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Ensino Médio e Educação Profissional

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Inicialmente e visando contribuir com a dinâmica de trabalho e elaboração de tarefas, no intuito de levar a uma reflexão saudável sobre o Ensino Médio e a Educação Profissional, vamos recordar a citação de Paollo Noselha, na qual afirma: “(...) o trabalho como produção coletiva da existência humana é o principio educativo geral de todo o sistema escolar (...)”. Ainda Paollo, “(...) a especificidade pedagógica do Ensino Médio decorre do momento vivido pelo jovem em busca de sua definição moral, intelectual e social (...)”. [1: Professor do PPGE da universidade Nove de Julho (UNINOVE-SP) e colaborador do PPGE da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).]
“Por ser a fase final do Ensino Básico de caráter formativo, não pode ser profissionalizante. É o momento da aprendizagem marcada pela passagem da heteronomia para uma fase cada vez mais autônoma. A consideração de que o Ensino Médio deve priorizar a preparação (imediata ou remota) para o mercado é admitir a legitimidade da profissionalização precoce. A atual apologia do ensino profissionalizante e a ampliação desse sistema escolar é uma declaração da falência e do abandono do Ensino Médio humanista, “culturalmente desinteressado”, destinado a preparar dirigentes. Consequentemente, é uma indisfarçável expressão do engessamento e do agravamento da dualidade social e escolar. O texto critica o Estado por não centrar suas politicas publicas no resgaste qualitativo de todo o sistema regular não profissionalizante do Ensino Médio. ’ [2: Texto apresentado no VI Colóquio de pesquisa sobre Instituições escolares, promovido pelo LIPHIS do PPGE da UNINOVE-SP (27/08/2009) e no encerramento do V Simpósio sobre Trabalho e Educação, promovido pela FAE/NETE da UFMG/BH (28/08/2009). O mesmo texto foi apresentado no Seminário Nacional de Políticas para o Ensino Médio, a convite do Ministério da Educação, Brasília, 23, de set.2009.]
Obviamente, o debate sobre o Ensino Médio se aguçou sobretudo pelo grande crescimento das suas matrículas em decorrência do aumento dos concluintes do Ensino Fundamental. Os dados levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-IBGE, 2008) mostram que o atendimento aos jovens de 15 a 17 anos, pela primeira vez, superou a barreira de 84% (Jornal Folha de S. Paulo, 19/09/09). Infelizmente, diante desse crescimento, muitos se preocupam tão somente em “acomodar” socialmente tamanha demanda de jovens em busca de formação. Esperam, inclusive, tirar proveito material dessa mão de obra juvenil e, por isso, pensam em profissionalizá-la rápida e precocemente. Assim, fazem diariamente a apologia do ensino técnico e profissionalizante. [3: Apologia: é um modo de defesa, suporte ou apoio em prol de algo ou alguém, normalmente desenvolvido em forma de discurso ou texto escrito.Por norma, as apologias fazem referência ao suporte de ideologias, doutrinas, pensamentos filosóficos, obras artísticas e etc.]
Citemos, como exemplo, o editorial da Folha de S. Paulo intitulado Mão de Obra difícil: “A Recente aprovação, no Senado, da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica é um passo pequeno, ainda que na direção correta, para preencher uma das grandes lacunas na formação dos brasileiros: o ensino profissional. A rede pretende organizar o setor a partir da integração das atividades dos centros federais tecnológicos, escolas técnicas, agrotécnicas e vinculadas às universidades federais. Foram criados 38 institutos, abrangendo todos os Estados e o Distrito Federal. Paralelamente à reorganização, está em curso um aumento considerável no total de escolas. Pelos planos oficiais, o número de instituições de perfil técnico chegará a 354 em 2010 - atualmente são 215. O objetivo é ampliar a oferta de vagas para 500 mil. Se a expansão se concretizar, mais que triplicará o número oferecido em 2003 -160 mil. Para ser bem-sucedida, é importante que essa expansão contemple principalmente os alunos do ensino médio. Infelizmente, a responsabilidade da educação profissionalizante tem sido transferida no período recente para o ensino superior”. (Jornal Folha de S. Paulo 28/12/08)
Não nos enganemos, não é amor à escola do trabalho. É um movimento político de acomodação social e de exploração de mão de obra jovem. É um movimento politico para uns de acomodação social e para outros de exploração de mão de obra jovem. No amago dessa movimentação politica, muitos confessam duvidas injustas e discriminatórias como: todos precisam ir para a universidade? Por que não priorizar um ensino médio técnico que ofereça um diploma profissional com o qual os filhos de trabalhadores possam ingressar imediatamente no emprego? Alias, para muitos, a ideia de oferecer cursos rápidos, práticos, que atendam ao mercado e “acomode” muitos jovens se apresenta como democrática. Consequentemente, dizem, isso irá fortalecer também o tradicional ensino médio “abstrato”, “demorado”, embasado numa cultura geral “desinteressada” ou “inútil”. “Por isso, a problematização sobre a politica de educação profissional, que tem como referencia a produção de conhecimento na área e as lutas sociais, desafiou-nos a analisar o percurso tomado por essa politica (...) que representa, na verdade, a disputa entre os setores progressistas e conservadores da sociedade brasileira pela hegemonia nesse campo. Em razão do exposto, nesse texto refletidos sobre a nossa participação e a de outros estudiosos da área Trabalho e Educação em muitos fóruns de discursão e de polemica sobre os rumos dados a educação e a certificação profissional, ao ensino médio, ao ensino médio técnico e, mais recentemente, a educação de jovens e adultos”. [4: Frigotto et all., 2005ª, 2005b; Frigotto, 2005; Ciavatta, 2005; Ramos, 2005; Ferreira & Garcia, 2005; Costa & Conceição, 2005; Rodrigues, 2005; Kuenzer, 2003). ]
Segundo Paollo Nosella, qual a razão de não se criar escolas de Ensino Médio com currículos diferenciados voltados para o científico, para a escola clássica, técnicas, artísticas, de comunicação, magistério, dentre outros? “O estado Novo foi um regime muito contraditório. (...) Houve a criação do SENAI e do SENAC que foram consideradas iniciativas interessantes para formação de mão de obra. Capanema tinha uma certa rivalidade com aquilo, ele preferia fazer as Escolas Técnicas, uma em cada Estado, que ele acabou fazendo. Por incrível que pareça, acho a organização do ensino secundário que ele fez muito mais realista do que a lei da ditadura (5692/71), essa lei de colocar o profissionalizante metido numa escola, uma coisa inteiramente irreal. Ele fez logo as coisas as claras, fez o ensino secundário, o único que conduzia a universidade, e fez, em segundo lugar, um ensino industrial, um ensino comercial, um ensino agrícola para as classes de nível econômico baixo e o ensino normal. Assumiu as classes sociais: não sei se é elogiável, mas é interessante. (LEME, P.1988, não publica)”. Em concordância com Nosella, esses cursos apresentariam o rigor cientifico, duração adequada, conteúdos essenciais e com condições de acesso ao curso superior. Podendo manter a unitariedade, por meio de uma disciplina comum a todos eles sobre a historia do trabalho, por exemplo. As escolas seriam diferentes entre si, porém, com um eixo central vigoroso. Quais duvidas que poderiam ser criadas em relação a esse tipo de escola?
“O que fazer com os milhares de jovens que estão entrando no mercado de trabalho todo ano? Não seria o ensino médio técnico uma forma de ampliar a formação dos jovens que já estão entrando no mercado de trabalho? Seria injusto negar a estes jovens um processo de qualificação que valorize a sua inserção no mercado de trabalho? Ou seja, o ensino técnico é uma necessidade atual decorrente da dualidade estrutural. Sendo uma necessidade, devemos também nos ocupar de qualifica-los”. [5: Professor Dr. Ronaldo Lima araujo – email ao educador deste, em 14 de set.2009.]
“Uma politica centrada na recuperação da qualidade do Ensino Médio não profissionalizante não significa abandonar osmilhares de jovens forçados a entrarem precocemente no mercado de trabalho todo ano. Ao contrario. É sempre oportuno lembrar, inclusive que a iniciativa privada é muito sensível à demanda do mercado. Ao Estado compete supervisionar e controlar essas iniciativas, pois sua principal tarefa educacional é oferecer um Ensino Médio popular não profissionalizante, de qualidade do ensino. Ou seja, o objetivo de formar dirigentes não é errado em si. O antigo Ensino Secundário Público precisava ser didaticamente atualizado e democratizado, não rebaixado. Isto é, seu objetivo de formar dirigentes modernos para uma sociedade urbana pós-agraria permanece válido desde que suas portas estejam objetivamente abertas a todos os cidadãos. Para não recuperar qualitativamente o sistema do Ensino Médio Regular, o Estado se trincheira ideológica e politicamente em projetos assistenciais de formação técnica e profissional universal. Afinal, se a Sociedade Politica não cuidar deste Ensino, a sociedade Civil jamais o fará.” 
Ao analisar a visão de Silvia Manfredi nos deparamos coma seguinte opinião: “A pesquisadora e professora livre docente da Unicamp, Silvia Maria Manfredi, fez uma participação especial nas atividades autogestionadas desenvolvidas pela superintendência de educação profissional (Suprof), no fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica. Durante a mesa redonda sobre o trabalho como principio educativo, Silvia Manfredi falou sobre certificação profissional”. Manfredi abordou as diferentes concepções de certificação:
Diploma: A primeira delas refere-se à certificação formal, ou seja, a que é conferida pelas unidades de ensino para habilitar a pessoa a exercer determinada profissão;
Certificado: A outra concepção é a de origem francesa denominada de Validação das Aprendizagens adquiridas através da experiência.
A terceira concepção de certificação discutida pela pesquisadora foi a que agrega além da experiência do trabalho, a experiência de vida do trabalhador (a). “Essa é a concepção que a gente defende, porque a gente acredita que o individuo vai construindo conhecimentos ao longo da vida nos diferentes espaços sociais, seja igreja, na família, no sindicato, nos movimentos sociais e que esse tipo de experiências e conhecimentos geralmente são desqualificados.” A certificação para nós seria o resgate desses saberes e conhecimentos, respaldada na visão Freiriana “saberes de experiências feitas”, afirmou. Na oportunidade, a professora destacou a expansão da Educação Profissional da Bahia, a partir da territorialidade, ou seja, considerando as demandas do Território, de maneira a garantir a inserção dos jovens e trabalhadores (as) no mundo do trabalho no seu local de origem. “A territorialidade é um sonho para mim, sempre batalho para fazer isso porque o que a gente acredita é numa formação, certificação e orientação de maneira integrada, é um trio, e a territorialidade considera os saberes locais. É um (VAE) que identifica reconhece e legitima conhecimentos, saberes, competências do individuo como trabalhador.”
Para concluir, vamos ler a historia de Maicom e os parágrafos que seguem por Nosella. “(...) Maicom será encaminhado para uma prática produtiva imediata e/ou para um curso profissionalizante rápido que o ajude a desempenhar algum serviço remunerado. Qual a tendência profunda ou talento de Maicom? Vários. Mas não haverá tempo e condições materiais para ele identifica-lo e cultiva-lo. Na melhor das hipóteses, será uma matricula entre as mais de 90% do ensino médio regular publico”. “(...) Quem poderá abrir-lhe o horizonte da possibilidade concreta e pessoal de ser um dia um futuro dirigente? Como lhe mostrar que no futuro deverá exercer alguma atividade prática produtiva, mas também se tornar um cidadão pleno, isto é, um dirigente? Como fazer com que acredite sinceramente nisto? Quem o educará nesse sentido, formando-o na profissão para a qual demostra mais talento e na responsabilidade politica? A resposta é que compete ao Estado educar nessa perspectiva todos os milhões de “Maicoms” da nação, por meio de um estudo de elevada qualidade, de amplo espectro cultural, não assistencialista. Para conseguir esse objetivo, o Estado precisa priorizar em suas politicas o ensino médio regular, reduzindo aos poucos as inúmeras ramificações de formação profissionalizante. Por isso, é obrigação do Estado possibilitar à família de Maicom sobreviver sem a contribuição imediata deste adolescente, oferecer um ensino médio rico de recursos didáticos, onde se leiam, entre outros, os épicos, de Homero, o Discurso de Cícero contra Catilia, o Dialogo Sobre os Dois Maiores Sistemas, de Galileu, Memórias do Cárcere de Graciliano Ramos. Onde se estudem e discutam os velhos e novos instrumentos tecnológicos; onde se organizem viagens de estudo para vários lugares do Brasil e também (por que não?) para o exterior; (...) onde os alunos sejam orientados e acompanhados individualmente nas atividades de seu gosto, dentro ou fora da escola, durante o período oposto ao horário da escolarização obrigatória. Somente quando Maicom conseguir se projetar espiritualmente como um futuro dirigente desta sociedade, tomarão sentido para ele os debates de cultura geral acima exemplificado. Caso contrário, seu interesse encolherá em aspectos prático-profissionais. Esse ensino médio não é muito caro; muito caros (queridos) são os nossos adolescentes, sobretudo os que precisam correr atrás do enorme prejuízo causado pela falta de capital cultural, social e econômico”. [6: NORSELLA, P. A Escola Profissional de São Carlos. São Carlos, Edufscar, 1998.]
Atividade Proposta: (Fórum)
Assista ao vídeo intitulado “Globo Repórter – Educação Profissional – Parte 1, da Central Globo de Jornalismo” no site do YouTube. Após assistir reflita sobre o contexto apresentado e analise as concepções e realidades da Educação Profissional, a partir da entrevista. Para ter mais esclarecimentos veja também à reportagem, do mesmo site parte 7, buscando sempre uma reflexão sobre o tema.
https://www.youtube.com/watch?v=1FsiIDS2ge0 
https://www.youtube.com/watch?v=Whtm0S9Ioz0

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