Prévia do material em texto
1 Substratos do Crime e Conduta Comissiva/Omissiva DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online SUBSTRATOS DO CRIME E CONDUTA COMISSIVA/OMISSIVA 1. SUBSTRATOS DO CRIME São os elementos que compõem a infração penal conforme o conceito analí- tico de infração penal. São eles: fato típico, ilicitude e culpabilidade. Para que se possa falar em crime, é necessário que exista cada um desses três substratos, ou seja, só existe crime quando estamos diante de um fato típico, ilícito e culpável. Para se constatar a existência de um crime, primeiro se analisa se trata-se de um fato típico; depois, analisa-se sua ilicitude; por fim, analisa-se a culpabili- dade. Constatado os três elementos, tem-se o crime: Crime/Delito Fato Típico Ilicitude Culpabilidade É o comportamento humano voluntário causador de um resultado que se amolda perfeitamente a um tipo penal incriminador. É o fato típico não justificado. A ilicitude espelha a contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico. É o juízo de reprovação social que recai sobre o agente que, podendo agir em conformidade com o direito, optou livremente por agir em desconformidade. É composto por quatro elementos: (1) conduta, (2) resultado, (3) nexo causal e (4) tipicidade. Causas excludentes da ilicitude (justificantes ou descriminantes): (1) estado de necessidade, (2) legítima defesa, (3) estrito cumprimento de dever legal, (4) exercício regular de direito e (5) consentimento do ofendido (supralegal). Elementos de culpabilidade: (1) imputabilidade, (2) potencial consciência da ilicitude e (3) exigibilidade de conduta diversa. 2 Substratos do Crime e Conduta Comissiva/Omissiva DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online 2. CONDUTA 2.1. Conceito É o comportamento humano voluntário psiquicamente/psicologicamente diri- gido ao fim. Toda conduta criminosa possui uma finalidade. 2.2. Causas de Exclusão da Conduta a) Caso fortuito ou de força maior: São fatos imprevisíveis e/ou inevitáveis, não dominados pela vontade do homem (e, por essa razão, não caracterizam conduta criminosa). Há a vontade do indivíduo em ver um resultado criminoso sendo produzido, porém não há a conduta. Exemplo: Quando um indivíduo deseja que sua sogra morra, com a queda do avião que ela está prestes a tomar, por exemplo, e em decorrência de uma força maior o avião cai, esse indivíduo irá ser indiciado por conduta cri- minosa? Não, pois apesar de ter havido vontade, não houve conduta para a realização do crime. b) Atos involuntários: É a incapacidade de o agente dirigir sua conduta para uma finalidade predeterminada. Esses atos se dividem em dois tipos: Estado de Inconsciência Completa: Sonambulismo e hipnose. Movimentos Reflexos: Reação muscular automática. Atenção! Movimentos reflexos são diferentes de ações em curto circuito. Ações de curto circuito são aqueles atos impulsivos diante de uma situação de estresse. As ações em curto circuito não afastam a conduta criminosa. c) Coação física irresistível: É o caso em que o agente não consegue determi- nar seus movimentos de acordo com sua vontade, por razões de forças externas. 3 Substratos do Crime e Conduta Comissiva/Omissiva DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Exemplo: Uma pessoa de grande compleição física, pressionando o dedo do coagido contra o gatilho do revólver, faz com que um disparo ocorra e mate um terceiro. Atenção! A coação moral não afasta a conduta. Exemplo: Quando um indivíduo se vê obrigado (é coagido moralmente) a matar um terceiro para salvar um parente. Porém, é possível o afastamento da existência do crime, não por causa da ausência de fato típico, e, sim, em decorrência da ausência de culpabilidade. 3. Espécies de Conduta As condutas podem ser classificadas quanto à forma de exteriorização da vontade (comissiva ou omissiva) e quanto à voluntariedade (dolosa ou culposa). 4 Substratos do Crime e Conduta Comissiva/Omissiva DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online 3.1. Quanto à Forma de Exteriorização da Vontade a) Crime Comissivo: É a realização de uma conduta desvaliosa proibida pelo tipo incriminador (ação que viola um tipo proibitivo). Exemplo: Homicídio, furto, sequestro etc. b) Crime Omissivo: É a não realização de uma conduta valiosa que o agente estava legalmente obrigado a realizar e cuja realização lhe era possível (ação que viola um tipo mandamental). b.1) Crimes Omissivos Próprios: A conduta omissiva está descrita no pró- prio tipo penal incriminador. Para sua caracterização, basta a não realização da conduta valiosa descrita no tipo. O agente não tem obrigação de evitar o resul- tado, devendo apenas agir conforme o mandamento legal determina. São tipos compostos por elementos como “Deixar de...”. Exemplo: Omissão de socorro (art. 135 do CP) e Omissão de notificação de doença (art. 269 do CP). Omissão de Socorro Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Omissão de Notificação de Doença Art. 269. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notifica- ção é compulsória: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. b.2) Crimes Omissivos Impróprios: A conduta omissiva não está descrita no tipo legal. Nos crimes omissivos impróprios, determinados agentes possuem a obrigação de agir para evitar resultados lesivos em qualquer situação. Ou seja, o agente responderá por tipo proibitivo (conduta comissiva desvaliosa), desde 5 Substratos do Crime e Conduta Comissiva/Omissiva DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online que não atue para evitar o resultado. Exemplo: Quando um bombeiro deixa de socorrer uma vítima e a mesma morre, o bombeiro será indiciado por homicídio, pois a morte foi resultado de sua omissão. O rol que estabelece quem é obrigado a evitar o resultado se encontra no art. 13, § 2º do CP. Art. 13: (...) § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Omissivos Próprios Omissivos Impróprios Conduta omissiva descrita em tipo pena específico. Qualquer omissão que cause resultado lesivo. O tipo penal é dirigido a todas as pessoas. Somente determinadas pessoas possuem o dever de agir. Violação de um tipo mandamental. Violação de um tipo proibitivo (por omissão). Qualquer pessoa deve agir para evitar determinados resultados. Determinadas pessoas devem agir para evitar qualquer resultado lesivo. Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Paulo Igor.