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DIREITO ECONÔMICO – PONTO 06

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DIREITO EMPRESARIAL – PONTO 06
Estabelecimento Empresarial. Institutos Complementares do Direito Empresarial: Registro. Nome. Prepostos. Escrituração. Propriedade Industrial. 
24/08 – Gabriela Macedo
Estabelecimento Empresarial
Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.
“A natureza jurídica do estabelecimento não se confunde com a natureza da empresa, pois não se trata da atividade empresarial, nem com a natureza do empresário, pois não se trata de ente personalizado. O estabelecimento não é pessoa (empresário ou sociedade empresária), nem atividade (empresa), é uma universalidade de fato que integra o patrimônio do empresário”. (Marlon Tomazette) 
Abrange: 
Bens corpóreos – sede da empresa, terrenos, maquinário utilizado para a produção de bens ou prestação de serviços, matéria-prima etc 
Bens incorpóreos – bens industriais (patentes de invenção, modelo de utilidade, desenho industrial, marca empresarial), nome empresarial, título do estabelecimento e o ponto comercial
O estabelecimento empresarial, por ser um conjunto de bens com valor econômico, é uma das principais garantias dos credores da empresa.
O estabelecimento não se confunde com o patrimônio do empresário ou sociedade empresária. O patrimônio consiste na soma de todos os bens dotados de expressão econômica, ao passo que o estabelecimento signifique o conjunto de bens utilizados na exploração da atividade econômica. Emerge a idéia de funcionalidade.
Tal conjunto de bens, enquanto articulado para o exercício da atividade empresária, possui um sobrevalor (valor econômico) em relação à soma dos valores individuais dos bens que o compõem. Essa valorização é denominada aviamento (expressão de origem italiana). Aviamento é expressão que significa, em síntese, a aptidão que um determinado estabelecimento possui para gerar lucros ao exercente da empresa.
O aviamento não se confunde nem integra o estabelecimento. É antes uma qualidade do que um elemento. Não há como realizar negócio jurídico somente com o aviamento, separado do estabelecimento. Fábio Ulhôa prefere utilizar a expressão “fundo de comércio” ao invés de aviamento. 
Dentro do estudo do aviamento, convém mencionar o instituto da clientela, que é o conjunto de pessoas que, de fato, mantêm com a casa de comércio relações contínuas para a aquisição de bens ou serviços. Quanto maior o número de clientes, maior será o aviamento. A clientela, para a maioria da doutrina brasileira, não é considerada um bem integrante do estabelecimento empresarial, possuindo a natureza, segundo Vera Helena de Mello Franco, “de uma situação de fato, decorrente dos fatores de aviamento”. Não confundir clientela com freguesia. Enquanto aquela traz a idéia de um conjunto de pessoas que mantém com a sociedade empresária ou com o empresário relação jurídicas constantes, a freguesia consiste naquele núcleo de pessoas com caráter passageiro, transeunte, que somente adquire produtos ou serviços da sociedade empresária em virtude de passagem efêmera pelas proximidades do estabelecimento; fregueses, pois, são as pessoas que passam em frente ao ponto de negócio, em razão de sua localização geográfica.
O empresário ou a sociedade empresária pode ter mais de um estabelecimento. O mais importante será a sede, ao passo que os demais serão sucursais ou filiais, sendo que ambos deverão estar inscritos na Junta Comercial (Arts. 969 e 1000 do CC/02). 
1.1 Ponto Comercial 
Trata-se do endereço em que o empresário desenvolve sua atividade. É o local físico em que foi fixado o estabelecimento.
O ponto comercial, elemento incorpóreo do estabelecimento, é juridicamente protegido porque também é dotado de valor econômico.
Com o desenvolvimento do comércio eletrônico via Internet surgiu o estabelecimento virtual em que não importa o ponto comercial, mas o nome do domínio, que é o seu endereço eletrônico (característica do informalismo – vide ponto 01). Realizada a compra fora do estabelecimento físico, o consumidor possui o direito de arrependimento previsto no art. 49 do CDC (no prazo de 07 dias a contar da assinatura do contrato ou do recebimento).
Proteção ao Ponto Empresarial 
O direito protege esse importante elemento do estabelecimento empresarial, quando este é locado. A Lei de Luvas de 1934 incluiu no ordenamento jurídico nacional o direito a renovação compulsória da locação como mecanismo de proteção do ponto comercial localizado em imóveis locados. É o que Fábio Ulhoa chama de “direito de inerência ao ponto”. A Lei de Locações de Imóveis Urbanos atual, Lei n. 8.245/91, manteve esta proteção. 
A ação renovatória garante ao proprietário o direito de renovar o contrato de locação empresarial, mesmo contra a vontade do locador, desde que presentes certos requisitos. 
A. Requisitos necessários para o direito à renovação compulsória da locação: 
1.	contrato escrito (art. 51, I); 
2.	contrato com prazo determinado (art. 51, I); 
3.	prazo de no mínimo 5 anos ININTERRUPTOS (art. 51, II); 
4.	exploração da mesma atividade por no mínimo 3 anos - caracterização da formação do ponto empresarial (art. 51, III). 
B. Legitimados Ativos na Ação Renovatória: 
1.	o empresário locatário (art. 51, caput); 
2.	os cessionários, sucessores ou sublocatários (totais e parciais) (51, par. 1º); 
3.	o sócio, se seu contrato autorizar a utilização pela sociedade (art. 51, par. 2º); 
4.	sócio sobrevivente de sociedade dissolvida (art. 51, par. 3º);
5. indústrias e sociedades civis com fins lucrativos (art. 51, par. 4º). 
 C. Prazo para propositura da ação renovatória: de 1 ano a 6 meses antes do término do contrato. Trata-se de prazo decadencial. 
D. Exceções de retomada/casos que permitem ao locador a retomada, ainda que atendidos todos os requisitos acima: 
1.	obras determinadas pelo Poder Público (art. 52, I); 
2.	reforma que valorize o imóvel (art. 52, I); 
3.	uso próprio (art. 52, II); 
4.	transferência de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo sócio majoritário o locador, ascendente, descendente ou cônjuge (art. 52, II); 
5.	proposta inferior ao valor de mercado (art. 72, II); 
6.	proposta melhor de terceiro (art. 72, III); 
O locador deve pagar indenização ao locatário pela perda do ponto nos seguintes casos: 
a) se a renovação não ocorrer por proposta melhor de terceiro; 
b) se o motivo da não renovação não se concretizar em 3 meses. 
1.2 Título do Estabelecimento
É o nome e/ou símbolo dado ao estabelecimento para identificá-lo e não se confunde com o nome empresarial adotado pelo empresário individual ou pela sociedade empresária. Não é, necessariamente, composto pelos mesmos elementos presentes, seja no nome empresarial, seja na marca de produtos ou serviços produzidos ou fornecidos pela empresa. 
1.3 Alienação do Estabelecimento Empresarial 
Os bens integrantes do estabelecimento podem ser objeto de relação jurídica própria (CC/02, Art. 90, PU) � ou o próprio estabelecimento ser objeto de relação unitária. O contrato de compra e venda de estabelecimento denomina-se trespasse, que nada mais é do que a alienação do estabelecimento empresarial. 
Embora com efeitos econômicos idênticos, na medida em que são meios de transferência da empresa, o trespasse não se confunde com a cessão de quotas sociais de sociedade limitada ou a alienação de controle da sociedade anônima. 
No trespasse:
“o objeto da venda é o complexo de bens corpóreos e incorpóreos, envolvidos com a exploração de uma atividade empresarial”
poderá ocorrer ou não a sucessão empresarial
Na cessão de quotas sociais de sociedade limitada ou a alienação de controle da sociedade anônima: 
 “o objeto da venda é a participação societária”, contudo não se alterará o titular da atividade, que continua a ser a sociedade empresária.
haverá sucessão empresarial
Dessa forma, pode ser celebrado um contratoque tenha por objeto a alienação, o usufruto, ou o arrendamento de estabelecimento. Para que esse contrato produza efeitos perante terceiros, deverá ser averbado na Junta Comercial junto ao registro da empresa, bem como publicado na imprensa oficial (Art. 1.144 do CC/02). 
Embora não fale expressamente, o contrato tem que ser escrito para ser averbado na Junta Comercial. CONTRA: Enunciado 393 do CJF – A validade da alienação do estabelecimento empresarial não depende de forma específica, observado o regime jurídico dos bens que a exijam.
Convém destacar que, segundo o Enunciado 233 do CJF, a sistemática legal do contrato de trespasse somente se aplica “quando o conjunto de bens transferidos importar a transmissão da funcionalidade do estabelecimento empresarial”. Assim, para que se fale em trespasse de estabelecimento, ainda que o objeto recaia apenas sobre alguns de seus elementos originais (trespasse parcial), necessário é que seja transferida a funcionalidade do estabelecimento enquanto tal; a universalidade adquirida deve ser idônea a operar como estabelecimento.
 O contrato de alienação do estabelecimento empresarial deve ser levado a registro na Junta Comercial e publicado na imprensa oficial. Além dessa formalidade, se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o passivo relacionado ao estabelecimento vendido [ isso ocorrerá se a sociedade possuir mais de um estabelecimento e continuar na exploração da empresa], a eficácia do contrato ficará na dependência do pagamento de todos os credores ou da anuência destes. Em decorrência, o empresário que pretende alienar o seu estabelecimento empresarial deve solicitar o prévio consentimento dos seus credores. Este pode ser expresso ou tácito (caracterizado pela inércia, nos 30 dias seguintes à notificação judicial ou extrajudicial). OBS: O estabelecimento empresarial, por ser um conjunto de bens com valor econômico, é uma das principais garantias dos credores da empresa. 
 Se tal formalidade não é cumprida, a conseqüência será altamente prejudicial ao adquirente, pois ele poderá perder o estabelecimento em favor dos credores, caso o alienante venha a ter sua falência decretada. A Lei 11.1012/05 estabelece que são ineficazes em relação a massa falida a venda de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores.
	O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento (CC/02, Art. 1.146.). Exceções Importantes: 
Débitos Trabalhistas - Independente de previsão contratual, o adquirente é sucessor do alienante em relação às suas obrigações trabalhistas e fiscais ligadas ao estabelecimento. Estabelece o art. 448 da CLT que as mudanças na propriedade da empresa não afetam os contratos de trabalho. O empregado terá a opção de demandar contra o alienante ou contra o adquirente do estabelecimento. As obrigações estabelecidas no contrato de trespasse são válidas apenas entre as partes, não tendo validade perante o empregado e a Justiça do Trabalho. 
Débitos Tributários – São regras estabelecidas pelo art. 133 do Código Tributário Nacional: 
- Se o alienante deixar de explorar qualquer atividade econômica nos seis meses seguintes à alienação e se o adquirente continuar a explorar a mesma atividade, a responsabilidade do adquirente é direta. O fisco pode cobrar do adquirente todas as dívidas tributárias do alienante relacionadas ao estabelecimento; 
- Se o alienante continua a explorar qualquer atividade econômica nos seis meses seguintes à alienação e se o adquirente continuar a explorar a mesma atividade, a responsabilidade do adquirente é subsidiária. A responsabilidade do adquirente somente emergirá quando ficar caracterizada a falência ou insolvência do alienante. 
Obs. A sucessão tributária somente se caracteriza se o adquirente continuar explorando, no local, idêntica atividade econômica do alienante. Se alterar o ramo de atividade do estabelecimento, não responde mais pelas dívidas fiscais do alienante. 
Além da sucessão do adquirente nos débitos de ordem trabalhista (CLT, Art. 448) e tributária (CTN, Art. 133) acima explanada, a princípio, o adquirente do estabelecimento poderá responder apenas pelas dívidas conhecidas e devidamente contabilizadas, caso contrário, seria inviabilizada a aquisição, se ele tivesse de responder por toda e qualquer dívida que surgisse. Devem prevalecer os princípios da boa-fé e da vedação ao locupletamento ilícito. 
E, no caso de a dívida não ter sido contabilizada pelo alienante ou de descumprimento das formalidades exigidas, qual a solução? 
O adquirente poderá ser responsabilizado diretamente pelos credores do antigo dono do estabelecimento, tendo o direito de regresso contra o alienante por dívidas por eles pagas e não incluídas no contrato de trespasse nos termos do art. 1.146 do CC/02.
1.4 Cláusula de Não-Restabelecimento. 
Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência. Essa regra também se aplica ao arrendamento ou usufruto.
A abrangência territorial é verificada no caso concreto. O elemento teleológico é o fundamental: aplica-se a cláusula sempre que se verificar restabelecimento que configure um desvio desleal de clientela.
Nome Empresarial
O nome empresarial é o nome do empresário, seja pessoa física (empresário individual), seja na pessoa jurídica (sociedade empresária), usado por ele para apresentar-se perante terceiros nas suas relações.
O nome empresarial não se confunde com o título do estabelecimento nem com a marca (identifica o produto ou serviço fornecido pela empresa) conferida a produtos ou serviços produzidos ou fornecidos pela empresa.
A depender do tipo societário adotado, o nome empresarial pode ser de duas espécies: firma ou denominação. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e fundações.
O empresário identifica-se, obrigatoriamente, por meio de firma. Esta será constituída por seu nome civil, completo ou abreviado, podendo, facultativamente, ser seguida da designação mais precisa de sua pessoa ou gênero da atividade empresarial por ele exercida. Não se confunde com o nome civil. 
Se a sociedade possuir sócios com responsabilidade ilimitada pelas obrigações sociais, adotará como nome empresarial a firma, na qual somente poderão figurar os nomes dos referidos sócios, seja de um deles, de alguns ou de todos.
	Se a firma não for composta pelo nome de todos esses sócios, deverá ser seguida da expressão “e companhia” ou sua abreviatura “& Cia””. Não pode ser usado no início para não confundir com sociedade anônima. 
	Se um sócio que não integrar a firma praticar um ato de gestão ficará solidariamente obrigado (Vide sócio comanditário na sociedade em comandita simples e sócio participante na sociedade em conta de participação - art. 1047 ou art. 993, PU do CC/02)
No caso das sociedades limitadas, poderá adotar firma ou denominação, ambas trazendo a palavra “limitada” ou sua abreviatura ”Ltda.”. A ausência da palavra “limitada” determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou denominação da sociedade (§ 3º do art. 1158 do CC/02). Em se tratando de denominação, a sociedade pode utilizar um nome de fantasia, mas o ramo da atividade deverá necessariamente estar presente.
A mesma opção é estendida às sociedades em comandita por ações, que também podem adotar firma ou denominação. Ambas devem ser acrescidas da expressão “comandita por ações” ou sua abreviatura “C/A” (Art. 1161 do CC/02)
As sociedades anônimas, por sua vez, constituem o único tipo societário que, necessariamente, deve adotar denominação comonome empresarial. (...) Obrigatoriamente, deverá constar na denominação o objeto social. As denominações das sociedades anônimas devem vir integradas pelas expressões “sociedade anônima” ou “companhia”, ou abreviadamente como “S.A” ou “Cia”. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa. Não se aplicam essas regras as sociedades já existentes, em razão de se tratar de direito inerente à sua personalidade (Enunciado 79 do CJF). 
OBS: O termo “sociedade anônima” ou sua abreviatura pode vir no início, meio ou fim da denominação. O termo “companhia” ou sua abreviatura não pode ser usado no fim (art. 3º da LSA).
A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação (Art. 1162 do CC/02), uma vez que possui natureza secreta. Não possui personalidade jurídica. 
As cooperativas adotam denominação seguida da palavra “cooperativa” (Art. 1159 do CC/02)
Em se tratando de “microempresário” ou de “empresa de pequeno porte”, deverá ser acrescido ao nome empresarial essas expressões ou as abreviaturas. [Art. 7º da Lei 9841/99 a ser substituído pelo Art. 72 da LC 123/06 que institui o Super Simples]. É facultativo a inclusao do objeto empresarial.
Recapitulando:
	Firma
	Denominação
	Nome empresarial adotado pelos empresários individuais (firma individual) e pelas sociedade (firma social ou razão social) simples, em nome coletivo (N/C), em comandita simples (C/S) e, opcionalmente, pelas sociedade limitadas (Ltda.) e sociedades em comandita por ações (C/A). 
	Nome Empresarial adotado pelas sociedades anônimas (S.A) e, opcionalmente, pelas sociedades limitadas (Ltda.) e sociedades em comanditas por ações (C/A).
	Composta pelo nome civil do empresário individual, ou dos sócios que respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. Não precisa trazer o ramo da atividade.
	Composta por elemento fantasia ou nome de sócio (que funcionará como expressão fantasia – S.A), necessariamente acompanhada do ramo da atividade.
	Funciona como a própria assinatura do empresário individual ou do representante legal da sociedade.
	Serve apenas para identificação daquele que atua pela sociedade. Não é também sua assinatura.
2.1 Proteção ao nome empresarial. 
A proteção do nome empresarial decorre do exercício regular da atividade empresarial. Para tanto, é necessário a inscrição ou registro do empresário individual ou do ato constitutivo da sociedade empresária na Junta Comercial. Essa proteção assegura exclusividade no uso do nome comercial. Como a Junta Comercial é um órgão estadual, a proteção ocorre nos limites do respectivo Estado, contudo se admite a sua extensão desde que registrado nas demais Juntas Comerciais do País (Dec. 1800/96, Art. 61, § 2º). 
O nome empresarial atenderá aos princípios da veracidade e da novidade e identificará, quando assim o exigir a lei, o tipo jurídico da sociedade. Não poderá haver colidência por identidade ou semelhança do nome empresarial com outro já protegido. 
Por conta da veracidade, o nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social.
Exceção: Sociedade anônima, porque, ainda que conste o nome do fundador, acionista ou pessoa, será tratado como denominação. 
O nome empresarial não pode ser objeto de alienação, contudo o art. 1.164 do CC, par. único, consagra uma exceção (atenua o princípio da veracidade): O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor. [Enunciado 72 do CJF pede a sua supressão]
A Junta Comercial se responsabiliza pela verificação de que não há outra empresa do mesmo ramo de atividade com nome empresarial idêntico (homógrafo) ou semelhante (homófono). 
Dependendo do vulto da atividade, não se permite o registro do mesmo nome empresarial, não é possível o registro do mesmo nome empresarial em qualquer outro ramo de atividade. Ex: “Transportadora Coca-Cola S.A”. 
A prioridade no registro possibilita o uso exclusivo do nome empresarial, podendo o empresário impedir que outros utilizem nome idêntico ou semelhante ao seu. Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato.
Se a denominação for idêntica ou semelhante a de companhia já existente, assistirá à prejudicada o direito de requerer a modificação, por via administrativa (artigo 97) ou em juízo, e demandar as perdas e danos resultantes.
O empresário perderá a proteção ao nome empresarial:
	Expirado o prazo de vigência da sociedade por tempo determinado (Decreto 1800/96, Art. 61, § 3º). Não poderá haver averbação na Junta Comercial, inclusive a prorrogação do seu prazo de vigência que deverá ocorrer antes do seu vencimento. O Art. 1033, I do CC/02 prescreve que a sociedade se prorrogará por tempo indeterminado, contudo ela funcionará como sociedade em comum (art. 986 do CC/02) 
	A ausência de arquivamento no período de dez anos consecutivos, salvo comunicação à Junta Comercial.
	A firma individual ou a sociedade que não proceder a qualquer arquivamento no período de dez anos consecutivos deverá comunicar à junta comercial que deseja manter-se em funcionamento. Na ausência dessa comunicação, a empresa mercantil será considerada inativa, promovendo a junta comercial o cancelamento do registro, com a perda automática da proteção ao nome empresarial. A empresa mercantil deverá ser notificada previamente pela junta comercial, mediante comunicação direta ou por edital, para os fins deste artigo. A junta comercial fará comunicação do cancelamento às autoridades arrecadadoras, no prazo de até dez dias. A reativação da empresa obedecerá aos mesmos procedimentos requeridos para sua constituição.
	CC/02, Art. 1.168. A inscrição do nome empresarial será cancelada, a requerimento de qualquer interessado, quando cessar o exercício da atividade para que foi adotado, ou quando ultimar-se a liquidação da sociedade que o inscreveu.
3. Prepostos
Para o desenvolvimento da empresa, o empresário ou sociedade empresária conta com o auxílio de pessoas que desempenham a mão-de-obra (fator de produção). Podem ser contratados pela empresa sob o regime trabalhista ou como profissionais autônomos para atividades específicas. São denominados prepostos. 
Os prepostos agem representando os interesses da empresa e, dessa forma, celebram contratos com terceiros. Em razão disso, os preponentes respondem pelos atos de quaisquer de seus prepostos, praticados nos seus estabelecimentos, desde que relativos à atividade da empresa, ainda que não expressamente autorizados por escrito, “salvo se provado serem conhecidas da pessoa que tratou com o gerente.”. Quando os atos forem praticados fora do estabelecimento, só obrigarão o preponentes se autorizados por escrito. Devem exercer a atividade pessoalmente, não se podendo fazer substituir sem autorização do preponente (empresário ou sociedade empresária), sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substituto e pelas obrigações por ele contraídas (art. 1169, CC/02). 
Na relação de preposição existe a representação. Na representação, alguém recebe poderes de outrem para, em seu nome, praticar atos no seu interesse. A representação voluntária não se limita ao contrato de mandato.
Salvo autorização expressa, os prepostos não podem concorrer com o preponente sob pena de responder civilmente perante o preponente e cometer o crime de concorrência desleal (art. 195, Lei 9.279/96). 
A regra estabelecida pela lei civil é a de que, se os prepostos agiram com culpa no desempenho de suas funções, é o empresário, ou seja, a própria empresa preponente que responderá diretamente pelas obrigações irregulares pactuadas ou danos causados, mas terá ação de regresso contra eles. Por outro lado, se os prepostos agiram com dolo, responderão solidariamente com a empresa pelos danos que causarema terceiros. 
Gerente 
Considera-se gerente o preposto permanente no exercício da empresa, na sede desta, ou em sucursal, filial ou agência. Quando a lei não exigir poderes especiais, considera-se o gerente autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício dos poderes que lhe foram outorgados. A sua nomeação não é obrigatória, já que a sua função pode ser exercida pelo próprio empresário. Caso haja a contratação de gerente, ele é considerado preposto permanente no exercício da empresa, seja na sede desta, seja em filial, sucursal ou agência. O gerente pode estar em juízo em nome do preponente pelas obrigações resultantes do exercício da sua função (Art. 1176 do CC/02). 
Na falta de estipulação diversa, consideram-se solidários os poderes conferidos a dois ou mais gerentes.
CC/02, Art. 1.174. As limitações contidas na outorga de poderes, para serem opostas a terceiros, dependem do arquivamento e averbação do instrumento no Registro Público de Empresas Mercantis, salvo se provado serem conhecidas da pessoa que tratou com o gerente.
Parágrafo único. Para o mesmo efeito e com idêntica ressalva, deve a modificação ou revogação do mandato ser arquivada e averbada no Registro Público de Empresas Mercantis.
CC/02, Art. 1.176. O gerente pode estar em juízo em nome do preponente, pelas obrigações resultantes do exercício da sua função.
Contabilista 
É o profissional em ciências contábeis responsável por toda a escrituração dos livros do empresário. Deve ser profissional inscrito no órgão competente, estando legalmente habilitado. A atuação de contabilista é obrigatória, mas a lei dispensa a sua presença se na localidade não houver profissional da área ou se tratar de pequeno empresário dispensado do dever de escrituração.
CC/02, Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. 
CC/02, Art. 1179 (omissis), § 2o - É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970.
Enunciado 235 do CJF – Art. 1.179: O pequeno empresário, dispensado da escrituração, é aquele previsto na Lei n. 9.841/99. Fica cancelado o Enunciado n. 56. 
OBS: A lei nº 9.841/99 foi revogada, a partir de 1º/07/2007, pela Lei Complementar nº 123/2006 (DOU 15/12/2006), em vigor na data de sua publicação, ressalvado o regime de tributação das microempresas e empresas de pequeno porte, que entra em vigor em 1º/07/2007.
4. REGISTRO 
O Serviço do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins é exercido em todo o território nacional, de maneira uniforme, pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem). A disciplina dos órgãos que o compõem, bem como o do sistema registral, está disciplinada na Lei n.º 8.934/94, que é a Lei do Registro de Empresas.
O Sinrem é integrado pelo Departamento Nacional de Registro de Comércio (DNRC), autarquia federal de regime especial vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e pelas Juntas Comerciais, órgãos locais responsáveis pelo registro de Empresários individuais, sociedade empresárias e cooperativas. (LRE, art. 3º). As funções do DNRC estão previstas no art. 4º da LRE, podendo assim ser sintetizadas: 
	supervisão e coordenação, no plano técnico, dos órgãos de registro. Funciona também como segunda instância administrativa; 
	expedição de normas e diretrizes gerais relativas ao registro; 
	solução de dúvidas e controvérsias oriundas do registro 
Embora tenha sido investido nas funções de órgão central disciplinador, fiscalizador e supervisor do registro de empresas, o DNRC não dispõe de instrumentos de intervenção nas Juntas comerciais, caso não adotem suas diretrizes ou deixem de acatar recomendações de correção. A lei estabelece, apenas, que o DNRC pode representar às autoridade competentes (o Governador do Estado, O Ministério Público Estadual e outros). 
As Juntas Comerciais são órgãos estaduais submetidos, no âmbito técnico, ao DNRC, e no âmbito administrativo e financeiro, ao Governo Estadual (exceção à situada no Distrito Federal). Não são órgãos judiciários. Há uma Junta Comercial em cada Estado do País, com sede na capital e jurisdição na área de circunscrição territorial respectiva. São responsáveis pelo registro das empresas.
Quanto à competência para apreciar as questões que envolvem as juntas comerciais, o STJ tem decidido nos seguintes termos (STJ, REsp 678.405/RJ; CC90338/RO; CC 31.357/MG; CC 37.386/PR):
Competência da Justiça Federal: somente nos casos em que: i) se discute a regularidade dos atos e registros praticados pela Junta Comercial; e ii) nos mandados de segurança impetrados contra seu presidente, por aplicação do artigo 109, VIII, da Constituição Federal, em razão de sua atuação delegada (as juntas efetuam o registro do comércio por delegação federal). 
Competência da Justiça Estadual: i) nos casos em que particulares litigam acerca de registros de alterações societárias perante a Junta Comercial, posto que uma eventual decisão judicial de anulação dos registros societários pode produzir apenas efeitos secundários para a Junta Comercial do Estado, fato que obviamente não revela questão afeta à validade do ato administrativo e que, portanto, afastaria o interesse da Administração; ii) causas em que se discute anulação de registros por fraude; iii) abstenção de uso de nome comercial; iv) se apenas por via reflexa será atingido o registro da Junta Comercial, não há interesse da União, e por isso a competência será do juízo estadual, como, por exemplo, discussão sobre nome comercial, sobre idoneidade de documentos usados em alteração contratual, sobre o direito de preferência de sócio.
4.1 ATOS DE REGISTRO 
O ordenamento dos atos do registro de empresa, previsto nas disposições da Lei n. 8.934/94 é muito simples e compreende três atos: 
	Matrícula: a matrícula se refere aos agentes auxiliares do comércio. Assim, são matriculados nas Juntas Comerciais, sob a supervisão e segundo as normas do Departamento Nacional do Registro do Comércio, os leiloeiros, tradutores públicos, administradores de armazéns-gerais, trapicheiros (responsáveis por armazéns gerais de menor porte destinados à importação e exportação), entre outros. A matrícula é uma condição para que eles possam exercer tais atividades paracomerciais. 
	Arquivamento: correspondem, por sua vez, ao registro dos empresários individuais, sociedades empresárias e cooperativas. Enquanto não registrados seus atos constitutivos, as sociedades empresárias não adquirem personalidade jurídica. Os atos de arquivamento abrangem contratos ou estatutos sociais das sociedades empresárias, atos constitutivos da empresa dos empresários individuais, bem como futuras alterações contratuais, dissoluções ou extinção da atividade empresarial. Essas mudanças e demais observações relativas às empresas serão averbadas à margem do registro. A averbação é uma espécie de arquivamento e corresponde à anotação de nova situação contratual feita à margem do registro originário.
	Enunciado 69 do CJF – Art. 1.093: as sociedades cooperativas são sociedades simples sujeitas à inscrição nas juntas comerciais.
	CC/02, Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples, ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. 
	Lei 8.934/94, Art. 35. Não podem ser arquivados:
I - os documentos que não obedecerem às prescrições legais ou regulamentares ou que contiverem matéria contrária aos bons costumes ou à ordem pública, bem como os que colidirem com o respectivo estatuto ou contrato não modificado anteriormente;
II - os documentos de constituição ou alteração de empresas mercantis de qualquer espécie ou modalidade em que figure como titularou administrador pessoa que esteja condenada pela prática de crime cuja pena vede o acesso à atividade mercantil;
III - os atos constitutivos de empresas mercantis que, além das cláusulas exigidas em lei, não designarem o respectivo capital, bem como a declaração precisa de seu objeto, cuja indicação no nome empresarial é facultativa;
IV - a prorrogação do contrato social, depois de findo o prazo nele fixado;
V - os atos de empresas mercantis com nome idêntico ou semelhante a outro já existente;
VI - a alteração contratual, por deliberação majoritária do capital social, quando houver cláusula restritiva;
VII - os contratos sociais ou suas alterações em que haja incorporação de imóveis à sociedade, por instrumento particular, quando do instrumento não constar:
a) a descrição e identificação do imóvel, sua área, dados relativos à sua titulação, bem como o número da matrícula no registro imobiliário;
b) a outorga uxória ou marital, quando necessária;
VIII - os contratos ou estatutos de sociedades mercantis, ainda não aprovados pelo Governo, nos casos em que for necessária essa aprovação, bem como as posteriores alterações, antes de igualmente aprovadas.
Parágrafo único. A junta não dará andamento a qualquer documento de alteração de firmas individuais ou sociedades, sem que dos respectivos requerimentos e instrumentos conste o Número de Identificação de Registro de Empresas (Nire).
	Autenticação: refere-se aos instrumentos de escrituração, ou seja, aos livros comerciais. A autenticação é condição de regularidade dos referidos documentos. Assim, um livro comercial deve ser levado à Junta Comercial para autenticação e, neste ato, terá todos os requisitos que devem ser observados na escrituração fiscalizados. 
As Juntas Comerciais adotam dois regimes decisórios distintos: colegiado ou singular. 
Nos atos de arquivamento relativos às sociedades anônimas e consórcios de empresas, e, ainda, de transformações, fusões, cisões e incorporações sociais, a Junta segue o regime de decisão colegiada.
Em se tratando de matrículas, autenticações ou atos de arquivamento de outros tipos societários, as Juntas adotam o regime de decisão singular, feito pelo Presidente da Junta ou por um vogal por ele designado. 
Lei 8.934/94, Art. 41. Estão sujeitos ao regime de decisão colegiada pelas juntas comerciais, na forma desta lei:
I - o arquivamento:
a) dos atos de constituição de sociedades anônimas, bem como das atas de assembléias gerais e demais atos, relativos a essas sociedades, sujeitos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins;
b) dos atos referentes à transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas mercantis;
c) dos atos de constituição e alterações de consórcio e de grupo de sociedades, conforme previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976;
II - o julgamento do recurso previsto nesta lei.
Lei 8.934/94, Art. 42. Os atos próprios do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, não previstos no artigo anterior, serão objeto de decisão singular proferida pelo presidente da junta comercial, por vogal ou servidor que possua comprovados conhecimentos de Direito Comercial e de Registro de Empresas Mercantis.
Parágrafo único. Os vogais e servidores habilitados a proferir decisões singulares serão designados pelo presidente da junta comercial.
Ao Plenário compete ainda o julgamento dos processos em grau de recurso, seja das decisões colegiadas ou singulares.
No momento da apresentação dos documentos necessários para o registro da empresa, a Junta Comercial deverá ater-se apenas aos aspectos formais exigidos por lei para o respectivo registro [legalidade extrínseca do ato]. Não serão registradas empresas cujos documentos não obedecerem às prescrições legais, ou que contenham matéria contrária aos bons costumes, à ordem pública, bem como os que colidam com o respectivo estatuto ou contrato social originário não modificado anteriormente. Assim, se a maioria dos sócios de uma sociedade limitada resolver expulsar um minoritário que está concorrendo com a própria sociedade, não caberá à Junta verificar se é verdadeiro ou não o fato ensejador da expulsão. (Curso de Direito Comercial, Fábio Ulhôa, pág. 71) 
4.2 ESCRITURAÇÃO
	Livros Empresariais
 OBRIGATÓRIOS
 Comuns – Independem da atividade exercida ou do tipo societário. O único exemplo é o Livro Diário.
Especiais – específicos para cada atividade ou tipo societário. Exs: Livro de Registro de Duplicatas, Livro de Atas das Assembléias Gerais, 
FACULTATIVOS – Servem para aprimorar o sistema e controle da atividade empresarial. Exs: Livro Contas-Correntes, Livro de Caixa. Não há sanções pela não-escrituração de livros facultativos. 
 
O empresário e a sociedade empresária possuem o dever comum de escriturar e conservar os livros comerciais, juntamente com a correspondência e demais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer a prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados. São obrigados também a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. É dispensado dessas exigências o pequeno empresário a que se refere o art. 970.
O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados.
Os administradores são obrigados a prestar aos sócios contas justificadas de sua administração, e apresentar-lhes o inventário anualmente, bem como o balanço patrimonial e o de resultado econômico. 
De acordo com o art. 1.182 do CC/02, a escrituração deve ficar a cargo de um contabilista (vide preposto), salvo se nenhum houver na localidade. 
O art. 1180 do CC/02 prescreve a obrigatoriedade do livro Diário, que pode ser substituído por fichas, nos caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. A adoção das fichas não dispensa o uso do livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e o resultado econômico (PU do Art. 1180 do CC/02). Há também livros fiscais e trabalhistas.
	OBS: Levantar balanço anual (artigo 1179) não quer dizer que sejam obrigados a publicar, mas somente levantar. As S/As são obrigadas a publicar. As S/As que distribuem lucros semestralmente e as Instituições Financeiras devem levantar balanço semestralmente.
Se o empresário ou sociedade empresária preferir o sistema de fichas, substituirão o Livro Diário pelo Livro Balancetes Diários e Balanços, observados os mesmos requisitos daquele (art. 1185 do CC/02). Esse livro deverá trazer a posição diária de cada um das contas ou títulos contábeis, pelo respectivo saldo, em forma de balancetes diários; bem como o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encerramento do exercício social (art. 1186 do CC/02)
Os livros, antes de serem utilizados, devem necessariamente ser autenticados pela Junta Comercial (Art. 1181 do CC/02). Somente podem ser autenticados os livros do empresário regular. (PU do art. 1181 do CC/02)
	Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos.
Os requisitos intrínsecos da escrituração são observados quando ela é feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens.
Já os requisitos extrínsecos, concernentes a sua segurança, diz respeito a sua autenticação pela Junta Comercial. 
Embora não estejam elencados como títulos executivos, o que autorizaria o acessoà via executiva, quando devidamente escriturados, terão valor probatório em uma ação ordinária de conhecimento [o que abrange a utilização da ação monitória].
O Art. 380 do CPC esclarece que a escrituração contábil é indivisível. Se dos seus lançamentos uma parte for favorável a seu autor e outra desfavorável, ambas serão consideradas em conjunto, como unidade.
Tamanha é a importância desta obrigação que tanto a atual (Art. 178 da Lei 11.101/05) como a antiga consideram crime a sua inobservância.
4.3 PRINCÍPIO DO SIGILO
Os livros não estão acessíveis a qualquer pessoa, somente podendo ser quebrado o sigilo por determinação judicial e por determinação de exibição:
Total – Somente em alguns processos (Art. 1191, caput do CC/02). Se houver recusa, serão apreendidos judicialmente (Art. 1192 do CC/02)
CC/02, Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.
§ 1o O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou de pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão.
§ 2o Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivo juiz.
Parcial – em qualquer processo para relação determinada nos termos do art. 226 c/c o § 1º do art. 1191 do CC/02. Em caso de recusa, ter-se-á como verdadeiro o alegado pela parte contrária para se provar pelos livros (confissão), que não é absoluta, pois pode ser elidida por prova documental em contrário. 
Não pode ser oposto o sigilo comercial dos livros às autoridades fazendárias nos termos do art. 1193 do CC/02 e do art. 195 do CTN.
5. PROPRIEDADE INDUSTRIAL (Lei 9.279/96)
“O conjunto dos direitos resultantes das concepções da inteligência e do trabalho intelectual, vistos principalmente sob a perspectiva do proveito que deles pode resultar costuma-se denominar genericamente como “propriedade intelectual”� 
A propriedade intelectual/imaterial está subdividida em:
	Direito autoral
	Propriedade industrial
	Relaciona-se com a propriedade literária, científica ou artística e de programas de computador, sendo matéria de direito civil.
	Estudada pelo direito empresarial. 
Obs.: dispõe o art. 1º da Convenção de Paris que “a propriedade industrial entende-se na mais ampla acepção e aplica-se não só à indústria e ao comércio propriamente ditos, mas também às indústrias agrícolas e extrativas e a todos os produtos manufaturados ou naturais”.
	O autor da obra tem o direito de explorar exclusivamente, mesmo que não tenha efetuado qualquer registro, bastando comprovar ser o autor.
	Garante a exploração, com exclusividade, do objeto protegido àquele que requerer em primeiro lugar referido privilégio, pouco importando quem seja o autor da invenção.
	O direito decorre da criação, sendo o eventual registro meramente declaratório.
	Decorre de ato administrativo de natureza constitutiva.
Os direitos da propriedade intelectual não integram a categoria dos direitos reais, tampouco àquela referente aos direitos pessoais. São, na verdade, direitos de cunho intelectual que realizam a proteção de vínculos (pessoais e patrimoniais) do autor ou do empresário com sua obra ou criação, de índole especial, sui generis, a justificar uma disciplina normativa específica. São obras intelectuais as criações do espírito expressas por qualquer meio (tangível ou não). A palavra propriedade empregada para abranger as situações de titularidade de direitos patrimoniais referentes aos objetos da criação intelectual não pode ser assimilada no conceito de propriedade tal como definida no art. 1.228 do CC. Por isso, atualmente, tais situações encontram-se reguladas em leis específicas diante da constatação de suas peculiaridades.
5.1. FINALIDADE
A Lei 9.279/96 tem por finalidade maior a de garantir a exclusividade de uso de determinados bens, a exemplo da invenção, da marca etc.
Sua função social consiste no incentivo à pesquisa e desenvolvimento tecnológico. 
Os caminhos para essa proteção, utilizados por aquele que possui a exclusividade de uso sobre determinado bem, são:
Utilização própria ou;
Licença de uso para terceiro interessado ( A remuneração decorrente da licença de uso de bens da propriedade industrial se chama royalties
Diante da concepção de que era importante conferir proteção aos direitos de propriedade industrial, houve a realização de um grande encontro das nações, a Convenção de Paris, com a finalidade de tentar harmonizar o sistema nacional de proteção a propriedade intelecual. Mais recentemente, foi celebrado o acordo TRIPS�, também chamado de acordo relativo aos aspectos do direito de propriedade intelectual relacionados com o comércio, integrante de um conjunto de acordo assinados em 1994, que encerram a conhecida rodada do Uruguai, dando origem a OMC. O Brasil já ratificou ambas as convenções.
Em função da adoção, pela legislação brasileira, dos preceitos da Convenção de Paris, a LPI contemplou os denominados princípios da prioridade e da assimilação no seu art. 3º, que determina a aplicação da lei ao pedido de patente ou de registro provenientes do exterior e depositado no país por quem tenha proteção assegurada por tratado em vigor no Brasil (princípio da prioridade) e aos nacionais ou pessoas domiciliados em país que assegure aos brasileiros a reciprocidade de direitos iguais (princípio da assimilação).
5.2. BENS PROTEGIDOS
I – Invenção;
M – Modelo de utilidade;
D – Desenho industrial;
M – Marca.
A própria Lei de Propriedade Industrial, ao classificar tais bens, diz que estes são móveis.
	Atente: além da proteção à invenção, modelo, desenho industrial e marca, a Lei de Propriedade Industrial também cuida de dois outros assuntos (art. 2º):
Repressão à falsa indicação geográfica;
Repressão à concorrência desleal.
5.3. PROTEÇÃO
Para que uma invenção ou um modelo de utilidade tenham exclusividade, é necessária uma patente. 
Já o desenho industrial e a marca precisam de registro.
Tanto a patente quanto o registro são obtidos junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), que é uma autarquia federal com sede no Rio de Janeiro.
	Invenção
	Modelo de utilidade
	Desenho industrial
	Marca
	Patente
(INPI)
	Patente
(INPI)
	Registro
(INPI)
	Registro
(INPI)
	Prazo: 20 anos, contados da data do depósito.
	Prazo: 15 anos, contados da data do depósito.
	Prazo: 10 anos, contados da data do depósito.
	Prazo: 10 anos, contados da data da concessão.
	Improrrogável
	Improrrogável
	Prorrogável em até 3 vezes, cada prorrogação c/ prazo máximo de 5 anos. 
	Não possui limite de prorrogação (tendo, cada uma, 10 anos).
5.4 INVENÇÃO
É o produto da inteligência humana de efeito técnico ou industrial, ou seja, que objetiva criar bens até então desconhecidos, para aplicação técnica ou industrial. Não se confunde com a descoberta. A LPI não definiu o que vem a ser uma invenção, limitando-se a afirmar que é patenteável. 
Art. 10. Não se considera invenção nem modelo de utilidade:
I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;
II - concepções puramente abstratas;
III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização;
IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética;
V - programas de computador em si;
VI - apresentação de informações;
VII - regras de jogo;
VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e
IX - o todo ou parte de seresvivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.
B. Requisitos (art. 8º):
Novidade ( Novo é “aquilo que não está compreendido no estado da técnica quando do pedido da patente”. O estado da técnica abrange todos os conhecimentos a que pode ter acesso qualquer pessoa, especialmente os estudiosos de um assunto, no Brasil ou no exterior. 
Note: A legislação exige que a novidade seja ABSOLUTA, tanto no exterior quanto no Brasil.
Para aferição unicamente da novidade, o conteúdo completo de pedido de patente (ou de registro) depositado no Brasil, e ainda não publicado, será considerado como incluído no estado da técnica a partir da data de depósito, ou da prioridade reivindicada, desde que venha a ser publicado, mesmo que subseqüentemente (§2º).
Não se compreende no estado da técnica a divulgação da invenção ou do modelo de utilidade, seja pelo inventor, pelo INPI ou por terceiros mediante informações obtidas do inventor, se isso ocorrer nos 12 meses que antecederem a data do depósito – trata-se do chamado período de graça.
Atividade inventiva (art. 13) ( A atividade é inventiva sempre que, para um especialista no assunto, não decorra, de maneira óbvia ou evidente, do estado da técnica. 
Aplicação industrial 
Não ter impedimento LEGAL (art. 18) 
O que for contrário à moral, bons costumes, segurança, ordem e saúde;
Tudo que for resultado de transformação do núcleo atômico;
Seres vivos, no todo ou em parte, exceto os micro-organismos transgênicos, desde que presentes os requisitos da patenteabilidade e que não sejam mera descoberta. 
C. Licença compulsória 
A licença voluntária é aquela por meio do qual o titular da patente a concede a algum interessado. Já a licença compulsória está prevista nos arts. 69 e 71 da Lei de Propriedade Industrial e cuida do que popularmente se chama de “quebra de patente”.
O art. 68 estabelece que o titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva ou por meio dela exercer abuso de poder econômico, por decisão administrativa ou judicial. 
Também enseja a licença compulsória os casos de interesse público ou emergência nacional, quando o titular da patente não atende à necessidade existente. Vejamos os requisitos dessa licença:
Deve ser declarado por ato do Poder Executivo Federal. 
Recentemente, o Lula editou o Decreto n. 6.108/2007, declarando interesse público aos coquetéis de AIDS.
Essa licença não possui exclusividade ( Qualquer interessado pode produzir;
Ela é temporária (no caso do Decreto 6.108/07, 5 anos).
Atente: não pode haver prejuízos para o titular da patente (embora, logicamente, não venha a ter o lucro que esperava ter, ele irá receber royalties por cada produto produzido). 
OBS: segredo industrial
Diante de um invento ou de modelo de utilidade, não está o empresário obrigado a depositá-lo junto ao INPI. Se quiser, poderá seu titular guardá-lo em segredo, não disponibilizando ao público os métodos, os projetos, as composições que materializam seu invento.
Optando pela patente, o titular terá garantida sua utilização exclusiva durante determinado período de tempo, após o qual seu invento cairá em domínio público. Do contrário, o segredo industrial se eterniza em suas mãos, até que alguém consiga, por meios lícitos e mérito próprio, obter o mesmo resultado.
Nosso ordenamento protege o segredo industrial, considerando crime de concorrência desleal a conduta de quem divulga, explora ou se utiliza, sem autorização, de conhecimentos confidenciais, utilizáveis na indústria, comercio ou prestação de serviços, a que teve acesso mediante relação contratual ou empregatícia, mesmo após o término do contrato, ou obtidos ilicitamente (195).
5.5 MODELO DE UTILIDADE
É o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação. Trata-se de um instrumento, utensílio ou objeto destinado ao aperfeiçoamento ou melhoria de uma invenção preexistente. 
	Os requisitos são os mesmos da invenção: 
Novidade;
Atividade inventiva;
Não impedimento legal;
Aplicação industrial.
5.6 DESENHO INDUSTRIAL (art. 95)
Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial. 
O desenho industrial não pode ser confundido com a obra de arte, pelo fato de estar sempre relacionado a um objeto com função utilitária e possibilidade de ser industrializado, enquanto a obra de arte, em regram não traz consigo nenhuma característica funcional, mas tão-somente estética e decorativa, e também não é produzida em escala industrial. Também não se confunde com o modelo de utilidade, pois o desenho industrial volta-se apenas a configuração estética, enquanto o modelo de utilidade agrega uma nova utilidade a um invento.
Os requisitos do desenho industrial são: a) novidade (atendido quando o mesmo não se encontra compreendido no estado da técnica); b) originalidade (quando do desenho industrial resultar uma configuração visual distintiva, em relação a outros objetos anteriores); c) aplicação industrial. A lei traz ainda hipóteses de desenhos industriais não registráveis (contrário a moral, aos bons costumes, etc). 
Obs.: o período de graça do desenho industrial é de 180 dias (art. 96, §3º):
5.7 MARCA (art. 122)
Bem móvel incorpóreo, com enquadramento no âmbito dos direitos de propriedade industrial, a marca se exprime por sinais distintivos visualmente perceptíveis. Não existe marca sonora.
Suscetível de transmissão a terceiros – seja por licenciamento, seja por cessão (inter vivos ou por via hereditária) –, a marca é um elemento integrante do estabelecimento empresarial. No Brasil, é objeto de registro no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), razão por que é protegida em todo o país.
Espécies 
Marca de produto ou serviço: é aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa. Ex.: Bombril.
Marca coletiva: é aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade. Ex.: indústria brasileira dos produtores de café. 
Marca de certificação: é aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada. Ex.: INMETRO.
B. Requisitos da marca
Novidade (relativa) ( significa que a marca não deve reproduzir ou imitar, total ou parcialmente, o núcleo identificador de título de estabelecimento ou de nome empresarial, tampouco de marcas alheias preexistentes no mercado. O registro de uma marca confere a proteção ao seu uso exclusivo tão-somente contra seu uso em produtos ou serviços similares, de acordo com classes criadas por ato normativo do INPI. 
Adota-se, aqui, o princípio da especificidade/especialidade. Sem relegar a plano secundário a proteção aos direitos de propriedade industrial, ele apenas enseja que marcas, assim como nomes de empresa e títulos de estabelecimento, parecidos ou iguais entre si, no todo ou em parte, coexistam no ambiente socioeconômico. Essa coexistência, porém, só é possível ante o reconhecimento de que os ramos de atividade das empresas usuárias de expressões ou símbolos semelhantes são diversos, sem potencialidade de induzir a erro aqueles que com elas pretendam negociar com boa-fé. Segundo o STJ, o direito de exclusividade de uso de marca, decorrente do seu registro no INPI, é limitado à classe para a qual é deferido, não sendo possívela sua irradiação para outras classes de atividades (REsp 1.114.745, Rel. MASSAMI UYEDA, publicado em 21.9.2010). 
O princípio em comento não se aplica à modalidade de marca tratada no art. 124 da Lei de Propriedade Industrial (Lei n. 9.279/1996): a chamada “marca de alto renome”, à qual foi previsto o asseguramento de “proteção especial, em todos os ramos de atividade”. Daí a pertinência em dizer que o titular de uma marca reconhecida como “de alto renome” conta com respaldo hábil para objetar que outras pessoas, mesmo que atuantes em segmentos empresariais completamente diversos do dele, registrem marcas ou utilizem nomes de empresa ou títulos de estabelecimento reproduzindo o sinal distintivo renomado que ele adotou para identificar seus produtos e/ou serviços
Não impedimento ( Os casos de impedimento legal estão no art. 124 da Lei de Propriedade Industrial (ex.: símbolos oficiais, brasão, designação ou sigla de entidade ou órgão público, nome de empresa de terceiro, forma vulgar do produto, etc). 
ORIGINAL ( a significar que deve assumir feição de ineditismo, não se limitando, por exemplo, a refletir puramente letra, algarismo ou data sem lhes imprimir mínima peculiaridade distintiva (art. 124, inc. II, da Lei n. 9.279/1996)
Não colidência com marca notória ( A marca não pode confrontar/violar uma marca notória. Marca notória é aquela ostensivamente pública e conhecida, de popularidade internacional e que independe de registro no INPI para ter proteção legal. Ex.: Sony. Isso porque o Brasil é signatário da Convenção da União de Paris, pela qual os países consignatários devem proteger a marca notória. A marca notória, assim como as demais marcas, só é protegida dentro do seu setor mercadológico.
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	Marca notória (art. 126)
	Alto renome (art. 125)
	Não precisa de registro para ser protegida
	Precisa ser registrado
	Só tem proteção no ramo de atividade
	Tem proteção em todos os ramos de atividade
	Precisa ter reconhecimento internacional
	Reconhecimento no país
	Tem proteção em todos os países que assinaram o acordo da convenção da União de Paris.
	Só tem proteção no território nacional.
Jurisprudência 
A discussão gira em torno da possibilidade de o juiz ou o tribunal estadual, ao apreciar um pedido de antecipação de tutela, negar a proteção a uma marca, patente ou desenho industrial registrados, ainda que diante de notória semelhança, com fundamento apenas na aparente invalidade do registro não declarada pela Justiça Federal. Embora a LPI preveja, em seu art. 56, § 1º, a possibilidade de alegação de nulidade do registro como matéria de defesa, a melhor interpretação desse dispositivo indica que ele deve estar inserido numa ação que discuta, na Justiça Federal, a nulidade do registro. Isso porque não seria razoável que, para o reconhecimento da nulidade pela via principal, seja prevista uma regra especial de competência e a indispensável participação do INPI, mas, para o mero reconhecimento incidental da invalidade do registro, não se imponha cautela alguma. Isso conferiria ao registro no INPI uma eficácia meramente formal e administrativa. Autorizar que o produto seja comercializado e, apenas depois, em matéria de defesa numa ação de abstenção, seja alegada a nulidade pelo suposto contrafator implica inverter a ordem das coisas. O peso de demonstrar os requisitos da medida liminar recairia sobre o titular da marca e cria-se, em favor do suposto contrafator, um poderoso fato consumado: eventualmente o prejuízo que ele experimentaria com a interrupção de um ato que sequer deveria ter se iniciado pode impedir a concessão da medida liminar em favor do titular do direito. Assim, a validade de um registro de marca, patente ou desenho industrial, nos moldes da lei supradita, tem de ser travada administrativamente ou, caso a parte opte por recorrer ao Judiciário, deve ser proposta ação de nulidade na Justiça Federal, com a participação do INPI na demanda. Sem isso, os registros emitidos por esse órgão devem ser reputados válidos e produtores de todos os efeitos de direito. REsp 1.132.449-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/3/2012.
5.8. FORMAS DE EXTINÇÃO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Expiração do prazo de vigência;
Renúncia do titular;
Falta de pagamento da retribuição anual;
Caducidade ( Atenção: ocorre caducidade da marca se alguém deixa de usá-la por mais de 5 anos. Já a invenção/modelo de utilidade caducam em 3 anos do desuso ou uso abusivo.
O STJ confere efeitos prospectivos (ex nunc) a declaração de caducidade do registro da marca industrial. Entre outros fundamentos, consignou-se que, se uma marca for cedida/licenciada a diversas empresas em cadeia sucessória e a última cessionária/licenciada não exercer qualquer dos poderes inerentes à propriedade da marca, tem-se uma situação que põe termo à circulação de riquezas. Enquanto, se fossem os efeitos da declaração de caducidade ex tunc, na hipótese de um terceiro interessado apropriar-se daquela marca, esse estaria legitimado a pedir lucros cessantes referentes a todos os antigos proprietários. Consectário disso seria o início de uma reação em cadeia de ações de regresso até que o penúltimo prejudicado pela inércia consiga cobrar do último o prejuízo decorrente da abstenção de uso, gozo ou fruição do sinal industrial. Assim, o registro de marcas e patentes, ao invés de oferecer segurança jurídica ao seu proprietário e eventuais cessionários/licenciados, demonstraria um risco ad eternum para quem se aventurasse a adquirir direitos sobre a marca. EREsp 964.780-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgados em 10/8/2011.
Inobservância do art. 217 da Lei 9.279 ( O titular de um registro ou patente que tem domicílio no exterior deve ter representante no país, com poderes para representá-lo no âmbito administrativo, judicial e para receber citações. Se o titular não tiver representante no país, haverá a extinção do registro/patente.
5.9. PROCESSO ADMINISTRATIVO JUNTO AO INPI
A. Concessão de patente (invenção/modelo de utilidade)	
Conceito: a patente é o título de uso de exclusividade concedido pelo INPI aquele que faz o respectivo requerimento. 
Titularidade da patente: há uma presunção de que é titular da patente aquele que faz o respectivo requerimento, não importando qual a data de criação ou qual foi o criador. 
Pedido: O pedido de patente deve ser apresentado ao INPI, acompanhado de: a) requerimento (formulário padrão oferecido pelo INPI); b) relatório descritivo; c) reivindicações; d) desenho, se for o caso; e) resumo; f) comprovante de pagamento da retribuição relativa ao depósito (art. 19).
Apresentado o pedido, ele é submetido a exame formal preliminar (só se analisam formalidades). Se devidamente instruído, será protocolizado, sendo considerada a data do depósito a mesma da apresentação (art. 20). Lembre-se que a data do depósito é o termo inicial da patente.
Se o pedido não atender às formalidades, mas contiver dados relativos ao objeto, depositante e ao inventor, poderá ser entregue mediante recibo datado. Neste caso, o INPI estabelece as exigências a serem cumpridas no prazo de 30 dias, sob pena de devolução ou arquivamento da documentação. Cumpridas as exigências, o depósito será considerado como efetuado na data do recibo.
Nas reivindicações é que se indica a verdadeira extensão do objeto da patente, com sua descrição pormenorizada.
Com o objetivo de propiciar ao depositante prazo para que realize estudo de viabilidades do objeto do pedido, ou venha a contatar pessoas interessadas em produzi-lo, estabelece a lei que o pedido de patente será mantido em sigilo durante 18 meses contados do depósito ou prioridade mais antiga, após o que será publicado (art. 30). Se o titular já estiver com tudo pronto, ele pode pedir a antecipação da etapa seguinte que é a publicação. Ele pede a publicação sem que tenha que aguardar o prazo de 18 meses de sigilo. 
A publicação na revista de propriedade industrial é condição indispensável para a concessão da patente. Por contadisso, muitos inventores preferem não patentear o invento, optando pelo chamado segredo de empresa. 
Somente após a concessão da patente é que o terceiro interessado poderá requerer sua nulidade, no prazo de 6 meses da concessão.
Exame técnico
Concessão da carta patente: somente após a concessão da patente, o titular terá o direito de impedir o uso, a produção e a venda por terceiro. Nesse sentido, confira o art. 42 da Lei 9279:
O uso indevido da patente por terceiro dá ao titular direito a indenização pela utilização indevida, contada a partir da publicação da patente. Se o infrator obteve, por qualquer meio, conhecimento do conteúdo do pedido depositado, anteriormente à publicação, contar-se-á o período da exploração indevida para efeito da indenização a partir da data de início da exploração. Quando o objeto do pedido de patente se referir a material biológico, depositado na forma do parágrafo único do art. 24, o direito à indenização será somente conferido quando o material biológico se tiver tornado acessível ao público. O direito de obter indenização por exploração indevida, inclusive com relação ao período anterior à concessão da patente, está limitado ao conteúdo do seu objeto, na forma do art. 41.
Na prática, aplica-se o art. 184 (tipifica o crime de patente) àqueles que fazem uso indevido de patente no bojo do processo de patenteamento. 
Prazo de vigência da patente
O prazo máximo da patente de invenção é de 20 anos e da patente de modelo de utilidade é de 15 anos. Por outro lado, o parágrafo único do art. 40 da lei de propriedade industrial dispõe que o prazo mínimo de vigência da patente de invenção é de 10 anos, contado da concessão e da patente de modelo de utilidade é de 7 anos, contado da concessão. 
 
Patente de empresa
O titular de uma patente pode ser tanto uma pessoa natural quanto uma pessoa jurídica pública ou privada. Quando a invenção/modelo de utilidade é criada pelo empregado, há discussão sobre a titularidade da patente: 
a) Titularidade do empregador: quando a invenção é decorrente do contrato de trabalho.
b) Titularidade do empregado: quando a invenção/modelo de utilidade não estiver contemplado no contrato de trabalho e o empregado atinja a invenção/modelo de utilidade por meios próprios, sem a utilização da tecnologia, material e equipamentos do empregador. 
c) Titularidade do empregador e do empregado em partes iguais: quando a invenção/modelo de utilidade não for objeto do contrato de trabalho, mas for criado com base no material, tecnologia, equipamentos (meios) do empregador, ressalvada expressa disposição contratual em contrário. 
B. Registro
i. Desenho industrial
O pedido é entregue mediante requerimento acrescido de relatório descritivo, reivindicações, desenhos ou fotografias, descrição do campo de aplicação e comprovante de pagamento da retribuição relativa ao depósito (art. 101). Se os desenhos ou fotografias forem suficientes, dispensa-se o relatório e reivindicações.
Neste caso, o prazo de diligências conferido pelo INPI não é de 30, mas 5 dias. Cumpridas as exigências, como ocorre com a patente, o depósito considera-se efetuado na data da apresentação do pedido (103).
Obs.: ao contrário do pedido da patente, o registro do desenho industrial somente correrá em sigilo caso seja requerido pelo depositante, e somente pelo prazo de 180 dias (e não 18 meses).
ii. Marca
A diferença aqui é a seguinte: após o protocolo do pedido da marca perante o INPI, será ele publicado para apresentação de eventuais oposições por terceiros, no prazo de 60 dias (art. 158). Havendo oposição, o depositante será intimado para se manifestar igualmente no prazo de 60 dias. Decorridos 60 dias do protocolo do pedido, ou após apresentação de eventual oposição, o INPI deverá proferir decisão deferindo ou não o pedido de registro (art. 159).
Depois de expedido o certificado de registro, abre-se novamente a possibilidade de qualquer pessoa com legítimo interesse requerer sua nulidade perante o INPI, no prazo de 180 dias. Esse procedimento pode ser proposto de ofício pelo INPI. Ao titular será ofertado prazo de defesa em 60 dias.
O INPI, ou qualquer pessoa com legítimo interesse, poderá intentar, no prazo de 5 anos da concessão, ação judicial de nulidade de registro de marca perante o foro da justiça federal.
5.10. DIREITO DE PRIORIDADE
O art. 16 estabelece que será assegurado o direito de prioridade ao pedido de patente ou registro industrial apresentados em país que mantenha acordo com o Brasil, ou em organização internacional. Dessa forma, se houver interesse do titular da propriedade industrial, devidamente depositada em outro país, em expandir seu direito em território brasileiro, deverá reivindicar a prioridade no prazo máximo de: 
12 meses ( Em se tratando de invenção e modelo de utilidade;
6 meses ( Desenho industrial ou marca. Esse prazo é sempre contado da data do primeiro pedido.
O requisito de novidade, neste caso, terá como base a data de apresentação do primeiro pedido (no exterior), e não a data em que fora apresentado no Brasil.
5.11. ASPECTOS PROCESSUAIS (art. 57)
A. Introdução
No âmbito da propriedade industrial, é possível o ajuizamento de ação de nulidade. 
B. Competência
A ação de nulidade deve ser ajuizada na Justiça Federal;
Se o INPI não for autor da ação, deverá intervir no processo.
o STJ uniformizou o entendimento divergente entre a Terceira e a Quarta Turma para que prevaleça a orientação de declarar a competência do foro do domicílio do autor ou do foro no qual ocorreu o fato para o julgamento de ação de abstenção de uso de marca cumulada com pedido de indenização. EAg 783.280-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgados em 23/2/2011.
C. Prazo
Em relação ao prazo para ajuizamento da ação, observe:
Patente: a ação deve ser ajuizada enquanto a patente for vigente;
Registro: idem.
Marca: prazo de 5 anos, contados da concessão.
D. Prazo de defesa
Nestas ações, o prazo de defesa é maior: 60 DIAS.
10. Marca x nome empresarial
Se a marca é o sinal visualmente perceptível que tem como função distinguir produtos ou serviços colocados à disposição do público consumidor, o nome empresarial, ao contrário, identifica o sujeito de direito que comercializa, fabrica ou produz os produtos ou presta os serviços que serão, por sua vez, diferenciados dos demais existente no mercado pela marca.
Não há, em nosso ordenamento jurídico, um tratamento apropriado para o caso de existir um nome empresarial que venha a colidir com uma determinada marca, na medida em que tais bens jurídicos são tratados de forma estanque, em leis específicas que não dão solução ao problema.
O STF manifestou-se no sentido de dar prevalência à marca devidamente registrada no INPI em detrimento do nome empresarial mais antigo, sob o argumento de que aquele órgão tem eficácia em todo território nacional, enquanto o nome empresarial é protegido tão-somente no âmbito do Estado da Junta.
Esse critério, certamente, não é o mais apropriado, por permitir que pessoas de má-fé registrem marcas coincidentes com nomes empresariais antigos e consolidados. A doutrina vem apontando, para a solução de casos como este, a utilização do critério da anterioridade.
� Existe vedação quanto ao nome empresarial, que não pode ser objeto de alienação. 
� CERQUEIRA, João da Gama. Tratado da propriedade intelectual, 1982, p. 49.
� Para o STJ, o acordo TRIPS é aplicável no Brasil a partir de 1º/1/2000. O acordo não gera obrigações em relação a atos constituídos antes de sua vigência. � HYPERLINK "http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%201096434" \t "new" �REsp 1.096.434-RJ�, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/11/2010.

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