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1 PODER EXECUTIVO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA Amanda Ribeiro França PORTFÓLIO DAS AULAS DE SAÚDE COLETIVA IV Manaus 2018 2 AMANDA RIBEIRO FRANÇA PORTFÓLIO DAS AULAS DE SAÚDE COLETIVA IV Portfólio das aulas ministradas na disciplina de Saúde Coletiva IV pela Universidade Federal do Amazonas, sob a orientação do professor Antônio de Pádua Quirino Ramalho, para a obtenção de uma nota parcial da disciplina. Manaus 2018 3 SÚMARIO QUEM SOU EU? .......................................................................................4 INTRODUÇÃO...........................................................................................6 AULAS MINISTRADAS ............................................................................7 CONCLUSÃO..........................................................................................26 REFERÊNCIAS.......................................................................................27 4 Posso dizer que quem sou é fruto dos lugares e pessoas com quem convivi até hoje. Costumo brincar quando me perguntam de onde eu sou, que pertenço a várias cidades e a nenhuma ao mesmo tempo. Nasci no interior do estado de São Paulo (Fernandópolis), cidade da minha família materna e paterna, onde vivi somente 4 anos. Nessa idade, meus pais resolveram seguir uma nova trajetória em suas vidas: nos mudamos para o interior de Rondônia (Ariquemes), uma pequena cidade com 100 mil habitantes. Considero-me rondoniense não só por ter passado maior parte da minha vida lá, mas pelo carinho que nutro até hoje pelas pessoas que conheci. Onde passei minha infância e fui instruída aos valores de vida pelos meus pais. Sempre fui uma criança carinhosa e afetuosa, características que perduram até a atualidade e que, de certa forma, me inclinaram a desejar o curso de medicina. Tive a oportunidade de ter uma vida de privilégios, sempre estudei em escola particular, frequentava aulas de natação, ballet e inglês. Em Ariquemes pude conhecer uma realidade diferente da que estava acostumada no Sudeste, essa variedade regional, sem dúvidas, me faz ver o país em que vivo diferente, como sendo plural em sua diversidade cultural. Aos quinze anos já almejava ser médica, então pedi a minha mãe que me deixasse ir embora para estudar em outro estado que talvez pudesse aumentar minhas chances de ingresso numa universidade. Muito nova, fui morar com meus avós maternos em Uberlândia (MG) e frequentei uma escola particular renomada. Com 16 anos, cursando o terceiro ano do ensino médio, fui aprovada em uma faculdade de medicina particular em Porto Velho (RO). Como não havia encerrado o ensino médio, foi negado meu pedido de cursar a faculdade. Isso marcou minha história de 5 forma profunda, porque, hoje, tenho a maturidade para ver que outras oportunidades podem surgir, só depende do esforço próprio. Assim, no final daquele ano fui aprovada nas 3 faculdades médicas de Porto Velho, incluindo a federal e fui aprovada pelo SISU na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Com minha família (mãe, pai e irmã) residindo em Ariquemes, tomei a decisão de me mudar para Manaus. No entanto, logo após eu me mudar meus pais se separaram e minha mãe e irmã foram morar em Uberlândia, cidade dos meus avós, o que me deixou um pouco triste por causa da nova distância. Após estar cursando o primeiro mês na UFAM, passei na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), que fica em Minas Gerais. Houve muita pressão por parte da minha família para que eu mudasse de universidade, mas já estava estabelecida na UFAM e gostando do curso. Então, resolvi ficar na cidade e hoje sou feliz pelas escolhas de tomei. Com quase 20 anos de idade, me sinto realizando um objetivo de vida e também me tornando uma nova pessoa com as responsabilidades de se morar só e ser uma médica em formação. 6 INTRODUÇÃO “Portfolios são documentos personalizados do percurso de aprendizagem, são ricos e contextualizados. Contêm documentação organizada com propósito específico que claramente demonstra conhecimentos, capacidades, disposições e desempenhos específicos alcançados durante um período de tempo. Os Portfolios representam ligações estabelecidas entre ações e crenças, pensamento e ação, provas e critérios. São um meio de reflexão que possibilita a construção de sentido, torna o processo de aprendizagem transparente e a aprendizagem visível, cristaliza perspectivas e antecipa direções futuras.” (Jones & Shelton, 2006: 18-19). Em razão do exposto na citação anterior, nota-se a extrema relevância da confecção desse portfólio, o qual objetiva-se, aliado a subjetividade e reflexão, analisar o processo ensino-aprendizagem da disciplina de Saúde Coletiva IV, durante o semestre letivo 2018/1 da graduação do curso de medicina da Universidade Federal do Amazonas. Dentre as analises, inclui-se as aulas teóricas, realizadas às segundas-feiras no horário de 16 às 18 horas, além de 5 aulas práticas ministradas aos sábados no período da manhã, ambas com conteúdos referentes a faceta atual da saúde, englobando a atuação dos profissionais, a gestão, a política, além da nossa possível interferência benéfica nesse contexto para maximizar a eficiência desse sistema e benefício a população, equivalendo ao objetivo da saúde coletiva, promover a melhoria da qualidade de vida das pessoas. 7 AULAS MINISTRADAS 5 de março de 2018 A primeira semana de aula foi dedicada ao SECAMED, semana do calouro de medicina, período o qual os veteranos se dedicam à apresentação da universidade, da rotina, das disciplinas, dentre outros, para os novos ingressantes do curso. Dessa forma, houve a suspensão das aulas nesse período, mantendo apenas a ansiedade para conhecer essa ultima etapa da disciplina de Saúde Coletiva. 12 de março de 2018 A primeira aula da disciplina representou o primeiro contato com nosso mestre e o conhecemos, mesmo que de maneira rápida, Pádua nos contou um pouco sobre sua formação, sobre sua carreira atual, seus anseios com a disciplina e com a turma. Nesse momento também foi proposto a mudança nas datas das práticas, sendo adiadas dos dias de semana para o sábado, um acordo firmado com toda a turma. Em conseguinte, foi o momento de o professor nos conhecer, dessa forma, foi passada uma atividade para ser entregue na aula seguinte com a temática “Quem sou eu e como cheguei até aqui?”. 19 de março de 2018 O trabalho passado na aula anterior sobre “Quem sou eu e como cheguei até aqui”, foi entregue, com toda certeza foi uma grande experiência confecciona-lo, à medida que relembramos os reais motivos de estarmos aqui, tão longe de casa e nesse cansativo curso, já que durante a atividade 8 abordamos todos os motivos dessa escolha profissional, as aspirações, além de refletir sobre nossa personalidade e nosso psicológico nesse instante. Assim, a segunda aula da disciplina foiministrada pela professora Thais com o tema Diferenças entre Saúde Pública e Saúde Coletiva. Envolveu a turma pedindo que falássemos sobre o assunto, tentando diferenciar com nossas palavras os termos. A saúde pública são ações e serviços de caráter sanitário que possui intuito de prevenir ou combater patologias ou quaisquer outros cenários que coloquem em risco a saúde da população. Já a saúde coletiva também é um movimento sanitário, mas de caráter social que surgiu no SUS, é composto da integração das ciências sociais com as políticas de saúde pública. Essa identifica variáveis de cunho social, econômico e ambiental que possam acarretar no desenvolvimento de cenários de epidemia em determinada região, por meio de dados socioeconômicos com dados epidemiológicos é possível elaborar uma eficiente política de prevenção de acordo com as características da região. Saúde Coletiva Saúde Pública 9 26 de março de 2018 No início da aula foi realizada uma dinâmica, em que tínhamos que escrever em uma folha de papel o nome de alguma doença ou síndrome que considerávamos importante para a saúde pública e colocar na parede. Feito isso, foi pedido para que as organizassem em grupos de acordo com suas semelhanças e fizemos uma tabela de contabilização e nomeação das doenças escolhidas. Nessa aula, foi ministrado sobre o perfil epidemiológico, apontando os obstáculos enfrentados pela população amazonense, aliando a sua influência sobre toda a rede de organização do sistema de saúde. Nesse momento englobamos as variáveis do perfil epidemiológico, dentre as quais se tem as taxas de mortalidade e doenças infectocontagiosas prevalentes que são influenciadas pela dinâmica geográfica e climática peculiares da região, sendo fundamentais para traçar o perfil da população, principalmente no âmbito da atenção básica, a qual é responsável por fazer o trabalho de promoção e prevenção de saúde e impedir o agravo das condições clínicas da população. Foi analisado como parâmetro expositivo 3 micro áreas detalhando o número de pessoas por faixa etária, sexo e predominância de doenças, sempre fazendo críticas a uma possível subnotificação de dados. 10 02 de abril de 2018 Foram entregues aos grupos (grupos de 5 pessoas escolhidas aleatoriamente pelo professor) 3 folhas contendo nome de medicamentos e materiais variados relacionados à prática médica, os quais deveríamos classificar se pertencente à assistência básica, média ou alta. Contou os pontos referentes a cada grau de complexidade e colocou em uma tabela. Para nossa surpresa todos os itens pertenciam à saúde básica, fazendo com que notemos a importância da saúde básica. 09 de abril de 2018 Nessa aula, a dinâmica foi organizar a história da saúde pública brasileira em ordem cronológica: o professor disponibilizou em folhas de papel acontecimentos da história da saúde pública e pediu que cada aluno pegasse uma folha e juntos construíssem uma linha do tempo na parede da sala de aula. Dentre eles havia: SIOPS, INAMPS, SUS, conselhos municipais, estaduais e federais de saúde, dentre outros. Dessa forma, retomamos nosso conhecimento prévio sobre datas e momentos históricos da saúde e política, e quando necessário foi permitido a pesquisa sobre esses termos para a confecção do nosso painel. Depois de terminarmos, o professor deu uma aula 11 sobre a história do SUS e da saúde pública no Brasil e organizou nossa linha do tempo para ficar o mais correta possível. Foi uma maneira descontraída de relembrar essa trajetória que era tema das aulas de Saúde Coletiva II. Fonte: Google Imagens 16 de abril de 2018 Por motivos de saúde não pude ir a aula, mas questionei o professor sobre o que foi realizado: o tema da aula foi sobre o planejamento estratégico para solucionar problemas complexos da saúde pública. Foi realizado metodologia, onde grupo foram divididos com problemas variados e posteriormente construção de um plano de ação para enfrentamentos dos problemas com cartazes na parede. 12 23 de abril de 2018 O tema da aula foi a burocracia do SUS. Professor realizou dinâmica de preenchimento de receituário regular e de antibióticos. Entregou a lista nacional de notificação compulsória de doenças e a ficha de notificação/conclusão da SINAN, falou sobre os tipos de vigilância do país, ficha de encaminhamento para especialistas, TFD. Importância da declaração de óbito e atestado de óbito. O atestado de óbito é um documento que fornece os dados da mortalidade, identificação civil e a causa do falecimento, oficializando-o para os interesses de ordem legal e médico-sanitária. Segundo o professor, a importância do atestado de óbito é muitas vezes relegada por alguns profissionais da medicina, que não dão a devida importância ao documento. É o atestado de óbito (que será transformado em certidão de óbito no cartório) que garante ao falecido à possibilidade de cremação, sepultamento ou até mesmo a abertura de inventário por seus herdeiros. Foi falado também sobre a importância da prescrição médica para a comunicação entre os profissionais de saúde, pois contribui para a segurança do paciente e aderência ao tratamento. Por isso, faz necessário o cumprimento de procedimentos legais para a qualidade nas prescrições, que em muitos casos, está ligado a erros de medicação possuindo natureza multidisciplinar, que pode ocorrer em uma ou mais etapas da cadeia terapêutica (prescrição, dispensação e administração). 13 30 de abril de 2018 Não pude comparecer nessa aula, mas o tema foi sobre práticas alternativas de saúde. O professor fez uma dinâmica com os alunos em que distribuiu diversos utensílios de saúde e equipamentos médicos e pediu que os alunos falassem sobre os mesmos. Cabe aqui lembrar o trabalho do médico sanitarista Emerson Merhy, em que ele fala sobre a transição tecnológica no Brasil. Merhy divide a tecnologia em saúde em três tipos, a dura, que são os materiais e equipamentos, leve- dura, que é o conhecimento do médico e a leve que se trata da relação intima entre médico e paciente. A aula tratou-se exatamente disso: tecnologias leves e sua importância na saúde. Práticas alternativas de saúde usadas como novas tecnologias. 07 de maio de 2018 14 O intuito da aula era apresentar aos alunos do quarto período cadernos de atenção básica e informações sobre determinado município do Amazonas. Fomos divididos em grupos contendo 5 pessoas já previamente determinados pelo professor. Assim, foram analisados cada informação sobre a cidade, como quantidade de habitantes, determinando sexo e a pirâmide etária. Alguns dados sobre a saúde também foram levados em consideração, como exemplo: segundo o caderno de atenção básica, 10% da população possui diabetes, assim, espera-se que 10% da população analisada apresente diabetes, mas não era isso que os dados mostravam, ou seja, uma falta de diagnósticos ou subnotificação de dados. Essa aula foi importante pois nos auxiliou a pensar em como analisar os municípios determinados pelo o professor para confecção da nossa própria analise de um município do Amazonas. 14 de maio de 2018 Nesse dia, a aula foi ministrada pela professora Thaís e o tema foi “A trajetória do Amazonas na Política Nacionalde saúde mental. ” Contamos com a presença de três convidadas da SUSAM. A aula começou tratando da história a estruturação da Política de Saúde Mental no Amazonas, tendo como foco a Reforma Psiquiátrica ocorrida principalmente em Manaus. Falaram sobre o Movimento da Reforma Psiquiátrica no Amazonas que se iniciou no final da década de 1970, por um grupo de psiquiatras e profissionais do Hospital Eduardo Ribeiro, que se basearam nas ideias da Reforma Psiquiátrica. Ideias que possibilitaram o surgimento de uma Política de Saúde Mental no Brasil, a partir do questionamento das formas de tratamento da loucura e de uma proposta de desinstitucionalização, que culminaram no projeto de Lei Paulo Delgado em 1989. No Amazonas, a lei estadual de saúde mental n° 3.177 só foi sancionada no ano de 2007 e ainda não logrou êxito em garantir a implantação de serviços 15 substitutivos em número suficiente para atender a demanda em saúde mental, principalmente na capital de Manaus. 09 de junho de 2018 PRIMEIRA AULA PRÁTICA ATENDIMENTO AOS VENEZUELANOS DOANDO E RECEBENDO AMOR Nossa primeira aula prática aconteceu em uma Igreja Presbiteriana de Manaus, onde foi realizado atendimento e cuidados gerais para a população de venezuelanos que vieram até Manaus em busca melhores condições de vida devido à crise política que passa a Venezuela nos dias atuais e acaba afetando a população mais carente de forma engrandecida. A Igreja cedeu o local, que era muito amplo, e organizou todo o evento, no qual nós éramos apenas uma parte. Contaram, além do atendimento médico, com atendimento odontológico, corte de cabelo, atendimento com fisioterapeuta, houve doações de roupas e medicamentos, o que ajudou muito nosso atendimento. Além disso, havia também assistentes sociais e serviço que psicologia. 16 A aula estava marcada para as 7 horas da manhã, mas os atendimentos só se iniciaram por volta das 10 horas. Fomos divididos em duas salas, nas quais haviam mesas e cadeiras o suficiente para que todos tivessem um atendimento de qualidade. Ambas as salas possuíam ar condicionado. Foi montado um serviço de triagem em que os pacientes primeiro passavam por alunos da enfermagem, onde era aferido a glicemia e pressão arterial, bem como coletado nome dos mesmos. Entre as duas salas, foi construído uma mini farmácia que continha os remédios mais importantes. Foi montado uma área restrita dentro da sala número 1, a qual eu estava, onde foi improvisado uma maca, com colchão e lençol, onde os pacientes podiam ser examinados mantendo sua privacidade. Formamos duplas e começamos o atendimento. Minha primeira paciente era uma mulher de 42 anos, está aqui em Manaus há um mês. Apresentava um bom estado geral, só um pouco emagrecida. Suas queixas eram um cisto sebáceo e manchas descamativas hipocrômicas ao longo da região auricular e mandibular da face. Assim, receitamos um anti-fungico e fizemos um encaminhamento para procedimento ambulatorial para retirada do cisto. No entanto, o que mais nos chamou atenção foi o estado deprimido da paciente quando questionamos sobre sua vinda à Manaus. Perguntamos se ela já havia pensado em se matar, e para nossa surpresa a resposta foi sim. Então, a encaminhamos também para o serviço de psicologia presente ali na Igreja Nossa segunda paciente estava grávida, era uma mulher de 30 anos. Sua queixa tratava-se de que era hipertensa e não tinha acesso aos medicamentos. No entanto, sua pressão arterial aferida pelos alunos de enfermagem tinha disso 12/8 mmHg. Assim, resolvemos aferir novamente para tirarmos a dúvida: num segundo momento a pressão foi igual a primeira, por isso não poderíamos receitar um anti-hipertensivo para a paciente. Logo, fizemos um encaminhamento para que ela aferisse a pressão durante 10 dias numa UBS próxima de onde residia. Uma médica presente nos auxiliou nesse manejo, ela também levou a paciente para o lugar reservado já aqui citado, onde pela primeira vez pude examinar uma grávida. Foi uma experiência maravilhosa para mim. Pude palpar o abdome e localizar a posição do feto e também medimos seu tamanho, e com isso pudemos estipular a idade gestacional. 17 Notamos que na calcinha da paciente havia um corrimento esverdeado e muito fétido, assim a receitamos cetaconazol em gel aplicável. Em suma, foi uma experiência enriquecedora, primeiro por lidar com outra cultura e segundo por se tratar de uma população tão carente que não se importavam que éramos estudantes, eles só buscavam ali um cuidado, atenção e carinho. A maioria dos pacientes estavam deprimidos ou caminhando para a depressão, o que requer extrema atenção médica e assistência. Ter que deixar seu pais não foi tarefa fácil, muito dolorosa para alguns. Tirando isso, ainda têm que enfrentar preconceitos aqui no Brasil e a luta por um emprego. Nenhum dos pacientes que atendi estavam trabalhando, mas todos a procura. Sai da prática realizada por ter feito parte desse momento, por ter conseguido mudar o dia, talvez o mês, ano ou vida de 2 pessoas. Parece pouca coisa, mas foi muito grande. Parabéns ao professor Pádua pela iniciativa. 16 de junho de 2018 SEGUNDA AULA PRÁTICA CONHECER O CENTRO DE MANAUS DESCOBRINDO A CIDADE EM QUE MORO A segunda aula prática foi proposto uma visita à alguns locais do centro da cidade de Manaus, com o objetivo de conhecer a estrutura (antiga e atual), pontos culturais e principalmente a organização do povo e de algumas redes 18 como de transporte e de comércio. Iniciamos o encontro na Praça Paço da Liberdade, e descemos para conhecer o local de revitalização feito por uma ONG nesse pedaço de centro histórico. Visitamos um centro de saúde indígena, onde pudemos ver muitos remédios naturais. Em seguida, seguimos o trajeto até a feira municipal, além de ir conhecendo, eu pela primeira vez, o centro e a dinâmica desse local. Durante o trajeto fomos observando o comercio peculiar, aglomerado comercial ao longo das calcadas, com vendedores ambulantes, principalmente de bebidas e de passeios turísticos, dentre outros. Nesse mesmo momento observamos também a imensa quantidade de moradores de ruas, pedintes e mendigos, evidenciando mais ainda a desigualdade social e precária distribuição de renda, pois como já vimos nas disciplinas de saúde coletiva anteriores, muitos desses são reflexos de uma época de muitas oportunidades (ciclo da borracha de antigamente), mas que infelizmente acabou ficando assim a mercê das ruas e da falta de oportunidades. Enfim, chegamos a feira municipal, momento de conhecer a cultura, o artesanato (fizemos ate compras de lembranças pra família e amigos que não conhecem o Amazonas), como também da comida típica, provamos o açaí e alguns o tacaca. Continuando o passeio visualizamos o porto, a dinâmica dos rios e do comercio que passa por eles, nesse momento tivemos também a oportunidade de entrar em uma embarcação e conhecer o que tinha la dentro, descobrimos que dentro há comércios, lanchonetes, bares, como também muita carga, muitos carros e pessoas com ate mudanças, mas principalmente, muita gente, as embarcações estavam lotadas. Continuando a visita, conhecemos o mercado de venda principal de peixes, momento de muita admiração (nunca tinha visto algo igual), e depois um de frutas (as típicas da estação e da região amazônica), foi sensacional. Em seguida, adentramos ao centro comercial, lugar que mais parecia um labirinto de lojas, barracas e comercio ambulante,estava tudo perfeito, ate que entre tantas bifurcações vários grupos foram se perdendo, ficando para trás e batendo o desespero em 19 estar em um local totalmente desconhecido (a grande maioria da turma não é de Manaus), sem referencia de localização do próximo ponto de encontro, começou ai a saga pela busca do professor, nesse momento houve alguns ruins imprevistos. O passeio terminou na Praça da Polícia. Posteriormente, ainda na praça, havia conhecidos do professor Pádua em um discurso político, em um projeto, e esses convidaram o professor e/ou qualquer integrante do grupo à discursar, por fim, tiramos uma foto com todos os participantes daquela aula em frente ao local de discurso. Depois, todos foram liberados e voltamos para o ponto de encontro inicial. Com toda certeza, apesar do problema enfrentado, foi uma prática extremamente importante para conhecermos, alguns pela primeira vez, o local em que estamos inseridos, a realidade comercial e cultural do centro de Manaus. Centro histórico de Manaus. Mercado Municipal Ponto de encontro final – Praça da Polícia 20 Trajeto total percorrido 23 de junho de 2018 TERCEIRA AULA PRÁTICA VISITANDO O PROJETO NUMIÃ KURÁ A 3a aula prática foi uma visita à AMARN (Associação das mulheres indígenas do Alto Rio Negro), que tem a função de amparar e gerar renda para as mulheres indígenas do Rio Negro. A aula teve início as 8 horas da manhã. O professor pediu que nos dividíssemos em duplas para os atendimentos, assim, ficamos eu e Caio. Usamos para montar o “consultório” cadeiras ali presentes e foi disponibilizado folhas já estilizadas para anamnese e também pedido de exames e receituário. Nossa primeira paciente, para nossa surpresa, era a organizadora e fundadora da associação, o que ficamos sabendo só depois pelo professor Pádua. Ela se queixava de dores bem localizadas como na região do tendão do bíceps direito, ambos os punhos e tornozelos. Não apresentava calor articular, nem incapacitância de realizar movimentos, no entanto apresentava edema +/++++. As dores eram frequentes e intensas, segundo ela, duravam o dia todo e aconteciam quase todo dia. Pela topografia e sabendo o modo de 21 trabalho da paciente, tecelã, chegamos à conclusão que se tratava de uma tendinite. Assim, o professor Pádua a receitou uma planta para passar nos locais de dor. Além disso, a paciente trouxe exames para o Dr. Pádua. Ela se queixava também de dor no quadrante superior direito, relatou náuseas diárias e negou febre. Nos exames as enzimas hepáticas estavam elevadas e a ultrassom confirmou o que suspeitávamos: colelitíase. Assim, o professor fez um encaminhamento e disse que entraria em contato com o Dr. Raymisson para a cirurgia. Era notável a força daquelas mulheres, vieram para Manaus a procura de melhores condições. Todas relatavam a difícil vinda, mas que hoje se acostumaram. Outra paciente que me chamou a atenção foi uma indígena de 38 anos com 4 filhos e que nunca tinha feito o exame colpocitológico. Isso me mostrou que campanhas conscientizando as mulheres amazonenses devem ser urgentes. No mais, foi mais uma prática maravilhosa em que pudemos ter a chance de sermos os médicos ali e agir como tal. Experiências como essas só tem a somar, porque além desse aspecto que eu ressaltei aprendemos um pouco com uma outra cultura. Dessa forma, a prática teve como objetivo apreender um pouco das dificuldades de uma população que ainda não recebe uma assistência eficaz à saúde (os indígenas) e realizar atendimentos, bem como discuti-los e entender mais sobre o funcionamento da saúde indígena. Atendimento às mulheres Placa em frente ao Projeto 22 Materiais usados para o atendimento 25 de junho de 2018 23 A aula desse dia foi destinada à apresentação dos 3 primeiros grupos dos seminários, sendo acordado em aula anterior que as apresentações seriam em 2 dias de 16-19 horas. Os temas desse dia foram: Tecnologia na Atenção a Saúde: Limites e Perspectivas (meu grupo), Estrutura ás Redes de Atenção à Saúde e Controle Social no Amazonas. Durante as apresentações, os demais alunos fora do grupo que apresentava, avaliavam cada seminário e entregamos essa ficha de avaliação ao final de cada apresentação, sendo os requisitos, tempo, forma e ponto importante. 30 de junho de 2018 QUARTA AULA PRÁTICA VISITA AO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO EDUARDO RIBEIRO CONHECENDO A REALIDADE DA SAÚDE MENTAL EM MANAUS A terceira aula prática da disciplina foi uma visita ao Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro onde foi possível observar os, ainda, precários investimentos e preocupações com a saúde mental no município de Manaus. Já tínhamos essa impressão pelas visitas ao Centro de atenção psicossoal (CAPS) no município na Saúde Coletiva 2, e também com relatos durante as aulas práticas dessa disciplina e também da disciplina de Psiquiatria. Dessa forma, ao chegar ao local, nos deparamos com uma instituição nitidamente abandonada (no início até achamos que estávamos no local errado), notamos também que são poucos os recursos e os profissionais que lutam em defesa de melhoria na instituição. Antes do início da visita, ainda do lado de fora, houve um breve histórico do local, da gestão e de relatos de alguns acontecimentos ao longo desses anos, pelo professor Pádua e uma funcionária do local, uma enfermeira antiga. Num primeiro momento, essa enfermeira falou sobre sua experiência trabalhando ali e passou um vídeo sobre o hospital psiquiátrico de Barbacena, hoje, ponto turístico. Durante o percurso, foram discutidos vários pontos da (des)atenção à saúde mental no município, como por exemplo o baixo orçamento recebido pelo hospital Eduardo Ribeiro, enquanto o aluguel de um dos prédios do CAPS custam 24 dolorosos R$ 18.000,00 aos cofres públicos, devido a ostentação das casas em que eles ocupam. Entretanto, durante a visita pelo interior da unidade, as informações foram confirmadas, a estrutura era lastimável, abandonada e apenas ocupada por animais (houve também relatos de invasão anteriormente por dependentes de drogas), porem essa parte esta desocupada e teme-se que o HEMOAM “o primo rico” acabe tomando toda essa área para aumentar sua estrutura. Logo em seguida, conhecemos a área ainda ativa, uma mínima parte da total, com quartos improvisados e uma enfermaria também improvisada em um local que antes era apenas local de observação dos pacientes. Por tudo isso, nota-se a contraposição entre a fragilidade dos pacientes do hospital psiquiátrico com o descaso em que são acolhidos e amparados em infraestrutura. É realmente impactante ver como a saúde mental é tratada no Brasil, o lugar é enlouquecedor para qualquer um, doente ou não. Alojamento improvisado para os pacientes Péssima infraestrutura: lugar sombrio 25 Comida jogada no chão Paciente dependente químico que estava cortado 02 de julho de 2018 A aula foi destinada ao segundo e último dia de apresentação dos seminários com as seguintes temáticas: Protagonismo político dos médicos na consolidação do SUS; Financiamento ou Desfinanciamento do SUS?; Saúde da População Indígena no Amazonas: um desafio interfederativo. Sendo essa a última aula de saúdecoletiva IV. 26 CONCLUSÃO Em razão do exposto, por todo o período da disciplina, compreendemos termos, desfizemos uma imagem pronta da saúde coletiva, conhecemos a dinâmica da cidade que estamos e da complexidade do sistema de saúde que estamos inseridos. Nesse viés, o entendimento de todas as quatro disciplinas de saúde coletiva possibilitou a compreensão do papel e da inserção do profissional de saúde nas condições do cenário, pautando pela humanização deste, uma atuação de maneira multiprofissional em todos os casos, com uma atuação generalista e abrangente, para assim, maximizar a efetividade do trabalho feito e prestado à comunidade. Durante as aulas teóricas e nos momentos de prática compreendemos também que se necessita além de um trabalho individual, de uma entidade maior que se chama Planejamento em saúde, também nos foi durante todo esse período estimulado uma visão crítica para a busca de informações sobre a atuação governamental e gestacional da saúde, prezando pelo conhecimento de cada local, seja ele geográfico ou cultural como exemplo, para investimentos com equidade, mais efetivos e benéficos. Em razão disso, nota-se a relevância da confecção desse portfolio para revisão e reflexão de todo conhecimento adquirido. Nesse momento, foi possível observar a precariedade, deficiente gestão e poucos investimentos em alguns segmentos da saúde, mas também foi possível relatar o que foi vivido nas práticas, de maneira subjetiva, para os leitores desse trabalho, e assim, passar de uma maneira simples um pouco da cultura e das peculiaridades do Amazonas. 27 REFERÊNCIAS Fundação Oswaldo Cruz: Planejamento de Saúde. Disponível em: <http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/plasau.html>. Acesso em 6 jun. 2018. Janelas, T. L. A instrumentalidade dos portefólios no processo. Avances en Psicología Latinoamericana, 29, 19-21. Disponível em: <http://www.scielo.org.co/pdf/apl/v29n1/v29n1a03.pdf>. Acesso em 7 jun. 2018. Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (SEMSA). Situação do Município de Manaus – Relatório Executivo. Disponível em: <http://semsa.manaus.a- m.gov.br/wp-content/uploads/2014/04/Relatório-Executivo-do-Diagnóstico- Situacioal-de-Manaus.pdf>. Acesso em: 4 jun. 2018. Fundação Nacional de Saúde: Cronologia Histórica da Saúde Pública. Disponível em: <http://www.funasa.gov.br/site/museu-da-funasa/cronologia- historica-da-saude-publica/>. Acesso em 4 jun. 2018.
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