Buscar

Resumo obrigações

Prévia do material em texto

Elementos que constituem a obrigação
Subjetivo: credor (sujeito ativo) e o devedor (sujeito passivo)
Objetivo imediato: a prestação
Imaterial, virtual ou espiritual: o vínculo existente entre as partes
Sujeito ativo: beneficiário da obrigação, a quem a prestação é devida, tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação.
Sujeito passivo: quem assume o dever de cumprir com a obrigação, caso não queira responder com seu patrimônio.
Elemento imediato: prestação. O elemento mediato é o bem da vida, uma coisa, tarefa ou abstenção. 
As obrigações têm 4 características fundamentais
Patrimonialidade – deve ser avaliável, dinheiro ou valor.
Mediação ou colaboração devida.
Relatividade – é relativo a quem participa
Autonomia – é uma disciplina própria
Elemento imaterial: é o elo, o vínculo jurídico entre credor e devedor. O vínculo pressupõe que, a quem descumprir a obrigação, isto é, ser inadimplente, deve responder com seu patrimônio (391)
Não vigora na doutrina a teoria monista/unitária. Atualmente vigora a teoria dualista ou binária, sendo as obrigações uma relação de débito/crédito. Hoje em dia, os dois elementos básicos da obrigação é débito (schuld), que pode ser o dever legal de cumprir a obrigação. Mas caso o schuld não seja cumprido, há a responsabilidade.
Existe débito sem responsabilidade? Sim, são os casos da obrigação natural. Obrigação natural é diferente de obrigação civil. Exemplos de obrigação natural: obrigação de dar gorjeta, de pagar dívida prescrita, de pagar dívida de jogo ou aposta. A obrigação natural pode ser entendida como uma obrigação moral. Deste tipo de obrigação não cabe repetição do indébito (882).
E existe responsabilidade sem débito? Sim, é o caso da fiança. A fiança é uma espécie de garantia pessoal, prestada por alguém em relação a um credor. Quem é fiador assume a responsabilidade, mas a dívida é de outra pessoa.
Dever jurídico
Se contrapõe ao direito subjetivo. No caso, o devedor deve observar um certo comportamento, que seja compatível com o interesse do titular do direito subjetivo. Caso o devedor não observe a conduta (a qual ele tem, juridicamente, o dever de observar) poderá receber uma sanção pelo não cumprimento do comportamento prescrito pela norma jurídica.
Exemplos: o comprar de algo está obrigado a pagar o preço. O inquilino está obrigado a conservar o imóvel locado e restitui-lo ao locador quando findo o contrato.
Ônus jurídico
É questão de interesse próprio, comportamento livre, embora necessário por condição de realização do próprio interesse. O desrespeito do ônus gera consequência somente para aquele que o detém. 
Exemplos: levar o contrato ao registro de títulos e documentos para ter validade perante terceiro. Inscrever o contrato de locação no registro de imóveis para impor sub-rogação ao adquirente do prédio.
Direito potestativo
É o direito exercido sem oposição da outra parte. A pessoa influi na esfera jurídica de outrem, sem que esta pessoa possa fazer algo que não se sujeitar.
Estado de sujeição
É quando uma pessoa tem que se sujeita à situação. Constitui um poder jurídico do titular do direito (por isto denominado potestativo).
Os direitos subjetivos se contrapõem a um dever. Os direitos potestativos correspondem ao estado de sujeição.
Exemplos: 1. Quem ajusta contrato por prazo indeterminado, está sujeito a vê-lo denunciado a qualquer momento pelo outro contratante. 2. Quem recebe mandato se subordina a vontade do mandante de causar a outorga a qualquer momento. 3. Quem é vizinho de prédio encravado se sujeita a permitir passagem sobre seu terreno, quando lhe exigir o confinante.
Prescrição está ligada ao direito subjetivo. Relacionada com dever, obrigação e responsabilidade. Está relacionada com as ações condenatórias (ações de cobrança e de reparação cível principalmente). 
Decadência está relacionada com os direitos potestativos. Obviamente relacionado com o estado de sujeição. Existem ações constitutivas positivas e negativas (178 e 179).
Fontes obrigacionais (elemento gerador)
1ª) Lei (alguns autores não concordam);
2º) Contratos
3º) Atos ilícitos e o abuso de direito (gera dever de indenizar, artigo 187);
4º) Atos unilaterais (promessa de compra e venda, gestão de negócios, pagamento indevido e enriquecimento sem causa);
5º) Títulos de crédito.
ATOS UNILATERAIS
1-1 Promessa de recompensa
854 – requisitos: 1) capacidade de quem emitir a declaração de vontade; 2) licitude e possibilidade do objeto; 3) ato de publicidade.
855 - A pessoa que cumprir a tarefa que contava na declaração, mesmo que não movido pelo interesse da promessa, pode a exigir.
856 – A Revogação deve ser feita antes de prestado o serviço, e tendo que ser feita com a mesma publicidade da declaração. E se de boa-fé tiver feito despesas, como fica a revogação? Vai ter direito a reembolso.
857 - Terá direito quem 1º executou.
858 - Caso seja simultânea execução, se divide por igual a recompensa. E se for bem indivisível? Ai realiza sorteio, quem ganha o sorteio paga ao outro a sua proporção.
1-2 Da gestão de negócios
Exemplos: vizinho que cuida da casa daquele que se ausentou sem deixar notícias, o empregado que assume a direção da empresa quando o patrão se ausentou. É “gestor de negócios” aquele que intervém, e “dono do negócio” o titular. É um quase contrato (porque não tem duas vontades). Deve agir conforme a vontade presumível do dono do negócio, sob pena de responsabilização civil (861). Se a gestão for iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do dono, o gestor responde até por caso fortuito e força maior (862). Se os prejuízos da gestão excederem o proveito, o dono do negócio pode exigir que o gestor restitua as coisas ao estado anterior, ou indenize a diferença (863). 
Por causa do dever de informação (anexo boa-fé objetiva), o gestor de negócio, deve comunicar quanto antes o dono da sua atuação, aguardando a resposta se a espera não resultar perigo (864), e se o dono falecer, as instruções devem ser dadas pelos herdeiros (865). 
Outro exemplo: alguém viaja para outro País por 15 dias. Obviamente a pessoa não deixa uma procuração para o vizinho apagar eventual incêndio. Ocorrendo o incêndio, o vizinho como gestor ao perceber o incêndio, invade a casa arrebentando a porta, pegando um tapete e apagando as chamas. 
Deve-se verificar se o gestor agiu da mesma forma que o dono agiria, a regra é o gestor ser responsabilizado se houver culpa, havendo responsabilidade subjetiva (866). Se o gestor trocar de lugar com outro, responderá pelas faltas do substituto, podendo responder inclusive pela ação regressiva (867), no caso, sendo a responsabilidade do gestor pelo ato do terceiro objetiva (ela independe de culpa) e solidária, aplicando-se os arts. 932, III, 933 e 942 parágrafo único. Se a gestão é conjunta, responsabilidade solidária (867).
Quando o dono do negócio retorna, ele pode concordar com a atuação do gestor, ratificar, convertendo-a em mandato (869), devendo ressarcir o gestor pelas despesas necessárias e úteis à atuação, juro legais desde o desembolso, devendo o dono responder pelos prejuízos causados ao gestor. A ratificação do dono retroage ao dia do começo da gestão (efeito ex tunc, 873). 
Ou não aprovando a administração, o dono pode pleitear perdas e danos, havendo responsabilidade subjetiva pelas perdas (874). Pode o gestor nestes casos responder por caso fortuito quando fizer manobras arriscadas (868). Só poderá recusar a ratificação provando que a atuação não foi realizada de acordo com seus interesses diretos.
O gestor que por erro prestar a outra pessoa contas da gestão, terá direito ao reembolso das despesas feitas pela sua atuação de qualquer forma (869). O gestor que evita prejuízos (trazendo assim vantagens) também terá direito a indenização se houve vantagem ao dono (870). 
Se o gestor, na ausência de quem devia pagar alimentos (dono), por ele prestar, pode reaver o valor, por mais que não haja ratificação (871), a prescrição dele ocorre de acordo com 205. Se os negócios alheiosforem conexos com os do gestor, que não se consiga gerir separadamente, ele será tido como sócio, como no caso quando duas pessoas são donas de gados que o manejo divide o mesmo espaço, ou um escritório de advocacia que cada advogado é responsável pelos próprios clientes, sendo o gestor e dono considerados sócios, eventualmente partilhando os resultados de cada um, evitando o enriquecimento sem causa (875). 
Por ser ato unilateral, o gestor não terá direito a qualquer remuneração, mas caso o dono queira, poderá instituir doação remuneratória em seu benefício, que não é liberalidade (art. 540). 
1-3 PAGAMENTO INDEVIDO
Quem recebeu o que não era devido, é obrigado a restituir, essa obrigação incumbe a quem recebe dívida condicional antes de cumprida a condição (876). O enriquecimento sem causa é genérico, sendo o pagamento indevido espécie. Havendo pagamento indevido, agirá a pessoa com intuito de enriquecimento sem causa, visando o locupletamento sem razão. Quem paga indevidamente pode pedir restituição de quem recebeu, desde que prove que pagou por erro (877), sendo obrigado a restituir por ação de repetição de indébito (procedimento comum CPC). Como exceção, súmula 322 STJ “para a repetição de indébito, nos contratos de abertura de crédito em conta-corrente, não se exige prova do erro”, não tendo o consumidor contra ele o ônus de provar o suposto erro. 
Quanto aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações sobrevindas à coisa dada em pagamento indevido, aplica-se as questões quanto ao possuir de boa e má fé, 1214 e 1222. Se alguém recebe imóvel alheio, de boa-fé, terá direito aos frutos colhidos na vigência da permanência do imóvel, e direito de retenção e indenização quanto às benfeitorias necessárias e úteis. Agora, quem recebeu o imóvel, estando de má-fé, não terá direito aos frutos, e quanto as benfeitorias, terá somente direito de indenização quanto às necessárias (878). 
As regras para imóveis são diferentes (879), pois aquele que indevidamente recebeu um imóvel o tiver alienado em boa-fé, por título oneroso, responde somente pela quantia recebida, agora, se agiu de má-fé, a culpa passa a ser induzida, respondendo a pessoa pelo valor da coisa e por perdas e danos (402 e 404). Se o imóvel foi alienado gratuitamente, em qualquer caso, ou a titulo oneroso, agindo de má-fé o terceiro adquirente, caberá ao que pagou por erro o direito de reinvindicação por meio de ação petitória (879 parágrafo único).
Ação reivindicatória movida pelo proprietário procedente:
Se o bem ainda se encontra em poder do alienante
Se o alienante transferiu o bem a titulo gratuito
Se o alienante transferiu o bem a título oneroso a terceiro adquirente de má-fé.
Quanto ao alienante, ocorre:
Se agiu de boa-fé: deve entregar apenas o valor recebido ao proprietário
Se agiu de má-fé: deve entregar o valor recebido e pagar perdas e danos ao proprietário.
Mas fica isento de restituir o pagamento indevido aquele que recebeu como parte de dívida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a pretensão ou abriu mão das garantias que asseguravam seu direito. Mas quem pagou dispõe de ação regressiva contra o verdadeiro devedor e fiador, estando a dívida garantida (880). Exemplo: A deve a B determinada quantia representada por título de crédito; se C efetua pagamento a B; se B recebe o pagamento de C na suposição de que se trata de pagamento da dívida de A; se, nessa suposição, B inutiliza o título que tinha contra A ou deixa prescrever a pretensão contra A ou abre mão de garantias que asseguravam o direito contra A; se o pagamento que C fez a B for indevido, B fica isento de restituir a C o que este pagou indevidamente. Ocorre uma sub-rogação legal de C nos direitos de B contra A. C poderá cobrar de A o que pagou indevidamente a B, salvo, se tiver ocorrido a prescrição.
Se o pagamento indevido tiver consistido numa obrigação de fazer ou para eximir-se da obrigação de não fazer, aquele que recebeu a prestação fica obrigado a indenizar o sujeito que a cumpriu, na medida do lucro obtido. Existem 2 modalidades de pagamento indevido
Pagamento objetivamente indevido: quando nada é devido, havendo erro quanto à existência ou extensão da obrigação. São exemplo aos casos envolvendo débito inexistente ou débito inferior ao valor pago.
Pagamento subjetivamente indevido: feito à pessoa errada, a alguém que não é credor. Em casos tais, a máxima quem paga mal paga duas vezes não impede a propositura de ação de repetição de indébito, diante da vedação do enriquecimento sem causa. 
No caso de pagamento indevido não cabe repetição em dobro do valor pago. Por meio da actio in rem verso poderá o prejudicado, em regra, pleitear o valor pago atualizado, acrescido de juros, custas, honorários advocatícios e despesas processuais. Se ainda houver má-fé da outra parte, o que induz culpa, cabe reparação por perdas e danos. 
A lei consagra situações que cabe pleitear valor em dobro.
Aquele que demandar por dívida já paga (no todo ou em parte) sem ressalvar as quantias recebidas, deverá pagar o dobro do que houver cobrado, mas caso pedir mais do que devido, ficará obrigado a pagar o equivalente do que exigir, salvo se houver prescrição (940).
Referente as relações de consumo, na ação de repetição de indébito, poderá o consumidor pleitear o valor pago em dobro (42 do CDC). Exemplo: cobrança de taxa por incorporadoras imobiliárias (como a de venda do corretor). Não havendo fundamento para a cobrança, caberá a ação de repetição de indébito.
Quanto as obrigações naturais não se tem a possibilidade da repetição de indébito, conforme 882, que não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente inexigível, e o art. 883, que prevê não ser possível a repetição de quem deu algo para obter fim ilícito, imoral ou proibido por lei (recompensa a um matador de aluguel).
Não se repetem as seguintes obrigações (por fundadas em obrigação natural, em regra)
Pagamento de dívida prescrita (882) 
Dívida judicialmente inexigível (883)
Empréstimo para jogo ou aposta feito no ato de se apostar (815)
Mútuo feito à menor (588)
Juros não estipulados (591)
DO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA
	Aquele que sem justa causa se enriquecer a custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. Varias ações tem como objetivo evitar o locupletamento sem razão, como a repetição de indébito no caso de pagamento indevido, que é espécie de enriquecimento sem causa. Sempre que alguém recebe algo indevido, visa o enriquecimento sem causa, sendo em alguns casos havendo a conduta que visa o enriquecimento sem causa, mas sem que tenha havido pagamento indevido, como a invasão de um imóvel com finalidade de adquirir a propriedade. 
Pressupostos da ação que afasta o enriquecimento sem causa:
Enriquecimento do accipiens (de quem recebe)
Empobrecimento do solvens (quem paga)
Relação de causalidade entre enriquecimento e empobrecimento
Inexistência de causa jurídica prevista por convenção das partes ou lei
Inexistência de ação específica
A doutrina vem dizendo que não é necessário o empobrecimento de outrem, sendo hipótese quando ele não presente o lucro da intervenção ou lucro ilícito. Geralmente usando ou consumindo dos bens e direitos de outrem, o interventor pode vir a obter um lucro, denominado lucro de intervenção, e isso pode decorrer ou não de um ato que cause danos ao titular do direito. Exemplo: casos em que a utilização de nome ou trabalho alheio não causa um prejuízo ao titular de direito, mas um lucro sme justa causa a outrem, ocorrendo essas coisas, deve-se procurar as regras do enriquecimento sem causa, e não da responsabilidade civil. 
Enriquecimento sem causa não é a mesma coisa que enriquecimento ilícito. No enriquecimento sem causa falta causa jurídica para enriquecer. No enriquecimento ilícito, o enriquecimento está fundado num ilícito. Então, todo enriquecimento ilícito é sem causa, mas nem todo enriquecimento sem causa é ilícito. Um contrato desproporcionalpode não ser ilícito e gerar enriquecimento sem causa.
885 – a restituição é cabível quando não ter causa para o pagamento e quando a causa deixar de existir. Lei revoando possibilidade de cobrança de taxa, após revogação, não pode mais ser cobrado, e caso cobrado, haverá conduta visando enriquecimento sem causa. 
Caso a lei forneça outros meios para o ressarcimento do prejuízo, não caberá restituição por enriquecimento, como a reparação de danos, vez que alguém recebeu um imóvel indevidamente e que veio a se perder, será este o caminho a ser seguido (886). Mas isso não exclui o direito à restituição do que foi objeto de enriquecimento sem causa nos casos em que meios alternativos conferidos ao lesado possuem obstáculos. Empréstimo da obra de Cleide, A empresta a B um bem no valor de 800 reais, se B destrói o bem, deverá ressarcir A no valor do bem, por responsabilidade civil (188 c/c 844). Mas se B vende a C o bem por 110 reais, e C destrói o bem, B deverá reembolsar, por responsabilidade civil, a titulo de perdas e danos a A o valor do bem (800 reais) e enriquecimento sem causa a diferença de 300 reais. Se não fosse pela aplicação da teoria do enriquecimento ilícito, A não teria como cobrar de B a diferença de 300 reais.
 É isto, terminou o estudo dos atos unilaterais como fonte das obrigações. 
TITULOS DE CRÉDITO COMO FONTE DAS OBRIGAÇÕES CIVIS
Com base no 887, os títulos de crédito podem ser documentos autônomos, literais e independentes que traduzem relações creditícias entre pessoas determinadas, produzindo efeitos jurídicos quando preenchidos requisitos. 
Títulos de crédito são obrigações materializados em um instrumento, que o devedor se obriga a prestação determinada, independente de qualquer ato de aceitação de outrem. Essas regras só se aplicam aos títulos de crédito atípicos. Os títulos já regulados por leis especiais (duplicata, cheque) continuam por elas regidos. 
OBRIGAÇÃO POSITIVA OU NEGATIVA
Positiva quando tiver como conteúdo uma ação (ou comissão) e negativa quando for uma abstenção (ou omissão). A obrigação de não fazer é a única negativa admitida em nosso ordenamento jurídico. A divisão tripartida das obrigações remonta ao Direito Romano sendo seguido por demais países.
Obrigação positiva de dar: a obligtio ad dandum é quando o sujeito passivo compromete-se a entregar alguma coisa, certa ou incerta. Em regra é transmissão de propriedade de coisa, móvel ou imóvel. Essa obrigação então se faz presente no contrato de compra e venda, que o comprador tem a obrigação de pagar o preço e o vendedor de entregar a coisa. Essa obrigação é subclassificada em suas modalidades: a) obrigação de dar coisa certa (obrigação específica); b) obrigação de dar coisa incerta (obrigação genérica).
Obrigação de dar coisa certa
A obrigação específica estará presente nas situações em que o devedor se obrigar a dar uma coisa individualizada, móvel ou imóvel, cujas características foram acertadas pelas partes em instrumento negocial. Compra e venda, o devedor da coisa é vendedor, o credor é o comprador. Neste tipo de obrigação, o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa (313) – nemo aliud pro alio invito creditore solvere potest. Informativo 465 do STJ. E essa obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios (233) salvo se o contrário resultar do título ou circunstâncias do caso. Acessórios são os frutos, produtos, benfeitorias e pertenças que tenham natureza essencial. 
Artigo 234 - Em se perdendo a coisa sem culpa do devedor na obrigação de dar coisa certa, antes da tradição ou pendente condição suspensiva, resolve-se a obrigação e o respectivo contrato para ambas as partes, sem pagamento de perdas ou danos. Res perit domino, a coisa perece para o dono. Os casos em que a culpa é ausente envolve o caso fortuito (evento totalmente imprevisível) e força maior (evento previsível, mas inevitável). A culpa é em sentido lato, engloba o dolo e a culpa em sentido estrito ou stricto sensu (descumprimento a um dever preexistente por imprudência, negligencia ou imperícia). 
Em algumas situações, a pessoa responde pelo fortuito e força maior:
Devedor em mora, a não ser que prove ausência total de culpa ou que a perda da coisa, objeto da obrigação, ocorreria mesmo não havendo a mora (399)
Havendo previsão no contrato quanto à responsabilização por tais eventos.
Havendo previsão legal quanto à responsabilização por tais fatos, em casos específicos.
Agora, caso haja culpa em sentido amplo do devedor, responderá pelo valor da obrigação, sem prejuízo das perdas e danos, que devem ser acrescidas. Isto é, resolve-se e ainda terá que arcar com as perdas e danos. 
As perdas e danos aqui mencionados incluem danos emergentes (ou positivos), lucros cessantes (ou danos negativos), previstos no art. 402 da norma civil. Emergente é o que a pessoa efetivamente perdeu. Cessante é o que razoavelmente deixou de lucrar. Deve ser indenizado também os danos morais, conforme art. 5º, V e X, da CF, além dos demais danos extrapatrimoniais. 
Esse é o melhor caminho para imputar dever de reparar danos sofridos pelo credor no caso de responsabilidade contratual. O artigo 186 do CC apesar de mencionar “dano exclusivamente moral”, deve ser aplicado na responsabilidade extracontratual ou aquiliana. 
Artigo 235 - Na obrigação específica, se a coisa estiver deteriorada ou desvalorizada sem culpa do devedor, o credor tem duas opções:
Resolver a obrigação, sem direito de perdas e danos, já que não houve culpa genérica da outra parte; b) ficar com a coisa, abatido do preço e o valor correspondente ao perecimento parcial.
Artigo 236 complementa - casos que há culpa do devedor na deterioração da coisa, tendo o credor outras duas opções:
Exigir o valor equivalente à obrigação, como o preço pago anteriormente, sem prejuízo das perdas e danos (danos materiais e morais); 
Aceitar a coisa deteriorada ou desvalorizada, também, sem prejuízo de perdas e danos. 
Até a tradição, pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Os melhoramentos são chamados de cômodos obrigacionais. Se a coisa se valorizou em decorrência dos cômodos, o devedor poderá exigir aumento no preço, tendo em vista a vedação do enriquecimento sem causa (884). Se a outra parte não concordar com o aumento, o devedor pode resolver obrigação, sem pleitear perdas e danos (porque não há culpa do credor). O caso é de resolução do contrato e da obrigação por inexecução involuntária, sem culpa das partes. A questão do melhoramento pode ser entendido como frutos e bens acessórios. 
Artigo 237 - Os frutos da coisa percebidos (já colhidos), pertencem ao devedor, enquanto os ainda não colhidos (pendentes) são do credor.
Obrigação de restituir coisa certa - artigo 238 até o 242
Artigo 238 - O devedor tem o dever de devolver coisa que não lhe pertence. Perda da coisa sem culpa do devedor e antes da tradição, aplica-se a res perit domino, suportando o credor o prejuízo. O credor, proprietário da coisa que se perdeu, poderá pleitear os direitos que já existiam até o dia da referida perda.
Contrato de locação, há o dever de devolver ao final do contrato. Há um incêndio causado por caso fortuito ou força maior que destrói o apartamento, o locador (credor da coisa) não poderá pleitear novo imóvel do locatário (devedor da coisa) que estava na posse do bem, ou seu valor correspondente; mas terá direito aos aluguéis vencidos e não pagos até o evento danoso (pleiteando os direitos que existiam até o dia da referida perda). Outro exemplo é do comodato, veículo roubado à mão armada na posse do comodatário, a coisa perece ao comodante, não respondendo o comodatário por qualquer coisa. 
Artigo 239 complementa - disciplina que caso a coisa se perder por culpa do devedor, ele responderá pelo equivalente, mais perdas e danos (porque houve a culpa). 
O artigo 240 - disciplina quanto à eventual deterioração ou desvalorização da coisaHavendo deterioração sem culpa do devedor, o credor receberá a coisa no estado em que se encontrar, sem direito a qualquer indenização, como no caso fortuito ou por força maior;
Havendo culpa do devedor, o credor passa a ter o direito de exigir o valor equivalente à coisa, mais perdas e danos que o caso determinar (aplicar o 239) OU ficar com a coisa + perdas e danos (236).
Artigo 241 - se sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, o credor as lucrará, ficando desobrigado de pagar indenização. A coisa perece ao dono (e vice-versa), vantagens serão acrescidas ao patrimônio do proprietário da coisa (credor da obrigação). Um exemplo é eu ter alugado minha casa para alguém, e o DNIT ter reparado todas estradas de acesso às casas no bairro, valorizando os imóveis da área. Agora, caso esse alguém tivesse empregado trabalho e desembolsou dinheiro para reparar a via que lá havia, deverá haver reembolso em favor dela. 
Artigo 242 - trata do seguinte: se o devedor da obrigação de restituir tem posse de boa-fé (desconhece qualquer vício que sua posse tenha) e realizou melhoria ou acréscimo por trabalho seu, cabe examinar a natureza das obras. Se for uma benfeitoria necessária (que conserva a coisa ou evita que se deteriore) ou útil (aumentar ou facilitar o uso do bem) o devedor terá direito à indenização dos custos das obras, e se se recusar a restituir a coisa, enquanto não receber a indenização – trata-se do chamado direito de retenção (art. 1219). Agora, caso se trate de benfeitoria voluptuária, o devedor terá direito à indenização dos custos das obras, e, se o credor recusar a pagá-la, poderá levantar as benfeitorias, se isso for possível sem detrimento da coisa (1219 segunda parte). No caso da benfeitoria voluptuária não há direito de retenção. Agora, caso o devedor da obrigação de restituir tem posse de má-fé, haverá direito de indenização somente pelas benfeitorias necessárias, sem retenção ou direito de levantar as benfeitorias voluptuárias (1220). Jurisprudência 70026656843, em que uma pessoa recebe um ponto sem as devidas benfeitorias necessárias para funcionar, e as realizando, abate do preço parcelado. O parágrafo único do art. 242 disciplina quanto aos frutos, se o devedor da obrigação de restituir tem posse de boa-fé, faz jus, até a tradição dos frutos percebidos (1214), devendo entregar ao credor os colhidos por antecipação e os pendentes, sendo que, por estes, poderá exigir dedução (retirada de uma parte) das despesas de produção e custeio. Agora, caso o devedor da obrigação de restituir tem posse de má-fé, deve ressarcir ao credor os frutos percebidos e os que, por sua culpa, deixou de perceber, desde que se configurou a má-fé, podendo exigir indenização pelas despesas de produção e custeio (1216). 
A lei 10.444/2002 trouxe inovações ao CPP. O credor tem a possibilidade de pleitear fixação de um preceito cominatório, via tutela específica, para fazer cumprir obrigação de dar (multa ou astreintes), ou com a determinação de busca e apreensão da coisa, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e outras medidas. O NCPC trata da medida no artigo 498. Isso é possível antes da conversão da obrigação de dar em perdas e danos. “A” prometeu a entrega de um cavalo à B, tendo o B pago o preço. Se o “A” se negar a entregar, cabe ação de execução de obrigação de dar, sendo possível o B requerer ao magistrado a fixação de astreintes (multa diária) a cada dia que a coisa não for entregue, sem prejuízo dos danos decorrentes do atraso da entrega do animal. O art. 538 do CPP diz que se não foi cumprido a obrigação de entregar a coisa no prazo da sentença, será expedido mandado de busca e apreensão ou imissão da posse em favor do credor. 
O mesmo vale para entrega de coisa certa, o 806 do CPC determina que o devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo extrajudicial, será citado para em 15 dias satisfazer a obrigação. Ao despachar a inicial, o juiz poderá fixar multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração, se for insuficiente ou excessivo. Quanto a essa ação, o CPC prevê que do mandado de citação constará ordem para imissão na posse ou busca e apreensão (bem imóvel ou móvel), cujo cumprimento se dará de imediato, se o executado não satisfizer a obrigação no prazo que lhe foi designado. 
De acordo com Tartuce: as astreintes não são possíveis nas obrigações pecuniárias, pela falta de previsão legal (tem julgados neste sentido no TJRS).
De acordo com Tartuce: as astreintes na obrigação de dar coisa incerta é controverso. O art. 498 trata de coisa individualizada, seja pelo credor ou devedor, ficando claro que o preceito fixado é da obrigação de dar coisa certa. 
 
	Obrigação
	Fato com Bem
	Sem Culpa
	Com Culpa
	Dar
	Perda
	Resolve-se a obrigação para ambas as partes
	Pode o credor:
exigir o valor equivalente + perdas e danos
	Dar
	Deterioração
	Pode o credor: resolver a obrigação 
ou
aceitar a coisa com abatimento do preço
	Pode o credor: 
exigir o equivalente
ou
aceitar a coisa com abatimento do preço
+
perdas e danos (nos dois casos)
	Restituir
	Perda
	Resolve-se a obrigação para ambas as partes
	Exigir o valor equivalente + perdas e danos
	Restituir
	Deterioração
	O credor recebe a coisa no estado em que se encontra
	Pode o credor:
Exigir o equivalente
ou
aceitar a coisa com abatimento do preço 
+ perdas e danos (nos dois casos)
Obrigação de dar coisa incerta (243 até o 246 CC).
Indica que o objeto é coisa indeterminada. Ela é somente indicada pelo gênero e quantidade, cabendo posteriormente ao devedor indicar a sua qualidade. O objeto deve ser determinável conforme artigo 104. A determinação é a escolha, denominada de concentração, constitui ato jurídico unilateral. 
Artigo 243 – a coisa incerta será indicada ao menos por gênero e quantidade.
Artigo 244 – determina que as coisas determinadas por gênero e quantidade, a concentração cabe ao devedor (se o contrário não pactuado). Cabendo a escolha ao devedor, não poderá dar o pior, e não é obrigado a dar o melhor (consagra o princípio da equivalência das prestações), devendo recair sempre dentro do gênero médio/ intermediário.
Artigo 245 – com a escolha do devedor e cientificado o credor, a obrigação genérica é convertida em específica, aplicando as regras para obrigação de dar coisa certa artigos 233 até 242. 
IMPORTANTE: teoria da pontualidade/exatidão marca o artigo 313, vez que o credor pode negar-se a aceitar coisa mais valiosa quando objeto determinado.
Artigo 246 – o gênero nunca perece, antes da escolha o devedor não pode alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que ocorra caso fortuito ou força maior. 
Obrigação positiva de fazer
Forma de classificar:
Obrigação de fazer fungível, cumprida por outra pessoa à custa do devedor originário, procedimentos constam art. 816 e 817 CPC. 
Obrigação de fazer infungível, natureza personalíssima ou intuitu personae, decorre de regra constante do instrumento obrigacional ou natureza da prestação.
Artigo 247 – negando o devedor ao cumprimento, a obrigação de fazer converte-se em obrigação de dar, devendo o sujeito passivo arcar com as perdas e danos, incluindo danos materiais (402 e 404 CC) e danos morais (5º, V e X, CF88). 
Antes de pleitear indenização, o credor pode requerer o cumprimento da obrigação de fazer nas duas modalidades, sendo por meio de ação específica com a fixação de multa ou astreintes pelo juiz, conforme 497 CPC e 84 CDC.
Quanto à obrigação fungível, é possível astreinte somente em relação ao devedor originário. A conversão em perdas e danos é excepcional para preservar autonomia privada e conservação do negócio jurídico. O princípio da conservação negocial possui íntima relação com o princípio da função social dos contratos. É possível astreinte em obrigação de fazer fungível contra a Fazenda Pública (TJSP).
Artigo 248 – Caso a obrigação de fazer torna-se impossível sem culpado devedor, resolve-se a obrigação sem pagamento de perdas e danos. Exceção deve ser feita ao devedor em mora, que responde por isso (399) a não ser que prove ausência total de culpa ou que o evento ocorreria mesmo se não estivesse em mora com a obrigação. Havendo culpa do devedor no descumprimento da obrigação de fazer, responde por perdas e danos.
Artigo 249 – obrigação que pode ser cumprida por terceiro às custas do devedor originário havendo recusa ou mora de quem devia cumprir, cabendo perdas e danos. A contrata B para pintar quadro, mas aceita também um quadro de C. B se nega a cumprir a obrigação. A pode exercitar seu direito I) ingressando com obrigação de fazer contra B, requerendo que cumpra a obrigação, fixação de astreintes, perdas e danos decorrentes de eventual atraso. / II) na mesma ação, como pedido subsidiário, requerer que C cumpra a obrigação às custas de B, nos termos do 816 e 817 do CPC + perdas e danos / III) não interessando mais a obrigação de fazer, requer conversão em obrigação de pagar as perdas e danos (materiais e morais).
Parágrafo único: caso urgência, o credor pode executar ou mandar executar fato, sendo depois ressarcido. 
Obrigação negativa de não fazer
O objeto é a abstenção de uma conduta. Havendo inadimplemento (artigo 390) “nas obrigação negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato que se devia abster”. 
Artigo 250 – se o adimplemento da obrigação de não fazer tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolve-se. 
Obrigação de não fazer legal: é o caso do proprietário de imóvel, que tem o dever de não construir até certa distância do imóvel vizinho (1301 e 1303 CC). Obrigação de não fazer convencional: ex-empregado que celebra com a empresa ex-empregadora um contrato de sigilo industrial por ter sido contratado pelo concorrente (secret agreement).
Artigo 251 – praticado o ato pelo devedor, cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer a sua custa, ressarcindo o culpado as perdas e danos. Se praticado ato vedado por compromisso de abstenção, o credor pode exigir que o ato seja desfeito, caso haja culpa. Pode ingressar com ação de obrigação de não fazer, requerendo a fixação de preceito cominatório ou astreintes (497 CPC e 84 CDC). Havendo culpa do devedor, eventualmente, a pedido do credor, a obrigação de não fazer se converte em obrigação de dar coisa certa. 
Obrigação de não fazer transeunte (ou instantâneas) > são irreversíveis > só cabe ao credor exigir perdas e danos.
Obrigação de não fazer permanente > pode ser desfeitas > o credor pode exigir o desfazimento do ato (que pode ser feito por terceiro ou próprio credor 820 CPC) mais perdas e danos.
Artigo 251 parágrafo único – em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. 
S. 410 STJ “a prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”. Multa se refere à astreintes ou cláusula penal? Astreintes.
Classificação quanto à presença de elementos obrigacionais
Obrigação simples é quando tem um credor, um devedor, uma prestação.
Obrigação composta é pela multiplicidade de objetos (obrigação composta objetiva cumulativa, ou alternativa) ou multiplicidade de sujeitos (obrigação composta subjetiva ativa e passiva que podem assumir a forma de obrigação solidária ativa, passiva e mista).
Das obrigações compostas objetivas
São aquelas que apresentam duas ou mais prestações, surgem duas modalidades importantes. Há a obrigação composta objetiva cumulativa/conjuntiva. É a obrigação que o sujeito passivo deve cumprir todas as prestações previstas, sob pena de inadimplemento total ou parcial. A inexecução de uma das prestações caracteriza descumprimento obrigacional. 
Num contrato de locação de imóvel urbano, locador e locatário assumem obrigações cumulativas. Artigo 22 e 23 da Lei 8245 trazem vários deveres obrigacionais, prestações de natureza diversa, para locador e locatário. Pela estrutura obrigacional do contrato o locador é obrigado a entregar o imóvel, garantindo o seu uso pacífico e a responder pelos vícios da coisa locada, dentre outros deveres. O locatário é obrigado a pagar o aluguel e encargos, a usar o imóvel conforme convencionado e a não modificar a forma externa do mesmo. Há diversas prestações de natureza diversa (dar, fazer e não fazer) de forma cumulada. O descumprimento de um deles gera inadimplemento obrigacional.
Obrigação composta objetiva alternativa (252-256)
Obrigação alternativa é espécie do gênero obrigação composta, sendo a que se apresenta com mais de um sujeito ativo ou passivo, ou mais de uma prestação. É uma obrigação composta objetiva, tendo mais de um conteúdo ou prestação. Exemplo típico é o contrato estimatório, ou conhecido como contrato de venda em consignação. Artigo 534 CC – no contrato estimatório o consignante transfere ao consignatário bens móveis para que o consignatário os venda, pagando preço de estima, ou devolve os bens findo o prazo assinalado no instrumento obrigacional. 
Havendo duas prestações, o devedor se desonera totalmente satisfazendo apenas uma delas. 
Artigo 252 - Como na obrigação de dar coisa incerta, o objeto da obrigação alternativa é determinável, cabendo concentração, que no silencio cabe ao devedor. 
Parágrafo 1º: não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra, ou seja, receber as prestações de forma fragmentada. > Essa regra não se aplica ao contrato estimatório. 
Parágrafo 2º: No caso de obrigação periódica (obrigação de execução continuada ou trato sucessivo) a opção pode ser exercida a cada período, o que mantém o contrato sob forma não instantânea. 
Parágrafo 3º: no caso de pluralidade de optantes e não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz findo o prazo por este determinado para a deliberação em eventual ação.
Parágrafo 4º: caso a escolha caiba a terceiro e ele não queira ou não possa exercer, cabe ao juiz da causa pronunciar-se sobre o caso.
A obrigação alternativa não se confunde com a de dar coisa incerta. A alternativa é composta (duas ou mais prestações), a incerta é obrigação simples (com apenas uma prestação e objeto determinável).
Artigo 253 – Se uma das duas prestações não puder ser cumprida, a obrigação se concentra na restante. 
Artigo 535 – quanto ao contrato estimatório, o consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável. 
Artigo 254 – tornando-se impossível a obrigação alternativa (todas elas) por culpa do devedor, e não cabendo escolha ao credor, deverá o devedor arcar com a prestação que por último se impossibilitou + perdas e danos. 
Artigo 255 – caso a escolha caiba ao credor, tornando-se impossível somente uma das prestações por culpa em sentido amplo do devedor, duas opções I) exigir a prestação restante ou subsistente + perdas e danos; II) exigir o valor da prestação que se perdeu + perdas e danos. Tornando-se impossível o cumprimento de ambas prestações, o credor poderá exigir o valor de qualquer das prestações + perdas e danos. 
Artigo 256 – Todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-à a obrigação. Vale lembrar que em algumas situações a parte responde por caso fortuito e força maior (devedor em mora, previsão contratual ou previsão legal).
CPC 800 – Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, este será citado para exercer a opção e realizar a prestação em 10 dias, se outro prazo não determinado, em lei ou contrato. 
Parágrafo 1º: a opção de escolha será devolvida ao credor, se o devedor não exercer no prazo, após citado.
Parágrafo 2º: Quando o credor for indicar, deve fazer na petição inicial de execução. 
As duas formas de obrigações compostas analisadas (alternativa e conjuntiva) não se confundemcom a obrigação facultativa (somente uma prestação e uma faculdade a serem cumpridas). Exemplo de obrigação facultativa “se alguém, por contrato, se obrigar a entregar 50 sacas de café, dispondo que, se lhe convier, poderá substituí-las por 20 mil, ficando assim com o direito de pagar ao credor coisa diversa do objeto do débito”. Nessa modalidade é uma faculdade do devedor a prestação, havendo impossibilidade sem culpa, a obrigacao se resolve. Se houver culpa, o credor pode exigir o equivalente da obrigação + perdas e danos. É possível o 234 à obrigação facultativa.
Obrigações compostas subjetivas – obrigações solidárias (264-266) TEORIA GERAL.
Artigo 264 – há solidariedade quando na mesma obrigação concorrer mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito ou obrigado à dívida toda. Na obrigação solidaria ativa, qualquer dos credores pode exigir a obrigação por inteiro. Na obrigação solidária passiva, a dívida pode ser paga por qualquer um dos devedores.
Artigo 265 – a solidariedade não se presume, resulta da lei ou vontade das partes. 
A solidariedade obrigacional constitui regra no CDC, ao contrário do CC que é exceção. Artigo 7 CDC “tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação de danos previstos nas normas de consumo”, esse comando consumerista traz uma presunção de solidariedade contratual. 
Fiador e devedor principal não são devedores solidários. O fiador tem a seu favor o benefício da ordem (827), que é exigir que seja demandado os bens do devedor principal. Em regra, o fiador é subsidiário. Entretanto, é possível que o fiador fique vinculado como principal pagador ou devedor solidário (828, II). Fiadores de uma mesma dívida são solidários entre si (829). 
STJ informativo 539 “de fato há duas espécies de contrato de conta bancária: a) conta individual ou unipessoal; b) a conta conjunta ou coletiva. A individual ou unipessoal é que possui titular único, que movimenta por si ou por procurador. A conjunta ou coletiva é a que pode ser b.1) indivisível quando movimentada por todos seus titulares simultaneamente, sendo exigida a assinatura de todos, ressalvada a outorga de mandato a um ou alguns pra fazê-lo; b.2) solidária quando os correntistas podem movimentar a totalidade dos fundos disponíveis isoladamente. Nesta última espécie prevalece o principio da solidariedade ativa e passiva em relação ao banco (em virtude do contrato de abertura de conta corrente), de modo que o ato praticado por um dos titulares não afeta os demais nas relações jurídicas e obrigacionais com terceiros, devendo-se, portanto, afastar a solidariedade passiva dos correntistas de conta conjunta solidária em suas relações com terceiros” RESP 1.184.584. 
Artigo 266 – a obrigação solidária, quanto à presença de elemento acidental, pode assim ser subclassificada:
Obrigação solidária pura ou simples – não contém condição, termo ou encargo
Solidária convencional – cujos efeitos estão subordinados a um evento futuro e incerto (condição)
Solidária a termo – efeitos subordinados a evento futuro e certo (termo).
A obrigação solidária pode ser pura quanto a uma parte e condicional ou a termo em relação à outra, seja credor ou devedor. 
O comando não fala da obrigação solidária modal ou submetida a encargo. É possível? Tartuce entende que é, não há vedação à modal diante da possibilidade de compatibilidade do encargo com obrigação solidária e o fato de não existir ilicitude ou contrariar bons costumes a gerar eventual nulidade. E o rol do 266 deve ser exemplificativo, como típico dos direitos pessoais patrimoniais. 
O comando também trata da previsão de possibilidade de ajustar-se o pagamento ou cumprimento da obrigação em local diferente apenas para alguns dos devedores ou credores solidários. Princípio da variabilidade da natureza da obrigação solidária. 
Obrigação solidária ativa (267 a 274 CC)
Artigo 267 - Qualquer dos credores (denominados cocredores) pode exigir do devedor, ou dos devedores, o cumprimento da obrigação por inteiro, como se fosse um só credor. Pode ter origem legal, é o caso dos locadores de imóvel urbano (art. 2º Lei 8.245/91). 
Artigo 268 - Havendo solidariedade ativa, o devedor comum pode pagar a qualquer um dos credores antes mesmo da propositura de ação judicial para cobrança do valor da obrigação. 
A doutrina entende que proposta a demanda, ocorrerá a prevenção judicial, podendo a satisfação da obrigação somente ocorrer em relação a quem promoveu a ação – Tartuce e Maria Helena Diniz.
A dívida de 30 mil pode ser exigida por qualquer credor e de qualquer maneira. O credor A pode cobrar 10, 20 mil ou a dívida inteira. Do mesmo modo, o devedor D pode pagar pra quem quiser e como quiser, antes de eventual demanda proposta por qualquer dos credores.
Artigo 269 – Caso ocorra o pagamento de forma direta ou indireta (novação, compensação e remissão), a dívida será extinta até o limite em que for atingida pela correspondente quitação ou pagamento. Quer dizer, se pagou uma fração do pagamento, a obrigação não se extinguirá, mas dela se descontará aquilo que já pago.
No caso de pagamento parcial efetuado pelo devedor D ao credor A, no montante de 10 mil, o restante da dívida (10 mil ao B e 10 mil ao C) poderá ser ser cobrado por qualquer credor, o que obviamente inclui quem recebeu (A).
Artigo 270 - Se um dos credores falecer, a obrigação se transmite a seus herdeiros, cessando a solidariedade em relação aos sucessores, uma vez que cada qual somente poderá exigir a quota do crédito relacionada com o seu quinhão de herança. Como os herdeiros sucedem por quinhão, a cada um caberá a parte da dívida integrada nele, não mais do que isso, não a totalidade da dívida.
A dívida total era 30 mil, a quota do credor C era de 10 mil, cada um dos seus dois herdeiros poderá exigir do devedor 5 mil reais, refração do crédito. 
A regra não se aplica à obrigações naturalmente indivisíveis (entrega de um animal ou veículo). Sendo neste caso, o cumprimento da obrigação indivisível ocorrerá se o objeto for entregue a qualquer um dos sucessores. 
Artigo 271 – Convertendo-se a prestação em perdas e danos, permanece a solidariedade. 
De acordo com o artigo 263, a obrigação indivisível perde esse caráter quando dá sua conversão em perdas e danos, o que não ocorre com a obrigação solidária ativa, que permanece com o dever do sujeito passivo obrigacional pagar a quem quer que seja. 
Aplicando o 271, se a prestação tornar-se impossível com culpa do devedor D, acrescendo-se, a título de perdas e danos, o valor de 30 mil por lucros cessantes, o montante de 60 mil pode ser cobrado por qualquer credor, mantendo-se a solidariedade. 
Artigo 272 - No caso de remissão (ou perdão da dívida) de forma integral por parte de um dos credores solidários, este responderá perante os outros pelas frações que lhes cabiam. A mesma regra deve ser aplicada no caso de um dos credores solidários receber o pagamento por inteiro, de forma direta ou indireta. 
Se o credor A fazer a remissão ou receber o montante de 30 mil, deverá pagar os demais credores (B e C) as suas quotas a parte, ou seja, 10 mil pra cada um. 
Obrigação solidária ativa não é fracionável quanto ao devedor (relação externa), mas fracionável quanto aos sujeitos ativos da relação obrigacional (relação interna). 
Artigo 273 – A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. Exceções pessoais são defesas de mérito, como as relacionadas com os vícios da vontade (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão) e as incapacidades em geral. Na obrigação solidária ativa o devedor não poderá opor essas defesas contra os demais credores diante de sua natureza personalíssima. 
Se o devedor foi coagido por um credor solidário a celebrar determinado negócio jurídico, a anulabilidade do negócio somente poderá ser oposta em relação a esse credor, não em relação aos demais credores, que nada tem a ver com a coação exercida. 
Artigo 274 – O julgamento contrário a um dos credores solidários nãoatinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles. 
Se um dos credores vai a juízo e perde, qualquer que seja o motivo, a decisão não tem eficácia em relação aos demais credores. 
Se o credor vai a juízo e ganha, a decisão beneficiará os demais credores, salvo se o devedor tiver exceção pessoal que possa ser oposta a outro credor participante no processo, pois em relação a aquele que promoveu a demanda, o devedor nada mais pode opor.
Artigo 201 – Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, esse efeito só aproveitará aos outros se a obrigação for indivisível. 
Artigo 204 – a interrupção efetivada por um credor não aproveita aos outros, salvo se a obrigação for solidária ativa. Exemplo: se um credor protesta o título em cartório, a interrupção da prescrição aproveitará aos demais credores solidários.
Obrigação solidária passiva (275-285 CC)
Artigo 275 - O credor tem o direito de exigir e receber de um ou alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. Se o pagamento ocorrer de forma parcial, todos demais devedores continuam solidariamente obrigados pelo resto do valor devido. 
Parágrafo único: se proposta ação somente contra um ou alguns devedores, não haverá renúncia à solidariedade – o pagamento parcial não exime os demais obrigados solidários ao restante da obrigação.
É como se todos fossem um só devedor. Ela também pode ter origem legal, como os locatários de imóvel urbano (artigo 2º 8245) e dos comodatários (585), ou convencional. 
Artigo 276 – no caso de falecimento de um dos devedores solidários, cessa a solidariedade em relação aos sucessores do de cujus, sendo os herdeiros responsáveis até os limites da herança e seus quinhões correspondentes. A regra não se aplica a obrigação indivisível.
Dívida de 30 mil, e D falece, deixando dois herdeiros, E e F, cada um destes poderá ser cobrado em 5 mil. E isso até os limites da herança, pelo que estabelece o 1792 do CC, que consagra a máxima intra vires hereditatis. 
Agora, estando um dos herdeiros com o touro reprodutor, obrigação indivisível, este deverá entregar o animal, permanecendo a solidariedade. E todos os herdeiros, reunidos, são considerados como um devedor solidário em relação aos demais codevedores. Resta claro que o caso de pagamento feito por um dos devedores, poderá vir a cobrar dos herdeiros, até o limite da quota do falecido.
Artigo 277 – tanto o pagamento parcial realizado por um dos devedores como a remissão por ele obtida não tem o efeito de atingir os demais devedores. No máximo, caso ocorra o pagamento direto ou indireto, os demais devedores serão beneficiados de forma reflexa, havendo desconto em relação à quota paga ou perdoada.
Artigo 278 – qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes. É o princípio da relatividade dos efeitos contratuais, o negócio firmado gera efeitos inter partes. 
Exemplo: 70075507558 se tem dois demandados para ressarcir, e um deles realiza um acordo, o acordo atinge somente um, o outro não é obrigado à realizar o acordo. 
Outro exemplo: 2 devedores e 1 credor, onde o credor realiza acordo com 1 devedor excluindo a responsabilidade dele, restando todo crédito para 1 devedor – não pode, pois implica responsabilidade exclusiva de 1, agravando a situação dele, pois ele teria que arcar com toda a dívida. AgrRESP 1180437
Artigo 279 impossibilidade de prestação – impossibilitando a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; perdas e danos só responde o culpado. 
É diferente do que ocorre com a obrigação indivisível, todos solidários respondem pelo débito, mesmo não havendo descumprimento por parte de um ou alguns. 
Exemplo 1: Imóvel locado por dois devedores, existe um débito em aberto de 10 mil, o locador pode cobrar de qualquer um. Se um dos locatários causou um incêndio no imóvel, gerando prejuízo de 30 mil reais, apenas este responde perante o sujeito ativo da obrigação. Mas a dívida locatícia em aberto continua podendo ser cobrada de qualquer dos devedores solidários. 
Exemplo 2: Berenice e Helena são devedoras solidárias da égua Veloz a César. Berenice se esquece de alimentar o animal, que vem a morrer, fato que torna impossível a prestação. Surge para as devedoras o dever de indenizar o credor pelo valor da égua, mas apenas Berenice fica responsável pelos prejuízos sofridos por César em razão da morte de Veloz.
Artigo 280 Juros moratórios e multa – todos os devedores respondem pelos juros moratórios e multa decorrentes do inadimplemento, mesmo que a ação para cobrança do valor da obrigação tenha sido proposta em face de somente um dos codevedores. Haverá responsabilização do culpado, que deverá ressarcir os juros e multa aos demais solidários que vierem a pagá-los ao credor.
Quanto à obrigação acrescida - que é o caso dos juros decorrentes do ilícito extracontratual (artigo 186, viola direito e causa dano a outrem) - responde apenas aquele que agiu com culpa genérica. 
Exemplo 1: é o caso do incêndio, porque apenas quem causou o incêndio deve pagar.
Exemplo 2: eram 3 devedores solidários, foi ajustado que um deles pagaria em determinada data ao credor saldando o débito, o que não ocorreu, gerando assim juros de multa e multa, devendo os 3 pagar todo valor do débito acrescido dos juros, mas quem causou os juros deve ressarcir os outros devedores caso eles paguem.
 
Artigo 281 oponibilidade de exceções pessoais – na solidariedade passiva, o devedor demandado poderá opor contra o credor as defesas que lhe forem pessoais e aquelas comuns a todos, tais como pagamento parcial ou total e a prescrição da dívida. Frise-se, a prudência exige que chame os consortes ao processo.
O devedor demandado não poderá opor as exceções pessoais a que outro codevedor tem direito, porque são personalíssimas. É o caso dos vícios da vontade ou incapacidade em geral. 
Exemplo 1: Rui e Pontes são devedores solidários de César. Ocorre que, num dado momento, Pontes se torna credor de César. Acionado para pagamento, Pontes pode opor, na contestação, a compensação, sem se esquecer de chamar Rui ao processo.
Exemplo 2: A dívida de Rui e Pontes está prescrita. Qualquer dos devedores pode, quando acionados para pagamento, opor ao credor a prescrição, por se tratar de exceção comum a ambos.
Artigo 282 – o credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. É a renúncia parcial, a favor de um devedor, ou total (todos devedores). Sem necessidade de aceitação expressa ou tácita da outra parte. 
Renúncia diferencia-se da remissão de dívidas. Na renúncia o devedor fica inteiramente liberado do vínculo obrigacional, inclusive no que tange ao rateio da quota do eventual codevedor insolvente. Se A é o credor de uma dívida de 30 mil, havendo três devedores solidários – B, C e D – e renúncia a solidariedade em relação à B, este estará exonerado na solidariedade, mas continua sendo responsável por 10 mil. 
À renuncia à solidariedade em favor de determinado devedor afasta a hipótese de seu chamamento ao processo.
Artigo 283 – o devedor que satisfazer a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores. 
Isso possibilita a ação de regresso por parte do devedor solidário que paga a dívida dos demais. Havendo insolvência de um dos devedores, a sua quota deverá ser dividida proporcionalmente entre os devedores restantes. A regra pode ser afastada de acordo com o instrumento.
Artigo 284 – no caso de rateio entre codevedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. – No caso da renúncia, quem foi exonerado vai ajudar apagar a parte da obrigação do insolvente. Se tem 4 pessoas, 1 insolvente e 1 teve renúncia da solidariedade pelo credor, se tira o insolvente da equação e acresce 1/3 do valor a cada um, inclusive o que havia sido renunciado.
Artigo 285 – Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que a pagar. O interessado direto pela dívida responde integralmente por ela. Caso um fiador pague a dívida de um locatário, devedor principal, poderá cobrar dele todo o montante da obrigação. 
Entretanto, se o fiador paga toda a dívida de outro fiador, poderá aquele exigir somente a metade da mesma, eis que são devedores da mesma classe. Interpretação dos artigos 829 par. Único e 831 do CC. 
A interrupção da prescrição do artigo 204, como regra geral, não poderá operar sobre os demais devedores e seus herdeiros, a não ser que a obrigação seja solidária.
À falta de solidariedade passiva (3), a interrupção da prescrição provocada por um credor se opera apenas em relação ao devedor, ou ao seu herdeiro, sem prejudicar os demais coobrigados existentes. Na hipótese de ausência de devedores solidários, a causa que provocou a interrupção da prescrição é exclusiva, situação em decorrência da qual as consequências se limitam ao co-devedor, de tal maneira que o fluxo prescricional não se interrompe em relação aos demais coobrigados, que não são prejudicados nem atingidos.
A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, a não ser no caso de uma obrigação indivisível (parágrafo 2º do 204). A interrupção da prescrição produzida contra devedor principal prejudica (afeta) o fiador (parágrafo 3º do 204).
Havendo pluralidade de credores e devedores, todos solidários entre si, estará caracterizado a obrigação solidária mista, recíproca ou obrigação solidária complexa. Ela pode ser convencional ou legal, como ocorre quando se tem vários locadores e locatários de imóvel urbano, artigo 2º da 8245. A regra é a mesma da solidariedade ativa e passiva.
Classificação quanto à divisibilidade
Obrigação divisível: é uma obrigação fracionada.
Obrigação indivisível: não admite fracionar. 
Artigo 257 – pluralidade de credor/devedor de obrigação divisível, se presume dividida em obrigações iguais entre os credores/devedores.
Exemplo: se 3 pessoas devem 120 sacas de arroz, cada uma deve pagar 40.
Artigo 258 – trata do conceito de indivisibilidade. Pode ser por motivo natural, legal ou convencional.
As obrigações de dar/fazer podem ser divisíveis ou indivisíveis. As obrigações de não fazer, EM REGRA, são indivisíveis. 
Artigo 259 – sendo obrigação indivisível, todos sujeitos passivos da obrigação são responsáveis pela divida integralmente. Quem paga, se sub-roga nos direitos do credor perante os demais, podendo exigir nas quotas partes correspondentes.
Artigo 265 – 1ª diferença de obrigação indivisível e obrigação solidária é que a indivisível se origina da natureza da coisa, tarefa ou negócio. A solidariedade se origina da Lei ou convenção. 
Artigo 260 – Se houver pluralidade de credores na obrigação indivisível, o devedor(es) se desonera(m) da obrigação caso: 
a) Paguem ou cumpram a obrigação em relação a todos os credores de forma conjunta.
b) Cumpre a obrigação em relação a um credor e exige caução de retificação. A garantia deve ser escrita e com firma reconhecida, trata-se de garantia real.
Artigo 261 – Se houver pluralidade de credores numa obrigação indivisível, e um receber a prestação integralmente, os demais podem pleitear sua quota parte em dinheiro.
O que é remissão? É o perdão de dívida feito por um credor e aceito pelo devedor. Forma de pagamento indireto, do artigo 385 até 388 do Código Civil.
Artigo 262 – Se um dos credores remitir a dívida de obrigação indivisível, as frações dos demais permanecerão exigíveis. Credores restantes podem exigir suas quotas parte. Esta regra se aplica também à transação, novação, compensação e confusão.
Artigo 263 – Obrigação indivisível perde seu caráter se convertida em obrigação de pagar perdas e danos (obrigação de dar divisível). 
Diferente é a obrigação solidária, que não perde a natureza se convertida em perdas e danos.
§ 1º - caso haja culpa lato sensu por todos devedores no descumprimento da obrigação indivisível, todos responderão em partes ou frações iguais.
§ 2o - se houver culpa por parte de um dos devedores, somente ele responderá por perdas e danos, bem como com o valor da obrigação. Credor não pode exigir do devedor não culpado. Ela atinge tanto a obrigação em si quanto a indenização suplementar.
Sobre o último parágrafo há discussão doutrinária. Há quem entenda que, havendo culpa de um dos devedores na obrigação indivisível, quem não foi culpado continua respondendo pelo valor da obrigação, mas pelas perdas e danos só responde o culpado. O motivo do porque não se adota esse entendimento, e sim o exposto no parágrafo 2º, é que dentro do conceito de perda se danos (402) está o valor da coisa percebida, concebido como dano emergente, porque o comando fala em “do que ele efetivamente perdeu”, assim sendo, havendo culpa de um dos devedores pela perda de um touro reprodutor, responderá o culpado pelo valor da coisa (a título de dano emergente) e eventuais lucros cessantes que forem provados – os demais devedores nada deverão pagar.
 Igual regra não existe na obrigação solidária passiva. Artigo 279 – mesmo se houver culpa de somente um dos devedores, todos serão responsáveis pela obrigação, somente respondendo pelas perdas e danos o responsável culposo ou doloso. 
Classificação quanto ao conteúdo
Obrigação de meio/diligencia: o devedor só é obrigado a empenhar-se a perseguir o resultado. Só responde se provada a culpa genérica. Há responsabilidade civil objetiva de quem assumiu a obrigação. É o caso do médico e advogado. A responsabilidade dos liberais subjetiva está no artigo 14 parágrafo 4º da lei 8078, e os da área da saúde artigo 951 do código civil.
Obrigação de resultado/fim: prestação é cumprida com a obtenção do resultado. Respondem independentemente da culpa. É a responsabilidade civil objetiva. É o caso do transportador, médico e cirurgião plástico estético e dentista estético.
Cirurgião plástico reparador é a obrigação é de meio. É o médico cirurgião plástico estético que responde independentemente da culpa.
Se presente obrigação de meio e de resultado ao mesmo tempo, se faz uma análise fracionada para atribuir a correspondendo responsabilidade civil.
A jurisprudência oscila quanto a responsabilidade objetiva e subjetiva com culpa presumida. Informativo 491STJ.
Obrigação de garantia: é uma garantia pessoal oferecida por força de um contrato. É o caso da fiança.
Quanto à Liquidez
Líquida: certo quanto à existência e determinada quanto ao objeto e valor. Se específica a qualidade, quantidade e natureza do objetivo. 
Artigo 397 – inadimplemento de obrigação positiva e líquida constitui o devedor em mora automaticamente (mora ex re). Tendo obrigação líquida, cabe ação de execução por quantia certa, pedido de falência, concessão de arresto, compensação legal.
Ilíquida: incerta quanto à existência e indeterminada quanto ao conteúdo e valor. Para ser cobrado, é necessário que se torna líquida, ocorrendo isto pelo processo de conhecimento.
Quanto à presença de elemento acidental
Obrigação para ou simples: não sujeita à condição, termo ou encargo. Exemplo: doação pura. 
Obrigação condicional: contém condição. Subordina sem efeito a evento futuro e incerto. 
Artigo 542 – doação feita ao nascituro, porque depende do nascimento com vida. A condição é identificada pelas conjunções se (suspensiva) ou enquanto (resolutiva). 
Obrigação a termo: cláusula que subordina seu efeito a evento futuro e certo. É possível a doação a termo, o donatário permanece com o bem por um lapso temporal. Conjunção “quando”.
Obrigação modal/encargo: onerada por encargo, ônus à pessoa contemplada.
Exemplo artigo 540: doação modal/encargo, queé onerosa. Exemplo “para que”. 
Classificação quanto à dependência
Principal: independente de outra para ter existência, validade e eficácia.
Acessória: está subordinada a outra relação jurídica. 
Extinção, nulidade, anulabulidade ou prescrição da obrigação principal reflete na acessória. Obrigação principal é a assumida pelo locatário no contrato de locação. O fiador assume uma obrigação acessória. É válido a penhora de bem de família do fiador S.549 STJ. 
Classificação quanto ao LOCAL de cumprimento
Obrigação quesível: cumprimento no domicílio do devedor. É a regra geral artigo 327.
Obrigação portável: seu cumprimento deverá ocorrer no domicílio do credor ou de terceiro. Deve constar expressamente.
Classificação quanto ao momento para cumprimento
Obrigação instantânea com cumprimento imediato: cumprida imediatamente após constituição. Se ter relação com pagamento, será à vida. Artigo 331. Salvo previsão contrário. Em regra, não se revê judicialmente.
Obrigação de execução diferida: cumprimento deve ocorrer de uma vez só no futuro. Exemplo: cheque pós ou pré-datado. Pode ser aplicada revisão contratual por fato superveniente diante da imprevisibilidade e onerosidade excessiva, artigo 317 e 478, cabendo também revisão contratual por fato superveniente por apenas onerosidade excessiva artigo 6º alínea V do CDC. 
Quando se tem ausência de crédito imediato, é comum a obrigação de execução continuada, execução periódica ou obrigação de trato sucessivo, cujo cumprimento se dá por meio de subvenções periódicas. Há possibilidade de revisão contratual em virtude de fato imprevisto ou excessiva onerosidade. Exemplo: financiamentos e contrato de locação assumem a forma sucessiva.
Obrigações propter rem e natural
Obrigação propter rem/híbrida: seria híbrida porque seu conteúdo é parte de direito real e parte de direito pessoal. A obrigação propter rem é de determinada pessoa, por força de um direito real, pela relação que a mesma tem com um bem móvel ou imóvel (obrigação ambulatória ou mista).
A obrigação real fica no meio do caminho entre o direito real e o direito obrigacional. Então, as obrigações reais ou propter rem são as que estão a cargo de alguém, à medida que este é proprietário de alguma coisa, ou titular de um direito real de uso e gozo dela. Alguns chamam de obrigação com ônus real.
Exemplo: obrigação do proprietário do imóvel pagar as despesas de condomínio, artigo 1345, vez que o adquirente do imóvel em condomínio edilício responde por tais débitos, que acompanham a coisa pra onde quer que ela vá. 
Esse dispositivo e a natureza propter rem da obrigação de pagar as despesas condominiais relativizam parcialmente a regra pela qual o vendedor responde por todos os débitos que gravem a coisa até o momento da tradição (502). Não havendo acordo entre as partes, o novo adquirente passa a responder por tais quantias condominiais, que acompanham a coisa. 	
Pode ser considerada obrigação propter rem a relacionada com o dever do proprietário de não prejudicar a segurança, sossego e a saúde dos vizinhos, tendo o Código Civil um capítulo sobre os direitos de vizinhança a partir do artigo 1277. 
Da jurisprudência, o STJ tem considerado como propter rem a obrigação do proprietário em fazer a recuperação ambiental do imóvel. STJ RESP 1.109.778. A premissa inclusive consta no artigo 2º parágrafo 2º do Novo Código Florestal “as obrigações previstas nesta Lei tem natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural”.
Ainda sobre obrigações mista, o STJ tem entendido que dívidas de consumo, como água, esgoto e energia elétrica, não constituem obrigações propter rem, mas dívidas pessoais do usuário do serviço. STJ AgRg no AREsp 265.966 E STJ AgRg no REsp 1.258.866. 
Obrigação natural: aquela que o credor não pode exigir a prestação do devedor, já que não há pretensão para tanto. É o famoso débito sem responsabilidade (schuld sem haftung). Em caso de pagamento por devedor capaz, é válido e irretratável, não cabendo ação de repetição de indébito ou actio in rem verso (artigo 882 Código Civil). De acordo com a doutrina, chamam de obrigações incompletas, porque apresentam como características essenciais as particularidades de não serem judicialmente exigíveis, mas, se cumpridas espontaneamente, será tido como válido, que não poderá ser repetido (há a retenção do pagamento, soluti retentio). 
Dívida prescrita (artigo 882)
Dívidas resultantes de jogo e aposta não legalizada (814 e 815)
Mútuo feito a menor sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver (588). 
Sem previsão no ordenamento jurídico brasileiro é a gorjeta. A gorjeta, como obrigação incompleta, não pode ser exigida do terceiro, geralmente consumidor, mas sendo paga não caberá sua restituição. 
ADIMPLEMENTO OBRIGACIONAL – teoria do pagamento
Elementos subjetivos
Solvens = quem deve pagar
Accipiens = a quem se deve pagar
Solvens 304-307
304 - qualquer interessado na dívida pode paga-la, podendo usar, caso tenha oposição do credor, os meios conducentes à exoneração do devedor. Exemplo: consignação (334 cc e 539 CPC).
Quem é o terceiro interessado na dívida? É quem tem interesse patrimonial na sua extinção, como o fiador, avalista e herdeiro. 
Havendo o pagamento por terceiro, se sub-roga nos direitos do credor, ocorrendo a transferência de ações, exeções e garantias que detinha o credor. É a chamada sub-rogação legal ou automática (346 III).
Frisar: interesse patrimonial não é a mesma coisa que interesse afetivo. O pai que paga a dívida deve ser considerado um terceiro não interessado. Regras próprias sobre o terceiro não interessado:
Art. 305 - Se terceiro não interessado fizer o pagamento em seu próprio nome tem direito a reembolsar-se no que pagou, mas não se sub-roga nos direitos do credor. Paga a dívida antes de vencer, o reembolso ocorre no vencimento.
304 parágrafo único - Se terceiro não interessado fizer o pagamento em nome e em conta do devedor, sem oposição dele, não terá direito algum, é como uma doação, ato de liberalidade. 
Quanto ao terceiro não interessado que fizer o pagamento em seu próprio nome, não há sub-rogação legal (como quando 3º interessado paga), mas mero reembolso. Na sub-rogação legal há substituição automática, sendo desnecessário a prova da existência da dívida. Já no caso do 3º não interessado que paga em próprio nome, isto não ocorre, pode haver necessidade de se provar a dívida e o correspondente pagamento. 
306 – ocorrendo pagamento por 3º não interessado e em seu próprio nome, sem conhecimento ou com oposição do devedor, não haverá obrigação de reembolso do devedor em relação ao 3º, se o credor provar que tinha meios de solver a obrigação. Exemplo: devedor tem a alegação de prescrição da dívida. 
307 – Quanto ao solvens, somente terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade quando feito por quem possa alienar o bem que ele constituiu. O dispositivo veda a alienação por quem não seja o dono da coisa (a non domino), ocorrendo a ineficácia, não invalidade do pagamento, não surtindo efeito liberatório para o devedor. Quer dizer, apenas o legítimo proprietário (ou representante) podem realizar a transferência.
 Parágrafo único: se a parte der em pagamento coisa fungível de terceiro, não será mais possível que este reclame do credor que a recebeu de boa-fé e a consumiu. Isso ocorre mesmo no caso de alienação do bem por insolvente. Assim, se entregue coisa de terceiro, o mesmo deverá demandar o devedor se a coisa já tiver sido consumida mesmo de boa-fé, por causa da vedação do enriquecimento sem causa. Se não houve ainda o consumo, o terceiro poderá demandar o accipiens. 
A entrega a B 100 sacas de café, que são de C, como forma de pagamento. Três possibilidades no caso:
Se o café já foi consumido por B, de boa-fé, a ação de C é contra A.
Se o café não foi consumido por B, a ação de C é contra B.
Se o café foi consumido por B, de má-fé, a ação é contra B. havendo má-fé e perdas edanos. Quanto às perdas e danos, respondem todos os culpados solidariamente.
Do accipiens ou “a quem se deve pagar” – 308 à 312
308 – apesar de o accipiens ser o credor, o pagamento por igual pode ser feito ao seu representante, que tem poderes para recebe-lo, sob pena de só valer depois de ratificação, de confirmação pelo credor, ou havendo prova de reversão ao seu proveito. O pagamento também pode ser feito aos sucessores do credor, como herdeiro e legatório.
Enuncia n. 425 CJF/STJ “o pagamento repercute no plano da eficácia e não no plano da validade, como preveem os artigos 308, 309 e 310 do Código Civil”.
309 – válido será o pagamento ao credor putativo (aquele que aparentemente tem poderes para receber) desde que haja boa-fé do devedor. Aqui uma aplicação da teoria da aparência, que procura valorizar a verdade real, em detrimento da verdade formal. No Brasil, a boa-fé pode ser presumida a favor do consumidor, como aplicação do 47 do CDC, que consagra a interpretação que lhe seja mais favorável, ou os contratos de adesão, por força da interpretação pro aderente (423 cc).
Exemplo: locatário efetua pagamento na imobiliária X. O locador rompe o contrato de representação com a imobiliária e contrata a imobiliária Y. O locatário não avisado continua pagando para a imobiliária X., sendo notificado da troca seis meses depois, sendo reputados válidos – não se aplica à regra de quem paga mal, paga duas vezes, cabendo ao locador acionar a imobiliária X e não o locatário. TJSP 1.247.830/3 – TJRS 70018451633 – ótimo exemplo STJ RESP 1.601.533/MG – STJ AgRg no Ag 1.225.463 – Estranho STJ Resp 823.724/RJ
310 – aqui se encontra a regra “quem paga mal, paga duas vezes”. Não vale o pagamento (em sentido de ser ineficaz) cientemente feito ao credor incapaz de dar quitação, se o devedor não provar que o valor pago está sendo em benefício do credor. A incapacidade é em sentido genérico, significando falta de autorização, ou incapacidade absoluta ou relativa daquele que recebeu (art. 3º e 4º do CC). Nestes casos, paga de novo. Exemplo: apelação 0017943-67.2009.8.26.0114 – isso não obsta que quem pagou ingresse com ação de repetição de indébito contra quem recebeu (regras do pagamento indevido e vedação do enriquecimento sem causa). // Parte final do 310: se ficar provado que o pagamento foi revertido a favor do credor, haverá exoneração daquele que pagou. O dispositivo valoriza a busca da verdade real (teoria da aparência). 
311 – deve ser considerado como autorizado o pagamento aquele que está munido do documento representativo da quitação (o recibo), salvo se as circunstâncias afastarem a presunção relativa desse mandato tácito. Por exemplo, se o devedor notar que no recibo consta assinatura do credor aparentemente falsa, poderá negar-se a fazer o pagamento. O dispositivo tem que ser complementado com o 113 do CC, de que os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé objetiva e os usos e costumes do seu lugar de celebração. 
312 – Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito ou da sua impugnação oposta por terceiro, não deverá ser tido como válido o pagamento em relação a este terceiro. O terceiro pode constranger o devedor a pagar novamente (quem paga mal, paga duas vezes), ressalvado o direito de regresso do devedor em face do credor. 
Concretizando na prática: Se no caso descrito o devedor for citado em interpelação judicial, em que terceiro reivindicar o crédito, não poderá pagar ao suposto credor. Se assim o faz, deverá pagar ao terceiro novamente, se este for o verdadeiro legitimado a receber, cabendo ingressar com ação de repetição de indébito contra aquele que recebeu o indevido. 
Exemplo 2: “A” é devedor de “B”, que por sua vez deve a “C”, que penhora o crédito de “B” para com “A”. Se “A” pagar “B” nestas condições, poderá pagar de novo, pois o crédito não mais está no patrimônio de “B”, e tal pagamento não terá efeito contra terceiros. A melhor saída para “A” é consignar o pagamento, para que depois alguém levante.
Do objeto e da prova do pagamento direto (elementos objetivos do pagamento direto) – 313 a 318
Após a análise dos elementos subjetivos do pagamento direto, importa o estudo dos elementos objetivos do pagamento, ou seja, seu objeto e prova.
313 - o objeto do pagamento é a prestação, podendo o credor se negar a receber o que não pactuado, mesmo sendo coisa mais valiosa. É a regra da individualização da prestação na obrigação de dar coisa certa. TJSP com revisão 415.544.4/8 acordão 4127884.
314 – mesmo sendo obrigação divisível, não pode ser o credor obrigado a receber, nem o devedor a pagar em partes, salvo a previsão expressa em contrato. Consagra o princípio da identidade física da prestação. Exemplo: caso de débito referente à instituição de ensino, não pode o devedor ou Poder Judiciário obrigar o credor a receber a dívida parceladamente. TJRS 70031862568.
Como exceção à premissa, o CPC passou a consagrar a moratória legal, artigo 916 do CPC. Sendo deferida a proposta pelo juiz, o exequente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos executivos. Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que agora passa a ser convertido em penhora. Há imposição pela lei de recebimento parcelado da dívida, o que quebra a premissa do 314 do CC.
315 – dívidas em dinheiro (obrigações pecuniárias) devem ser pagas em moeda nacional corrente e pelo valor nominal (princípio do nominalismo). Regra geral: pagamento em dinheiro. Existe também a dívida de valor (paga em dinheiro) que procura atender o verdadeiro valor do objeto da prestação, seja para mais ou menos, como aluguéis, pensões em geral, prestações alimentares, valores devidos a título de financiamento, todos sujeitos a correção monetária. 
Decreto-lei 857/1969 impõe nulidade absoluta das convenções que não estejam expressas em moeda nacional corrente (real), conforme Lei 9.069/1995. É proibido o pagamento em moeda estrangeira, salvo contratos cujo objeto é o comércio internacional, o que consta do 318 do Código Civil.
316 - Para evitar efeitos da inflação, comumente os credores empregavam a aplicação de índices de correção monetária que podiam ser aplicados sem limite temporal. De acordo com o artigo, é lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas, chamado também de cláusula de escala móvel ou cláusula de escolamento. Isso demonstra a essência da dívida de valor. O comando refere-se à correção monetária da obrigação. Tartuce defende que não houve revogação da Lei de Usura, continuando sendo proibido a cobrança de juros abusivos (superiores ao dobro da taxa legal), bem como o anatocismo (juros sobre juros).
Deve ser lido em sintonia art. 2º Lei 10.192/2001 “é admitida estipulação de correção monetária ou de reajuste por índices de preços gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos custos de produção ou dos insumos utilizados nos contratos de prazo de duração igual ou superior a um ano”, sendo “nulo de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou correção monetária de periodicidade inferior a um ano”.
317 – Exceção à regra do nominalismo. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifeste entre valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. É a revisão contratual por fato superveniente, diante de imprevisibilidade somada a onerosidade excessiva. Exemplo: TJMG Agravo 1.0702.05.218506-4/0001.
São requisitos para revisão contratual:
O contrato deve ser bilateral (sanalagmático) e oneroso (presente a remuneração).
O contrato deve ser comutativo, aquele em que a partes já sabem quais são as prestações, não sendo possível rever contrato aleatório, pois o risco é da essência do negócio. Entretanto, é possível rever a parte comutativa de um contrato aleatório (como prêmio de um seguro).
O contrato deve ser de execução diferida ou continuada (trato sucessivo), não sendo

Continue navegando