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Medicina. UFPE, Campus Agreste Felipe Silvestre, 2018.1 Representam importante problema em Neurologia, visto que são a segunda maior causa de morte no Brasil e uma das três principais nos países industrializados. É a principal doença causadora de incapacidade física. Nas últimas 2 décadas, o prognóstico melhorou devido aos avanços na neuroimagem. EPIDEMIOLOGIA A incidência situa-se entre 81-150 casos/100.000hab. A faixa etária avançada é o principal fator de risco. Cerca de 75% dos pacientes tem AVC agudo tem idade superior a 65 anos e a incidência dobra por década a partir de 55 anos. Predominam sexo masculino até 75 anos e em negros praticamente dobram. Negros e asiáticos tem taxas altas de aterosclerose IC. CLASSIFICAÇÃO É classificada em três grupos: Acidente vascular cerebral isquêmico Hemorragia cerebral intraparenquimatosa Hemorragia subaracnóidea 80-85% dos AVC’s são isquêmicos. O diagnóstico de AVC é fundamentalmente por uma anamnese acurada. Déficit neurológico focal, central, de instalação aguda ocorre em todo AVC. Pode haver manifestações de difícil localização como comprometimento da memória e rebaixamento do nível de consciência. Diagnósticos alternativos devem ser excluídos, como hipoglicemia, hiperglicemia, encefalopatia hepática, epilepsia e etc. Défictis neurológicos focais devem ser investigados para diagnósticos diferenciais. A diferenciação entre os tipos de AVC é importante para o manejo da fase aguda. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO FISIOPATOLOGIA O fluxo sanguíneo cerebral é calculado pela seguinte fórmula: A pressão arterial média menos a pressão intracraniana (PIC) é igual a pressão de perfusão cerebral. A autoregulação do FSC permite fluxo constante. A gravidade da redução do FSC depende do grau de oclusão arterial, se parcial ou total, e a patência da circulação colateral. O comprometimento isquêmico cerebral agudo se traduz em 2 áreas. Zona central isquêmica – redução drástica do FSC, menor que 8-10mL/100g/minuto, abaixo do limiar de falência da membrana, com morte neuronal irreversível Penumbra isquêmica – Neurônios comprometidos, mas viáveis. Rapidamente torna-se zona central. A terapêutica trombolítica tem como objetivo salvar neurônios da penumbra isquêmica, no tempo denominado janela terapêutica. Há subtipos de AVCI, e estes definem o tipo de intervenção terapêutica. Se outras causas excluídas, o subtipo é diagnosticado. Medicina. UFPE, Campus Agreste Felipe Silvestre, 2018.1 ATEROSCLEROSE DE GRANDES ARTÉRIAS A aterosclerose das grandes artérias é chamado de AVC aterotrombótico. Oclusão distal por embolia arterioarterial por trombos fibrinoplaquetários, frequentemente em bifurcações de grandes artérias cervicais supraórtica (carótidas e vertebrais). A aterosclerose do arco aórtico, mostrada por ecocardiograma do arco aórtico, pode ser fonte de embolia cerebral aterogênica. Pacientes apresentam estenose significativa (>50%). As manifestações clínicas envolvem o comprometimento cortical (afasia, negligência, motricidade alterada), cerebelar ou do tronco. História de claudicação intermitente, ataque isquêmico transitório, sopro carotídeo ou diminuição de pulsos ajudam no diagnóstico clínico. A principal artéria acometida é a artéria carótida interna. Lesões isquêmicas corticais maiores que 15mm de diâmetro, definidas por TC ou RM, são potencialmente ateroscleróticas de grandes artérias. O dupplex, angiotomografia, angiografia por RM ou mesmo angiografia digital devem trazer grandes alterações. Endarterectomia é tratamento profilático. EMBOLIA CARDIOGÊNICA Oclusão arterial presumivelmente decorrente de um êmbolo originado do coração. Fontes de alto risco: Válvula prostética mecânica Estenose mitral com fibrilação atrial Trombo no átrio esquerdo Trombo no ventrículo esquerdo Infarto recente no miocárdio Miocardiopatia dilatada Acinesia ventricular esquerda Mixoma atrial Endocardite infecciosa Fontes de médio risco: Estenose mitral SEM fibrilação atrial Contraste espontâneo do átrio esquerdo Flutter atrial FA isolada Válvula cardíaca bioprostética Endocardite trombótica não infecciosa Insuficiência cardíaca congestiva Hipocinesia ventricular esquerda Infato do miocárdio com 4 semanas a 6 meses de evolução Deve se identificar a fonte cardíaca do êmbolo para diagnóstico. Embolia prévia em mais de um território é sugestivo de diagnóstico de embolia cardíaca. Achados clínicos e imagens semelhantes a aterosclerose de grandes artérias, mas com transformação hemorrágica. OCLUSÃO DE PEQUENAS ARTÉRIAS Também chamados de infartos lacunares, são pequenos e profundos, <15mm de diâmetro, e tem como substratos a lipo-hialinose e lesões microateromatosas, acometendo o óstio de artérias perfurantes profundas: Ramos lenticuloestriados da artéria cerebral média Ramos talamoperfurantes da artéria cerebral posterior Ramos paramedianos pontinos da artéria basilar O paciente apresente uma das 5 clássicas síndromes: Hemiparesia motora pura: hemiparesia completa com ausência de alterações sensitivas, por lesão na cápsula interna ou ponte por compromisso das artérias lenticuloestriadas ou perfurantes pontinas, respectivamente. Hemiparesia atáxica: hemiparesia e ataxia com predomínio de paresia crual, por lesão na ponte ou cápsula interna por compromisso das artérias perfurantes pontinas e lenticuloestriadas AVC sensitivo puro AVC sensitivo-motor Disartria-mão-desajeitada NÃO apresenta sinais de disfunção cortical. A história de HAS e DM reforça diagnóstico. O TC e RM são normais ou com lesão no tronco e subcortical. AVC DE OUTRAS ETIOLOGIAS Ocorre geralmente adultos jovens (<45anos) e compreende causas incomuns de AVC, como: arteriopatias não ateroscleróticas (dissecções arteriais cervicocefálicas, displasia fibromuscular, vasculites e etc), e outras afecções (hipercoagubilidade e distúrbios hematológicos, deficiência de proteína C, S e ATIII e etc). As disseções arteriais correpondem a ~20%. Acometem artéria carótida interna cervical e artéria vertebral intra e extracraniana, e ocorrem por traumas trivias como exercício e quiropraxia, mas com influência genética e do ambiente. Fontes cardíacas de êmbolo e aterosclerose de grandes artérias devem ser excluídas. AVC DE ETIOLOGIA INDETERMINADA A causa do AVCI permanece indeterminada em quase um terço dos pacientes. Pacientes com duas ou mais causas potenciais são incluídos nesta categoria. Cada subtipo de AVCI tem frequência relativa a suas Medicina. UFPE, Campus Agreste Felipe Silvestre, 2018.1 características étnicas, geográficas e socioeconômicas. QUADRO CLÍNICO O sistema arterial carotídeo é comprometido em cerca de 70% dos casos, e o sistema vertebrobasilar envolvido nos 30% restantes. O sítio lesional pode ser hemisférico ou infratentorial. No hemisférico 2/3 anteriores são irrigados pelo sistema carotídeo e 1/3 é irrigado pelo sistema vertebrobasilar. No infratentorial, apenas o sistema vertebrobasilar irriga, que abrange tronco e cerebelo. A isquemia acomete apenas parte de um território arterial e a circulação arterial pode ser capaz de prevenir lesões. Principais ramos das síndromes a. carotídeas: Artéria oftálmica Artéria coróidea anterior Artéria cerebral anterior Artéria cerebral média A manifestações mais comuns são: Hemiparesia, hemi- hipoestasia, afasia e negligência. Principais ramos das síndromes vertebrobasilares: Artéria vertebral Artéria basilar Artéria cerebral posterior Artérias cerebelares A manifestações mais comuns são: ataxia, síndrome vestibular, diplopia, hemi-hipoestesia alternada, rebaixamento do nível de consciência. ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO É um déficit neurológico focal, encefálico ou retiniano, súbito e reversível, secundário a uma doença vascular isquêmica, agudo e com duração menor que 24 horas. 80% dos casos o paciente se recupera do déficit quando chega ao hospital. Quase 50% dos pacientes apresentam lesões sugestivas de isquemia aguda, e metade exibia evidências de infarto. A nova definição de AIT leva em consideração a ausência de infarto cerebral nos exames de imagem e duração dos sintomas menor que 1h. O AIT é tão grave quando o AVC e ambos devem ter sinalização de alerta. Afasia - perturbação da formulação e compreensão da linguagem Ataxia - falta de coordenação dos movimentos musculares voluntários e do equilíbrio Diplopia – Visão dupla Hemiparesia – Paralisia branda de uma das partes do corpo Hipoestesia - diminuição de sensibilidade em determinada região do organismo Medicina. UFPE, Campus Agreste Felipe Silvestre, 2018.1 A principal causa do ATI é a oclusão do vaso por material embólico proveniente de placa de ateroma proximal ao vaso ocluído ou de origem cardíaca. ATIs de sintomatologia diferente, sugerem fonte cardíaca. Após um AIT, 10-20% têm AVC em 3 meses, e 50% em até 48h. Dessa forma, sintomas de isquemia cerebral aguda, transitórios ou persistentes, com ou sem infarto, devem ser considerados emergência médica INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL A investigação pode ser dividida em 3 fases: básica, complexa e de risco. BÁSICA Aplicáveis a todo paciente em fase aguda do AVC, os exames são: Hemograma Ureia Creatinina Glicemia Eletrólitos Coagulograma ECG TC do crânio sem contraste A TC do crânio pode ser normal nas primeiras horas, mas pode revelar alterações sutis no córtex (perda de definição do núcleo lentiforme, apagamento dos sulcos, hiperdensidade e etc). FASE COMPLEXA Ocorre depois da suspeita clínica principal e é composta por exames direcionados. RM é superior a TC em avaliação da suspeita de isquemia cerebral aguda, e é preferida para identificar infartos no Tronco e Cerebelo. Se suspeita de vasculite, exame do líquor é indicado. Se suspeita de origem embólica, ecocardiograma transtorácico e transesofágico são indicados. Se suspeita de estenose arterial intracraniana e microêmbolos o Doppler transcraniano. O duplex de artérias carótidas e vertebrais é exame subsidiário para a investigação de risco. FASE DE RISCO Nessa fase da investigação, o duplex de artérias indicará a necessidade de angiografias por RM, helicoidal ou digital. São de risco porque cerca de 1% está associado a AVC ou óbito, principalmente em pacientes idosos com comprometimento vascular cerebral e coronariano. CUIDADOS CLÍNICOS O manejo inicial deve começar com o ABC primário. Se a isquemia atingir áreas que comprometam o nível de consciência ou centros respiratórios, como tronco encefálico e lesões bi- hemisféricas cerebrais ou talâmicas, pode necessitar de intubação orotraqueal para manter SatO2 > 94%. Isso é exemplo da importância de monitorar as funções vitais, algo essencial no cuidado do paciente cm AVC. Monitorar a pressão arterial junto com ECG de 12 canais é primordial. Deve-se realizar cateterização de 2 acessos calibrosos nas veias periféricas, pois o trombolítico precisa ter acesso exclusivo. A avaliação da glicemia capilar é de extrema importância, pois podem simular lesões neurológicas. O próximo passo é a revisão da história, a avaliação neurológica deve ser rápida e eficiente no diagnóstico e estratificação da gravidade, feita pela escala National Institute of Health Stroke Scale (NIHSS) abaixo. Essa escala possui 11 itens que admitem uma pontuação de 0-42. A pontuação obtida pode prever Medicina. UFPE, Campus Agreste Felipe Silvestre, 2018.1 o desfecho do caso, onde o escore menor que 5 indica pacientes que tendem a receber alta, entre 6 e 13 há necessidade de reabilitação, e maior ou igual a 13 necessitam de intervenção em enfermarias. A maioria não necessita utilizar fármacos hipotensores. TRATAMENTO TROMBÓLISE A trombólise intravenosa é considerada método de escolha para o tratamento. A trombólise intra- arterial é menos eficaz na artéria cerebral média hiperdensa. A trombectomia mecânica com instrumentos tem ganhado espaço por janela terapêutica de até 8 horas, útil quando pacientes não podem usar altas doses de fibrinolíticos. Após descarte de hemorragia intracraniana, o paciente deve passar pela análise dos critérios de inclusão e exclusão. O trombolítico de escolha é o alteplase, que é um ativador do plasminogênio tecidual (rt-PA), e único agente com eficácia comprovada para pacientes com AVCI agudo. Usado na dose de 0,9mg/kg (máximo de 90mg) sendo 10% em bolus e o restante fracionado em 1h, tem janela terapêutica de 3h. Drogas anticoagulantes e antiagregantes não devem ser usadas nas 24h que se seguem a trombólise. CONTROLE PRESSÓRICO Visa minimizar complicações hemorrágicas. Quando PAS entre 185-225 ou PAD entre 110-140 mmHg, em 2 medidas com 5 minutos de intervalo, deve-se administrar metoprolol endovenoso, 5mg em 3min e no máximo 20mg. Se a PAS>230mmHg ou PAD>140mmHg, indica-se nitroprussiato de sódio endovenoso (0,5- 10mcg/kg/min). O monitoramente da PA deve ocorrer caso se infunda droga fibrinolítica. Monitora-se PA a cada 15min nas primeiras 2h, e a cada 30min nas 6h, e a cada 1h até 24h. Trombolítico intra-arterial é inserido com janela terapêutica de 6h, particurlamente em casos de procedimetntos endovasculares. Medicina. UFPE, Campus Agreste Felipe Silvestre, 2018.1 TERAPÊUTICA ANTITROMBÓTICA Preconiza-se uso de anticoagulantes na fase aguda do AVC, inicialmente com heparina endovenosa ou HBPM e seguir com varfarina, desde que descartado sangramento intracraniano. Pacientes com infartos cerebrais extensos não devem receber anticoagulação por 1 semana pelo risco de hemorragia. Dissecção arterial cervicocefálica e trombofilias são candidatos a terapêutica anticoagulante. Nos pacientes sem indicação de anticoagulação, administra-se ASS 100-300mg/dia. O paciente pode piorar de quadro devido a trombose progressiva, embolia recorrente ou edema secundário, além disso, pneumonia e tromboembolismo pulmonar. A profilaxia se dá por fisioterapia, mobilização precoce, meias elásticas, HBPM e etc. CIRURGIA DESCOMPRESSIVA Lesões isquêmicas hemisféricas maciças com volumoso edema cerebral e grande efeito de massa, os infartos malignos da artéria cerebral média, sintomático no 2º ao 5º dia, presente em 1-10% dos pacientes, e mortalidade em 70-80%, mesmo com medidas clínicas. A craniectomia descompressiva precoce em até 48h do AVC reduz significativamente a mortalidade. Infartos cerebelares extensos cursam com compressão do IV ventrículo e hidrocefalia, caso indicativo da cirurgia, antes da herniação causadora de agravamento. Craniectomiade fossa posterior é indicada. ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS Antiagregantes plaquetários são comprovadamente eficazes na prevenção da trombose arterial e embolia arterioarterial, reduzindo em 25% o AVC. A aspirina for a primeira comprovada, e ainda é primeira linha. Ela causa bloqueio total e permanente da cicloxigenase, levando a inibição da síntese de tromboxano A2 a partir do ácido araquidônico, tal efeito antiagregante persiste por até 10 dias (meia-vida da plaqueta), e a dose recomendada é de 100- 300mg/dia. Usado também na fase aguda. A ticlopidina, antiagregante plaquetário que inibe a exposição, induzida pelo ADP, do sítio de ligação do fibrinogênio, é ligeiramente superior a aspirina, porém de custo maior e 2x/dia, e deve ser monitorado por riscos de neutropenia grave e púrpura trombocitopênica trombolítica. O dipirimadol, droga inibidora de fosfodiesterase, +aspirina é prevenção do AVC e é superior a aspirina isolada em 13%. Cloridrogel é semelhante a ticlopidina, mas com efeitos semelhantes a aspirina e menos efeitos colaterais. Habitualmente se uso Cloridrogel+Asprina 30 dias antes e depois de angioplastia com instalação de stent, após isso somente um antiagregante é mantido. ANTICOAGULAÇÃO A heparina ou HBPM não são recomendadas para tratamento agudo do AVC. Pacientes com fonte cardíaca do AVC devem ser submetidos à anticoagulação com varfarina ou novos anticoagulantes orais (dagigatrana, rivaroxabana ou apixabana). Estado de hipercoagubilidade e dissecação arterial cervicocefálica também sugerem tratamento com varfarina. Estudos provaram a endarterectomia carotídea em situações de estenose severa, entre 70-99%, na prevenção de AVC severo ou fatal. Mas, indicação controversa para pacientes assimtomáticos. A angioplastia com stent é menos invasiva e indicada para pacientes com alto risco cirúrgico, visto que a angioplastia com stent, aliada a sistemas de proteção distal, não é inferior a endarterectomia carotídea. Medicina. UFPE, Campus Agreste Felipe Silvestre, 2018.1 HEMORRAGIA CEREBRAL INTRAPARENQUIMATOSA CONCEITO Consiste na ruptura de um vaso intracraniano com extravasamento de sangue diretamente no parênquima cerebral. Ocorre em 15-33hab/100.000. Apresenta elevada morbidade e mortalidade, mais de 1/3 dos pacientes morrem em 30 dias. Representa 10- 20% dos AVC. Há dois tipos de localização: 1. Profunda: Acomete núcleos da base, tálamo, ponte e cerebelo 2. Lobar: Acomete lobos cerebrais (<1cm da superfície) Tem múltiplos mecanismos, a HAS é seu principal agente etiológico sendo responsável pela maioria dos casos. Em adultos jovens malformações vasculares e uso de drogas predominam como causa. Em pacientes com 50 a 70 anos predomina a HAS. Em idosos não hipertensos, a angiopatia amilóide cerebral é causa comum de HIP de localização lobar. As HIP hipertensivas acometem mais comumente putâmen e tálamo. Surgem da ruptura de pequenas artérias perfurantes, pelo processo degenerativo de lipo-hialinose. O período de sangramento pode ser breve e autolimitado, mas em um terço o volume aumenta dramaticamente em 3h. FISIOPATOLOGIA Fatores de risco: Idade avançada Sexo masculino Uso de anticoagulantes plaquetários Consumo excessivo de álcool Controle ineficaz da hipertensão arterial sistêmica Presença de microorganismos cerebrais HAS está presente em 80% dos casos. A ação crônica da hipertensão sobre as paredes da artérias cerebrais provoca progressiva hiperplasia das células musculares lisas com substituição por colágeno, e o enfraquecimento da parede das artérias e propensão a ruptura vascular. Fenômeno de lipo-hialinose, que ocorre principalmente em pequenos vasos profundos, o que explica maior localização nos gânglios da base, tronco e cerebelo. A angiopatia amilóide ocorre por depósitos de amilóide em pequenas artérias do córtex e leptomeninges com sangramentos lobares, recorrentes, e em diferentes regiões simultaneamente. HIC associada a hemorragia subaracnóidea é mais comum de aneurisma. Dentre os tumores os mais comuns são: Glioblastomas multiformes, metástases de melanoma, carcinoma broncogênico, coreocarcinoma e carcinoma de células renais. Hemorragias associada ao uso de anticoagulantes ocorre porque o risco com uso aumenta 8-11x, principalmente em idade avançada, diabéticos, hipertensos, e antecedentes de AVC. A progressão é mais lenta, 48-72h, com grandes volumes. QUADRO CLÍNICO Tem duas vertentes: 1. HIC aguda (cefaleia, vômitos e rebaixamento do nível de consciência) 2. Específica do sítio de sangramento Déficit neurológico focal súbito é o sintoma mais frequente. Rebaixamento do nível de consciência, estupor e coma são por maior volume de hematoma e acometimento de fossa posterior. 0 – 0% 1 – 13% 2 – 26% 3 – 72% 4 – 97% 5 – 100% Medicina. UFPE, Campus Agreste Felipe Silvestre, 2018.1 A intensidade do quadro é proporcional ao volume do hematoma. Diferente do AVCI, o AVCH é progressivo em horas. Pode haver extensão do sangramento para sistema ventricular podendo causar hidrocefalia se, por exemplo, obstruir aqueduto de Sylvius. O edema cerebral do tipo vasogênico tem pico de 24-48h. EXAMES COMPLEMENTARES A TC do crânio é essencial e avalia a extensão para o sistema ventricular e ocorrência de hidrocefalia. Se houver piora, deve-se repetir TC. TC tem vantagem de associação como angiotomografia. HIC associadas a aneurismas A RM pouco acrescenta à TC, mas se o paciente for adulto jovem a RM é importante para detectar angiomas e malformações arteriovenosas. A angiografia cerebral é indicada para pacientes com suspeita de aneurismas saculares e malformações arteriovenosas. TRATAMENTO À admissão, verifica-se sinais vitais e estabiliza-se. Se Glasgow <8, entubação orotraqueal faz-se necessária. Uma boa saturação não é suficiente, hipercapnia pode exarcebar HIC. A redução agressiva da PA é favorável no tratamento. A PAS deve estar abaixo de 140mmHg até 1 hora da admissão e estabilizar isso em 7 dias, usando o nitruprussiato de sódio. Combate rigoroso a hipertermia e hiperglicemia. Se houver PIC aumentada, deve-se reduzir continuamente a pressão até a pressão de perfusão cerebral (PPC) >60mmHg. Se heparina Sulfato de protamina Se varfarina Concentrado complexo protrombínico OU plasma fresco congelado + Vitamina K Medicina. UFPE, Campus Agreste Felipe Silvestre, 2018.1 Manitol (0,25-1g/kg) em infusão rápida a cada 4h, hiperventilação, analgesia e sedação em caso de deteriorização neurológica. TRATAMENTO CIRURGICO Indicações cirúrgicas: Hematoma lobar <1cm da superfície cortical e grande volume Hematoma profundo de grande volume Hemorragia intraventricular com sinais de hidrocefalia Piora neurológica em jovens Hemorragia cerebelar Hemorragia temporal Aneurisma sacular Malformações arteriovenosas Angioma cavernoso HEMORRAGIA SUBARACNÓIDE CONCEITO Pode ser definida como extravasamento de sangue para o interior do espaço subaracnóideo pela ruptura da parede das artérias e/ou veias cerebrais que se situam no espaço do LCR. Compreende duas formas: traumática e espontânea. A forma espontânea compreende 10% dos AVC. O principal fator etiológico é o aneurisma intracraniano (AIC).10% morrem antes de cuidados por AIC. A taxa de mortalidade chega a 40%, e 50% dos pacientes nos próximos 6 meses. A idade média de ruptura do AIC é de 50-55 anos. As mulheres são as mais acometidas. Os pacientes negros tem um maior risco. Fatores de risco importantes, por nível de importância, são: Tabagismo, HAS, etilismo e história de HSA. O aneurisma sacular ou congênito compreende 90% dos casos e se localiza no nível das bifurcações das grandes artérias intracranianas, no polígono de Willis. HAS e aterosclerose interagem com aneurisma. A HSA espontânea tem malformações arteriovenosas, angiomas, discrasias sanguíneas, uso de drogas, tumores intracranianos, TVC e angiites como causas comuns. FISIOPATOLOGIA DO ANEURISMA Aneurisma é uma dilatação anormal localizada num vaso sanguíneo ou coração, congênito ou adiquirido. Aneurisma verdadeiro é o que envolve parede intacta, já o pseudoaneurisma ou falso aneurisma é quando há uma ruptura e formação de hematoma extravascular. Os aneurismas são classificados por forma e tamanho. Os aneurismas saculares são bolsas esféricas que variam de 5-20cm e costumam conter trombo. Os aneurismas fusiformes são aqueles que tem dilatação difusa e circunferencial e variam diâmetro em até 20cm com amplo comprimento. As artérias são íntegras por manterem síntese, degradação e reparo dos danos fisiológicos. Se o tecido conjuntivo é comprometido o aneurisma pode surgir. Dentre os motivos temos: Síndromes congênitas (Síndrome de Marfan, Loeys- Dietz), O equilíbrio entre degradação e colágeno alterado. Isso ocorre por aumento de infiltrados inflamatórios e enzimas proteolíticas, que aumenta macrófagos ativos na placa aterosclerótica ou vasculite. Pode haver predisposição genética. Hipertensão sistêmica pode causar estreitamento significativo das arteríolas, que causam isquemia da camada média externa, que levam a alterações degenerativas e formação de cicatrizes e perca de fibras elásticas, e perca de células musculares lisas Embolização de trombo séptico (Endocardite inf.) Infecções diretas na parede arterial (sífilis terc.) Por isso HAS e aterosclerose são fatores tão importantes de aneurisma. Medicina. UFPE, Campus Agreste Felipe Silvestre, 2018.1 QUADRO CLÍNICO HSA é decorrente de ruptura de AIC. Apresenta-se como cefaléia intensa de instalação ictal (pior dor da vida), dor cervical, náuseas, vômitos, fotofobia e perda de consciência. Exame físico mostra sinais de irritação meníngea, hemorragias retinianas e sinais neurológicos focais. Paralisia do nervo oculomotor nos aneurismas de artéria comunicante posterior e paralisia do nervo abducente nas hemorragias de HIC. Pode ocorrer cefaléia mais leve precedendo de 2 a 8 semanas a HSA, que representa instabilização da parede do aneurisma (cefaléia sentinela). A cefaléia pode ser isolada em até 40% das vezes. O mau prognóstico está associado a depressão da consciência, idade avançada e sangue visualizado a imagem. DIAGNÓSTICO TC sem contraste é exame essencial. Revela hidrocefalia, hematoma intraparenquimatoso e edema cerebral. O exame do LCR deve ser indicado a todo paciente com TC duvidosa ou negativa, na busca de hemácias e xantocromia (cor diferente). Minucioso exame dos vasos intracranianos. Se a dúvida persistir, arteriografia digital cerebral está indicada. Sinais de isquemia do miocárdio ocorre em 25% dos pacientes com anormalidades no ECG. TRATAMENTO Prioritariamente na emergência de alta complexidade, garantindo vias aéreas, ventilação adequada e estabilidade hemodinâmica. Se preocupação com o nível de consciência, deve manter-se entubado e prevenir hipercapnia. Analgesia – Paracetamol e codeína Rigoroso controle de PA Combater hipertermia e hiperglicemia Nimodipino reduz risco de complicações isquêmicas, 60mg 4h/4h por 3 semanas. Fenitoína para prevenir crises epilépticas. Dexametasona para reduzir inflamação O tratamento do aneurisma é por clipagem neurocirúrgica microvascular COMPLICAÇÕES Vasoespasmo sintomático cerebral refere-se a uma série de sintomas de deteriorização neurológica por constrição de artérias cerebrais associado ao grande volume de sangue. entre 3-12 dias depois do HSA. Doppler transcraniano seriado é o melhor para prever. Nimodipina 60mg/4-4h VO em 21 dias pós- sangramento é forma de prevenção. Se aneurisma tratado, aumentar pressão faz parte do tratamento. Se falha terapêutica, angioplastia e drogas vasodilatadoras parecem uma opção promissora. TROMBOSE VENOSA CENTRAL Geralmente ocorre em adultos jovens ou crianças. Mulheres são mais acometidas. A TVC pode ser séptica ou asséptica. As formas assépticas predominam sobre as tromboflebites, podendo acometer seios venosos durais e sistemas venosos superficial e profundo. O envolvimento de múltiplos seios e veias é regra. 20% dos TVC não tem causa definida, e 70% estão protrombóticos. QUADRO CLÍNICO Instalação é gradual, podendo manifestar-se aguda, subaguda e crônica. Cefaleia é comum em 90% dos casos. Sintomatologia focal, déficits neurológicos, crises epilépticas parciais e alteração do nível de consciência. DIAGNÓSTICO A TC pode visualizar trombo no interior do seio dural. Mas, a RM/Angio-RM é padrão ouro para diagnóstico de TVC. LCR encontra-se muitas vezes alterado. TRATAMENTO Antibioticoterapia se séptico, controlar convulsões e manifestações de HIC. Anticoagulação com heparina não fracionada ou dose de HBPM, seguido de varfarina VO.
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