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Resumo caps 1 e 2 Vinte Anos De Crise

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - CAMPUS BALNEÁRIO CAMBORIÚ
Curso: Relações Internacionais
Disciplina: Introdução às Relações Internacionais I
Professor: Daniel da Cunda Corrêa da Silva
Acadêmica: Ana Paula De Marco
RESUMO
CARR, Edward H. Vinte Anos de Crise 1919 – 1939. Brasília: Editora UnB, 2001. pp. 3 - 29.
Edward Carr inicia o primeiro capítulo de seu livro, Vinte Anos de Crise, relembrando que a ciência da política internacional ainda é uma ciência muito recente. Até 1914, antes da Primeira Guerra Mundial, a diplomacia era considerada negócio de diplomatas, e a guerra, negócio de soldados. Não se falava de diplomacia em muitos lugares - o tema não era debatido em Universidades e tampouco em círculos mais intelectuais. A política internacional não recebia grande atenção, a não ser pelos profissionais da área, a quem era atribuída toda a responsabilidade de se tomar conta dos assuntos internacionais e tudo que os envolvesse. Essa perspectiva acerca das relações internacionais só sofreu alteração com o advento da Primeira Guerra, que durou de 1914 a 1918 e, por ser de tão grande porte, pôs fim ao pensamento de que era negócio de soldados, já que não afetava somente a eles. Os tratados secretos foram injustamente apontados como causas da Guerra, embora se houvesse um conhecimento geral acerca deles e haja uma parcela de culpa na falta de interesse e atenção das pessoas a respeito dos mesmos. De qualquer modo, foi a partir daí que nasceu o clamor pela popularização da política internacional, sendo este o berço dessa nova ciência.
Em muitas das partes do texto de seu primeiro capítulo, O Começo de uma Ciência, Carr usa de comparações entre as ciências físicas, como a medicina, com a ciência política para demonstrar como essa nova ciência se diferencia das demais. Segundo sua linha de raciocínio, o objetivo da medicina - erradicar as doenças - não faz parte do processo que se precisa realizar até alcançá-lo, e tampouco depende da vontade das pessoas. Um dos exemplos dados pelo escritor é de que a vontade de muitas pessoas a respeito da erradicação de uma doença não torna esse objetivo mais próximo, enquanto que a vontade das pessoas que houvesse paz e segurança mundial fariam diferença, sendo os fins da ciência política intrinsecamente ligados aos seus meios. Portanto, objetivo e análise se tornam partes importantes - e indivisíveis - de um único processo.
O objetivo final não se deve ser separado do processo de investigação dos fatos, pois um corpo político não funciona da mesma forma que o corpo humano. Nas ciências políticas, o simples fato de querer mudar os fatos já é um fato em si. O objetivo deve ser considerado, portanto, como um fato, sendo relevante à investigação e inseparável dela, ao contrário das ciências físicas, cujo objetivo é apenas algo a ser alcançado, sendo mais como o fim do caminho do que parte do caminho em si.
No segundo capítulo, Utopia e Realidade, Carr apresenta e procura explicar uma série de antíteses: livre-arbítrio e determinismo; teoria e prática; o intelectual e o burocrata; esquerda e direita e ética e política, que podem ser comparadas à antítese da utopia e da realidade para compreender melhor esse tema. Começando pelo livre arbítrio e o determinismo, o escritor aponta que o utópico tem uma tendência a rejeitar a realidade, privando-se de entendê-la, e ingênua e voluntariamente substituí-la pela sua utopia, enquanto que o realista se detém a analisar a realidade sem a possibilidade de transformá-la, se prendendo ao passado e à causalidade.
Na segunda antítese, dessa vez entre teoria e prática, Carr fala sobre como a teoria e a prática, separadas e sozinhas, não servem para poder compreender e transformar a realidade, e essa relação é distorcida tanto pelo utópico quanto pelo realista. O utópico vê o objetivo como o único fato relevante, habitando um mundo de sonhos que se distancia da realidade, onde se pode observar uma série de fatos opostos ao que ele concebe como realidade, enquanto que o realista facilmente compreende que essa “realidade” utópica não é um fato, mas sim uma aspiração que está enraizada na realidade de uma forma não compreendida pelo utópico. Porém o realista cai num determinismo pré-concebido ao considerar que o objetivo é somente produto de outros fatos, ignorando que a teoria é parte transformadora do processo. O processo político não se resume na aplicação prática da teoria, como acreditam os utópicos, e tampouco em uma sucessão de fenômenos causais, como defendem os realistas - ele precisa, na realidade, ser baseado na interdependência entre teoria e prática, entre utopia e realidade.
A terceira antítese apresentada por Carr é a do intelectual e do burocrata: o primeiro, condicionado a pensar aprioristicamente, e o segundo, a pensar empiricamente, segundo ele. Esse embate entre intelectuais e burocratas se intensificou principalmente durante o período entre as Grandes Guerras, quando utópicos se uniram para reforçar e expandir sua ideia de que o problema das relações exteriores e a existência da Guerra vinha do fato de que as relações entre os países estavam nas mãos de diplomatas profissionais. O próprio presidente dos Estados Unidos da América, Woodrow Wilson, compactuava com esse pensamento e acreditava que a paz reinaria se os problemas internacionais não fossem mais responsabilidade dos diplomatas - que, segundo ele, estavam focados a atender seus próprios interesses, e passasse para as mãos de “cientistas desapaixonados” que “estudaram as questões envolvidas”. Ao mesmo tempo em que se buscava um clamor público contra os diplomatas, os burocratas também desconfiava das intenções dos intelectuais entusiasmados com a segurança coletiva, o desarmamento geral e a ordem mundial, que ao seu ver pareciam resultados da divisão entre teoria pura e experiência prática.
Em esquerda e direita, terceira antítese apresentada, Carr aponta que as antíteses entre utopia e realidade e teoria e prática acabam se reproduzindo, mais tarde, na dicotomia entre o radical e o conservador, embora nem todos os partidos que carreguem esses rótulos sejam, necessariamente, radicais ou conservadores de fato. O conservador é realista, enquanto o radical é utópico. A principal fraqueza da direita é sua inacessibilidade de ideias e escassez de teorias, enquanto a esquerda é fraca em tentar reproduzir suas teorias na prática. Citando o filósofo nazista Moeller van den Bruck, “a esquerda tem razão, enquanto a direita tem sabedoria.” A esquerda é provida de princípios e ideais que ela mesma desenvolve, mas não de experiência prática. É mostrado na história que, por diversas vezes, a esquerda tem uma tendência a abandonar sua utopia doutrinária e migrar para a direita, mas de manter o título de esquerda, contribuindo para aumentar a confusão a respeito das terminologias da política. Em contrapartida, a direita possui prática, e não teoria, não podendo comparar a perfeição teórica com as imperfeições da prática.
Para finalizar, a última antítese apresentada por Carr é entre ética e política. O utópico organiza padrões éticos que, segundo eles, são independentes da política e tenta tornar a política adaptável a esses padrões. O único padrão seguido pelos realistas, no entanto, é o padrão dos fatos, e segundo sua visão das coisas, o padrão dos utópicos só pode ser político, já que esse se dita e condiciona pela ordem social. Todas essas oposições, que provém da antítese entre utopia e realidade, emergem de um detalhado estudo das atuais crises da política internacional.

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