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Unidade III INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO SOCIOLÓGICOSOCIOLÓGICO Profa. Rita Maciel Introdução ao Pensamento Sociológico Ementa: Unidade I 1. A Sociologia nos diversos campos da vida humana 2 O Renascimento e o novo pensamento2. O Renascimento e o novo pensamento social 3. O surgimento da ciência e as bases da Sociologia 4. Surgimento da Sociologia Introdução ao Pensamento Sociológico Unidade II 5. A Sociologia de Durkheim 6. Max Weber e a Sociologia alemã Unidade III 7. Marx e o materialismo histórico dialético 8. A contribuição de Gramsci ao pensamento sociológico Introdução ao Pensamento Sociológico Marx e o materialismo histórico-dialético: Karl Marx (1818-1883) nasceu em Treves, na Prússia, na região do Reno, na Alemanha, em 5 de maio de 1818, em uma família de origem judaica. Pai advogado e mãe dona de casa. Estudou Direito na Universidade de Bonn. Em 1836, matriculou-se na Universidade de Berlim onde se doutorou em filosofiade Berlim, onde se doutorou em filosofia com uma tese sobre a diferença entre as filosofias da natureza de Demócrito e de Epicuro. Introdução ao Pensamento Sociológico Berlim: atmosfera influenciada pelo pensamento idealista de Hegel. Isso possibilitou que Marx entrasse em contato com os discípulos de Hegel, conhecidos como jovens hegelianos, ou hegelianos de esquerda. 1843: Marx se casa com Jenny von Westphalem, quatro anos mais velha. Em Paris, entra contato com os socialistas utópicos franceses e comsocialistas utópicos franceses e com Bakunin, anarquista russo, além de encontrar Friedrich Engels (1820-1895), que se tornou seu amigo e colaborador durante toda a vida. O debate entre os socialistas utópicos e os socialistas científicos Socialistas utópicos: primeiros teóricos a defender a proposta em substituição ao capitalismo. “Para Marx, esses socialistas não perceberam no proletariado uma iniciativa histórica, nenhum movimento político que lhe seja próprio. A classe operária só existe para eles sob esse aspecto de classe mais sofredora. Por isso, suas propostas para a sociedade tem um sentimento puramente utópico.” (MARX, 2001, p. 50-52) O debate entre os socialistas utópicos e os socialistas científicos Alguns socialistas utópicos: Saint-Simon (1760-1825): severas críticas ao liberalismo econômico e à desumana exploração dos trabalhadores pelos capitalistas proprietários dos meios e produção. Defendia enfaticamente a destruição do sistema e desejava o fim das diferenças de classe e a construção de uma sociedade em que cada um ganhasse de acordo com o real valor de seu trabalho. O debate entre os socialistas utópicos e os socialistas científicos Proudhon (1804-1865): em sua concepção, a propriedade privada era um roubo, pois se mantinha pela exploração do trabalho alheio. Por isso, pregava como sociedade ideal aquela que oferecesse a igualdade e a liberdade para todos os indivíduos, que viveriam em uma sociedade harmônica, sem a força do Estado. www.larousse.fr O debate entre os socialistas utópicos e os socialistas científicos Owen (1771-1852): socialista que acreditava na organização da sociedade em comunidades cooperativas, compostas de operários. Essas comunidades foram denominadas trade unions, cuja proposta era de que cada um recebesse de acordo com as suas horas de trabalho. www.alunosonline.com.br O debate entre os socialistas utópicos e os socialistas científicos Diante dessas propostas dos chamados socialistas utópicos e comunistas propriamente ditos, como Saint-Simon, Fourier, Owen e Proudhon, Marx passa a avaliar que essas aparecem no primeiro período da luta entre o proletariado e aperíodo da luta entre o proletariado e a burguesia. O debate sobre o socialismo científico ou utópico teve como tema central a exploração da burguesia sobre a classe operária emergente naquele períodooperária emergente naquele período. O debate entre os socialistas utópicos e os socialistas científicos Enquanto a classe burguesa contabilizava cada vez mais lucros exorbitantes, os trabalhadores e operários amargavam uma vida de plena miséria e se organizavam, como grupo, para garantir um pouco de dignidadepara garantir um pouco de dignidade, melhores condições de vida e de trabalho. O debate entre os socialistas utópicos e os socialistas científicos Nesse contexto, surgem estudos que buscam compreender a situação do trabalhador-operário e as obras: Engels: “A situação da classe operária na Inglaterra” (1844). Marx: “A sagrada família”. Contrapondo as ideias de Proudhon, Marx escreve “A miséria da filosofia”, na qual ataca dizendo que seu pensamento é de pequeno burguês.é de pequeno burguês. Introdução ao Pensamento Sociológico Em 1848, Marx e Engels trazem a público “O manifesto do partido comunista”, um projeto que demonstrava a luta de classes e sua desigualdade social em pleno período revolucionário da primavera de 1848primavera de 1848. Em março, Marx foi expulso com sua família da Bélgica, voltou para a Prússia, de onde foi expulso em 1849, sempre por causa de sua militância política. Vai para a França, permanecendo por um breve período e é convidado pelo governo francês a deixar Paris e se refugiar na periferia da cidade, o que foi recusado por ele. Introdução ao Pensamento Sociológico 24 de agosto de 1849: Karl Marx e sua família desembarcam na Inglaterra. Foi perseguido e exilou-se em Londres, vivendo ali o resto da vida, escrevendo na Biblioteca do Museu Britânico. “O capital”: considerada a obra mais importante de Marx 14 de março de 1883: faleceu na cidade de Londres. II volume de “O Capital”: publicado em II volume de O Capital : publicado em 1885 e, em 1894, chegou aos leitores o volume III. Marx em seu contexto: a Revolução Industrial Obras de Marx: construídas a partir da realidade social, política e econômica de sua época, o século XIX. Bem antes, no século XVIII, as transformações que se intensificaram no século XIX já vinham causando desigualdades sociais. O trabalho familiar sob o domínio do artesão, que tinha sob sua tutela todas as fases da produção, desde a compra da matéria-prima, dos meios de produção até sua total confecção, começou a perder força. Marx em seu contexto: a Revolução Industrial Em países como a Inglaterra surgiram as oficinas maiores, denominadas manufaturas, lugar que reunia vários artesãos no mesmo espaço e todo o processo de produção sob o dono dos meios de produção e dos instrumentosmeios de produção e dos instrumentos de trabalho, influenciando na criação das futuras fábricas. A Revolução Industrial, que possibilitou a saída dos habitantes da zona rural para as cidades europeias principalmente naas cidades europeias, principalmente na Inglaterra, serviu também como laboratório para Marx escrever “O Capital”, sua principal obra. Marx em seu contexto: a Revolução Industrial Esse contexto foi marcado pelo êxodo rural, processo que levou as populações rurais a se submeterem às regras dos trabalhos desumanos nas cidades que iam surgindo em meio a Revolução IndustrialIndustrial. A Revolução Industrial passou por várias etapas, como a de 1760 até 1860, que se restringiu à Inglaterra, com ênfase no desenvolvimento das fábricas sob as indústrias de tecidos e algodãoindústrias de tecidos e algodão, dinamizadas pelos avanços tecnológicos. Interatividade Marx demonstrava oposição aos socialistas utópicos, porque: a) Os utopistas não perceberam no proletariado uma iniciativa histórica ou movimento político.b) O socialismo utópico era formado por filósofos que serviam ao sistema capitalista. c) Os utopistas desconheciam a realidade econômica da época. d) O t i t h i it li td) Os utopistas reconheciam os capitalistas como vítimas do proletariado. e) Todos os utopistas defendiam o pagamento de horas extras ao trabalhador. Marx em seu contexto: a Revolução Industrial O avanço dos meios técnicos, como o tear mecânico e a invenção em 1769 da máquina a vapor, empurrou para a miséria os trabalhadores familiares. Os artesãos se viram sem condições de competir com o grande capital que vinha varrendo toda a Europa. Em seu livro “O grande massacre dos gatos”, publicado em 1986, Robert Darton relata o processo de passagem de artesão para operário, destacando os movimentos de insatisfação e resistência. Marx em seu contexto: a Revolução Industrial Aprendizes gráficos, que viviam em situação de penúria em quartos sujos e gelados, levantando-se antes do amanhecer para a execução das tarefas, que duravam o dia inteiro. Esses operários recebiam maus tratos do patrão (mestre) e insultos dos oficiais (assalariados), além de não conseguirem dormir à noite por causa do barulho dos gatos bem-tratados e bem-alimentados pelos seus patrões burguesespelos seus patrões burgueses. Marx em seu contexto: a Revolução Industrial De acordo com Darton (1986, p. 104), “armados com cabos de vassoura, barras de impressora e ajudados pelos assalariados, mataram todos os gatos que conseguiram encontrar, a começar pela gata de estimação da patroa Empela gata de estimação da patroa. Em seguida, atiraram os gatos mortos no pátio da gráfica, fingiram executar um julgamento e penduraram os corpos mutilados dos culpados em forcas improvisadas”.improvisadas . Os movimentos operários de resistência: ludismo e sindicalismo Para os operários, as máquinas eram sinônimo do desemprego, da miséria e da opressão, além de serem responsáveis pelos salários baixos. As máquinas operavam várias ações ao mesmo tempo e possibilitavam, com isso, o aumento da produção, a diminuição do tempo de trabalho, ou seja: O tempo que cada operário levava para fabricar um objeto, deixando de ser uma ferramenta auxiliar. Os movimentos operários de resistência: ludismo e sindicalismo Com o passar do tempo, os operários se organizaram em instituições, dando origem aos sindicatos atuais e orientando suas ações em direção ao sistema capitalista, que para os operários era o causador das injustiçasoperários era o causador das injustiças sociais. Os movimentos de resistência e revolta da classe operária foram inicialmente imediatistas, os grupos de operários passaram a destruir o que acreditavampassaram a destruir o que acreditavam ser a principal causa dos problemas: as máquinas. Os movimentos operários de resistência: ludismo e sindicalismo Os operários que entravam nas fábricas e quebravam as máquinas ficaram conhecidos como ludistas. Para eles, a destruição não era aleatória, pois só quebravam as armações de quem agia de forma a explorar os operários. Alguns pesquisadores analisam o movimento ludista como um movimento ingênuo e pré-político. htt://wordart.sjsu.edu Os movimentos operários de resistência: ludismo e sindicalismo “Embora tendo sua origem em queixas trabalhistas específicas, o ludismo foi um movimento de feição insurrecional, que oscilou continuamente à beira de objetivos revolucionários ulteriores. Isso não quer dizer que fosse um movimento revolucionário totalmente consciente; por outro lado, tinha uma tendência a se transformar em um movimento desses e é essa tendência que é subestimada com excessiva frequência ”subestimada com excessiva frequência.” (THOMPSON, 2002, p. 124-125) Os movimentos operários de resistência: ludismo e sindicalismo O sistema artesanal foi dando lugar ao sistema mercantil, que se punha e impunha com toda sua força devido a duas combinações: capital (dinheiro) e invenções técnicas. Essa junção facilitou o trabalho para que se tornasse cada vez mais singelo e possibilitasse a qualquer criança fazê-lo. Ao se sentir impotente e desqualificado, os artesãos se punham no mercado para vender sua força de trabalho para o capitalista, ou seja, o dono dos meios de produção. Os movimentos operários de resistência: ludismo e sindicalismo Isso fez com que o sistema capitalista se pusesse com toda sua pujança e crueldade, pois mulheres grávidas, jovens mulheres, crianças a partir dos 6 anos de idade e homens pais de família viam se trabalhando dezesseis horas porviam-se trabalhando dezesseis horas por dia de forma insalubre, escrava, sem nenhum direito trabalhista, morando em guetos e cortiços. No início da Revolução Industrial, os trabalhadores viviam atétrabalhadores viviam até, aproximadamente, 55 anos. Os movimentos operários de resistência: ludismo e sindicalismo Os casos de mortes devido ao trabalho extremo e abusos de todas as ordens inundam a literatura sobre a Revolução Industrial. Não é de hoje que os empresários querem mão de obra barata e livre comércio. Naquela época, os capitalistas pagavam salários baixos e aumentavam as horas de trabalho para maximizar seus lucros. htt://wordart.sjsu.edu Os movimentos operários de resistência: ludismo e sindicalismo As desigualdades estavam na raiz dos conflitos entre patrões e empregados, devido ao avanço da sociedade industrial, que de forma violenta e radical dividia a sociedade daquela época entre burgueses donos do capital e dos meiosburgueses, donos do capital e dos meios de produção e o proletariado, vendedor de sua força de trabalho e que viviam sem as mínimas condições de higiene, água, esgoto e sem a possibilidade de reprodução de suas condições básicas de sobrevivência. O pensamento materialista histórico e materialista dialético A contribuição de Marx para o pensamento sociológico foi a produção do pensamento materialista histórico como ciência e materialista dialético como filosofia. O marxismo passa a compreender os fatos humanos de maneira determinada historicamente, permitindo uma interpretação racional dos mesmos e, por conseguinte, o conhecimento das suas leissuas leis. O pensamento materialista histórico e materialista dialético Marx, levado pelo pensamento desenvolvido por Hegel (1770-1831), entra em contato com o grupo dos hegelianos de esquerda. Esse grupo de jovens pensadores criticou a noção de Estado e de religião, inserindo nas análises a dialética. Ao elaborar seu pensamento, Marx desenvolve o materialismo histórico como crítica ao idealismo de Hegel. www.biografia.inf.br O pensamento materialista histórico e materialista dialético De acordo com Chaui (2001, p. 275), ao enfatizar o materialismo, Marx afirma que é pelo trabalho que o homem muda a natureza e produz a luta pela sobrevivência, e dessas relações do trabalho, natureza e sobrevivência originam se:sobrevivência originam-se: 1. a família (divisão social do sexo); 2. o pastoreio e a agricultura (divisão social do trabalho); 3. troca e comércio (distribuição social dos3. troca e comércio (distribuição social dos produtos do trabalho). O pensamento materialista histórico e materialista dialético Para o materialista, o mundo material é anterior e exterior ao pensamento, ou seja, ele existe antes e fora de nós. Essa forma de ver contradiz o idealismo de Hegel, que pensa o mundo como ideia absoluta da consciência. Para o materialista, o movimento da matéria não depende do pensamento, o movimento se torna para a análise materialistao ponto central e fundante do pensamento, ou seja, da forma de pensar o mundo. O pensamento materialista histórico e materialista dialético Nesse sentido, a consciência se faz a partir da matéria, da natureza. Ao expor o materialismo dialético como fonte de conhecimento, Marx expressa-o como processo; assim sendo, as coisas estão na dependência da outra, formando uma unidade dialética em reciprocidade. O materialismo histórico aplica sua leitura à história, levando em consideração os fatos materiais que se desenvolvem na estrutura econômica chamada de infraestrutura. O pensamento materialista histórico e materialista dialético Essa estrutura é considerada a primeira instituição, enquanto a superestrutura é tratada como a segunda instituição (Igrejas, Estado, escola e outras). Para que a sociedade se mantenha, ou conserve seu poder, cria para si valores, símbolos, representações e ideias que sejam de uma forma ou de outra aceitos pelo grupo social, para que possam a partir daí legitimar suas instituições e sua forma de produzir os bens materiaissua forma de produzir os bens materiais de produção. O pensamento materialista histórico e materialista dialético Deve-se levar em consideração que a “materialidade da existência econômica comanda as outras esferas da vida social e da espiritualidade e os processos históricos abrangem todas elas” (CHAUI, 2001 p 275)2001, p. 275). A sociedade passa a ser explicada a partir da transformação da natureza pelo trabalho e das relações recíprocas entre os seres humanos que se desvela e se oculta a produção da vida das ideias eoculta a produção da vida, das ideias e das instituições. Interatividade O avanço dos meios técnicos, como o tear mecânico e a invenção em 1769 da máquina a vapor, teve como consequência social: a) Melhorar as condições de trabalho da população. b) Empurrar para a miséria os artesãos que não tinham condições para competir com o capital. c) Aprovação de cursos técnicos. d) A desunião da classe trabalhadorad) A desunião da classe trabalhadora. e) Aprovação de leis de proteção para os trabalhadores e as famílias. O conceito de modo de produção em Marx Para Marx, a sociedade passa a ser explicada, por seu modo de produção, pela maneira que cada sociedade em sua época desenvolve seu modo de produzir correspondente. As forças produtivas, vistas em seu conjunto, possibilitam ao pesquisador analisar as características de cada sociedade, em seu tempo histórico. Ao desenvolver sua teoria materialista da historia, Marx procurou em várias épocas distintas analisar alguns modos de produção. O conceito de modo de produção em Marx Com um olhar no campo econômico, ou seja, na infraestrutura e na superestrutura, possibilitou-lhe colocar em prova sua teoria, as quais são: Modo de produção comunal primitivo: não existe propriedade privada, os bens existentes pertencem a todos, os meios de produzir se baseiam na pesca e na caça. Modo de produção patriarcal: ganha relevância a autoridade paterna. O homem passa a domesticar os animais e assim desenvolve também a agricultura. O conceito de modo de produção em Marx Modo de produção escravista: a luta entre senhores e escravos devido à apropriação da exploração do homem pelo homem a partir do surgimento da emergência da propriedade privada dos meios de produçãomeios de produção. Modo de produção feudal: o senhor feudal detinha os meios de produção, e os servos, além de trabalharem para si, ainda reservam um tempo para o senhor feudal sob a cobrança de impostosfeudal sob a cobrança de impostos. Desse conflito, surgiu o burguês, fruto do comércio, artesanato que se concentrava nas cidades. O conceito de modo de produção em Marx Modo de produção capitalista: as duas classes antagônicas se encontram em conflito permanente, dividindo-se entre os que detém os meios de produção (burguês detentor do capital) e os que não detém os meios de produção (proletariadodetém os meios de produção (proletariado detentor da força de trabalho). O conceito de modo de produção em Marx Para Karl Marx, em todo tempo e em todo lugar, as sociedades possuem uma base material (estrutura). Essa base reproduz, como um reflexo, as forças de produção econômicas, ou seja, os instrumentos, os sujeitos e os indivíduos a partir de sua força de produção, que por sua vez estão nela envolvidos, e pelas relações sociais de produção, que são de dominação, solidariedade e outrassolidariedade e outras. Dessa maneira, esse modo de produção determina, de maneira geral, a vida social, política e intelectual. O conceito de modo de produção em Marx “O conjunto das relações de produção [...] constitui a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e a qual correspondem determinadas formas de consciência social O modo deformas de consciência social. O modo de reprodução de vida material determina o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; e o seu ser social, inversamente, determina suaseu ser social, inversamente, determina sua consciência.” (MARX apud CHAUI, 1999, p. 414) A luta de classes: o motor da história Marx analisa a sociedade como uma construção histórica e transitória, de acordo com cada momento e necessidade dos modos de produção, em que um cede lugar a outro. Para o materialismo histórico, a luta de classes relaciona-se diretamente à mudança social e à superação dialética das contradições existentes. Para Marx, a luta de classes é o motor da história e só teria fim com a ascensão da sociedade comunista, ou seja, terminaria a exploração de um homem sobre o outro, desaparecendo, dessa maneira, a luta de classes. A luta de classes: o motor da história Em cada modo de produção existe a disputa de classes entre os que possuem os meios de produção e os despossuídos, e o primeiro grupo domina o segundo e o oprime. A tese defendida no “Manifesto Comunista”, de Marx e Engels, era a de que, com a união de todos os trabalhadores contra o capital, acabaria a causa da origem de toda exploração do homem pelo homem a propriedadehomem pelo homem, a propriedade privada dos meios de produção. A luta de classes: o motor da história O sistema capitalista, ao gerar essas contradições, necessitou de um órgão regulador que atendesse as necessidades da classe dominante. Surge, então, o Estado burguês como construção social, que se põe acima da sociedade e é de interesse comum. A sociedade civil é o sistema de relações sociais que organiza a produção econômica, realizando-se por meio de i tit i õ i i d dinstituições sociais encarregadas de reproduzi-lo. É o espaço onde as relações sociais e suas formas econômicas e institucionais são pensadas. A luta de classes: o motor da história De acordo com Chaui (1999, p. 410), “a sociedade civil é o sistema de relações sociais que organiza a produção econômica (agricultura, indústria e comércio), realizando-se através de instituições sociais encarregadas deinstituições sociais encarregadas de reproduzi-lo (família, igrejas, escolas, partidos políticos, meios de comunicação etc.)’’. A contribuição do pensamento de Karl Marx O pensamento de Karl Marx teve reflexos em várias partes do mundo, como no caso das revoluções soviética e cubana, quando o mundo ficou dividido em dois blocos de influência política e econômicaeconômica. Após a Segunda Guerra Mundial, o socialismo se ampliou para além do mundo Ocidental(Leste Europeu), atingindo países do Continente Africano e chegando à China pela Revoluçãoe chegando à China, pela Revolução Cultural. A contribuição do pensamento de Karl Marx A influência desse sistema político e econômico (socialismo) foi tão relevante que um terço do mundo conhecido da época se tornou socialista, o que acirrou os conflitos entre as duas potências que dominavam e dividiam o mundo em doisdominavam e dividiam o mundo em dois blocos econômicos, ou seja, os Estados Unidos da América e a ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que durante décadas disputaram a hegemonia mundial.hegemonia mundial. Esse período ficou conhecido como Guerra Fria e deixou o mundo sob tensão permanente. A contribuição do pensamento de Karl Marx Como em um jogo de xadrez, cada potência avançava sua zona de influência (militar, ideológica e econômica), que foi concentrada, sobretudo, nos países do chamado Terceiro Mundo (naçõesTerceiro Mundo (nações subdesenvolvidas da época). Esses avanços sob as zonas de influência carregavam o mundo de tensão e deram origem à corrida nuclear armamentista que colocou o mundoarmamentista, que colocou o mundo próximo da Terceira Guerra Mundial. A contribuição do pensamento de Karl Marx Esses dois países, que passaram a influenciar o mundo, colocavam de um lado a economia de mercado, que representava o mundo capitalista. Essa economia se baseava na produção privada de bens e serviços. O papel do Estado era mínimo e servia para a regulamentação das atividades econômicas, fiscalização e manutenção dos setores de serviço, como educação, saúde, segurança e comunicação. A contribuição do pensamento de Karl Marx Na economia estatal planificada, a produção de bens e serviços era estatal, ou seja, o Estado desempenhava papel de grande influência no mercado econômico de produção, tudo ficava sob sua orientação tanto os meios desua orientação, tanto os meios de produção quanto os funcionários. Nesse modo de gerir a economia, não existia iniciativa privada, todos as ações eram estatais. A contribuição do pensamento de Karl Marx Em uma escala menor, mas muito significativa, o pensamento marxista influenciou também áreas culturais (desde a poesia, passando pela música, teatro e literatura), acadêmicas, revoltas populares sindicatos educaçãopopulares, sindicatos, educação, movimentos sociais e populares. O pensamento marxista foi o divisor de águas do século XX. Interatividade Qual é a tese defendida por Marx e Engels na obra “Manifesto Comunista”? a) A união entre os capitalistas e os trabalhadores. b) A sociedade deveria se envolver com ob) A sociedade deveria se envolver com o capitalismo lutando contra o comunismo. c) A união dos trabalhadores contra o capital acabaria com a exploração do homem pelo homem.homem pelo homem. d) A separação entre trabalhadores rurais e urbanos. e) Os trabalhadores deveriam se empenhar mais para lucrar com seu trabalho. A contribuição de Antonio Gramsci ao pensamento sociológico Filósofo e político italiano (1891-1937), além de se destacar como teórico marxista fundador do Partido Comunista Italiano (PCI). Comprometido com um projeto político que tinha como proposta a concretização de uma revolução proletária, Gramsci se diferencia dos outros teóricos por defender que a tomada de poder só seria possível após uma transformação nas mentalidadesmentalidades. A contribuição de Antonio Gramsci ao pensamento sociológico Os conceitos criados ou valorizados por Gramsci são, atualmente, utilizados em várias partes do mundo, entre eles o de cidadania. Para ele, existe uma fundamental relação entre a discussão pedagógica e a conquista da cidadania como um objetivo da escola. De acordo com essa concepção, a escola deveria ser orientada para uma “elevação cultural das massas”. A contribuição de Antonio Gramsci ao pensamento sociológico Diferentemente da maioria dos teóricos, Gramsci se propôs a aprofundar as reflexões sobre o papel da cultura e dos intelectuais nos processos de transformação histórica. “Para Gramsci, a política é acima de tudo entendida como esfera mediadora entre a produção material e a reprodução da vida humana. A realidade social só pode ser entendida com o princípio da totalidade, que leva em conta as especificidades dos momentos.” (SIMIONATTO, 1997) A contribuição de Antonio Gramsci ao pensamento sociológico Nessa concepção, entretanto, para que o grupo social consiga conquistar sua hegemonia, necessita passar por um processo constitutivo de sua identidade. Uma prática voltada para o ser humano necessita ter a compreensão crítica de si própria e só assim conseguirá combater a subalternidade e a passividade (elemento bastante presente no interno dessas classes trabalhadoras). Gramsci: vida e obra Aos 21 anos, foi estudar na Universidade de Turim, onde em 1915 se converte ao socialismo. Suas obras ficaram conhecidas do grande público como cadernos e cartas do cárcere que Antonio Gramsci escreveu na prisão durante os anos de 1926 até 1936. Viveu sob o signo do totalitarismo, seja ele soviético ou italiano. No fascismo, Gramsci se viu perseguido e preso, o regime estava em seu auge. Gramsci: vida e obra Gramsci faleceu no dia 27 de abril de 1937, aos 46 anos de idade, vitimado por tuberculose e derrame cerebral que o debilitaram durante anos seguidos. O público só teve acesso às suas obras após o ano de 1945. Em “Cadernos do cárcere”, destacou as práticas de construção e manutenção da hegemonia das classes dominantes, a importância das questões ligadas à direção cultural e moral que classes imprimem ao todo social. Gramsci: vida e obra Para Gramsci, a hegemonia de uma classe significa sua capacidade de subordinar intelectualmente as demais classes através da persuasão e da educação, sendo esta entendida em seu sentido amplosentido amplo. www.marxists.org Gramsci: vida e obra Para conquistar a hegemonia, é necessário que a classe fundamental se torne referência para as demais, como aquela que representa e atende aos interesses e valores de toda sociedade, obtendo o consentimento voluntário e aobtendo o consentimento voluntário e a anuência espontânea, garantindo, assim, a unidade do bloco social que, embora não seja hegemonica, mantém-se, predominantemente, articulado e coeso. O conceito de hegemonia O conceito de hegemonia representa um dos pontos centrais do pensamento gramsciano, em que o pesquisador analisa as características dos processos histórico-sociais, a formação e a importância dos intelectuais nesseimportância dos intelectuais nesse processo. Para compreender o conceito gramsciano de hegemonia, é necessário antes analisar a relação existente entre as concepções de hegemonia em Leninas concepções de hegemonia em Lenin, já que é a Lenin que Gramsci atribui a formulação do princípio teórico-prático da hegemonia. Introdução ao Pensamento Sociológico O princípio da hegemonia desenvolvido por Lenin refere-se, basicamente, à ditadura do proletariado e fundamenta-se na especificidade da história russa e definição das tarefas políticas do proletariadoproletariado. O conceito gramsciano de hegemonia está diretamente relacionado a alguns dos fundamentos bastante próximos da concepção leninista. Coube a Gramsci aprofundar e ampliar esse conceito, relacionando-o aos interesses da sociedade civil, enriquecendo-o com o conceito de aparelho de hegemonia. Educação e emancipação das massas A escola é a principal responsávelem possibilitar o acesso à cultura das classes dominantes, para que todos possam ser cidadãos plenos. Por meio de suas análises, a educação constrói o conceito de cidadania, que orienta uma discussão pedagógica, tendo a escola como uma formadora de cidadãos. Para ele, a escola é burguesa e herdeira de tabus e das ideias preconceituosas, que são assimiladas e introjetadas pela sociedade. A sociedade civil e o intelectual Por intelectuais podem ser compreendidos não só as camadas comumente entendidas com esta denominação, mas em geral toda a massa social que exerce funções organizativas em sentido lato seja noorganizativas em sentido lato, seja no campo da produção, seja no campo da cultura, seja no campo administrativo-pedagógico. Sociedade civil é compreendida como sendo o conjunto formado pelossendo o conjunto formado pelos organismos denominados privados e sociedade política ou Estado. A sociedade civil e o intelectual O conceito de sociedade civil foi concebido por Gramsci, que o reconstituiu da tradição iluminista e hegeliana dos séculos XVIII e XIX e o renovou como parte de uma operação teórica e política dedicada a interpretarteórica e política dedicada a interpretar as imponentes transformações que se consolidavam nas sociedades do capitalismo desenvolvido. A influência do pensamento de Gramsci no Serviço Social As concepções de Gramsci influenciaram, no Brasil, os campos acadêmicos e profissionais, entre eles o Serviço Social. O processo de abertura democrática ocorrido entre 1978-84 e a revogação do AI-5 permitem, no país, uma maior participação dos movimentos populares, que reivindicavam novos itens na agenda política, entre eles o direito à greve e as melhores condições degreve e as melhores condições de trabalho. A influência do pensamento de Gramsci no Serviço Social O profissional assistente social pode embasar sua prática na teoria gramsciana, pois esta tem como contribuição a reflexão sobre a importância do sujeito nas inúmeras mudanças sociaismudanças sociais. Nesse contexto de mudanças sociais, o campo do Serviço Social tem um papel fundamental, por meio da contribuição de seu saber, para impulsionar uma reflexão política entre os segmentosreflexão política entre os segmentos populacionais, para que esses possam reconhecer seus direitos e deveres, para exercerem sua cidadania. Introdução ao Pensamento Sociológico Apesar da sociedade civil na atualidade não ser mais a mesma do tempo de Gramsci, ele levantou questões fundamentais e apontou caminhos que até hoje permanecem em aberto para se pensar a construção de uma sociedadepensar a construção de uma sociedade radicalmente democrática, que inclui cada vez mais a massa de excluídos e subalternizados pelo atual sistema. Interatividade Para Gramsci, a política é entendida como: a) O conjunto formado pelos organismos privados e sociedade política. b) A análise das características dos processos histórico-sociais.processos histórico sociais. c) A formação dos intelectuais no processo social. d) A união de todos os trabalhadores contra o capital. e) Esfera mediadora entre a produção material e a reprodução da vida humana. ATÉ A PRÓXIMA!
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