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Direito Civil Resumo 2º Bim.

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DIREITO CIVIL IV: RESUMO – 2º BIM 
 
Aquisição da Propriedade Móvel 
 
I. Usucapião 
• A usucapião de coisa móvel será proferida quando a pessoa se encontra na posse da coisa por três anos com 
justo título e boa-fé ou por cinco anos sem justo título nem boa-fé. 
o Usucapião ordinária (art. 1260): posse mansa, pacífica e ininterrupta, por 3 anos. Depende de Justo título 
e boa-fé. 
o Usucapião extraordinária (art. 1261): posse de coisa móvel por 5 anos. 
 
II. Ocupação 
• A ocupação ocorre quando a pessoa toma para si certa coisa sem dono ou abandonada. 
• Vide anotações. 
• Prova: Ocupação x Descoberta. 
 
III. Achado de Tesouro 
• O tesouro consiste em um deposito antigo de coisas preciosas, oculta e que o dono não tem memória sobre tal. 
Quando o achado ocorre, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e quem achou (Art. 1.264, 
CC/02), contudo, se o proprietário que achou, ordenou buscas ou quem achou não tinha autorização para tal, 
ficará o proprietário com tudo (Art. 1.265, CC/02). 
• Se o operário, entregue a outro serviço, casualmente descobre o tesouro, terá direito a metade. Deixará de 
considerar-se tesouro o depósito achado, se alguém mostrar que lhe pertence. 
• Praticará crime quem se apropriar da quota a que tem direito o proprietário do prédio (artigo 169, parágrafo 
único, CP). 
 
IV. Tradição 
• O contrato, por si só, não transfere a propriedade, gerando apenas obrigações. A aquisição do domínio de bem 
imóvel só ocorrerá se lhe seguir a tradição. Esta consiste, portanto, na entrega da coisa do alienante ao 
adquirente, com a intenção de lhe transferir o domínio, em complementação do contrato. Com essa entrega, 
torna-se pública a transferência (artigo 1.267, CC). 
• A tradição pode ser real, simbólica ou ficta: 
o Real: quando a coisa for realmente entregue a outra pessoa; 
o Simbólica: quando um ato simbolizar a entrega da coisa; 
o Ficta: é aquela em que a pessoa que tinha a posse direta da coisa, torna-se proprietário. Temos, neste 
exemplo, o constituto possessório ou cláusula constituti. 
• A tradição ficta subdivide-se em: 
a) Traditio brevi manu: nesta, o arrendatário, por exemplo, que já se encontra na posse da coisa, torna-se 
dono. Dispensa-se a dupla e recíproca entrega da coisa de uma parte à outra. 
b) Traditio longa manu: considera o adquirente imitido na posse no instante em que a coisa é colocada à sua 
disposição. Tal situação ocorre especialmente na alienação de imóvel de grande extensão territorial. Não 
se faz necessário que o accipiens o percorra por inteiro, bastando a sua exibição, para que considere 
imitido na sua posse. 
• Hipóteses em que se dispensa a tradição: a) na abertura da sucessão legítima, ou testamentária aos herdeiros 
e legatários da coisa certa; b) na celebração do casamento realizado sob regime da comunhão universal, em 
que a transferência do domínio efetua-se independentemente de tradição, em virtude da solenidade inerente a 
esse ato; c) por força dos pactos antenupciais, a contar da data do casamento, ao cônjuge adquirente; d) no 
caso de contrato de sociedade de todos os bens, em que a transferência se opera com a assinatura do referido 
contrato, entendendo-se haver tradição tácita; e) idem na sociedade particular, em que a transferência se opera 
com a simples aquisição dos bens comunicáveis. 
• Tradição não alheia a propriedade: A aquisição a non domino é negócio inexistente, ante o verdadeiro 
proprietário. Entretanto, por uma questão de equidade e em respeito à boa-fé do adquirente, se aquele vem a 
ratificá-la, ou se o vendedor se torna proprietário, fica convalescido o ato. 
• Sendo a tradição ato complementar do negócio jurídico, para que gere o seu principal efeito, que é a 
transferência do domínio, necessário se torna que o negócio em tela seja válido. Se este é inválido, a tradição 
que nele se apóia não pode, tampouco, ganhar eficácia, pois quod nullum est, nullum producit effectum. 
 
V. Especificação 
• Dá-se a especificação quando uma pessoa, trabalhando em matéria-prima, obtém espécie nova. Esta será do 
especificador, se a matéria era sua, ainda que só em parte, e não se puder restituir à forma anterior. 
• Se a matéria pertence inteiramente ao especificador, não paira nenhuma dúvida de que continua ele a ser dono 
da espécie nova. Do mesmo modo se, embora obtendo espécie nova, a redução à forma anterior for possível 
sem qualquer dano, como quando, por exemplo, transformam-se barras de ouro em barras menores. Neste 
caso opera-se o restabelecimento do statu quo anterior, à custa do especificador, devolvendo-se ao verdadeiro 
dono o que lhe pertencia. 
• Se a matéria não for do especificador e a restituição à forma anterior se mostrar impossível, como no caso de 
esculturas ou construções realizadas com, respectivamente, mármore e cimento alheios, por exemplo, a 
solução dependerá da boa ou má-fé do especificador. 
• Em casos de confecção de obras de arte em que o preço da mão de obra exceda consideravelmente o valor da 
matéria-prima, existe o interesse social em preservá-la e em prestigiar o trabalho artístico. Ainda que realizada 
de má-fé, concede a lei a propriedade da obra de arte ao especificador, mas, neste caso, sujeita-o a indenizar o 
valor da matéria-prima e a pagar eventuais perdas e danos. 
 
VI. Confusão, comistão e adjunção 
• Confusão é a mistura de coisas líquidas; comistão (houve um erro gráfico na redação final do CC, constando 
erradamente “comissão”), a mistura de coisas sólidas ou secas; e adjunção, a justaposição de uma coisa a 
outra. 
• Se as coisas pertencem a donos diversos e foram misturadas sem o consentimento deles, continuam a 
pertencer-lhes, sendo possível separar a matéria-prima sem deterioração. Não o sendo, ou exigindo a 
separação dispêndio excessivo, subsiste indiviso o todo. A espécie nova pertencerá aos donos da matéria-
prima, cada qual com o seu quinhão proporcional ao valor do seu material. 
• Se uma das coisas puder ser considerada principal em relação às outras, a propriedade a espécie nova será 
atribuída ao dono da coisa principal, tendo este, contudo, a obrigação de indenizar os outros. 
• Se a confusão, comistão ou adjunção derivarem de má-fé de uma delas, pode a outra escolher entre guardar o 
todo, pagando a porção que não for sua, ou renunciar à que lhe pertence, mediante indenização completa. 
 
Perda da Propriedade 
 
I. Introdução 
• O direito de propriedade, sendo perpétuo, só poderá ser perdido pela vontade do dono (alienação, renúncia, 
abandono) ou por alguma outra causa legal, como o perecimento, a usucapião, a desapropriação etc. 
• O simples não uso, sem as características do abandono, não determina a sua perda, se não foi usucapido por 
outrem, ainda que se passem mais de quinze anos. 
• A alienação, a renúncia e o abandono são modos voluntários de perda da propriedade, sendo o perecimento e a 
desapropriação modos involuntários. 
 
II. Perda pela alienação 
• Dá-se a alienação por meio de contrato, ou seja, de negócio jurídico bilateral, pelo qual o titular transfere a 
propriedade a outra pessoa. Pode ser a título oneroso, como na compra e venda, ou a título gratuito, como na 
doação. Pode ainda ser voluntária, como a dação em pagamento, e compulsória, como a arrematação, bem 
como decorrer de um ato potestativo, que independe da vontade do proprietário, como se dá com o exercício 
do direito de retrovenda (CC, art. 505). 
• Em qualquer caso, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título 
transmissivo (CC, art. 1.275, parágrafo único). 
 
 
 
III. Perda pela renúncia 
• A renúncia é ato unilateral pelo qual o titular abre mão de seus direitos sobre a coisa,de forma expressa. 
• O ato renunciativo de imóvel deve também ser registrado no Registro de Imóveis competente (CC, art. 1.275, 
parágrafo único). Exige-se a escritura pública para a “renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior 
a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País” (CC, art. 108). 
• Também a renúncia à sucessão aberta deve constar expressamente de instrumento público ou ser tomada por 
termo nos autos, conforme dispõe o art. 1.806 do mesmo diploma. 
 
IV. Perda pelo abandono 
• O abandono também é ato unilateral, pelo qual o titular abre mão de seus direitos sobre a coisa. Neste caso, 
não há manifestação expressa. Pode ocorrer, por exemplo, quando o proprietário não tem meios de pagar os 
impostos que oneram o imóvel. 
• O abandono também é ato unilateral, pelo qual o titular abre mão de seus direitos sobre a coisa. Neste caso, 
não há manifestação expressa. Pode ocorrer, por exemplo, quando o proprietário não tem meios de pagar os 
impostos que oneram o imóvel. 
• Abandonado o imóvel, qualquer pessoa pode dele apossar-se. Todavia, se for arrecadado como coisa vaga 
pelo Município ou pelo Distrito Federal, por se achar nas respectivas circunscrições e “se não encontrar na 
posse de outrem”, permanecerá como coisa de ninguém durante três anos contados da arrecadação, se estiver 
em zona urbana. Há, portanto, a possibilidade de o proprietário arrepender-se no decurso do referido prazo. 
• Se alguém se apossar do imóvel abandonado, não se operará a arrecadação, a qual se restringe aos imóveis 
completamente abandonados e desocupados. Dentro do lapso de três anos, se o proprietário se arrepender, 
poderá reivindicá-lo das mãos alheias, pois a sua condição de dono somente se extinguirá findo o aludido 
interregno. 
• Presumir-se-á de modo absoluto a intenção de não mais conservar o imóvel em seu patrimônio “quando, 
cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais”. 
 
V. Perda da propriedade mediante desapropriação 
• Trata-se de modo involuntário de perda do domínio. A desapropriação é instituto de direito público, fundado no 
direito constitucional e regulado pelo direito administrativo, mas com reflexo no direito civil, por determinar a 
perda de propriedade do imóvel, de modo unilateral, com a ressalva da prévia e justa indenização. 
• Com a desapropriação opera-se, no interesse da coletividade, a transferência do domínio para a entidade que a 
promove. Não representa confisco, uma vez que não existe em nosso direito esse modo de perder a 
propriedade, salvo no caso de bem apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas, 
hipótese esta que, ademais, independe de pagamento de qualquer indenização. Não se identifica também com 
a compra e venda, visto que esta decorre de um ato voluntário, ao passo que a desapropriação implica 
alienação compulsória. 
• Igualmente não se confunde com a servidão administrativa, pois nesta o poder público não adquire o bem, que 
permanece no domínio do particular, devendo este apenas suportar um uso público, mediante indenização, se 
de tal uso lhe advier algum prejuízo. 
• A desapropriação constitui um modo de transferência compulsória, forçada, da propriedade, do domínio 
particular ou do domínio de outra entidade pública de grau inferior, para a Administração Pública ou seus 
concessionários. Representa, sem dúvida, uma limitação ao direito de propriedade, baseada porém na ideia da 
prevalência do interesse social sobre o individual. 
• A desapropriação é, portanto, modo originário de aquisição da propriedade. O registro é meramente declarativo, 
ocorrendo a aquisição do domínio independentemente dele. Fala-se em modo originário porque, “para a perda 
dominial e a aquisição correspondente, não concorre a vontade do titular do direito extinto. A expropriação não 
é um negócio jurídico de direito privado, nem, portanto, compra e venda forçada ou transmissão forçosa”. 
 
 
 
 
 
 
Dos Direitos de Vizinhança 
 
I. Introdução 
• O direito de propriedade, malgrado seja o mais amplo dos direitos subjetivos concedidos ao homem no campo 
patrimonial, sofre inúmeras restrições ao seu exercício, impostas não só no interesse coletivo, senão também 
no interesse individual. Dentre as últimas destacam-se as determinadas pelas relações de vizinhança. 
• As regras que constituem o direito de vizinhança destinam-se a evitar conflitos de interesses entre proprietários 
de prédios contíguos. Tem sempre em mira a necessidade de conciliar o exercício do direito de propriedade 
com as relações de vizinhança, uma vez que sempre é possível o advento de conflitos entre os confinantes. 
• Os direitos de vizinhança dispensam registro e surgem da mera contiguidade entre os prédios. 
• Os direitos de vizinhança são obrigações propter rem, porque vinculam os confinantes, acompanhando a coisa. 
Obrigações dessa natureza só existem em relação à situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de 
detentor de determinada coisa, e, portanto, de vizinho. 
• Como acontece com toda obrigação propter rem, a decorrente das relações de vizinhança se transmite ao 
sucessor a título particular. Por se transferir a eventuais novos ocupantes do imóvel (ambulat cum domino), é 
também denominada obrigação ambulatória. 
• Os atos prejudiciais à propriedade podem ser ilegais, quando configurar ato ilícito; abusivos, aqueles que 
causam incômodo ao vizinho, mas estão nos limites da propriedade (barulho excessivo, por exemplo); lesivos, 
que causam dano ao vizinho, porém não decorre de uso anormal da propriedade (indústria cuja fuligem polui o 
ambiente, por exemplo). 
 
II. Uso anormal da propriedade 
• As interferências ou atos prejudiciais podem ser classificados em três espécies: ilegais, abusivos e lesivos. 
• Ilegais são os atos ilícitos que obrigam à composição do dano, nos termos do art. 186 do Código Civil, como, 
por exemplo, atear fogo no prédio vizinho. Ainda que não existisse o supratranscrito art.1.277, o prejudicado 
estaria protegido pela norma do art. 186, combinada com o art. 927, caput, do mesmo diploma, que lhe 
garantem o direito à indenização. Se o vizinho, por exemplo, danifica as plantações de seu confinante, o ato é 
ilegal e sujeita o agente à obrigação de ressarcir o prejuízo causado. 
• Abusivos são os atos que, embora o causador do incômodo se mantenha nos limites de sua propriedade, 
mesmo assim vem a prejudicar o vizinho, muitas vezes sob a forma de barulho excessivo. Consideram-se 
abusivos não só os atos praticados com o propósito deliberado de prejudicar o vizinho, senão também aqueles 
em que o titular exerce o seu direito de modo irregular, em desacordo com a sua finalidade social. 
o A teoria do abuso do direito é, hoje, acolhida em nosso direito, como se infere do art. 187 do Código Civil, 
que permite considerar ilícitos os atos praticados no exercício irregular de um direito. 
• São lesivos os atos que causam dano ao vizinho, embora o agente não esteja fazendo uso anormal de sua 
propriedade e a atividade tenha sido até autorizada por alvará expedido pelo Poder Público. É o caso, por 
exemplo, de uma indústria cuja fuligem esteja prejudicando ou poluindo o ambiente, embora normal a atividade. 
• Os atos ilegais e abusivos estão abrangidos pela norma do aludido art. 1.277, pois neles há o uso anormal da 
propriedade. O dispositivo em apreço confere não só ao proprietário como também ao possuidor o direito de 
fazer cessar as interferências ilegais ou abusivas provocadas pela utilização da propriedade vizinha, em 
detrimento de sua segurança, de seu sossego e de sua saúde 
• Uso anormal é tanto o ilícito como o abusivo, em desacordo com sua finalidade econômica ou social, a boa-fé 
ou osbons costumes. 
• Para se aferir a normalidade ou anormalidade da utilização de um imóvel procura-se: 
a) Verificar a extensão do dano ou do incômodo causado: se, nas circunstâncias, este se contém no limite do 
tolerável, não há razão para reprimi-lo. Com efeito, a vida em sociedade impõe às pessoas a obrigação de 
suportar certos incômodos, desde que não ultrapassem os limites do razoável e do tolerável 
b) Examinar a zona onde ocorre o conflito, bem como os usos e costumes locais: não se pode apreciar com 
os mesmos padrões a normalidade do uso da propriedade em um bairro residencial e em um industrial, 
em uma cidade tranquila do interior e em uma capital. 
c) Considerar a anterioridade da posse: em princípio, não teria razão para reclamar quem construísse nas 
proximidades de estabelecimentos barulhentos ou perigosos. É o que sustenta a teoria da pré-ocupação. 
Por ela, aquele que primeiramente se instala em determinado local acaba, de certo modo, estabelecendo 
a sua destinação. 
• Constituirá ofensa à segurança pessoal, ou dos bens, a exploração de indústrias de explosivos e inflamáveis, a 
provocação de fortes trepidações, o armazenamento de mercadorias excessivamente pesadas, enfim, todo e 
qualquer ato que possa comprometer a estabilidade e a solidez do prédio; ao sossego, os ruídos exagerados 
em geral, provocados por gritarias, festejos espalhafatosos, atividades de danceterias, emprego de alto-falantes 
de grande potência etc.11; e, à saúde, emanações de gases tóxicos, depósito de lixo, poluição de águas pelo 
lançamento de resíduos etc. 
• Soluções: 
a) Se o incômodo é normal, tolerável, não deve ser reprimido: a reclamação da vítima será aferida segundo o 
critério do homo medius. Só serão atendidas reclamações relativas a danos considerados insuportáveis ao 
homem normal. 
b) Se o dano for intolerável, deve o juiz, primeiramente, determinar que seja reduzido a proporções normais: 
Pode o juiz, por exemplo, fixar horários de funcionamento da atividade considerada nociva (somente 
durante o dia, p. ex.), exigindo a colocação de aparelhos de controle da poluição, levantando barreiras de 
proteção etc. 
c) Se não for possível reduzir o incômodo a níveis suportáveis, determinará o juiz a cessação da atividade: 
Quando nem mediante o emprego de medidas adequadas se conseguir reduzir o incômodo a níveis 
suportáveis, ou quando a ordem judicial para que sejam adotadas não for cumprida, determinará o juiz o 
fechamento da indústria ou do estabelecimento, a cessação da atividade ou até a demolição de obra, se 
forem de interesse particular. 
d) Não se determinará a cessação da atividade se a causadora do incômodo for indústria ou qualquer 
atividade de interesse social: Se o incômodo não puder ser reduzido aos graus de tolerabilidade mediante 
medidas adequadas, será imposto ao causador do dano a obrigação de indenizar o vizinho. 
• A ação apropriada para a tutela dos direitos mencionados é a cominatória, na qual se imporá ao réu a 
obrigação de se abster da prática dos atos prejudiciais ao vizinho, ou a de tomar as medidas adequadas para a 
redução do incômodo, sob pena de pagamento de multa diária. a ação ser movida pelo proprietário, pelo 
compromissário comprador titular de direito real ou pelo possuidor. Se há dano consumado, cabível a ação de 
ressarcimento de danos 
• Há a hipótese de alguém estar legalmente autorizado a entrar na propriedade e nela edificar passagem de 
tubos, tubulações e outros condutos, ou de se permitir que o dono de prédio encravado faça obra para ter 
passagem, ou, ainda, construir canais pelo terreno do vizinho, para receber águas, entre outras hipóteses. 
Nesses casos, o proprietário ou possuidor, cujo prédio está obrigado a aceitar a execução das obras, está 
legitimado a exigir garantia, desde que prove, inclusive mediante perícia, se necessária, a presença do dano 
iminente. A garantia se faz mediante caução, que pode ser em dinheiro, em papéis de crédito, títulos da União 
ou dos Estados. 
 
III. Das árvores limítrofes 
• Dispõe o artigo 1.282, CC: “A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum 
aos donos dos prédios confinantes”. 
• Institui-se, assim, a presunção de condomínio, que admite, no entanto, prova em contrário. A árvore que não 
tem seu tronco na linha divisória pertence ao dono do prédio em que ele estiver. Sendo comum a árvore, os 
frutos e o tronco pertencem a ambos os proprietários. Do mesmo modo, se for cortada ou arrancada deve ser 
repartida entre os donos. Não pode um deles arrancá-la sem o consentimento do outro. Se a sua presença 
estiver causando prejuízo e não obtiver o consentimento do vizinho, deverá recorrer ao Judiciário. 
• Com relação aos frutos que caírem naturalmente, aplica-se a regra do art. 1.284 do Código Civil: pertencem ao 
dono do solo onde tombarem, se este for de propriedade particular. Tal regra constitui exceção ao princípio de 
que o acessório segue o principal. 
• Não assiste ao vizinho o direito de sacudir a árvore para provocar a queda dos frutos, nem colher os pendentes, 
ainda que o galho invada o seu terreno. Pode, no entanto, colhê-los e entregá-los ao dono da árvore. 
• Se as raízes e os ramos de árvores ultrapassarem a estrema do prédio, poderão cortados pelo proprietário do 
terreno invadido, pela Municipalidade ou pela empresa fornecedora de energia elétrica, não terá aquele direito a 
qualquer indenização. 
IV. Passagem forçada 
• Dispõe o artigo 1.285, CC: “O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, 
mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será 
judicialmente fixado, se necessário”. 
• O imóvel encravado não pode ser explorado economicamente e deixará de ser aproveitado, por falta de 
comunicação com a via pública. O instituto da passagem forçada atende, pois, ao interesse social. O direito é 
exercitável contra o proprietário contíguo e, se necessário, contra o vizinho não imediato. 
• O direito de exigir do vizinho que lhe deixe passagem só existe quando o encravamento é natural e absoluto. 
Não pode ser provocado pelo proprietário. Não pode este vender a parte do terreno que lhe dava acesso à via 
pública e, depois, pretender que outro vizinho lhe dê passagem. Nesse caso, e porque nenhum imóvel deve 
permanecer encravado, poderá voltar-se somente contra o adquirente do terreno em que existia a passagem. 
• Não se considera encravado o imóvel que tenha outra saída, ainda que difícil e penosa. Razões de comodidade 
não são atendidas, para obrigar o vizinho a suportar a passagem por seu imóvel. 
• Não havendo acordo entre os interessados, a fixação da passagem, em qualquer caso, será feita judicialmente 
(CC, art. 1.285). Deverá o juiz, então, impor o menor ônus possível ao prédio serviente. Havendo vários 
imóveis, escolherá aquele que menor dano sofrerá com a imposição do encargo. 
• Extingue-se a passagem forçada e desaparece o encravamento em casos, por exemplo, de abertura de estrada 
pública que atravessa ou passa ao lado de suas divisas, ou quando é anexado a outro, que tem acesso para a 
via pública29. A limitação imposta ao prédio serviente só se justifica, efetivamente, em função da necessidade 
imperiosa de seu vizinho. Cessada tal necessidade, desaparece a razão para a permanência do aludido ônus. 
 
V. Passagem de cabos e tubulações 
• O proprietário é, igualmente, obrigado a tolerar, mediante recebimento de indenização que atenda também à 
desvalorização da área remanescente, a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros 
condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública (luz, água, esgoto, p. ex.), em proveito de proprietários 
vizinhos, quando de outro modo forimpossível ou excessivamente onerosa. 
• O direito de passagem, nesses casos, envolve serviços de utilidade pública, podendo ser citados, ainda, além 
dos já mencionados, os atinentes a serviços de água e gás, geralmente prestados por concessionárias, como 
aqueles. Nessa linha, não é qualquer serviço que autoriza, aos vizinhos, exigir a passagem, mas apenas 
aqueles de utilidade pública. 
• É previsto o pagamento de justa indenização ao proprietário que teve o seu imóvel atingido, observando-se, na 
instalação dos cabos e tubulações, o critério da menor onerosidade. 
• Se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao proprietário do prédio onerado exigir a realização 
de obras de segurança. 
• Sempre serão necessárias as cautelas devidas, principalmente no que toca a segurança, que será sempre de 
responsabilidade do poder público ou das concessionárias que exploram o serviço considerado perigoso, 
embora essencial, principalmente se levarmos em consideração que a prestação deste serviço é remunerada. 
A obra de segurança antecede à instalação dos cabos e tubulações. 
 
VI. Das águas 
• O papel de relevo que a água desempenha na economia e na vida das pessoas fez com que, desde os tempos 
mais antigos, as grandes cidades se desenvolvessem as margens de algum rio. Assim, o Código Civil disciplina 
a utilização de aqueduto ou canalização de águas no art. 1.293, permitindo a todos canalizar pelo prédio de 
outrem as águas a que tenham direito, mediante prévia indenização a seu proprietário, não só para as primeiras 
necessidades da vida como também para os serviços da agricultura ou da indústria, escoamento de águas 
supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos. 
• Impõe uma restrição ao direito de propriedade, em favor do vizinho, que em muito se assemelha a uma 
expropriação feita no interesse particular. Ao mesmo tempo incentiva, indiretamente, a produção, 
proporcionando a quem por ela se interessa os meios necessários para alcançá-la. 
• Direito de indenização ao proprietário que sofre prejuízo com a construção da obra destinada à canalização, 
com infiltrações ou irrupções, advindas do canal. 
• O proprietário pode exigir que a canalização seja subterrânea, para não afetar áreas edificadas, hortas, jardins 
etc. Além disso, a construção do aqueduto é incumbência do seu dono e deve ser feita de modo a causar o 
menor prejuízo aos proprietários dos imóveis vizinhos. 
• O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais, satisfeitas as necessidades de seu consumo, 
não pode impedir, ou desviar o curso natural das águas remanescentes pelos prédios inferiores. 
• Trata-se da servidão das águas supérfluas, pela qual o prédio inferior pode adquirir sobre as sobras uma 
servidão destinada a usos domésticos, bebedouro de gado e a outras finalidades, especialmente as agrícolas. 
• Observe-se que o direito do prédio inferior é apenas o de receber as sobras de fonte não captada. As águas 
pluviais são, sabidamente, coisas sem dono. Desde que escoem por terrenos particulares são de propriedade 
dos respectivos proprietários. O dono da nascente pode usá-la inteira, e nesse caso não há sobejo, nem, 
portanto, qualquer direito a ele. Mas se houver sobras, o dono do prédio inferior tem o direito de recebê-las e de 
recebê-las limpas. 
• Nada impede que o proprietário ou possuidor recolha ou leve ao seu imóvel, de modo artificial, a água de que 
necessita. Todavia, ao contrário do que sucede com as águas que correm naturalmente, não está o proprietário 
do prédio inferior obrigado as suportar as interferências decorrentes de seu escoamento, podendo exigir que se 
desvie o fluxo ou optar pela indenização dos prejuízos que venha a sofrer. 
• O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indispensáveis às primeiras necessidades da vida 
dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que 
estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso artificial das águas. 
• O artigo 1.292 dispõe sobre o direito de represamento de água mediante a construção de barragens de todas 
as formas, inclusive para a construção de hidrelétricas. Todavia, no exercício desse direito não pode o 
proprietário prejudicar os vizinhos. Se houver invasão de prédio alheio, está obrigado a indenizar o prejudicado, 
deduzindo-se do valor da indenização o benefício obtido pelo prédio alheio Cuida-se de aplicação de regra de 
equidade, estabelecendo-se perfeito equilíbrio entre os direitos em confronto 
 
VII. Limites entre prédios e o direito de tapagem 
• O proprietário pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a 
aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre 
os interessados as respectivas despesas. 
• A ação apropriada é a demarcatória. O que caracteriza a demarcação como direito de vizinhança é o fato de 
repartirem-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas. Com efeito, a prerrogativa 
concedida às partes é não apenas a de haverem delimitado a sua propriedade pela fixação de limites, como a 
de obterem que tal delimitação se faça com a divisão de despesas pelos interessados. Nesse sentido é que a 
lei impõe uma restrição ao domínio e ainda que se trata de um direito e de um dever de vizinhança. 
• Somente se admite a ação demarcatória quando há confusão de limites na linha divisória. Se existem limites há 
longo tempo respeitados, ainda que não correspondam aos títulos dominiais, ou muro divisório construído fora 
da linha, não cabe a referida ação, que não se confunde com a reivindicatória nem com as ações possessórias. 
• A lei concede ao proprietário o direito de “cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio”, quer 
seja urbano, quer rural. O tapume inclui os muros, cercas, sebes vivas, gradis ou quaisquer outros meios de 
separação dos terrenos. Presumem-se, até prova em contrário, “pertencer a ambos os proprietários 
confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes 
iguais, para as despesas de sua construção e conservação”. 
o Essa presunção, contudo, é juris tantum e admite prova em contrário. Por força de tal presunção relativa 
configura-se o condomínio forçado em cercas, muros e valas. Todavia, tal presunção legal cede se o dono 
de um dos prédios confinantes logra provar seu domínio. 
• Tem-se entendido que a divisão das despesas deve ser previamente convencionada. À falta de acordo, o 
proprietário interessado na construção da obra deve obter o reconhecimento judicial da obrigação do confinante 
de contribuir para a construção do tapume, se a construção decorrer de exigência administrativa constante de 
lei ou regulamento. 
• O proprietário que já tenha fechado o seu terreno por outra forma (cerca de arame ou de bambus), não está 
obrigado a levantar tapume especial, a não ser que o exijam as posturas municipais. 
• Somente existe a obrigação do vizinho de participar das despesas quando se cogita de tapume destinado a 
evitar a passagem de animais de grande porte, como o gado vacum, cavalar e muar. 
• Não pode o proprietário abastado e rico impor ao vizinho pobre e sem recursos a feitura de tapume dispendioso 
ou muito caro. 
• Quanto aos tapumes especiais, destinados à vedação de animais de pequeno porte (aves, domésticas, 
cabritos, porcos e carneiros), ou a adorno da propriedade ou sua preservação, entende-se que a sua 
construção, conservação e utilização cabem unicamente ao interessado, que provocou a necessidade deles 
(CC, art. 1.297, § 3º), ou seja, ao dono desses animais, que poderá ser responsabilizado se não os construir e 
os animais causaremdanos. 
 
Direito de Construir 
 
I. Limitações e Responsabilidade 
• O direito de construir constitui emanação do direito de propriedade. Assegura este ao proprietário a faculdade 
de usar e dispor do que lhe pertence, como lhe aprouver (CC, art. 1.228), nele incluído a de edificar as 
construções que quiser. Todavia, o exercício do direito de propriedade não é absoluto, condicionando-se a 
outros valores, que merecem igual tutela da lei, seja no interesse dos vizinhos, seja naquele do bem-estar da 
coletividade. 
• As limitações de ordem pública são impostas pelos regulamentos administrativos e geralmente integram os 
códigos de posturas municipais. Têm em vista considerações de caráter urbanístico, como altura dos prédios 
e zoneamento das construções conforme a finalidade, impedindo a construção de edifícios de grande porte e 
de fábricas em bairros residenciais, bem como considerações relacionadas à segurança, higiene e estrutura 
dos prédios. Já as limitações de direito privado constituem as restrições de vizinhança, consignadas em 
normas civis ou resultantes de convenções particulares. 
• As ações mais comuns entre vizinhos são a demolitória e a indenizatória. A primeira visa especificamente à 
demolição do prédio em ruína (CC, art. 1.280), ou de obra em desacordo com as prescrições da lei civil (art. 
1.312). O pedido de demolição pode ser cumulado com o de indenização dos prejuízos causados e com o de 
caução de dano iminente pelas lesões futuras, se for o caso. 
o O juiz determina a demolição da obra, fazendo-o somente quando esta apresenta vícios insanáveis. Se, 
no entanto, puder, mediante os devidos reparos, ser colocada em condições de uso e adaptada aos 
regulamentos edilícios, poderá permanecer ilesa. 
o Para a obtenção de indenização basta a prova do dano e da relação de causalidade entre o dano e a 
construção vizinha, sendo desnecessária a demonstração de culpa do agente. A responsabilidade pelos 
danos causados a vizinhos em virtude de construção é objetiva50, independentemente de culpa de 
quem quer que seja, decorrendo exclusivamente da lesividade ou da nocividade da construção ou de 
seus atos preparatórios. 
o Os prejuízos hão de ser ressarcidos por quem os causa e por quem aufere os proveitos da construção, 
sendo solidária a obrigação do dono da obra e do engenheiro que a executa. Se, entretanto, o 
proprietário pagar sozinho a indenização, poderá mover ação regressiva contra o construtor, se os 
danos decorreram de imperícia ou de negligência de sua parte. 
 
II. Devassamento da propriedade vizinha 
• Com o propósito de impedir que a propriedade particular seja devassada pelo vizinho, proíbe a lei que este 
construa de modo a perturbar o recato e a privacidade familiar do confrontante. 
• Artigo 1.301, CC: “É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do 
terreno vizinho. § 1º As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, 
não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros. § 2º As disposições deste artigo não 
abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de 
comprimento e construídas a mais de dois metros de altura de cada piso”. 
• Conta-se a distância de metro e meio da linha divisória e não do edifício vizinho. Em caso de desrespeito à 
norma legal, o proprietário lesado pode embargar a construção, mediante o embargo de obra nova (CPC, art. 
934, I). 
• Visa preservar a intimidade das famílias, resguardando-as da indiscrição dos vizinhos. O § 2º do dispositivo 
em apreço, entretanto, exclui da proibição a aberturas para luz ou ventilação, não maiores de dez centímetros 
de largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais de dois metros de altura de cada piso, pois tais 
vãos dificultam, pelas pequenas dimensões e pela altura, a observação do que se passa no vizinho. 
• O proprietário pode construir não só em seu terreno, como também no do vizinho, até meia espessura da 
parede. Ultrapassado tal limite, assiste ao vizinho prejudicado o direito de embargar a construção, interpondo 
a ação possessória. Quando ocorre invasão mínima do terreno vizinho, mostrando-se desaconselhável a 
paralisação ou a demolição de obra de certo vulto, tem-se convertido, pretorianamente, a pretensão em ação 
de indenização da área invadida, sem caracterizar decisão extra petita. 
• Admite-se a construção de janelas a menos de metro e meio se se apresentam tapada com caixilhos não 
basculantes, mas fixos com vidros opacos e que não permitam o devassamento com base na Súmula 120 do 
Supremo Tribunal Federal, que assim dispõe: “Parede de tijolos de vidro translúcido pode ser levantada a 
menos de metro e meio do prédio vizinho, não importando servidão sobre ele”. 
• Súmula 414 do STJ: “Não se distingue a visão direta da oblíqua, na proibição de abrir janela, ou fazer terraço, 
eirado, ou varanda, a menos de metro e meio do prédio de outrem”. 
• Se as aberturas para luz tiverem dimensão superior a dez centímetros de largura sobre vinte de cumprimento, 
serão consideradas janelas e caberá ao proprietário prejudicado impugná-las dentro do prazo de ano e dia. 
Vencido o prazo constitui-se verdadeira servidão, que se corporifica pela posse e decurso do prazo, e que 
tem como título a concessão presumida do vizinho. Por se tratar de servidão é que o vizinho prejudicado 
dispõe de dois remédios: pedir a demolição ou ajuizar ação negatória. Mas se passou ano e dia, nada mais 
lhe resta, constituindo-se servidão a favor do vizinho dono da obra. 
• Em relação aos aludidos vãos, pois, não há qualquer restrição para que o vizinho edifique. Ele pode, a 
qualquer tempo, levantar sua edificação, ou contramuro, mesmo que isso, como foi dito, vede a claridade. 
• Na zona rural, não se pode edificar “a menos de três metros do terreno vizinho”. 
A jurisprudência tem admitido também as claraboias e janelas bem altas, colocadas a uma altura tal que torne 
impossível observar a propriedade vizinha. 
 
III. Águas e Beirais 
• Artigo 1.300, CC: “O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente, 
sobre o prédio vizinho”. 
• Proíbe tal dispositivo o estilicídio propriamente dito, isto é, o despejo de águas por gotas, uma vez que ao 
proprietário sobre o qual deitem goteiras é facultado o direito de embargar a construção da obra. 
• Não pode o proprietário, portanto, construir de modo que o beiral de seu telhado despeje sobre o vizinho. 
Embora esteja este obrigado a receber as águas que correm naturalmente para o seu prédio, não pode ser 
compelido a suportar as que ali fluam artificialmente, por meio de calhas ou beirais. 
 
IV. Paredes divisórias 
• Paredes divisórias são as que integram a estrutura do edifício, na linha de divisa. Distinguem-se dos muros 
divisórios, que são regidos pelas disposições concernentes aos tapumes. Muro é elemento de vedação, 
enquanto parede é elemento de sustentação e vedação. 
• No tocante ao assentamento da parede divisória ou parede-meia, o art. 1.305 abre ao proprietário que 
primeiro edificar a seguinte alternativa: assentar a parede somente no seu terreno, ou assentá-la, até meia 
espessura, no terreno vizinho. Na primeira hipótese, a parede pertencer-lhe-á, inteiramente; na segunda, será 
de ambos. Nas duas hipóteses, os vizinhos podem usá-la livremente. 
• O dono do terreno invadido tem o direito de travejá-la. Se o fizer, aquele que a construiu pode cobrar metade 
de seu valor. Enquanto não a travejar, pode, se o desejar, e nos termos do art. 1.328 do Código Civil, adquirir 
meação nela. Porém, após havê-la travejado, não tem mais opção, pois quem a construiu pode exigir o 
pagamento da meação. 
• Paraque o condômino de parede-meia possa utilizá-la, é preciso que, com isso, não ponha em risco a 
segurança ou a separação dos dois prédios, e avise previamente o outro comunheiro. 
• Qualquer dos confinantes, “altear a parede divisória, se necessário reconstruindo-a, para suportar o 
alteamento”. Nesse caso, aduz o aludido dispositivo, o confinante “arcará com todas as despesas, inclusive 
de conservação, ou com metade, se o vizinho adquirir meação também na parte aumentada”. 
 
 
V. Do uso do prédio vizinho 
• O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho entre no prédio, mediante aviso 
prévio, para: “I - dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, reconstrução ou 
limpeza de sua casa ou do muro divisório; II - apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se 
encontrem casualmente”. Tal dispositivo aplica-se também “aos casos de limpeza ou reparação de esgotos, 
goteiras, aparelhos higiênicos, poços e nascentes e ao aparo de cerca viva” (§ 1º). A regra é meramente 
exemplificativa, não taxativa, podendo ser aplicada a outras hipóteses em que fique demonstrada a 
necessidade temporária de ingresso no prédio vizinho. 
• O proprietário tem necessidade de penetrar no imóvel vizinho, para proceder aos serviços mencionados no 
art. 1.313. Tem direito de fazê-lo, desde que avise previamente o vizinho. Este, quando muito, poderá fazer 
restrições quanto a horários, disciplinando-os. Todavia, o que tiver de penetrar no imóvel confinante fica 
obrigado, por lei, a reparar o dano que porventura causar. 
• São ainda impostas ao direito de construir outras restrições, como as do art. 1.308, relativas à feitura de 
fornalhas, fornos de forja ou de fundição, aparelhos higiênicos, fossos, canos de esgoto, depósitos de 
substâncias corrosivas, ou suscetíveis de infiltração daninha. Apenas se toleram as chaminés ordinárias e os 
fornos de cozinha (art. 1.308, parágrafo único). Qualquer obra, realizada com infração à lei, pode ser 
embargada, assistindo ainda ao dono do prédio ameaçado o direito de reclamar indenização, provando o 
prejuízo. 
Condomínio Voluntário 
 
I. Conceito e espécies 
• Em regra, a propriedade de qualquer coisa pertence a uma só pessoa. Pode-se dizer que a noção tradicional 
de propriedade está ligada à ideia de assenhoreamento de um bem, com exclusão de qualquer outro sujeito. 
Mas há casos em que uma coisa pertence a duas ou mais pessoas simultaneamente. Esta situação é 
designada por indivisão, compropriedade, comunhão ou condomínio. 
• Quando os direitos elementares do proprietário (CC, art. 1.228) pertencerem a mais de um titular, existirá o 
condomínio ou domínio comum de um bem. Configura-se este, portanto, quando determinado bem pertence a 
mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas igual direito, idealmente, sobre o todo e cada uma de suas 
partes. 
• Cada condômino é assegurada uma quota ou fração ideal da coisa, e não uma parcela material desta. Atribui-
se, por outro lado, a exclusividade jurídica ao conjunto de comproprietários, em relação a qualquer pessoa 
estranha. 
• O condomínio geral (tradicional ou comum) divide-se em: voluntário, necessário (legal) ou edilício (edificações). 
• Quanto à origem, o condomínio pode ser convencional, eventual ou legal. Convencional ou voluntário é o que 
se origina da vontade dos condôminos, ou seja, quando duas ou mais pessoas adquirem o mesmo bem. 
Eventual é o que resulta da vontade de terceiros, ou seja, do doador ou do testador, ao efetuarem uma 
liberalidade a várias pessoas. Legal ou necessário é o imposto pela lei, como no caso de paredes, cercas, 
muros e valas. 
• Quanto à forma, o condomínio pode ser pro diviso ou pro indiviso, transitório ou permanente. No condomínio 
pro diviso, apesar da comunhão de direito, há mera aparência de condomínio, porque cada condômino 
encontra-se localizado em parte certa e determinada da coisa, agindo como dono exclusivo da porção ocupada. 
No condomínio pro indiviso, não havendo a localização em partes certas e determinadas, a comunhão é de 
direito e de fato. 
• Condomínio transitório é o convencional ou eventual, que pode ser extinto a todo tempo pela vontade de 
qualquer condômino. Permanente é o legal, que perdura enquanto persistir a situação que o determinou 
(paredes divisórias). 
• Quanto ao objeto, o condomínio pode ser universal, quando abrange todos os bens, inclusive frutos e 
rendimentos, como na comunhão hereditária, e singular, incidente sobre coisa determinada. 
 
II. Direitos e Deveres do Condomínio 
• O artigo 1.314 do CC assegura a cada condômino, discriminada e expressamente, o direito de: 
a) Usar da coisa conforme sua destinação, e sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão: 
pode o condômino exercer sobre a coisa todos os direitos compatíveis com a indivisão não podendo 
impedir que os demais consortes se utilizem também de seus direitos, na proporção da cota de cada um e 
de acordo com a destinação do bem. Qualquer dos compossuidores pode valer-se do interdito 
possessório ou da legítima defesa para impedir que outro compossuidor exerça uma posse exclusiva 
sobre qualquer fração da comunhão. 
o O direito de usar da coisa, no entanto, não permite ao condômino alterar a destinação da coisa “sem 
o consenso dos outros”. 
b) Reivindicá-la de terceiro; 
c) Defender a sua posse; 
d) Alhear a respectiva parte indivisa ou gravá-la. 
 
• Cada condômino responde aos outros “pelos frutos que percebeu da coisa comum e pelo dano que lhe causou” 
(CC, art. 1.319). Assim, se o imóvel é urbano e estiver ocupado por um dos condôminos, podem os demais 
exigir-lhe pagamento de quantia mensal correspondente ao valor locativo. 
• Se o imóvel estiver locado a terceiro, tem o condômino direito de pedi-lo para uso próprio, sem a necessidade 
de obter a anuência prévia dos demais comunheiros, uma vez que, se pode reivindicar, pode propor simples 
despejo, que é menos. 
• O condômino só pode propor ação reivindicatória contra terceiro, e não contra outro condômino, porque este 
também é proprietário e oporia ao reivindicante direito igual. Contra outro condômino só pode caber a 
possessória. 
• Só o condômino que for também possuidor tem o direito de ser mantido na posse em caso de turbação, 
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado (CC, art. 
1.210). 
• O dever de concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, na proporção de sua parte, e a 
responsabilidade pelas dívidas contraídas em proveito da comunhão são impostos ao condômino nos artigos. 
1.316 a 1.318,CC. 
• Aos direitos dos comproprietários, relativos ao uso e administração da coisa comum, correspondem as 
obrigações recíprocas, a saber: a) todo comproprietário deve usar da coisa comum de maneira que não a 
deteriore, sem privar desse uso os outros consortes; b) todo comproprietário deve contribuir para as despesas 
de conservação da coisa e todas as outras de interesse comum, tais como imposto, seguro, licenças e taxas 
municipais, cultura e colheita, grandes reparações, custas das demandas com terceiros. 
• Quando a dívida houver sido contraída por todos os condôminos, sem se discriminar a parte de cada um na 
obrigação, nem se estipular solidariedade, “entende-se que cada qual se obrigou proporcionalmente ao seu 
quinhão na coisa comum”. 
• As dívidas contraídas por um dos condôminos em proveito da comunhão, e durante ela, “obrigam o contratante; 
mas terá este ação regressiva contra os demais”.

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