futuros, como o mercado de ouro, de dólar, de índices de ações, que apresentam um expressivo volume de negócios. Fonte: adaptado de Brasil (online, 2011). Pós-Graduação | Unicesumar 15 O mercado de commodities apresenta cinco agentes atuantes envolvidos na transação dos produtos agrícolas. São eles: os vende- dores, os compradores, os especuladores, os corretores e os operadores. A seguir, veremos a função de cada um deles no mercado. Os vendedores são representados pelos produtores, ou seja, aqueles que possuem o produto. Além dos produtores, entram nessa categoria as cooperativas agropecuárias. Os vendedores recebem o nome de Hedgers (BM&FBOVESPA, 2013). Os hedgers estão em busca de transações seguras capazes de protegê-los das ocilações dos valores do mercado (BERTOLO, 2010). A venda dos contratos futuros pelos hedgers referente aos produtos agropecuários recebe o nome de short (posição vendida). Os compradores, por sua vez, são aqueles que irão negociar com os vende- dores (hedgers), uma vez que necessitam do produto agropecuário. Esse grupo é representado pelos exportadores, agroin- dústrias e cooperativas processadoras. Esse grupo também recebe o nome de hedgers quando estão em busca de transações que os protejam contra as oscilações de preço em datas futuras, mantendo uma posição de mercado denominada long (posição com- prada) (SCHOUCHANA,1953). As vendas e compras dos produtos agrí- colas nos mercados futuros, posições short e long, só são possíveis pela intermediação de uma corretora que seja membro do BM&F e, para que essas corretoras sejam credencia- das junto ao BM&F, é necessária a presença dos operadores. Os operadores do pregão têm a função de executar as ordens de compra e venda dos clientes e acompanhar as transações que partem das corretoras para os clientes (BERTOLO, 2010, online). Além desses agentes supracitados, o cenário de mercados futuros conta, ainda, com os especuladores, que são de fundamen- tal importância para a liquidez das transações. Os especuladores transferem os riscos do pro- dutor rural para o mercado, permitindo que esses produtores entrem e saiam da transa- ção no momento que lhes for mais oportuno. Os contratos negociados no mercado futuro da BM&F referem-se a uma quantidade de produto agropecuário, de acordo com uma especificação de qualidade, classificação, não existindo, necessariamente, a intenção de comercializar produtos físicos diretamente na Bolsa. Isto é, o mercado futuro em Bolsa é um mercado de contratos, de intenções, em que, na realidade, são negociados “preços” futuros de uma mercadoria. Os agentes atuantes no Mercado de Commodities Principais Commodities Agrícolas 16 O esquema funciona da seguinte forma: Os produtores vão entrar no mercado vendendo um determinado produto, por exemplo, o café. Esse produto será comercia- lizado por meio de uma corretora que enviará as ordens para o pregão por meio dos ope- radores. Estes, por sua vez, irão vender os contratos para os especuladores dando início da rede de vendas entre especuladores até que uma agroindústra X decida comprar os contratos futuros por intermédio de uma cor- retora. Essa corretora irá enviar a ordem de compra para o pregão da BM&F, onde, então, será realizada a compra dos contratos futuros por intermédio de outro especulador, dando fim ao processo. Dessa forma, concluímos que os mer- cados futuros têm como função minimizar os riscos devido às oscilações de preço dos produtos agrícolas no mercado e maximizar os lucros por meio das compras de contra- tos futuros. O Brasil vem se destacando entre os maiores produtores e exportadores das principais commodities agrícolas, graças à crescente importância que esses produtos vêm assumindo no âmbito de exportações brasileiras, sendo, portanto, cada vez mais importante compreender o mercado inter- nacional destes produtos agropecuários. Nesta unidade, além de entendermos um pouco mais sobre commodities, vamos tratar de um produto muito importante, a soja, a mais importante de todas as oleaginosas produzidas no Brasil. Os municípios que lideram a produção de soja, no Brasil, têm Índice de Desenvolvi- mento Humano (IDH) e taxa de crescimento anual da população superiores à média nacional, segundo apontou pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2014). Pós-Graduação | Unicesumar 17 Exemplo de contrato futuro da soja Ativo-objeto: soja a granel tipo exportação, com conteúdo de óleo base de 18,5% e com até 14% de umidade; base de 1%, não ultrapassando o máximo de 2% de impurezas; e máximo de 8% de avariados, de 10% de grãos verdes e de 30% de grãos quebrados. Tamanho do contrato: 450 sacas de 60kg. Cotação: dólares dos Estados Unidos da América/saca de 60 quilogramas com duas casas decimais, livres de quaisquer encargos, tributários ou não-tributários. Vencimentos: os meses de vencimento autorizados são março, abril, maio, junho, julho, agosto, se- tembro e novembro. Data de vencimento do contrato: no dia útil anterior ao primeiro dia do mês de vencimento. Preço à vista de referência: base da referênciade preço do produto – é o Porto de Paranaguá (PR) Liquidação por entrega: começando no 14º dia útil anterior ao 1º dia do mês de vencimento e termina no 10º dia útil anterior ao 1º dia do mês de vencimento. Principais participantes dessa modalidade de negociação: o sojicultor atua na proteção da queda de preço. A Cadeia produtiva de óleo, farelo de soja, trading´s, Indústria de Insumos, Criadores de Aves, Suínos e Frigoríficos atuam na proteção da alta de preço (MESA DE OPERAÇÕES BM&F, 2008). Os gastos produtivos da soja estão, diretamente, relacionados com a rentabilidade de safra. Os principais fatores que influenciaram o aumento do custo com insumos são o dólar e o aumento da demanda. Fonte: Soja…(2016, online)2. Principais Commodities Agrícolas 18 A CADEIA PRODUTIVA daSOJA Aprodução da soja, no Brasil, torna-se cada vez mais importante, alcançando status não apenas no mercado interno, mas também no mercado internacional. O mercado está cada vez mais acirrado. Dada a crescente importância da produção da soja, verifi ca-se, até hoje, uma busca de ingresso ao mercado cada vez mais acirrada. Para tanto, crescem as estratégias competiti- vas em busca de reduções de custos da commodity para obter níveis elevados de efi ciência produtiva, tanto em qualidade quanto em quantidade, atendendo, adequadamente, às ne- cessidades do mercado interno e obtendo resultados positivos no mercado externo, frente à competitividade, que gera a busca incessante do aumento de produtividade. Sendo assim, propomos, nesta unidade de estudo, nos aprofundarmos na cadeia da soja. Pós-Graduação | Unicesumar 19 A soja Origem A soja (Glycine max (L.) Merrill) é utilizada como alimento a mais de 5.000 anos, e embora muito difundida no mundo, a planta demorou anos para ser cultivada nos países ocidentais. O início de seu cultivo ocorreu nos Estados Unidos e, na década de 40, houve a “explosão da soja”, onde cerca de 2 milhões de hectares foram plantados para a exploração comercial da soja, primeiro como forrageira e, posteriormente, como grão (EMBRAPA, 2014, online)3. Os Estados Unidos foram os responsáveis pela introdução da soja no nosso país, os primeiros estudos dos cultivares foi por volta de 1882 no estado da Bahia, mas a expansão da soja no nosso país começa mesmo por volta dos anos 70, quando a indústria do óleo começa a tomar força, e a soja se tornou a principal cultura do agronegócio naquela época (ROSA & MAKIYA, 2011). Atualmente, a soja é considerada uma das principais commodities no agronegócio e o Brasil se destaca na exportação de grãos, farelo e óleo (SAMPAIO et al., 2012). Além do valor como commoditidy, a soja tbm pode ser utilizada com outras finalidades (Figura 1). Para maiores informações, leia o artigo disponibilizado no quadro Saiba Mais. A principal praga das plantações é a ferrugem da soja (ou ferrugem asiáti- ca), um fungo que pode causar perdas de até 100% em algumas lavouras. Fonte: Embrapa (2014, online)4. Principais Commodities Agrícolas 20 Figura 1- Destinos e usos da soja no Brasil Fonte: adaptado de Aprosoja(2016, online)5 Pós-Graduação | Unicesumar 21 A cultura da soja no Brasil, a partir dos anos 90 até os meados dos anos 2000, apresentou um crescimento de 8,1% ao ano, represen- tando, aproximadamente, 49% do território nacional em área plantada de grãos (MAPA, 2014). Todo esse crescimento e aumento da pro- dutividade ocorreu graças ao investimento em tecnologias e capacitação de produto- res em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), indús- trias e centros privados de pesquisa (MAPA, 2014). A importância da cadeia da soja está não apenas na alimentação animal, que proporciona grande avanço econoômico e reconhecimento mundial ao setor pecuá- rio brasileiro, mas também pelo crescente aumento do uso da soja na alimentaçção humana. A concentração do cultivo da soja no Brasil ocorre, principalmente, nas Regiões Centro-Oeste e Sul do nosso país. Quando falamos em soja normalmente pensamos como alimento ou matéria- -prima para derivados, como óleo e farelo, mas o grão pode ser usado de inúmeras maneiras como por exemplo nas indústrias, fabricação de biodiesel, saúde humana etc. Também não po- demos esquecer da importância desse grão para a produção animal. Integração lavoura-pecuária (ILP) se constitui em sistema de produção que alterna, na mesma área, o cultivo de pastagens anuais ou perenes, desti- nadas à alimentação animal, e culturas destinadas à produção vegetal, sobre- tudo, grãos. Fonte: Baldinot Junior et al. (2009, p. 1925-1933). "Depois de uma campanha do Gre- enpeace e a pedido de clientes como Carrefour e McDonald's, os principais exportadores brasileiros deixaram de comprar soja cultivada em terras des- matadas depois de 2006. Isso diminuiu fortemente o impacto do nosso setor na Amazônia". (Bernardo Machado Pires) A soja em números: a indústria nacio- nal transforma, por ano, cerca de 30,7 milhões de toneladas de soja, produ- zindo 5,8 milhões de toneladas de óleo comestível e 23,5 milhões de toneladas de farelo protéico, contribuindo para a competitividade nacional na produção de carnes, ovos e leite. Além disso, a soja e o farelo de soja brasileiros pos- suem alto teor de proteína e padrão de qualidade premium, o que permite sua entrada em mercados extremamente exigentes como os da União Europeia e do Japão. Fonte: Brasil (2016, online)6. Principais Commodities Agrícolas 22 A Cadeia Produtiva Conceito Batalha (1995, p. 6) discorre sobre as cadeias produtivas agroindustriais em seu artigo: “As cadeias de produção agroindustrias: uma perspectiva para o estudo das inovações tecnológica.” Veja a maneira como o autor descreve o termo. “[...] uma cadeia de produção agroindustrial pode ser dividida, quando per- corrida de jusante a montante, em três macro segmentos. Os três macro segmentos propostos são: comercilização, industrialização e produção de matérias primas [...]”. Terreaux e Jeandupeux (1996, p. 241-248) elaboram ainda mais o tema e chegam ao seguinte significado deixando-o mais simplificado: “Seqüência de operações que permite elaborar um produto final, ou inversamente, as diferentes utilizações de uma matéria prima.” Grosso modo, as cadeias produtivas podem ser descritas como um conjunto de atividades que seguem uma sequência, ou seja, desde os insumos básicos até o produto final, incluindo a distribuição e comercia- lização, constituindo-se em elos de uma corrente. • Na Figura 2, é representado o fluxograma das cadeias produtivas. Podemos observar a presença dos diferentes elos, que são comuns a todas as cadeias: - Industria de insumos. • Produção agrícola. • Indústria de processamento. • Varejo. • Consumidor final. Pós-Graduação | Unicesumar 23 Figura 2- Fluxograma da cadeia produtiva da soja Fonte: Zortea et al. (2013). Atualmente, o Brasil ocupa a seguda posição como maior produtor mundial de soja, ficando atrás dos Estados Unidos, com uma produção de 95,070 milhões de toneladas e uma produ- tividade de 3.011 Kg/ha. A plantação da cultura da soja ocupa uma área de 31,573 milhões de hectares (BINAGRI, 2015). A Figura 3 traz a representação dos maiores produtores de soja no Brasil. Dentre os estados brasileiros são o estado do Mato Grosso com uma produção de 27,868 milhões de tonela- das. Em seguida, destaca-se o estado do Paraná, cuja produção chega a 17.136 milhões de toneladas e a produtivadade é da ordem de 3.293 kg/ha. Por fim, em terceiro lugar, temos o estado do Rio Grande do Sul com uma produção de 14,688 milhões de toneladas e uma área plantadade 5,216 milhões de hectares. A produtividade do estado é de 2.816 kg/ha (CONAB, 2015, online). Principais Commodities Agrícolas 24 Na Região Sul, prevalecem pequenas mi-crorregiões, que são formadas por vários municípios com pequena área territo- rial e relativamente próximos uns aos outros. De outra forma, a Região Centro-Oeste, notadamente, o Mato Grosso é formado por grandes microrre- giões, cujos municípios possuem áreas territoriais signifi cativas e estão mais distantes uns dos outros, quando comparados à Região Sul (EMBRAPA, 2014). Atualmente, a soja corresponde a 52,9% da área total de grãos do País. Depois de ler as informações contidas no mapa, leia o quadro refl ita com seus sobre a importância da sustentabilidade no agronegócio nos dias atuais. A agricultura responsável, ou seja, preocupada com questões sociais e ambientais, é de extrema importância nos dias atuais, pois “o uso adequado dos recursos naturais é uma exigência social decorrente da atualidade do desafi o planetário da sustentabilidade.” (LeoneL, 1998) Pós-Graduação | Unicesumar 25 Figura 3- Distribuição espacial da área de produção de soja no Brasil Fonte: Conab (2015). A soja é uma alternativa para a fabricação do biodiesel, combustível capaz de reduzir em 78% a emissão dos gases causadores do efeito estufa na atmosfera. Fonte: Barros et al.(2003). Principais Commodities Agrícolas 26 Entre as décadas de 1970 e início da década de 1980, no Brasil, a expansão da soja se deu pela abertura de novas áreas para agricultura nas regiões Sul e Centro-Oeste. Essa expansão foi graças a três fatores: A- Mercado favorável. B- Políticas agrícolas de incentivo à agroindústria nacional. C- Estabelecimento da cadeia produtiva, que permitiu a oferta crescente de modernas tecnologias de produção, associadas com diversos aspectos, como melhoramento vegetal, produção de se- mentes, manejo e fertilidade do solo e controle de plantas daninhas, pragas e doenças, dentre outros (EMBRAPA, 2014). A partir da metade dos anos 80, o processo de expansão da área cul- tivada começou a se modificar, ao invéz da abertura de novas áreas, ocorreu a substituição de atividades produtivas, como a bovinocultu- ra de corte e o cultivo de arroz. Percebemos, portanto, que a cultura da soja começou a ganhar grandes proporções e a mesma passou a ocupar áreas pastagens degradadas; a pecuária de corte sofria com a falta de tecnologia e de investimentos no setor, logo, a cultura da soja foi abrindo caminho rumo a grande expansão. O setor pecuário sempre foi um importante elo do agronegócio brasileiro, sendo assim, não poderia ficar abandonado sem a falta de investimentos e incentivos no setor, uma alternativa para melhorar a estabilidade de produção e de renda dos produtores foi a elaboração dos sistemas de integração lavoura-pecuária,utilizado em grande escala atualmente no Brasil (EMBRAPA, 2014). Pós-Graduação | Unicesumar 27 Neste tópico, iremos estudar como se com-porta o mercado da soja no momento da comercialização. O preço é um fator de grande incerteza no momento da transação, como vimos, anteriormente, quando discutimos sobre os contratos de mercados futuros. Vejamos os fatores que levam à formação do preço da soja. As variações no preço da soja ocorrem por di- versos motivos, dentre eles, as variações climáticas, econômicas e sociais se destacam. O Valor de Mercado da Soja Principais Commodities Agrícolas 28 Dentro das variações sociais, a forma como a propriedade passou a ser vista fez muita diferença no mercado da soja. O que antes era visto apenas como uma unidade de pro- dução, passou a ser entendida como um empreendimento, e como tal, uma fonte de retorno fi nanceiro (EMBRAPA, 2014). Logo, o aumento da efi cência da terra, passou a ser de extrema importância para a manter esses “empreendimentos” ativos no mercado. Manter um empreendimento ativo no mercado refere-se à competitividade do setor, a produção de produtos de melhor qualidade e que estejam de acordo com as exigências impostas pelo mercado, seja ele interno ou externo. No caso das commodities, o apoio das cadeias produtivas bem estruturadas e fortalecidas é muito importante para a va- lorização não apenas do produto mas de todo o empreendimento. A soja é uma das culturas mais difundi- das no mundo. Apesar da sua grande importância econômica no mercado mundial, a importação da soja em grão limita-se a poucos países. A China e a União Europeia respondem juntas com cerca de 75,6%, segundo dados do USDA, na safra 2014/15. Fonte: IMEA (2015, online)7. Além da mudança na forma de en- xergar a propriedade agrícola, outro importante fator para a alavancada do preço da soja é a capacitação da mão de obra. Um profi ssional bem capacitado se sente parte do sistema no qual ele traba- lha, consequentemente irá trabalhar com maior comprometimento, gerando maiores ganhos para todo o sistema (MALAFAIA et al. 2007). Quando os produtores estão capitali- zados, a tendência é aumento no uso de insumos produtivos, sobretudo, aqueles direcionados ao aumento de produti- vidade, como é o caso do adubo. Dessa forma, haverá um aumento no valor a ser pago pelo produto, no nosso caso, a soja (EMBRAPA, 2004). Além de tudo isso, não podemos nos esquecer de um elemento muito impor- tante para a produção da soja, a semente, que pode ser de diversos cultivares, uns mais precoces, outros mais resistentes às intempéries do clima etc. E, para que ocorra a plantação, o uso de máquinas agríco- las é de fundamental importância, não é mesmo? Sendo assim, isso é mais um ponto de acréscimo ao valor do grão (EMBRAPA, 2014). Na Tabela 1, são descritos os custos de produção da soja no principal estado pro- dutor do Brasil, o Mato Grosso. Pós-Graduação | Unicesumar 29 Tabela 1 - Custos de produção da soja (Mato Grosso, Janeiro/2015) Fonte:IMEA (2016, online)8. As exportações dos produtos do agronegócio alcançaram em agosto de 2015, US$ 7,34 bilhões, o que re- presenta recuo de 17,4% nas vendas externas do país em relação ao mes- mo mês do ano de 2014. Já as impor- tações totalizaram US$ 967 milhões, com retração de 31,5% na compara- ção ao mesmo período de 2014. Com isso, o saldo da balança comercial do setor foi de US$ 6,38 bilhões em agos- to. Os dados constam do Sistema de Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro (AgroStat), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPa). Soja, carnes, produtos fl orestais, com- plexo sucroalcooleiro e café concen- traram 80% dos embarques Fonte: Brasil(2016, online)9. Muitos consumidores acreditam que produtos cultivados organicamente (li- vre de agrotóxicos) são mais saudáveis, mais seguros e tem melhor sabor que os alimentos convencionais, enquanto que Organismos Geneticamente Modi- fi cados (OGMs) são vistos como uma ameaça para a saúde e para o ambien- te. A questão primordial é que essa per- cepção não é confi rmada por dados de pesquisas científi cas. Do ponto de vista científi co, alimentos orgânicos não são nem mais saudáveis, nem mais seguros, que os convencionais ou os genetica- mente modifi cados. Alguns estudos mostram que alimentos orgânicos têm mais toxinas que alimentos produzi- dos por métodos tradicionais. Lucia de Souza, pesquisadora, para o site da associação Nacional de Biosegurança. (Lucia de Souza)10 Principais Commodities Agrícolas 30 Nesse tópico, entenderemos o conceito de competitividade e como ele se aplica a um Sistema Agroindustrial. Além disso, veremos os números da soja no Brasil. É fato que o agronegóciobrasileiro é um setor de em pleno desenvolvimen- to, tanto no campo nacional quanto no exterior. Em 2014, o Brasil conquistou seu lugar na lista dos dez maiores produtores e exportadores mundiais de grãos e carnes (MAPA, 2015). Moderno, eficiente e competitivo, esse setor foi responsável por 23% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano de 2015 (MAPA, 2015). As exportações do agronegócio brasileiro somaram US$ 9,13 bilhões e as importações, US$ 1,06 bilhão, em junho de 2015. O que representou um saldo positivo de US$ 8,07 bilhões na balança comercial do Brasil. Segundo o Mapa, a participação do agronegócio no total dos embarques do Brasil alcançou 46,5% em maio do mesmo ano (MAPA, 2015). Os principais setores exportadores do agronegócio, em junho de 2015, foram o com- plexo soja, com 49,1% de participação; as carnes, com 14,6%; os produtos florestais, com 9,8%; o complexo sucroalcooleiro, com 7,5%; e o café, com 4,9%. Em conjunto, os cinco setores alcançaram US$ 7,85 bilhões e tiveram 86% de participação nos embarques em maio do mesmo ano. Vemos, portanto, a importância da soja no agronegócio e economia nacional. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA (2008), a soja é o princi- pal grão oleaginoso cultivado no mundo. O complexo soja é um grande gerador de empregos à jusante, a partir do processa- mento do produto. De acordo com a ABIOVE (2012), o crescimento da cadeia produtiva da soja no Brasil depende da competitividade na exportação. Competitividade Brasileira no Mercado da Soja Pós-Graduação | Unicesumar 31 As vendas externas do complexo soja (grão, farelo e óleo) alcançaram US$ 4,48 bilhões, queda de 3,0% em relação a igual período do ano de 2014 (US$ 4,62 bilhões). Mesmo com a redução em valor, a quantidade embarcada de soja em grão bateu recorde histórico, chegando a quase 10 milhões de toneladas. Em seguida, aparece o farelo de soja, com US$ 620 milhões e o óleo de soja, com US$ 102 milhões . Fonte: Mapa (2015, online)11. Principais Commodities Agrícolas 32 O termo competitividade está relacionado à capacidade sustentável da fi rma sobreviver em mercados concorrentes ou em novos mercados (BATALHA; SOUZA FILHO, 2009); es- tratégias voltadas para incremento de competitividade podem ser desenvolvidas para agentes individuais, as fi rmas, ou para o conjunto de agentes, a exemplo das redes de negócios (PORTER, 1986). A consolidação de fi rmas que atuam no mesmo seguimento de determinado setor em ambiente competitivo pode ser mais simples quando existe coesão entre essas, facilitando, por exemplo, a troca de informações e o desenvolvimen- to de produtos e processos mais adequados para um dado mercado. Ao lidar diretamente com a competitividade de Sistemas Agroindustriais brasilei- ros, Farina e Zylbersztajn (1998, p. 2) descreveram o termo competitividade da seguinte maneira: Competitividade não tem uma defi nição precisa. Pelo contrário, compreende tantas facetas de um mesmo problema, que difi cilmente se pode estabelecer uma defi nição ao mesmo tempo abrangente e útil. Do ponto de vista das teorias de concorrência, a competitividade pode ser defi nida como a capacidade de sobreviver e, de preferência, crescer em merca- dos correntes ou novos mercados. Decorre dessa defi nição que a competitividade é uma medida de desempenho das fi rmas individuais. No entanto, esse desempenho depende das relações sistêmicas, já que as estratégias empresariais podem ser obstadas por gargalos de coordenação vertical ou de logística. Conceito de competitividade Pós-Graduação | Unicesumar 33 Os autores ressaltam a importância do desenvolvimento de competitividade sistêmica. Para eles, as relações estabelecidas entre os agentes do sistema são fundamentais para que se tenha ganho competitivo, sejam estes específicos a cada agente ou em conjunto1. Best (1990) considera que a definição de estratégias em busca de competitivi- dade representa a capacidade que a firma demonstra, individualmente ou em conjunto2, de alterar a seu favor características do ambiente competitivo. Segundo Farina (1999), a competitividade de determinado setor deve ser vista de forma dinâmica, tratando das relações existentes entre os agentes da cadeia produtiva, bem como seus mecanismos de articulação e coordenação. Um sistema se torna competitivo quando todos os agentes que o compõe caminham em busca de objetivos comuns e trabalham em conjunto para alcance do mesmo. De acordo com Braga (2010), a competitividade das firmas3, aliada às neces- sidades de adaptações aos mercados, tem tornado uma das maiores exigências para as empresas do agronegócio. Isso em virtude da características intrínsecas destes sistemas, tais como a perecibilidade de produtos, dependência de fatores incontroláveis tais como climáticos, defasagem entre o tempo de investimento e comercialização de produtos, entre outras. Para Ferraz et al. (1996); Zylbersztajn (1995) e Batalha (2007), a competitividade de um Sistema Agroindustrial está di- retamente relacionada à capacidade de coordenação entre seus agentes. 1 A competitividade pode estar também relacionada a liderança em custos ou produtividade, inovação de produtos e processos ou a qualida- de do produto. Maiores detalhes podem ser encontrados em Porter (1990). 2 A partir por exemplo, de associações, cooperativas ou sindicatos entre outras formas de cooperação. 3 De acordo com a economia neoclássica, as firmas são sinônimos de empresas, entre as quais, a propriedade rural. Principais Commodities Agrícolas 34 Vamos estudar um pouco mais as expectativas para o mercado da soja nos próximos anos.Os números para o complexo soja, tanto em produção quanto em exportação, são muito promissores para a safra 2016/17. A produção mundial alcançará 279,7 milhões de toneladas (+23,3% sobre a safra 2006/2007) e será mais concentrada nesse período. Os três maiores produtores de soja, Estados Unidos, Brasil e Argentina, respectivamente, representarão 83% da produção mundial. Projeções da Soja Pós-Graduação | Unicesumar 35 O complexo oleaginoso (soja, mamona, palma etc.) experimentará o maior cresci- mento entre os vários setores agropecuários até o ano de 2010, notadamente, por países com baixos custos de produção, como Brasil e Argentina. As perspectivas para o Brasil na safra 2016/17 é a que nosso país seja o maior exportador mundial de soja em grão. A par- ticipação do Brasil passará de 40% para 59,4%, nesse período. As projeções para a produção de soja até 2017/2018, no Brasil, mostram uma produ- ção de 75,3 milhões de toneladas. Estima-se que o consumo em grão atinja 39 milhões de toneladas, representando 52% da pro- dução. Espera-se que as exportações para o mesmo período sejam 40% superiores às ex- portações de 2006/2007. No que diz respeito às exportações, a variação prevista em 2025 relativamente a 2014/15 é de um aumento na quantidade exportada de soja grão da ordem de 42,1%, 69,0 milhões toneladas de exportações para a soja em grão, no final da próxima década (MAPA, 2015). Na Tabela 2 são apresentados os dados de produção, consumo e exportação de soja em grãos (mil toneladas), no Brasil, no ano de 2016 e as projeções até 2025. Para que a soja possa ser utilizada, é preciso que ela passe por um processo de indus- trialização. Após esse processo são gerados vários produtos, porém dois são os mais co- nhecidos, o farelo e o óleo de soja. O farelo de soja, com teor proteico de 44% a 48% (se o grão for descascado antes da extração do óleo), é utilizado, na maioria das vezes, como suplemento rico em proteínas para a criação de animais Fonte: Missão (2006). PrincipaisCommodities Agrícolas 36 O farelo e o óleo de soja mostram moderado dinamismo da produção nos próximos anos. A produção de farelo de soja deve aumentar 26,2% e a de óleo de 21,1%, como apresentado na Tabela 3. As exportações de farelo devem aumentar 17,4% entre 2014/15 e 2024/25, e as de óleo devem sofrer uma queda de 6,5%. O consumo interno deverá ser nos próximos anos o prin- cipal fator a impulsionar a produção de óleo de soja, que deve crescer ao fi nal da década cerca de 30,6% em relação ao consumo do ano de 2015, como apresentado na Tabela 4. Tabela 2- Produção, consumo e exportação de soja em grão (mil toneladas) Fonte: CONAB (2015). Tabela 3- Produção, consumo e exportação de farelo de soja (mil toneladas) Fonte: CONAB (2015). Pós-Graduação | Unicesumar 37 A soja é um dos grãos mais “versáteis” que existem. Ela pode ser consumida na forma de sucos, leite, leite condensado, margari- na, saladas, óleos, queijos, farinhas, molhos, pães, carnes… 70% dos alimentos proces- sados contêm soja Fonte: MISSÃO, 2006. Tabela 4- Produção consumo e exportação do óleo de soja (mil toneladas) Fonte: CONAB (2015). Metade da área plantada no Brasil é dominada pela soja! Principais Commodities Agrícolas 38 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a)! Chegamos ao fim da primeira unidade. Estudamos o conceito de com- modities e entendemos como funcionam as transações nos mercados futuros da soja. Vimos, também, que o Brasil ocupa uma posição de destaque nesse setor agrícola e somente uma cadeia bem estruturada e fortalecida é capaz de gerar números tão promissores nos próximos anos, no que diz respeito às exportações, para o agronegócio nacional. Entendemos que, para que a cadeia produtiva da soja seja estruturada, fortalecia, e portanto, competitiva, é preciso que haja o perfeito gerencia- mento dos elos que compõem a cadeia e, o mais importante, o incentivo daqueles que fazem a cadeia girar, ou seja, daqueles que lidam diretamen- te da produção fazendo-os se sentirem parte de todo o sistema, para que os objetivos (produção de grãos de boa qualidade para atender exigências, tanto do mercado interno quanto externo, dentre outros), não se percam ao longo do caminho e, assim, o sistema todo ser beneficiado. A capacitação dos produtores é uma estratégia fundamental para o aumento da produção com qualidade. Logo, cursos, palestras, associações com cooperativas, instituições públicas de ensino e pesquisa, são de fun- damental importância para os produtores e para que, também, os demais trabalhadores envolvidos na produção, tenham acesso às informações rele- vantes para a produção do grão. Além disso, a capacitação dos trabalhadores envolvidos na produção é muito importante para a formação do capital humano, ou seja, para formar um grupo sólido de trabalhadores que se sentem como “membros da equipe”, tendo como foco a produção. Até a próxima unidade. Pós-Graduação | Unicesumar 39 atividades de estudo 1. Descreva os agentes atuantes no mercado de commodities. 2. Quais os fatores determinantes para a expanção da soja no Brasil a partir da década de 80? 3. Quais os fatores determinantes para a formação do preço da soja? 4. Defina o termo competitividade 5. De acordo com o exposto na unidade, cite um fator importante para que as projeções da exportação da soja seja tão favorável ao agronegócio brasileiro. Gestão de Negócios 40 A CADEIA PRODUTIVA DA SOJA: UMA PERSPECTIVA DA ESTRATÉGIA DE REDE DE SUPRIMENTO ENXUTA A cadeia produtiva da soja apresenta diversas etapas que são interligadas por operações logísticas de transporte, entre elas, a produção, a distribuição e a comercialização. Essas fases possuem fatores de desperdícios que precisam ser analisados e eliminados pelos produtores, esmagadoras e distribuidoras de atacado/varejo na tentativa de reduzir custos e aumentar a competitividade no mercado doméstico e global. Entretanto, a análise das perdas na cadeia produtiva da soja requer um levantamento dos fatores, bem como suas possíveis causas. As estratégias de rede de suprimentos podem ser uma alternativa para os atores entenderem melhor a cadeia produtiva na qual se en- contram inseridos e buscar soluções viáveis que minimizem esses impacto, tanto da produção quanto ao longo do processo de abastecimento e da falta de logística ade- quada. Isso poderá ser uma forma de agregar valor ao produto, ligado à maximização dos benefícios que o produto pode oferecer ao consumidor, partindo da premissa que a percepção de valor para os consumidores varia de acordo com as expectativas de cada um; logo, cada ator deve estudar sua rede e verificar se esta tem capacidade de atender ao mercado. Agregar valor por meio da rede gera mais vantagem competitiva do que atuar isoladamente. Dessa maneira, esse trabalho pretende analisar o impacto dessas perdas na produção de soja e como a rede de suprimento enxuta pode agregar valor à cadeia produtiva, tornando-a competitiva no mercado, através da eliminação dos desperdícios. Fonte: Machado, S. T.; Reis J. G. M. dos; Santos, R.C.(2013, online). Pós-Graduação | Unicesumar 41 Cadeia Produtiva da Soja - volume 212 Autor: Luiz Antônio Pinazza Editora: Série agronegócios Sinopse: O livro trata das cadeias produtivas que cresceram em importân- cia mais recentemente, como orgânicos e mel, dada a grande dificuldade de levantamento bibliográfico e estatístico. Sendo assim, o resultado da parceria MAPA/IICA traduz-se em um documento pioneiro, que pode ser de grande valia para estudantes e técnicos interessados nessas áreas. Em cadeias mais tradicionais, a exemplo de soja e milho, os livros têm o dife- rencial de reunirem dados, que, normalmente, estão fragmentados em diversas publicações. No site do MAPA, o aluno irá encontrar informações importantes a res- peito da origem da soja, a produção nacional e mundial e dados sobre importação e exportação. <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/soja>. Acesso em: 28 abr. 2016. O vídeo intitulado “Perdas e desperdícios”, na cadeia produtiva da soja, traz dados importantes de como essa cadeia, que é tão importante para o agronegócio brasileiro, poderia ser ainda mais expressiva se não hou- vesse tantas perdas ao longo do processo. Veja quais são os principais motivos que ainda dificultam a completa alavancada da cadeia da soja. Discuta com seus colegas de curso sobre o tema. <https://www.youtube.com/watch?v=S8nz4vPoUsE>. Acesso em: 3 maio. 2016. Web Principais Commodities Agrícolas 42 GABARITO 1. São eles: vendedores, compradores, especuladores, corretores e operadores. Os vendedores são representados pelos produtores, aqueles que possuem o produto. Os compradores, por sua vez, são aqueles que irão negociar com os vendedores (hedgers), uma vez que necessitam do produto agropecuário. Os operadores do pregão tem a função de executar as ordens de compra e venda dos clientes e acompanhar as transações que partem das corretoras para os clientes. Os especuladores, que são de fundamental importância para a liquidez das transações e transferem os riscos do produtor rural para o mercado, permitindo que esses produtores entrem e saiam da transação no momento que lhes for mais oportuno. 2. Essa expansão foi graças a três fatores: A- Mercado favorável. B- Políticas agrícolas de incentivo à agroindústria nacional. C- Estabelecimento da cadeia produtiva, que permitiu a oferta crescente de modernas tecnologias de produção, associadas com diversos aspectos, como melhoramento vegetal, produção de sementes, manejo e fertilidade do solo e controle de plantas daninhas, pragas e doenças, dentre outros. 3. As variações no preço da soja ocorrem por diversos motivos, dentreeles, as variações climáticas, econômicas e sociais se destacam. 4. O termo competitividade está relacionado à capacidade sustentável da firma sobreviver em mercados concorrentes ou em novos mercados. 5. A crescente preocupação com o meio ambiente e, portanto, a crescente necessidade de produção de biocombustíveis. Pós-Graduação | Unicesumar 43 2 O DESTAQUE DO TRIGO NA BALANÇA COMERCIAL Professora Dra. Maria Clara Melo Ferreira Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A cadeia produtiva do trigo • A cadeia do trigo na Argentina • A competitividade da cadeia do trigo no Brasil e na Argentina • Os números da cadeia do trigo • Projeções do trigo Objetivos de Aprendizagem • Conhecer a cadeia do trigo no Brasil. • Entender a estrutura da cadeia produtiva do trigo. • Estudar a importância da cadeia tritícola no cenário econômico do Brasil. • Conhecer os principais concorrentes concorrentes do Brasil quanto a produção de trigo. • Compreender os fatores críticos da produção. Caro (a) aluno (a)! Esta unidade abordará o histórico da utilização do trigo como alimento e as características fundamentais da cadeia produtiva do trigo no Brasil, além de destacar os aspectos mais críticos da produção, no que tange a concorrência com outros países, por exemplo, a Argentina que, ao longo dos anos, tem se mostrado um forte concorrente do Brasil nessa cadeia. A cultura do trigo no Brasil, principalmente, na região sul do país, se tornou uma atividade das mais importantes para o agronegócio. Essa cultura se tornou uma importante alternativa econômica de inverno, com- plementada, dentro do processo de modernização, pela soja no verão. No entanto, a cultura tritícola somente pode se desenvolver graças ao apoio ofi cial, via subsídios e políticas agrícolas favoráveis. Com o fi m do apoio governamental, a cadeia do trigo sofreu perdas signifi cativas e desde então não conseguiu alcançar grandes índices de produção, uma realidade que se altera profundamente, a partir de 1990, quando o governo federal deixou de apoiar diretamente a cultura do trigo e, além disso, passou a desenvolver um processo de abertu- ra comercial, dada a abertura do Mercosul, a partir da década de 1990, favorecendo à entrada de trigo estrangeiro no país. Assim, a abertura comercial favoreceu cada vez mais a entrada de trigo argentino, graças aos acordos junto ao bloco econômico, provocando uma profunda mudança na economia do trigo brasileiro. Nesta unidade, será estudada a cadeia do trigo no Brasil, no tópico 1, “A cadeia produtiva do trigo”. No tópico 2, “ A cadeia do trigo na Argentina”, será dado ênfase às relações comerciais entre a Argentina e Brasil, par- tindo, então, para o tópico 3 “A competitividade da cadeia do trigo no Brasil e na Argentina”, um estudo da competitividade da cadeia entre Brasil e Argentina a partir da consolidação do Mercosul. No tópico 4, “Os números da cadeia do trigo” estudaremos os números gerados pela cadeia tritícola e, fi nalizando essa unidade, no tópico 5 “Projeções do trigo”, as perspectivas para o futuro da cadeia do trigo. Bons estudos! Nome do Livro 46 a cadeia produtiva doTRIGO Pós-Graduação | Unicesumar 47 Acadeia produtiva do trigo como uma das mais importantes do setor alimentício, suprindo grande per- centual da necessidade de alimentos da população brasileira, como pães, massas, biscoitos, além de ser fonte geradora de empregos. Dessa maneira, é de extrema ne- cessidade manter a competitividade dessa cadeia produtiva no Brasil. A cultura do trigo já ocupou posição de destaque na agricultura brasileira em períodos anteriores. Todavia, problemas fi - tossanitários de políticas públicas e de coordenação da cadeia acabaram por de- sestimular os agricultores, o que conduziu ao decréscimo gradual do cultivo de trigo e aumento da dependência externa do cereal a partir da década de 1990. (MAGGIAN; FELIPE, 2009, p. 2). Ao ponto em que diminuia a competi- tividade da cadeia do trigo no Brasil, ocorria efeito inverso na Argentina, que apresentava- -se com maior competitividade na produção e exportação do cereal, sendo inclusive o Brasil um dos principais destinos das expor- tações argentinas. Dessa forma, é de extrema importância o estudo da cadeia agroindustrial do trigo no Brasil, uma vez que esta apresenta proble- mas, se comparada à da Argentina. Nome do Livro 48 O Panorama histórico do trigo no Brasil De acordo com o artigo publicado no site AGROLINK, a aplicação de agroquímicos é uma prática comum que exige a planificação da lavoura por parte da assistência técnica e/ou do agricultor. A adoção desta prática, bem como dos produtos a serem utiliza- dos, deve ser decidida anteriormente ao surgimento da doença, praga ou invasora e associada a outras técnicas que assegurem um potencial elevado de rendimento da la- voura. A escolha da cultivar a prática de rota- ção de culturas, o tratamento de sementes, poderão ser fundamentais para o sucesso da lavoura. Na escolha do produto recomen- dado, é importante considerar fatores como o modo de ação, eficiência, persistência, aspectos toxicológicos e econômicos. Diante do exposto no parágrafo anterior, discuta com seus colegas sobre o uso de produtos químicos para o controle de pra- gas nas lavouras e as consequências disso para os seres humanos. http://www.agrolink.com.br/cereaisdeinver- no/InformacoesTecnicasTrigo.aspx Fonte: Trigo…(online). De acordo com relatos históricos, o trigo desenvolveu-se no Rio Grande do Sul a partir da segunda metade do Século XVIII. Ao final desse período, tiveram início as exportações, que em 1816 totalizaram 8.000 toneladas. Durante o século XIX, a ferrugem dizimou os trigais brasileiros, pratica- mente extinguindo a produção nacional (ABITRIGO, 2009). Segundo a ABITRIGO (2009), após a I Guerra Mundial, o decreto 2.049 de 31/12/1908 constituiu a primeira medida de fomento a cultura do trigo no Brasil, marcando, portanto, o início da regulação estatal e o in- centivo à produção do trigo. Dez anos após a primeira guerra mundial, o decreto 12.896 de 06/03/1918 instituiu prêmios em máquinas agríco- las, em valor proporcional ao número de hectares cultivados e garantia de preços mínimos por kg de trigo posto no Rio de Janeiro, mostrando, assim, os esforços governamentais para impulsionar a cadeia do trigo no território brasileiro. Pós-Graduação | Unicesumar 49 De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2009), a evolução da produção brasileira de trigo deu-se da seguinte forma: Em 2007, o cultivo do cereal deu-se em nove estados brasileiros, contudo, 88,7% da produção na- cional ocorreu no Paraná e no Rio Grande do Sul. Em 2008, totalizou 6,03 milhões de tone- ladas, com uma área colhida de 2,42 milhões de hectares e rendimento de 2,49 toneladas por hectare (MAGGIAN; FELIPE, 2009). E, em 2014, a área plantada de trigo na safra apresentou um incremento de 15,6% em relação à safra anterior, atingindo 2.191,3 mil hectares, contra 1.895,4 mil hectares na safra 2012/13. Superando todas as expecta- tivas, o estado do Rio Grande do Sul obteve a maior produtividade por unidade de área de toda a história (EMBRAPA TRIGO, 2014). Mesmo com todas as intempéries cli- máticas ocorridas na época que afetam a produtividade em algumas regiões do estado, a média atingiu 2.983 kg/ha. Esses registros evidenciaram a poten- cialidade e a aptidão da região sul para a produção de trigo (EMBRAPA TRIGO, 2014). O Paraná, a cultura ocupa uma área de 976,9 mil hectares, representando um incre- mento de26,3% em relação à safra anterior. A produtividade de 1.833 kg/ha deve ser 32,9% menor do que a safra 2012/13 por causa das perdas em função das variações climáticas. A Cadeia Produtiva de Trigo no Brasil As vendas pelos produtores caminham bem e deve-se levar em consideração que a falta do produto nos países vizinhos e, também, no mercado interno, além das ocilações cambiais contribuem para a co- mercialização do cereal. Em Santa Catarina, a safra 13/2014 plan- tada em 72,6 mil hectares teve pouco ataque de pragas e doenças em virtude do clima mais frio durante o inverno. Na maior parte do ciclo, o clima foi favorável ao desenvolvi- mento da cultura. (USDA, 2014). Chuvas em menor intensidade durante a formação e maturação dos grãos fa- voreceram a boa qualidade e sanidade. Atualmente, chuvas localizadas estão atra- palhando o avanço da colheita, mas, ainda não comprometem a qualidade dos grãos. A produtividade deve ser de 2.850 kg/ha, 35,1% maior do que a safra anterior. (EMBRAPA, 2014, online). Dessa forma, a região Sul do Brasil desta- ca-se na participação da produção nacional de trigo. A produção de trigo no país concentra-se na região Sul, nos estados de Paraná, 47,2% e Rio Grande do Sul, 44,2%. A participação de outros estados é da ordem de 8,6%. Essa par- ticipação é distribuída entre Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, conforme representado na figura 1 (CONAB, 2014). Nome do Livro 50 Na tabela 1 é representada a área, a produção e o rendimento do trigo no Brasil por estado e o total, para a safra de 2014. Figura 1- Produção de trigo no Brasil Tabela 1- Área, rendimento e produção de trigo no Brasil, por estado e total Fonte: adaptada de IBGE (2014). Fonte: CONAB (2013). Pós-Graduação | Unicesumar 51 Para saber mais sobre a importância do trigo para a economia nacional como também sua importância nutricional, confi ra o artigo disponibili- zado no elemento fatos e dados a seguir. O trigo é um alimento que assume signiti- cativa importância para a dieta de milhões de pessoas, sendo o cereal mais cultivado no mundo. Fornece cerca de 20% das ca- lorias provenientes dos alimentos consu- midos, pois possui glúten, uma proteína que não é encontrada em outros grãos, o que o torna indispensável na alimentação. O trigo é essencial na dieta por concentrar elevado valor energético, bem como ser rico em carboidratos e proteínas. Devido à sua importância para a alimentação humana é chamado de “o mais nobre” dos cereais. (MAGGIAN; FELIPE, 2009). Fonte: Maggian; Felipe(2009). Nome do Livro 52 Produção Nacional O plantio da safra 2013/14 mostrou um crescimento de área de 15,6% e uma produção da ordem de 5.358,5 mil toneladas, contra 4.813,8 mil to- neladas da estimativa anterior e 4.379,5 mil toneladas da safra de 2012/13 (IBGE, 2014). O Rio Grande do Sul, favorecido pelo clima, é responsável por 57,6% da safra nacional, o Paraná por 33,4% e os demais estados por 8,9%. Devido a uma série de intempéries climáticas no Paraná, como seca na implanta- ção da lavoura, geadas e chuvas em excesso em período crítico do cultivo, além de vendavais e granizo, estimou-se perda de 1,0 milhão de tonela- das no estado, comparativamente às previsões iniciais. Para entender um pouco mais sobre as dificuldades enfrentadas pelos produtores ao longo da produção, confira o link no Material Complementar: Na web no final da unidade. Com referência ao suprimento interno, no ano safra que terminou em 31 de julho de 2013, as importações foram de 7,01 milhões de tonela- das, usando divisas de US$2,2 bilhões, enquanto as exportações de 1,68 milhão de toneladas renderam ao país US$498,6 milhões, valor próximo a meio bilhão de dólares (CONAB, 2014). Para o período 2013/14, houve a necessidade de importação da ordem de 6,7 milhões de toneladas, ou seja, 4,4%, menor que a do ano anterior. Quanto às exportações, recuou-se para 500 mil toneladas, a depender da conjuntura de preços no mercado da Argentina no primeiro semestre de 2014 (CONAB, 2014). Na Figura 2, observa-se o mapa da cultura agrícola do trigo no Brasil no ano de 2014. Pós-Graduação | Unicesumar 53 Figura 2- Distribuição geográfi ca da cultura do trigo no Brasil Fonte: CONAB/IBGE(2015) Maiores informações sobre a cultura do trigo no Brasil e estratégias gover- namentais para alavancar a produção do cereal estão disponíveis no site do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). No elemento Saiba Mais dispo- nibilizado, a seguir, podemos ver alguns dos elementos usados pelo governo nacional para a promoção da cultura tritícola. Nome do Livro 54 A Tabela 2 traz a comparação entre as safras de 2013 e 2014 quanto à área, produtivida- de e produção do trigos entre os estados brasileiros. Tabela 2- Área, produtividade e produção de trigo nos estados brasileiros Fonte: adaptado de CONAB (2013). O Ministério da Agricultura tem como de- safi o estimular a produção do trigo mi- nimizando os efeitos climáticos. Estudos de zoneamento de risco climático para os principais estados produtores, reajuste dos preços mínimos em níveis que sustentem a formação da renda da atividade e ampliação do limite de fi nanciamento para custeio das lavouras são algumas das ações desenvol- vidas para aumentar a produção de trigo e diminuir a dependência externa do país em relação ao cereal. Fonte: Mapa(2014, online)31. Pós-Graduação | Unicesumar 55 As cadeias produtivas são formadas por sis- temas produtivos que operam em diferentes ecossistemas ou sistemas naturais, além de diversas instituições de apoio (instituições de crédito, pesquisa, assistência técnica e outras) e um aparato legal e normativo (MAGGIAN; FELIPE, 2009). O agronegócio nada mais é que um con- junto de cadeias produtivas. Assim, políticas agrícolas efi cazes e coesas (crédito agrícola, crédito para pesquisa, normas de impostos e taxas, serviços de apoio, entre outras) serão estabelecidas a partir de uma visão sistêmica do negócio (ROSSI et al., 2004 apud CASTRO, 2000, p.4). A indústria do trigo no Brasil A cadeia do trigo, segundo Brum e Muller (2008), é dividida em insumos, produ- ção, moinhos, transformação/distribuição e consumo. Na Figura 4 estão representados os elos que compõem a cadeia do trigo de acordo com o proposto por Rossi e Neves (2004). Na Figura 3 são descritas todas as etapas da cadeia, desde o fornecimento dos insumos até a distribuição dos produtos no varejo. A algum tempo atrás, a cultura do trigo no Brasil ocupou uma posição de destaque no mercado, porém problemas fi tossanitá- rios, políticas públicas, má coordenação da cadeia e a grande vulnerabilidade ao clima, fi zeram os produtores abandonarem o cultivo (MAGGIAN; FELIPE, 2009). Nome do Livro 56 No início dos anos 90, as diretrizes das politicas brasileiras consistiam na abertura co- mercial ao mercado dos produtos estrangeiros, desregulamentação das atividades do setores agropecuários, objetivando impulsionar a maior eficiência econômica, competitivida- de, qualidade e preços mais baratos para os consumidores (CANZIANI et al., 2004). Essa estratégia retirou do mercado do grão pequenos produtores menos eficientes pro- movendo, dessa forma, a inserção de grandes produtores adequados à modernização per- mitindo maior desenvolvimento do setor. No entanto, o resultado obtido não foi como o esperado. Houve grande desânimo no mercado e, em 1995, o Brasil produzia apenas 25% do que produziu no final dos anos 80. O governo brasileiro até tentou re- erguero setor, porém o receio quanto ao impacto que isso geraria na inflação do país era grande (MAGGIAN; FELIPE, 2009). O agricultor sem condições de se manter no mercado e enfrentar a concorrência com o produto importado, começou a diminuir progressivamente a área plantada. Figura 3- Cadeia produtiva do trigo Fonte: Rossi e Neves (2004). Pós-Graduação | Unicesumar 57 A Cadeia do Trigo na Argentina A Argentina é um importante exporta- dor de trigo e o Brasil, por sua vez, um dos principais importadores. Porém, a Argentina atua como um forte tomador de preços no mercado externo e, dessa forma, exerce infl uência indireta dos preços praticados na Bolsa de Chicago sobre os preços praticados no interior do Brasil. Enquanto isso, o Brasil des- regulamentava a produção de trigo, deixando o setor aquém ao mercado externo. Nome do Livro 58 Esse fato mostra a necessidade da intervenção governamental na cadeia tritícola brasi- leira que, atualmente, encontra-se desestruturada. Tal desestruturação agravou-se com o passar do tempo o que refletiu nas perdas em termos de poder de negociação e, con- sequentemente, nos ganhos dos produtores rurais. Sendo assim, o Brasil não consegue chegar a autosuficiência em trigo, considerando mais interessante importar o produto da Argentina. Segundo a Secretaría de Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentos Argentina (SAGPYA, 2004), a expansão do cultivo do trigo deu-se a partir de 1850 sendo considerado como uma grande transformação na agricultura argentina. Assim como no Brasil, o desenvolvimento do cereal está diretamente ligado às importantes transformações econômicas que ocorreram na Argentina, além disso, mu- danças ocorridas no setor social, como a vinda de mão de obra européia para o país, foi de extrema relevância (SAGPYA, 2004). As condições edafo-climáticas da Argentina foram favoráveis para o desenvolvimen- to da cultura do trigo, principalmente o trigo hard, mais específico para a produção de pães e massas, o que transformou a Argentina em um grande exportador do cereal e de outros grãos. Atualmente, o cultivo do cereal apresenta uma importante difusão geográfia e, nos últimos anos, vem se expandindo em regiões que tradicionalmente não se plantava o cereal (SAGPYA, 2004). O trigo argentino, apesar de boa qualidade, sofre perdas signi- ficativas no momento do embarque devido à contamição por corpos estranhos, por isso, o ceral é conhecido como sujo, gerando, portanto, desvalorização no preço (BRUM; MÜLLER, 2008). Em vista desse problema e com o objetivo de otimizar todos os processos da cadeia, foi criado o programa nacional de qualidade do trigo, com a resolução n° 334/2003, por meio da SAGPYA. Visa-se com esse programa: a) melhorar a qualidade do trigo, permitin- do oferecer ao mercado uma ampla gama de produtos de acordo com os requerimentos da demanda; b) identificar as exigências de qualidade da demanda interna e externa; c) estabelecer uma política de sementes que permita a diferenciação e agrupar os cultivos por tipo qualidade; d) orientar a classificação da mercadoria; e) e garantir o máximo nível de segurança no abastecimento do trigo (SAGPYA, 2004). O trigo é uma importante fonte de glúten e é utilizado na fabricação de pães, macar- rão, bolos entre outros produtos alimentícios, porém existem pessoas que não podem consumir glúten, bem como existem pessoas, que, preocupadas com a boa forma, deci- diram eliminá-lo da dieta. Pós-Graduação | Unicesumar 59 Algumas pessoas apresentam into- lerância ao glúten, assim não podem ingerir alimentos que contenham a substância, já que ela impede a correta absorção de nutrientes pelo intestino. Os portadores de sensibilidade ao glú- ten necessitam evitar o seu consumo, no entanto, é notável os benefícios dessa dieta em qualquer pessoa. Cadeia produtiva do trigo na Argentina De acordo com a SAGPYA, o cultivo ocorre em cinco províncias argentinas, tendo a de Buenos Aires como a principal produtora, com 59,2% do total. O consumo está estimado em cerca de 5,5 milhões de toneladas, o que resulta em excedente de 2,8 milhões de toneladas. A distribuição da produção de trigo na Argentina é observada na seguinte. O desenvolvimento da cultura de trigo vem crescendo e tem como princi- pal província produtora Buenos Aires, com cerca de 47% do total, seguido por Córdoba (23%), Santa Fé (14%), Entre Ríos (6%), La Pampa (4%) e outras provín- cias (3%). Diante da diversidade geográfica, o plantio do trigo começa primeiro nas pro- víncias do norte, nos meses de maio e junho e finaliza no sudoeste de Buenos Aires, no mês de agosto (SAGPYA, 2005). Nome do Livro 60 De acordo com a SAGPYA (2005), o cultivo do trigo apresenta uma importante difusão geográfi a e nos últimos anos vem se expandindo em regiões que tradicionalmente não se plantava o cereal. Vale ressaltar, porém que na safra 08/09, em específi co, a produção argentina caiu pela metade, mesmo assim, ainda há margem para exportações, como já mencionado. A Argentina, exportador de trigo ao Brasil, deverá ter um volume maior do cereal para oferecer aos brasileiros. A produção dos argentinos, que chegou a cair para 8 milhões de toneladas há dois anos, deverá atingir 12,5 milhões de toneladas na safra 2014/15, segundo dados do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA). A Bolsa de Cereais de Buenos Aires prevê produção de 11,2 milhões de toneladas. Figura 4-Distribuição da produção de trigo na Argentina Fonte: adaptado de Maggian; Felipe (2009). Aspectos da indústria de derivados de trigo na Argentina A qualidade apresentada pelo trigo argentino é superior ao brasileiro, dada a preferência pelo grão de tipo pão no país. Apesar disso, a qualida- de ainda é inferior se comparado com os principais países exportadores mundiais, como Austrália, Canadá e Estados Unidos. Pós-Graduação | Unicesumar 61 Segundo o SAGPYA (2005), o perigo ao cultivo argentino se dá pela grande oferta mundial do grão, principalmente, os de baixos preços como os países do do leste da Europa. Como a Argentina faz parte do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), os preços para exportação para países do mesmo bloco econômico são reduzidos em cerca de 10,5%. Os dados do SAGPYA (2005) apontam que o ciclo comercial do trigo argentino coincide com o clico australiano, visto que ambos estão localizado no Hemisfério Sul. Já os países do Hemisfério Norte não tem seu ciclo no mesmo período, porém estão bem próximos. Sendo assim, o mercado in- ternacional não fi ca desabastecido por um longo tempo. Mesmo a Argentina estando entre os maiores produtores mundiais, seu princi- pal comprador do trigo é o Brasil, seguido de outros países sul-americanos, de alguns países do norte da África e do Oriente (SAGPYA, 2005). O país se encontra, atualmente, entre os cinco maiores exportadores do cereal, porém vem perdendo algumas posições devido à forte participação de países como a Rússia. Figura 5- Principais exportadores de trigo Fonte: adaptado de USDA (2013). Nome do Livro 62 Para a formação de preço do trigo não existe um mercado de referência único. Os merca- dos exportadores se dividem entre vários países e também depende das características do destino do grão (MAGGIAN; FELIPE, 2009). Basicamente, as vendas canadenses e australianas são administradas por Juntas Comerciais e a União Européia aplica uma política de subsídios e restituições à expor- tação de trigo. Na Argentina, o cálculo da formação do preço, habitualmente, se baseia na cotação FOB Golfo do México para o trigo tipo Hard