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1 Conduta Culposa DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online CONDUTA CULPOSA Espécies de Conduta As condutas podem ser classificadas quanto à forma de exteriorização da vontade (comissiva ou omissiva) e quanto à voluntariedade (dolosa ou culposa). Quanto à Voluntariedade Quanto à voluntariedade, as condutas podem ser dolosas e culposas. b) Conduta Culposa (Art. 18, II, do CP): Ocorre quando o agente produz um resultado ilícito que lhe era previsível (ou excepcionalmente previsto) no momento em que dirigia sua conduta para a realização de outro resultado (lícito). Na con- duta culposa, temos a culpa como elemento normativo inserido no fato típico. Culpa: Consiste numa conduta voluntária que realiza um evento ilícito não querido ou aceito pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que poderia ser evitado se empregasse a cautela necessária. 2 Conduta Culposa DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Quando pensar em culpa, lembre-se de uma regra: Culpa = Conduta Voluntária + Resultado Involuntário A culpa é composta por 6 elementos: 1) Conduta humana voluntária; 2) Violação de um dever de cuidado objetivo; 3) Resultado naturalístico involuntário; 4) Nexo causal entre conduta e resultado; 5) Resultado involuntário previsível (previsibilidade); 6) Tipicidade; Conduta Humana Voluntária É a ação ou omissão dirigida ou orientada pelo querer, causando um resul- tado involuntário. É a vontade dirigida à realização de um resultado lícito, diverso daquele que efetivamente se produz. Exemplo: Quando um indivíduo, para chegar a sua consulta médica no tempo marcado, dirige de maneira imprudente e acaba causando um acidente de trân- sito. O resultado desejado era o de chegar à consulta médica, algo lícito, porém o resultado provocado foi o acidente de trânsito, algo ilícito. Logo, o indivíduo será indiciado por uma conduta culposa. Violação de um Dever de Cuidado Objetivo O agente na culpa viola o seu dever de diligência (regra básica para o conví- vio social). O comportamento do agente não atende o que era esperado pela lei e pela sociedade. Como saber se o dever de diligência foi violado? De acordo com a maio- ria, o operador deve analisar as circunstâncias do caso concreto, pesquisando se uma pessoa de inteligência mediana (homem médio) evitaria o perigo. Se evi- tável pelo homem médio, caracterizada estará a violação ao dever de diligência. Caso contrário, não. 3 Conduta Culposa DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Formas de violação do dever de cuidado objetivo: 1. Imprudência: É a forma positiva da culpa (in agendo). Atuação sem obser- vância das cautelas necessárias. É a ação precipitada, afoita (forma positiva de culpa). Exemplo: Velocidade excessiva. 2. Negligência: É a forma negativa da culpa (in omitendo). Omissão da con- duta cuidadosa imposta a todos. Exemplo: Deixar de fazer a manutenção do veículo. 3. Imperícia: Conhecida como culpa profissional, pois somente pode ser pra- ticado no exercício de arte, ofício ou profissão. Falta de aptidão técnica (des- conhecimento de regra técnica). Exemplo: Cirurgião plástico que tenta realizar uma cirurgia cardíaca. Atenção! • Não confunda negligência profissional com imperícia. Negligência profissional é quando o profissional conhece a regra técnica, mas não a observa, enquanto na imperícia, ele desconhece a regra técnica. Resultado Naturalístico Involuntário Em regra, o crime culposo é material (exige modificação no mundo exterior). Atenção! • O Art. 38 da Lei n. 11.343/2006 estabelece um crime culposo e formal. Nesse caso, não há a necessidade de haver resultado material para indiciar uma conduta culposa. Exemplo: Quando um médico prescreve uma medicação sem que o paciente necessite dela, já caracteriza um crime culposo e formal. Nexo Causal entre Conduta e Resultado É necessário relacionar a conduta praticada ao resultado infringido. 4 Conduta Culposa DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Resultado Involuntário Previsível Previsível é a possibilidade de prever o perigo advindo da conduta. A análise deve ser objetiva. Atenção! • Previsão é diferente de previsibilidade. Quando um resultado é previsível, ele deve ser previsto por quem estiver praticando o ato; esse indivíduo deve prever que esse ato pode infringir esse resultado. Se o indivíduo continua praticando esse ato, mesmo tendo previsto o resultado, ele deverá ser indiciado por dolo e culpa. E a previsibilidade subjetiva? É entendida como a possibilidade de conhe- cimento do perigo, analisada sob o prisma subjetivo do autor, levando em consi- deração os seus dotes intelectuais, sociais e culturais. Não é elemento da culpa, mas será analisada pelo magistrado na culpabilidade (no estudo da exigibilidade de conduta diversa). Tipicidade Para que a conduta seja punida em sua forma culposa deve haver previsão legal expressa (art. 18, parágrafo único). Art. 18. (...) Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. Ou seja, o crime só pode ser punido em sua forma dolosa, porém, desde que esteja expresso em lei, o crime pode, excepcionalmente ser punido em sua forma culposa. Espécies de Culpa 1. Culpa Inconsciente: O agente não prevê o resultado que, entretanto, era previsível. Qualquer pessoa de diligência mediana (homem médio) teria condi- ções de prever o risco. 5 Conduta Culposa DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online 2. Culpa Consciente (com previsão/ “ex lascivia”): O agente prevê o resul- tado, mas espera que ele não ocorra, supondo poder evitá-lo com suas habili- dades ou com a sorte. Nesse caso o agente tem a previsão do resultado que, entretanto, continua involuntário. 3. Culpa Própria (propriamente dita): O agente não quer e não assume o risco de produzir o resultado, mas acaba lhe dando causa por imprudência, negligência ou imperícia. 4. Culpa Imprópria: É aquela em que o agente, por erro evitável, imagina certa situação de fato que, se presente, excluiria a ilicitude (descriminante puta- tiva). O agente provoca intencionalmente determinado resultado típico, mas res- ponde por culpa, por razões de política criminal. Culpa imprópria é a consequên- cia da descriminante putativa por erro evitável. Dolo Consciente Dolo Eventual O resultado ilícito é previsto. O resultado ilícito é previsto. O agente acredita sinceramente que pode evitar a sua ocorrência. O agente assume o risco de produzi-lo. Atenção! • Na culpa imprópria, o crime tem estrutura dolosa, mas é punido a título de culpa. Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Paulo Igor.
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