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Resumão de Direito Empresarial 7/12

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DIREITO EMPRESARIAL - PONTO 07
Contratos empresariais. Compra e venda mercantil. Comissão. Representação comercial. Concessão comercial. Franquia (Franchising). Distribuição. Alienação fiduciária em garantia. Faturização (Factoring). Arrendamento mercantil (leasing). Cartão de crédito.
Gabriela Macedo – 24/08
CONTRATOS MERCANTIS 
Os contratos são mercantis quando os dois contratantes são empresários, com a ressalva quanto aos casos em que o empresário comprador se enquadra no conceito de consumidor, hipótese em que terão incidência as normas especiais do CDC. 
Não há mais, no direito brasileiro, contratos mercantis solenes. De fato, não é compatível com a dinâmica da atividade empresarial submeter a constituição de vínculos contratuais a determinadas formalidades específicas. Lembrar que a exigência de forma escrita para a plena eficácia das obrigações contratadas não se confunde com o requisito da solenidade para a constituição do contrato. 
	
PRINCÍPIOS CONTRATUAIS
	
Autonomia da vontade
	Confere liberdade de contratar e a liberdade contratual, mas é mitigada pelo dirigismo contratual (o contrato deve atender a sua função social e nao pode contrariar preceitos de ordem pública)
	
	
Consensualismo
	O mero acordo de vontades é suficiente para a formação dos contratos. É excepcionado nos contratos solenes e reais.
	
	
Relatividade
	O contrato só vale entre as partes (aspecto subjetivo) e não se estende além de seu objeto (aspecto objetivo) – é relativizado pela boa-fé objetiva. 
	
	
Força obrigatória
	As partes podem exigir, uma da outra, que cumpram a prestação prometida. Mas esta é limitada pela cláusula “rebus sic standibus”, que sintetiza a teoria da imprevisão, nos contratos comutativos. Os contratos bilaterais contêm, implícita, a cláusula da “exceptio non adimpleti contractus”, pela qual uma parte não pode exigir o cumprimento do contrato pela outra, se estiver em mora em relação à sua própria prestação. 
	
	
Boa –fé
	As partes devem agir com probidade e todo contrato gera deveres implícitos, decorrentes da sua própria natureza. A boa-fé objetiva foi expressamente prevista no CC.
Segundo a teoria da aparência, uma situação aparente pode gerar obrigações para terceiros quando o contratante, de boa-fé, tinha razões efetivas para tomá-la por real. Essa teoria é mais comumente aplicada nas hipóteses de excesso de mandato, continuação de fato de mandato findo, inobservância de diretrizes do representado pelo representante, etc. Orlando Gomes admite, até, a responsabilização do empresário por atos praticados por falso representante, quando a aparencia de direito poderia enganar um contratante médio. Tem sido cada vez mais adotada pelo STJ como corolário da boa-fé objetiva. 
2 .COMPRA E VENDA MERCANTIL
De acordo com o art. 481 do CC, “pelo contrato de compra e venda um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de coisa certa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro”. 
	 O contrato de compra e venda, por si só, não implica em aquisição de propriedade, gerando apenas obrigações recíprocas (obrigação de pagar o preço e obrigação de transferir o domínio) – natureza meramente obrigacional. Como a compra e venda caracteriza uma relação puramente obrigacional, o adquirente apenas adquire a propriedade pela tradição ou pelo registro em cartório (caso o bem seja móvel ou imóvel, respectivamente). Isso é importante por dois motivos:
Teoria dos riscos: a coisa perece para o dono (res peret domino): na medida em que o contrato, por si só, não transfere a propriedade, o risco corre por conta do vendedor até que o transfira por meio da tradição. 
Tutela processual da compra e venda por instrumentos obrigacionais: se o comprador pagou e o vendedor não quer entregar a coisa, não é cabível o manejo de ações reais, mas apenas pessoais, pois o direito em questão é meramente obrigacional. 
2.1. CLASSIFICAÇÃO DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA
Contrato bilateral, já que ambas as partes assumem obrigações;
Consensual: se aperfeiçoa com a simples manifestação de vontade das partes; não é, portanto, um contrato solene (a forma não integra a substância desse contrato), exceto nos casos previstos em lei.
Onerosa, pois gera vantagens econômicas para ambas as partes.
Comutativo, o que significa que suas prestações são sabidas. Em alguns casos, contudo, a compra e venda será aleatória:
Compra e venda de coisa incerta
Compra e venda a contento ou sujeita à prova 
Compre a venda de coisa futura ( O contrato poderá ser:
Emptio spei: é a compra e venda da esperança propriamente dita (esperança quanto à existência da coisa). 
 Emptio rei speratae: diz respeito a uma esperança não da existência da coisa, mas sim da quantidade da coisa adquirida.
2.2. ELEMENTOS ESSENCIAIS DA COMPRA E VENDA
I. Consentimento
	As partes precisam ser capazes e a manifestação de vontade livre e desembaraçada. Havendo vício na manifestação de vontade, o contrato se torna anulável. Em determinadas hipóteses, o ordenamento exige um requisito específico, a legitimação. Orlando Gomes dizia: a legitimação é um plus na capacidade (é algo a mais, exigido às pessoas capazes), um requisito específico para a prática de um ato específico. Exemplos: necessidade de outorga uxória das pessoas casadas, exceto no regime da separação obrigatória de bens. 
II. Preço
	Deve ser sério, idôneo e, principalmente, determinado ou determinável. Tem de ser expresso em moeda, sob pena de configurar troca ou permuta. A indeterminabilidade absoluta do preço ou o arbítrio exclusivo de uma das partes, na sua fixação, torna nulo o contrato. Permite o CC que o preço esteja submetido a taxa de mercado, bolsa de valores ou índices econômicos (arts. 486 e 487). O preço também pode ser indicado por terceiro (as partes podem convencionar neste sentido). O preço atrai o direito à informação.
	O preço deve ser indicado em moeda brasileira. Só existem dois casos em que o preço pode estar submetido a moeda estrangeira:
Produtos ou serviços originados de importação
Compra e venda feita no exterior
	Na forma do art. 315 do CC-02, todo preço, toda e qualquer venda em dinheiro está submetido ao princípio do nominalismo, pelo qual toda dívida em dinheiro deve ser paga pelo seu valor nominal (o STJ pacificou que ele contempla a correção monetária). 
	 A depender do momento em que o preço se torne injusto, estará afetada a validade ou a eficácia do contrato:
Se o preço era injusto no momento da celebração do contrato, estará afetada a validade, havendo anulabilidade (relação comum) ou nulidade (se a relação for de consumo). 
Se o preço se tornar injusto depois da formação do contrato, afeta a eficácia do contrato. Neste caso, a hipótese será de revisão ou resolução contratual.
III. Coisa (qualquer bem alienável - móvel, imóvel, corpóreo ou incorpóreo, etc).
	Exige-se que a coisa seja economicamente apreciável. Só não podem ser objeto da compra e venda bens personalíssimos, herança de pessoa viva e coisas fora do comércio (chamados de bens clausulados – inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade). O art. 1911, CC dispõe que a cláusula de inalienabilidade gera a presunção da existência das demais; a recíproca, contudo, não é verdadeira. O art. 1848, CC permite que o juiz da vara de registros públicos promova o levantamento da cláusula.
	OBS: na venda de bem litigioso, não incide a garantia da evicção.
	A venda a non domino é a venda de um bem que não pertence ao devedor. Nesse caso, a eficácia do negócio fica condicionada a aquisição superveniente da coisa. 
	Quando a compra e venda tiver por objeto um bem incorpóreo, é dada a ela o nome de cessão onerosa.
2.3 EFEITOS DA COMPRA E VENDA
O efeito da compra e venda é a responsabilidade civil do vendedor:
Vícios redibitórios, sob pena de ação edilícia ( trata-se de ação de natureza constitutiva-negativa. São espécies de ações edilícias:Ação redibitória: objetiva enjeitar a coisa, ou seja, devolvê-la.
Ação estimatória ou (quanti minoris): o comprador objetiva ficar com o bem e obter o abatimento do preço.
Ação ex empto: é ação para retificação de área.
Evicção ( é a responsabilidade que se impõe ao alienante pela perda da coisa adquirida pela adquirente em decorrência de uma decisão judicial ou administrativa em favor de um terceiro. 
Neste caso, o comprador evicto, ao ser demandado, deverá denunciar a lide ao comprador. Cuida-se do único caso de denunciação da lide obrigatória, nos termos do art. 456 do CC. Se não denunciar a lide, perderá o direito a perdas e danos, mas ainda terá o direito de ser ressarcido pelo que pagou, sob pena de enriquecimento sem causa. A denunciação da lide também deixa de ser obrigatória, se o procedimento não admite intervenção de terceiros (procedimento sumário, juizados especiais etc.). Registre-se que a denunciação da lide pode ser feita ao vendedor ou a qualquer outra pessoa que conste da cadeia sucessória do bem (denunciação da lide per saltum).
Riscos do perecimento da coisa (res perit domino) ( O vendedor se responsabiliza pela perda não culposa da coisa antes da tradição. 
Responsabilidade pelas despesas da compra e venda ( Correm por conta do vendedor as despesas da tradição, e por conta do comprador as despesas do registro, salvo disposição em contrário. 
2.4. SITUAÇÕES ESPECÍFICAS DE COMPRA E VENDA
I. Compra e venda por amostra (art. 484 do CC)
O vendedor se responsabiliza pela qualidade do objeto, que deve ser correspondente à amostra/protótipo/modelo.
Havendo divergência entre a amostra e a coisa, prevalece a amostra.
II. Compra e venda ad corpus e ad mensuram
	Ad corpus é a venda de uma coisa tomada pelo todo, ou seja, considerada sua inteireza. Já a compra e venda ad mensuram é a venda da coisa por medida. Se a venda é ad mensuram, o vendedor se responsabiliza pela extensão da coisa, sendo cabível a chamada ação ex emptio (ação de complementação de área). Não cabe ação edilícia para reclamar medida (venda ad mensuram) quando a diferença encontrada não for superior a 1/20 da área total enunciada (5%). 
2.5. CLÁUSULAS ACESSÓRIAS/ESPECIAIS NO CONTRATO DE COMPRA E VENDA
	Devem ser expressas e são meramente exemplificativas. 
I. Retrovenda (art. 505 do CC)
	Retrovenda é a cláusula acessória expressa pela qual o vendedor reserva a si e a seus sucessores o direito de recomprar o IMÓVEL de volta, no prazo máximo de 3 anos (prazo decadencial), pagando o preço tanto por tanto. 
	O valor tanto por tanto inclui: i) o valor do negócio; ii) as despesas do registro; iii) a indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias (pois realizadas por possuidor de boa-fé); iv) indenização pelas acessões. 
	A retrovenda estabelece um caso típico de propriedade resolúvel, pois durante o prazo máximo de 3 anos, a qualquer momento, a propriedade do comprador pode se extinguir, quando o vendedor exercer o seu direito de retrovenda.
	Registre-se que a retrovenda é direito potestativo do vendedor. Trata-se de uma condição resolutiva de propriedade, pois se o vendedor quiser recomprar, extingue-se automaticamente a propriedade do vendedor. 
	Apesar de a retrovenda possuir natureza obrigacional, ela produz efeitos em relação a terceiros (oponibilidade erga omnes). Essa cláusula, portanto, tem eficácia real, na medida em que vincula a terceiros e permite ao vendedor exercer seu direito potestativo contra quem eventualmente adquiriu a coisa do comprador. Exatamente por isso, toda cláusula de retrovenda precisa ser expressa e registrada.
II. Cláusula de preferência (preempção ou prelação)
	Cuida-se da cláusula acessória que obriga o comprador a ofertar o bem primeiramente a quem lhe vendeu, quando resolver vendê-lo. A natureza desse direito de preferência é meramente obrigacional. 
	O prazo máximo de vigência do direito de preferência é de:
180 dias ( Se o bem é móvel.
2 anos ( Se imóvel.
	Já o prazo que se confere a quem vendeu para que diga se vai querer ou não exercer o dinheiro de preferência – 3 dias se móvel e 60 dias se imóvel.
III. Cláusula de reserva de domínio
	Cláusula de reserva de domínio é aquela pela qual o vendedor reserva para si a propriedade do bem, enquanto o preço não for integralmente pago. 
	Nos termos do art. 521 do CC, a cláusula de reserva de domínio é exclusiva para coisa móvel. Ocorre que a Lei 9.514/97 expressamente prevê a alienação fiduciária sobre bem imóvel, razão pela qual, fazendo-se uma interpretação sistêmica, é perfeitamente possível a cláusula de reserva de domínio sobre bem imóvel. 
IV. Venda a contento (ad gustum) e venda sujeita a prova (arts. 509 e 510)
	A venda a contento e a venda sujeita à prova são vendas que submetem os efeitos do negócio a uma condição suspensiva, qual seja, o agrado/gosto do comprador. 
V. Pacto de melhor comprador (não tem previsão no CC)
	O pacto de melhor comprador é uma cláusula acessória que torna o negócio resolúvel, porque permite ao vendedor desfazer o negócio no prazo máximo de um ano, se encontrar proposta mais vantajosa.
	
VI. Pacto comissório (não tem previsão no CC)
	A doutrina também alude ao pacto/cláusula comissório. Cuida-se da cláusula que permite o desfazimento do contrato, pelo descumprimento do dever de pagar o preço pelo comprador. 
3. CONTRATOS DE COLABORAÇÃO
O contrato de colaboração define-se por uma obrigação particular, em que um dos contratantes (colaborador), assume, em relação aos produtos e serviços do outro (fornecedor), a obrigação de criação ou ampliação do mercado. 
3.1 COMISSÃO
A Comissão é o contrato pelo qual uma pessoa (comissário) adquire ou vende bens, em seu próprio nome e responsabilidade, mas por ordem e por conta de outrem (comitente), em troca de certa remuneração, obrigando-se para com terceiros com quem contrata (CC, art. 693).� Observe-se que neste tipo de contrato as partes podem ser pessoas natural ou jurídica.
Comissão é a remuneração calculada por meio de um percentual aplicado sobre as vendas. Não estipulada a remuneração devida ao comissário, será ela arbitrada segundo os usos correntes no lugar (CC, art.701).
Comissário ou comissionado é a pessoa que, em um negócio, age por ordem de outrem e recebe comissão em decorrência da prática do ato. Quanto a estas determinações e ordens a serem cumpridas, salvo disposição em contrário, pode o comitente, a qualquer tempo, alterar as instruções dadas ao comissário, entendendo-se por elas regidos também os negócios pendentes. 
Comitente é a pessoa que encarrega outra (comissário) de fazer qualquer ato, mediante o pagamento de uma comissão.
O comissário obriga-se, portanto, perante terceiros em seu próprio nome, figurando no contrato como parte. Neste, em geral não consta o nome do comitente, porque o comissário age em nome próprio�. 
Embora o comissário desempenhe sua atividade em seu próprio nome, não tem liberdade absoluta. Está ele obrigado a agir de conformidade com as ordens e instruções do comitente. Na hipótese de não dispor das orientações e determinações do comitente, ainda assim, não poderá agir arbitrariamente, devendo nestes casos, proceder segundo os usos em casos semelhantes.
Ainda quanto à conduta do comissário, além da obrigação evidente de não praticar atos ilícitos na exercício de sua atividade, deverá, no desempenho das suas incumbências, agir com cuidado e diligência, não só para evitar qualquer prejuízo ao comitente, mas ainda para lhe proporcionar o lucro que razoavelmente se podia esperar do negócio. Assim, responderá o comissário, salvo motivo de força maior, por qualquer prejuízo que, por ação ou omissão, ocasionar ao comitente. Por outro lado como regra, o comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar, exceto em caso de culpa ou se do contrato de comissão constar a cláusula del credere (responderá o comissário solidariamente com as pessoas com que houver tratado em nome do comitente, casoem que, salvo estipulação em contrário, o comissário tem direito a remuneração mais elevada, para compensar o ônus assumido).
Parte da doutrina entende que a comissão é um mandato sem representação, considerando que o comissário negocia em seu próprio nome, embora à conta do comitente.
O contrato de comissão é bilateral, consensual, oneroso e não solene.
A remuneração poderá ser parcial obedecendo critérios proporcionais. No caso de morte do comissário, ou, quando, por motivo de força maior, não puder concluir o negócio, será devida pelo comitente uma remuneração proporcional aos trabalhos realizados (CC, art.702). Havendo rescisão do contrato, ainda que tenha dado motivo à dispensa, terá o comissário direito a ser remunerado pelos serviços úteis prestados ao comitente, ressalvado a este o direito de exigir do comissário eventuais prejuízos provocados por ele. 
Se houver a RESCISÃO DO CONTRATO (dispensa do comissário) sem justa causa, o comitente terá direito a ser remunerado pelos trabalhos prestados, bem como a ser ressarcido pelas perdas e danos resultantes de sua dispensa. 
No que se refere à movimentação financeira entre os dois quanto à exigência de juros, assemelha-se ao contrato de mútuo com finalidade econômica. Assim, de acordo com o artigo 706, o comitente e o comissário são obrigados a pagar juros um ao outro; o primeiro pelo que o comissário houver adiantado para cumprimento de suas ordens; e o segundo pela mora na entrega dos fundos que pertencerem ao comitente. Destaque-se ainda que, para reembolso das despesas feitas, bem como para recebimento das comissões devidas, tem o comissário direito de retenção sobre os bens e valores em seu poder em virtude da comissão. Por fim, são aplicáveis à comissão, no que couber, as regras sobre mandato (CC, artigos 798 e 709).
3.2. REPRESENTAÇÃO COMERCIAL 
A representação comercial é a intermediação de negócios – não é a venda nem a compra de mercadorias e sim, a prestação de serviços à indústria e/ou ao comércio sem relação de emprego, angariando pedidos e intermediando negócios, sempre em benefício da empresa que contratou seus serviços. Assim, o representante é especializado em vender, no atacado, os produtos do representado.
Ao firmar o contrato de representação comercial, escrito ou verbal, o representante comercial assume a obrigação de bem e fielmente atender as determinações do representado. Os contratos constituem lei entre as partes, e são válidas todas as cláusulas que não infrinjam a lei.
O contrato de representação comercial é regulado pela Lei nº 4.886/1965 alterada pela Lei nº 8.420/1992, que traz em seu art. 1o o conceito de representante comercial autônomo, como sendo a pessoa física ou jurídica, sem relação de emprego que desempenha em caráter não eventual, por conta de uma ou mais pessoas, a mediação para realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para, transmiti-los aos representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios.
O contrato de representação comercial deve prever as condições e requisitos da representação, indicação dos produtos ou artigos, prazo do contrato, praça de representação, a comissão, o modo e a periodicidade do pagamento, obrigações e responsabilidades das partes e a indenização do representante pela rescisão sem justa causa. 
O contrato de representação comercial pode ser rescindido pelo representado, afastando qualquer dever de indenizar, por motivos justos: a desídia do representante no cumprimento das obrigações decorrentes do contrato; a prática de atos que importem em descrédito comercial do representado; a falta de cumprimento de quaisquer obrigações inerentes ao contrato de representação comercial; a condenação definitiva por crime considerado infamante; força maior. 
Caso a rescisão se faça sem justo motivo o representante terá direito à indenização legal, cujo montante não poderá ser inferior a um doze avos (1/12) do total das comissões recebidas durante a representação comercial e aviso prévio com antecedência mínima de trinta (30) dias, ou ao pagamento de importância igual a um terço (1/3) das comissões auferidas pelo representante nos três (3) meses anteriores ao aviso. 
Além disso, o representante poderá denunciar o contrato, e reclamar a indenização quando o representado praticar um dos atos enumerados no art. 36 da Lei, quais sejam: redução de esfera de atividade do representante em desacordo com as cláusulas do contrato; a quebra, direta ou indireta, da exclusividade, se prevista no contrato; a fixação abusiva de preços em relação à zona do representante, com o exclusivo escopo de impossibilitar-lhe ação regular; o não-pagamento de sua retribuição na época devida; força maior. 
3.3. CONCESSÃO COMERCIAL
O contrato de concessão comercial é um contrato juridicamente inominado que, em traços gerais, se pode descrever como aquele em que um comerciante independente (o concessionário) se obriga a comprar a outro (o concedente) determinada quota de bens de marca, para revendê-los ao público em determinada área territorial e, normalmente (mas nem sempre), com direito de exclusividade.
Entre o concedente e o concessionário estabelece-se uma relação jurídica duradoura, representando o dever de revenda o núcleo central do contrato, agindo o concessionário em seu nome e por sua conta. 
O contrato de concessão comercial é atípico, não se enquadrando em nenhum dos contratos legalmente previstos e não possuindo regulamentação legal própria, apesar da sua tipicidade social. 
A REGULAMENTAÇÃO JURÍDICA deste tipo de contratos encontra-se, desde logo, nas cláusulas negociais (art. 405 do CC); depois, e porque estas nem sempre dispõem sobre todas as incidências implicadas pelo acordo das partes, analogicamente, pelo regime do contrato nominado com que tem mais afinidades (art. 10.º do CC), e que, neste caso, é o contrato de agência (DL n.º 178/86, de 03-07); finalmente, pelos princípios estabelecidos na lei para a generalidade dos contratos. 
Concedente e concessionário apenas podem resolver o contrato de contrato de concessão comercial com base numa situação de descumprimento das obrigações particularmente grave e reiterada, ou seja, numa atuação que, pela natureza e persistência, seja susceptível de abalar a relação de confiança e cooperação que deve existir entre contraentes, afetando, em suma, a subsistência do vínculo contratual (art. 30.º do DL n.º 178/86).
Logo, tem que haver como fundamento geral da resolução uma justa causa, um fato susceptível de impedir a execução do fim de cooperação que o contrato se propõe e de alterar os resultados comerciais que uma das partes podia legitimamente esperar da execução do negócio. 
As partes podem convencionar quaisquer fundamentos de resolução do contrato, para além dos legalmente enumerados, desde que desses fundamentos resulte uma situação de ruptura do vínculo contratual, princípio este imperativo. 
A resolução sem fundamento do contrato de concessão comercial por parte do concedente faz incorrer este na obrigação de indenizar o concessionário nos termos gerais, seja pelos benefícios que deixou de obter com a cessação imotivada do negócio (lucros cessantes), como pelos prejuízos que esta ocasionou (danos emergentes).
OBS: Para o STJ, por envolver pessoas jurídicas da parte negocial, a cláusula de eleição de foro deve prevalecer em contratos de concessão de veículos automotores celebrado entre concessionária e montadora. 
3.4 FRANQUIA (Lei 8955/94)
Dispõe o art. 2º da Lei 8.955/94: “franquia empresaria é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, ao direito de uso da tecnologia implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos pelo franqueado [...]”
O contrato de franquia envolve: i) licença de uso de marca ou patente; ii) distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ouserviços; e iii) transferência de “know how” – que é o conhecimento técnico (inclui o auxílio na escolha do ponto de venda, o lay-out da loja, contabilidade, treinamento para os funcionários do franqueado). 
Há nesse contrato duas figuras:
	- o franqueador: é o titular da franquia
	- franqueado
Tanto o franqueador como o franqueado deve ser ou empresário individual ou sociedade empresária. 
CONTRATO DE FRANQUIA
O art. 6º da Lei 8955/94 estabelece que o contrato franquia deve ser celebrado por escrito, e assinado na presença de duas testemunhas e terá validade, independentemente de ser levado a registro perante cartório ou órgão público. Mas, ele só produzirá efeitos perante terceiros se for registrado no INPI (art. 211 da lei 9.279/96 – Lei de propriedade industrial). 
Na franquia existe um documento que é o mais importante: - circular de oferta de franquia- COF> é um documento muito parecido com uma proposta. Ele vai conter as informações úteis e indispensáveis para q conheça as informações necessárias desta franquia. Só depois de conhecer este documento, o franqueado deverá pagar algum tipo de taxa de filiação ou royalties. A COF deve ser realizada por escrito e em linguagem acessível; as informações que nela constam estão previstas no art. 3º da lei. 
O candidato a franqueado tem um prazo de reflexão sobre se vai assinar a franquia, que será de 10 dias contados do recebimento da circular de oferta de franquia – art. 4º. Mais que isto, a circular só pode ser assinada depois de 10 dias do recebimento desta circular, sob pena de anulabilidade, a qual, contudo, só pode ser invocada pelo franqueado. Além disso a anulação provoca a devolução de todas as parcelas até então pagas. Estas parcelas deverão sofrer correção, cujo índice é o da caderneta de poupança. Devem ser pagas também, perdas e danos. 
O contrato de franquia não provoca vínculo empregatício entre franqueador e franqueado e tampouco entre franqueador e empregados do franqueado. O TST decidiu que para um contrato de franquia é inaplicável a súmula 331, IV do TST. Isso significa que o franqueador não tem responsabilidade solidária ou subsidiária pela dívida trabalhista do franqueado. 
3.5. DISTRIBUIÇÃO
O contrato de distribuição é aquele em que uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, DISPONDO NESTE CASO O PRÓPRIO AGENTE DA COISA A SER NEGOCIADA (essa disposição da coisa diferencia esse contrato do contrato de agência). 
O parágrafo único do artigo 710 estabelece que o proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represente na conclusão dos contratos. Neste caso, fica caracterizado o contrato de representação comercial que é regulado pela Lei 4.886/65.
O agente atua como promotor de negócios em favor de uma ou várias empresas em determinada praça. Não se trata de corretor pois não conclui o negócio. Não é mandatário, nem procurador. O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represente na conclusão dos contratos. 
Conflito de interesses entre agente e proponente: Salvo ajuste, o proponente não pode constituir, ao mesmo tempo, mais de um agente, na mesma zona, com idêntica incumbência; nem pode o agente assumir o encargo de nela tratar de negócios do mesmo gênero, à conta de outros proponentes. 
O agente e o zelo no desempenho das funções: O agente, no desempenho que lhe foi cometido, deve agir com toda diligência, atendo-se às instruções recebidas do proponente. 
Gastos operacionais do agente ou distribuidor: Salvo estipulação diversa, todas as despesas com a agência ou distribuição correm a cargo do agente ou distribuidor. 
Garantia de remuneração do agente na sua zona: Salvo ajuste, o agente ou distribuidor terá direito à remuneração correspondente aos negócios concluídos dentro de sua zona, AINDA QUE SEM A SUA INTERFERÊNCIA. A remuneração será devida ao agente também quando o negócio deixar de ser realizado por fato imputável ao proponente. Se o agente não puder continuar o trabalho por motivo de força maior, terá direito à remuneração correspondente aos serviços realizados, cabendo esse direito aos herdeiros no caso de morte. 
Indenizações: o agente ou distribuidor tem direito à indenização se o proponente, sem justa causa, cessar o atendimento das propostas ou reduzi-lo tanto que se torna antieconômica a continuação do contrato. Ainda que dispensado por justa causa, terá o agente direito a ser remunerado pelos serviços úteis prestados ao proponente, sem embargo de haver este perdas e danos pelos prejuízos sofridos. 
Se a dispensa se der sem culpa do agente, terá ele direito à remuneração até então devida, inclusive sobre os negócios pendentes, além das indenizações previstas em lei especial.
Rescisão contratual: Se o contrato for por tempo indeterminado ( qualquer das partes poderá resolvê-lo, mediante aviso prévio de 90 (noventa) dias, desde que transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto do investimento exigido do agente. No caso de divergência entre as partes, o juiz decidirá da razoabilidade do prazo e do valor devido. 
Regência supletiva: Não se aplicam analogicamente as leis 4.886/65 e 6.729/76, que disciplinam, respectivamente, os contratos de representação comercial e as relações entre os produtores e distribuidores de veículos aos contratos de concessão comercial; deve-se aplicar as normas de direito civil (REsp 513.048, j. 16.03.2010, 4ª T.) Aplicam-se ao contrato de agência e distribuição, no que couber, as regras concernentes ao mandato (CC, artigos 653 a 692) e à comissão (CC, artigos 693 a 709) e as constantes de lei especial.
4. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA
De acordo com André Luiz Santa Cruz Ramos, o contrato de alienação fiduciária em garantia é o negócio jurídico instrumental em que uma das partes, em confiança, aliena a outra a propriedade resolúvel de um determinado bem, ficando esta parte (instituição financeira em regra) obrigada a devolver àquela o bem que lhe foi alienado quando verificada a ocorrência de determinado fato. Diz-se que é instrumental porque, em regra, é formalizado como um meio para a concretização de um outro negócio principal. Assim, geralmente está associado a um mútuo servindo-lhe de garantia�.
Segundo Flávio Tartuce, deve ficar claro, de início, que a alienação fiduciária em garantia não constitui um contrato no sentido categórico e jurídico do termo, eis que o instituto se situa no Direito das Coisas, mas, no geral a alienação fiduciária é instituída por contrato no sentido de negócio ou instrumento negocial. Constitui um direito real de garantia sobre coisa própria, pois se transfere a propriedade e o título de um bem para o seu credor�. Isso significa que o credor passa a ser o proprietário até que a dívida seja paga. Temos, aqui, um exemplo de propriedade resolúvel: quitada a dívida, extingue-se imediatamente a propriedade. 
A vantagem da alienação fiduciária é que, nela, a garantia é mais ampla, e a execução é mais rápida. Logo, permite um risco menor para o credor (o que reduz a taxa de juros, facilitando a obtenção de bens de consumo). É a mais ampla de todas as garantias.
A disciplina legal dessa modalidade contratual, atualmente, não está concentrada em um único diploma legislativo. Com efeito, tratando-se de alienação fiduciária de bens imóveis, aplica-se o disposto nos arts. 22 e 23 da Lei n. 9.514/97. Em se tratando, por outro lado, de alienação fiduciária em garantia no âmbito do mercado financeiro de capitais, aplica-se o disposto no art. 66-B, da Lei 4.728/65. Quanto à alienação fiduciária em garanta de bens móveis, há ainda o Decreto-lei 911/69, que regula os aspectos processuais desse contrato e o CC, que em seus arts. 1361 a 1368 cuida da chamada propriedade fiduciária de bens móveis infungíveis.
4.1 CARACTERÍSTICAS DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA
O credor fiduciário pode ser pessoa física oujurídica 
Bipartição da posse ( Na alienação fiduciária há um desdobramento/bipartição da posse. O credor recebe a posse indireta, enquanto que o devedor se mantém com a posse direta. Veja que todo contrato de alienação fiduciária tem cláusula constituti (constituto possessório): o credor fiduciário recebe posse, embora não tenha contato físico com a coisa.
Resolubilidade da propriedade fiduciária ( Cumprida a obrigação, extingue-se automaticamente a propriedade fiduciária.
Gera patrimônio de afetação (art. 53 da Lei 10.931/04) ( O bem fiduciário fica afetado ao cumprimento da obrigação, estando imune a penhora tanto por parte de credores do devedor, quanto credores do credor. A Lei de Falências reconhece expressamente a blindagem do patrimônio de afetação.
Mas atente: nada impede que o capital destinado ao pagamento seja penhorado (o valor pago mensalmente). 
OBS: Preconiza o art 1.365 do CC a nulidade absoluta textual da cláusula que autoriza o proprietário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento. Entretanto, pode o devedor dar o seu direito em pagamento da dívida, após o seu vencimento. Flávio Tartuce entende que essas normas se aplicam a qualquer modalidade de alienação fiduciária. 
4.2. OBJETO DA ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
	O objeto da alienação fiduciária pode ser bens móveis ou imóveis, inclusive bens já pertencentes ao devedor (súmula 28, STJ). Pressupõe sempre contrato escrito. Como o credor recebe a propriedade, o STJ entendia que esse direito real não poderia recair sobre bens fungíveis. Isso não prevalece mais: o §3º do art. 66 da Lei 4.728/65, modificado pela 10.931/04, permite a alienação fiduciária sobre bens fungíveis.
	A alienação fiduciária pressupõe registro no cartório de títulos e documentos, órgão de trânsito ou no cartório de imóveis, a depender do seu objeto (Súmulas 92 do STJ e 489, do STF). Não havendo registro, a conseqüência será a ineficácia em relação a terceiros. Na hipótese de veículo automotor, o STJ entende que o registro no Detran supre a necessidade do registro no cartório de títulos e documentos, sendo que o duplo registro afronta o princípio da razoabilidade. Resp 686.932/PR.
	Pessoas físicas também podem ser credores fiduciários.
4.3. CESSÃO
Registre-se ainda que as posições jurídicas de devedor e credor, na alienação fiduciária, podem ser cedidas. A diferença está na necessidade ou não de anuência da parte contrária. A cessão da posição contratual de credor independe do consentimento do devedor, mas a cessão de débito exige a anuência do credor.
Como regra geral, o art. 304 dispõe que o pagamento feito por terceiro interessado gera sub-rogação; se é feito por terceiro não interessado, não há sub-rogação. Essa regra não se aplica a alienação fiduciária, pois para facilitar o cumprimento da obrigação, a lei determina que o pagamento, seja por terceiro interessado, seja por terceiro não interessado, gera subrogação.
	
VIII. Aspectos processuais (busca e apreensão e reintegração de posse)
	
Em havendo inadimplemento por parte do devedor, o credor tem a possibilidade de vender a terceiros o bem objeto da propriedade fiduciária independente de leilão, hasta pública ou qualquer outra medida judicial ou extrajudicial, devendo aplicar o preço no pagamento de seu crédito e das despesas de cobrança, e entregar o saldo, se houver, ao devedor. Para o STJ, após a alienação extrajudicial do bem, fica afastada a responsabilidade do fiador na hipótese em que ele não é cientificado desta venda, sendo do devedor principal a obrigação de pagar o saldo restante. 
Sob o ponto de vista processual, a alienação fiduciária confere ao credor fiduciário a ação de busca e apreensão (quando se tratar de bem móvel) e reintegração de posse (quando se tratar de bem imóvel). Para tanto, é necessária a constituição em mora do devedor fiduciário. Nesse caso, a mora é ex re (automática). Todavia, a Súmula 72 do STJ dispõe que “a comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente.” A necessidade de comprovar a mora não a torna ex persona, permanecendo ela ex re. Segundo a doutrina, é válida a notificação extrajudicial efetivada por via postal no endereço do devedor por cartório de títulos de documentos de comarca diversa daquela em que ele é domiciliado (i-467). 
Nos termos da Súmula 245 do STJ, a indicação do valor é dispensável na notificação que informa ao devedor a sua mora (segundo a doutrina, essa súmula está em desacordo com a boa-fé objetiva). 
Por fim, se o devedor comprovar a mora, o juiz concederá uma liminar de busca e apreensão. Muitas vezes, o bem dado em garantia, é essencial à atividade empresarial (ex. caldeira de uma indústria, carro em empresa de aluguel de carros). Nestes casos, o STJ tem entendido – Resp 318182/SP – pela permanência da posse da devedora enquanto tramita a ação de busca e apreensão. A finalidade disto é o princípio da preservação da empresa.
O credor pode ainda se valer da execução do contrato. O STJ entende não ser cabível a utilização concomitante das duas vias (busca e apreensão/imissão na posse e, ao mesmo tempo, execução do contrato) – RESP 576.081, j. 25.05.2010 (i- 436).
Com a entrada em vigor da Lei 10.931/2004, quando se tratar de busca e apreensão, cinco dias após executada a liminar concedida ao credor, serão consolidadas a propriedade e a posse plena e exclusiva do bem no patrimônio do credor fiduciário, cabendo as repartições competentes, quando for o caso, expedir novo certificado de registro de propriedade em nome do credor. No prazo de cinco dias, o devedor fiduciante poderá pagar a integralidade da dívida pendente, segundo os valores apresentados pelo credor fiduciário na petição inicial da ação de busca e apreensão, hipótese na qual, o bem lhe será restituído livre de ônus. O devedor apresentará resposta no prazo de 15 dias da execução da liminar. 
A norma não menciona mais a possibilidade de purgação da mora (a redação antiga possibilitava e a súmula 284 do STJ restringia a sua possibilidade às hipóteses em que eram pagos pelo menos 40 % do valor financiado). Todavia, Flávio Tartuce, entende que a purgação está mantida, pois o art. 54, §2º do CDC admite que os contratos de adesão tenham cláusula resolutiva, desde que a escolha caiba ao consumidor. 
Registre-se também que a resposta do devedor fiduciante pode ser apresentada ainda que ele tenha pagado a dívida apresentada pelo credor na petição inicial, desde que entenda ter havido pagamento a maior e desejar a devida restituição. Da sentença caberá apelação apenas no efeito devolutivo. 
 
Na sentença que decretar a improcedência da ação de busca e apreensão, o juiz condenará o credor fiduciário ao pagamento de multa, em favor do devedor fiduciante, equivalente a cinqüenta por cento do valor originalmente financiado, devidamente atualizado caso o bem já tenha sido alienado. Se a referida multa for exagerada, cabe redução equitativa prevista pelo art. 413 do CC.
Obs: Para o STJ, a cláusula de perdimento ou decaimento (aquela que prevê a perda de todos os valores pagos quando o devedor se torna inadimplente) é nula de pleno direito. Um dos fundamentos da nulidade da cláusula de decaimento está no art. 413 do CC que estabelece a função social da cláusula penal, prevendo a redução equitativa da cláusula penal quando o devedor já cumpriu, em parte, a obrigação (REsp 401.702). 
Obs2: Admite-se a alegação de substancial performance quando o devedor fiduciário tivem adimplido parte substancial do contrato (enunciado 361 das Jornadas de Direito Civil e REsp 469.577). Nessa linha, retira-se do credor o direito de resolver o contrato se as parcelas foram substancialmente adimplidas.
Obs3: De acordo com o art. 627, CC, o contrato de depósito é aquele pelo qual o agente recebe a coisa para guardá-la e depois restitui-la; já na alienação fiduciária, o devedor recebe a coisa para utilizá-la e retirar seus frutos. Assim, percebe-seque na alienação fiduciária não se encontra, de nenhum modo, a figura do depósito que é ontologicamente distinta de uma alienação fiduciária. Se a busca e apreensão restar inexitosa, o credor fiduciário pode requerer a sua conversão em depósito. Autorizava-se, assim, a prisão civil do devedor fiduciário que se caracterizava como infiel depositário. Todavia, em dezembro de 2008, o STF alterou sua jurisprudência, no RE 466343-SP e no HC 87.585/TO, o STF entendeu não ser mais cabível a prisão civil do infiel depositário, em razão do que prevê o Pacto San José da Costa Rica, ao estabelecer, em seu art. 7º, que somente é possível a prisão civil do devedor de alimentos. Este pacto, segundo entende o STF, tem natureza supralegal. Essa prisão é incompatível com o sistema supralegal, mas não é inconstitucional. A CF determina que é possível a prisão do depositário infiel, mas não regulamenta tal prisão, o que incumbiria a norma infraconstitucional. Todavia, entre a CF e a norma regulamentadora encontra-se o pacto de San José da Costa Rica que, tendo em vista o seu caráter supra-legal, impede a produção de efeitos da norma regulamentadora da prisão do depositário infiel. Nessa linha, o STF editou a súmula vinculante 25. Mesmo que o depósito seja judicial não cabe prisão civil do depositário infiel e do devedor fiduciário (Súmula 419, STJ).
5. CONTRATO DE FACTORING OU FOMENTO MERCANTIL
	O contrato de factoring não tem previsão legal. Por isso, para ele são aplicadas as regras de cessão de crédito, previstas no CC-02, arts. 286 e seguintes.
	A LC 123/06, no seu art. 17, traz o conceito do contrato de factoring: aquele que explora a atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços, assessoria creditícia, gestão de crédito, assunção de riscos, administração de contas a pagar e receber, gerenciamento de ativos, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços.
	Trata-se de um contrato por meio do qual o empresário transfere ao faturizador (que não precisa ser, necessariamente, uma instituição financeira) as atribuições atinentes à administração do seu crédito. Em síntese, orientando o empresário acerca da concessão do crédito a seus clientes, a instituição financeira antecipa o valor dos créditos que o empresário possui (por um valor inferior ao que eles valem, aplicando o deságio) e assume o risco da inadimplência desses créditos. Segundo Santa Cruz Ramos, o contrato de factoring serve ao empresário justamente para lhe permitir uma melhor organização do seu negócio.
	Temos, no factoring, as seguintes figuras:
Faturizador ( É a empresa de factoring, pessoa jurídica que não é uma instituição financeira e não precisa de autorização do BACEN para funcionamento.
Faturizado ( É a empresa que vende seu faturamento para o faturizador.
	Dispõe o art. 296 do CC-02, relativo à cessão de crédito, que o cedente não responde pela solvência do devedor. Por conta deste risco maior (possível insolvência do devedor), a factoring não compra qualquer título, selecionando aqueles que vai adquirir (seleção e riscos). 
	Diferença entre factoring e contrato bancário:
	Factoring
	Desconto bancário
	A empresa de factoring não é instituição financeira.
	É realizado por instituição financeira.
	Quem transfere o título não responde pela sua solvência. O risco é transferido ao faturizador, muito embora, na prática, as faturizadoras exijam dos faturizados o endosso dos títulos cedidos.
	Quem transfere o título responde pelo pagamento, pois a transferência é feita por endosso.
5.1 MODALIDADES
I. Factoring tradicional ou “conventional factoring”
	Nesta modalidade, o pagamento é antecipado.
II. Factoring de vencimento ou “maturity factoring”
	Nesta modalidade, não há antecipação de pagamento, o pagamento ocorrerá no vencimento. 
5.2. JUROS
	Conforme orientação jurisprudencial do STJ, aplica-se aos contratos de factoring a limitação de juros de 12% ao ano, prevista na Lei de Usura. É que o STJ entende que o factoring não possui, de acordo com a Lei 4.595/64, natureza de contrato bancário típico, razão pela qual, inclusive, as faturizadas não precisam de autorização do BACEN para funcionar nem lhes é aplicável a regra do dever de sigilo.
5.3. CLÁUSULAS TÍPICAS
	Dentre as cláusulas típicas de um contrato de faturização, merecem destaque:
Cláusula de exclusividade ( Por ela, há o compromisso de não se contratar outro faturizador.
Cláusula de totalidade ( Por ela, o faturizado transmite todos os seus créditos ao faturizador, cabendo a este escolher os que vai garantir.
Cláusula de aprovação prévia do faturizador.
6. LEASING OU ARRENDAMENTO MERCANTIL
	Não há lei específica que trate do arrendamento mercantil. Em realidade, ele é regulado pela Resolução 2309/96 do BACEN.
	Pode-se definir o contrato de arrendamento mercantil como um contrato especial de locação que assegura ao locatário a prerrogativa de adquirir o bem alugado ao final da avença, pagando, nesse caso, uma diferença chamada valor residual. Em síntese, trata-se de um contrato de locação com opção de compra no momento final do contrato.
	No contrato de leasing, temos as seguintes figuras:
Arrendador ( É a empresa de leasing, que precisa ser uma pessoa jurídica e, mais especificamente, uma sociedade anônima.
Arrendatário ( Qualquer um pode ser arrendatário de contrato de leasing, seja pessoa física ou jurídica (exceto no leasing back).
OBS: O leasing pode ter por objeto tanto bens MÓVEIS quanto bens IMÓVEIS e esses bens podem ser de fabricação nacional ou estrangeira, estes desde que autorizados pelo Conselho Monetário Nacional, nos termos do art. 10 da Lei 6.099/74.
6.1. OPÇÕES DO ARRENDATÁRIO
Ao final do contrato de leasing, o arrendatário possui 3 opções:
Devolução do bem
Renovação do contrato de leasing.
Opção de compra ( Se o arrendatário fizer a opção de compra, é obrigado a pagar VRG (valor residual garantido). 
	Cobrança antecipada do VRG
De início, o STJ entendia que a opção de compra deve ser feita ao final do contrato e, assim, momento em que o VRG deveria ser cobrado. Se ele é cobrado desde o início do contrato, na verdade, não há leasing, mas sim compra e venda a prazo/prestações Esse foi o primeiro posicionamento do STJ (Súmula 263: “A cobrança do valor residual (VRG) descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil, transformando-o em compra e venda a prestação”).
Contudo, o STJ alterou seu posicionamento e cancelou a Súmula 263, substituindo-a pela Súmula 293: A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil. Com este enunciado, o STJ adotou os princípios da liberdade de escolha e da livre convenção entre as partes.
Todavia, o STJ também entendeu que, caso não haja opção de compra ao final do contrato a parte terá de devolver o valor residual garantido pago antecipadamente. Segundo o tribunal, o prazo prescricional para se pleitear essa devolução é o prazo geral de 10 anos, pois não se trata de pedido fundado na vedação do enriquecimento sem causa, mas de restituição de quantia em razão do desfazimento de arrendamento mercantil (REsp 1.174.760. Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 1.12.2011, 3ª T)
6.2. MORA DO ARRENDATÁRIO
	Se o arrendatário deixa de pagar as prestações, o arrendador pode recorrer à REINTEGRAÇÃO DE POSSE. No contrato de arrendamento mercantil, é pago mensalmente aluguel pela utilização do bem. Assim, reintegrado o arrendado à posse do bem não há que se falar em pagamento das prestações futuras.
	Pagando-se o VRG antecipado, há declaração de vontade de compra. Havendo reintegração de posse deverá o arrendatário devolver o bem, mas, segundo o STJ, poderá requerer a devolução do VRG (AgRg 1.115.788/SP).
	O STJ firmou o entendimento de que é necessária a constituição em mora do arrendatário por notificação prévia, não havendo que se falar em mora ex re, ainda que haja cláusula resolutiva expressa (Súmula nº 369).6.3. MODALIDADES DE LEASING
I. Leasing financeiro
	Nesta modalidade, o arrendatário indica o bem ao arrendador, que o adquire junto ao fornecedor e depois realiza o contrato de arrendamento mercantil com o arrendatário. O leasing financeiro é a modalidade típica de arrendamento mercantil. Traz as figuras de 3 atores intervenientes:
Arrendador(a)
Arrendatário
Fornecedor
	De acordo com a Resolução sobre o leasing financeiro, neste contrato o valor total das parcelas deve ser igual ao valor do bem + lucro para o arrendador.
II. Leasing operacional 
	Caracteriza-se pelo fato de o bem arrendado já ser da arrendadora (que, em regra, o fabrica), a qual apenas aluga ao arrendatário, sem ter o custo inicial de aquisição do bem, comprometendo-se a prestar assistência técnica. Há apenas 2 intervenientes:
Arrendador(a)
Arrendatário
No leasing operacional, o valor total das prestações, diz a Resolução do BACEN, não pode ser superior a 90% do valor do bem. A vantagem dessa espécie de leasing reside na assistência técnica que, no leasing operacional, só pode ser prestada pelo arrendador. É por meio da assistência técnica que ele consegue obter lucros.
III. Lease back ou leasing de retorno
	Cuida-se de modalidade específica de leasing, em que o bem arrendado era de propriedade do arrendatário, que o vende à arrendadora para depois arrendá-lo, podendo, obviamente, readquirir o bem ao final do contrato, caso se utilize da opção de compra, pagando o valor residual.
	Nesta modalidade de arrendamento mercantil, o arrendatário somente pode ser pessoa jurídica. A sua grande finalidade é a obtenção de capital de giro. O leasing back é cabível em duas operações:
Compra e venda 
Dação em pagamento
	Nesta modalidade, ao final do contrato, o arrendatário tem as mesmas 3 opções já vistas.
	Leasing back
	Alienação fiduciária em garantia
	Cuida-se, grosso modo, de uma locação com opção de compra. Nem sempre o arrendatário quer adquirir o bem.
	É um contrato de aquisição de um bem; ele instrumentaliza uma venda.
	Havendo inadimplemento, utiliza-se de ação de reintegração de posse.
	Faz-se uso da busca e apreensão.
OBS: O STJ e STF entendem que o ICMS não incide no leasing de aeronaves, pois não implica na circulação de mercadoria. Todavia, o ICMS incide sobre mercadorias que venham integrar o ativo fixo da empresa, uma vez que, nesses casos, a opção de compra é implícita. (AgRg na MC 13339).
7. CARTÃO DE CRÉDITO
Trata-se de contrato através do qual uma instituição financeira, a operadora do cartão, permite a seus clientes a compra de bens e serviços em estabelecimentos comerciais cadastrados, que receberão os valores da compra diretamente de seus administradores. Esta, por sua vez, cobra dos clientes mensalmente, o valor de todas as suas compras realizadas em um determinado período. 
	Sobre o tema, entende o STJ:	
as operadoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, nas suas operações nao incide o limite de 12% a.a. previsto na lei de usura (Súmula 283 do STJ). 
o cliente tem direito à prestação de contas por parte da operadora do cartão, a fim de dirimir dúvidas acerca dos lançamentos por ela feitos no extrato da fatura mensal (REsp 457.055). 
é de fundamental importância que o estabelecimento comercial credenciado pela operadora confira a assinatura do cliente titular do cartão, comparando-a com a assinatura utilizado em sua carteira de identidade (REsp 348.343-SP).
O STJ admite capitalização anual dos juros nos contratos de cartão de crédito, desde que previamente pactuados. 
� Diniz (2003:383)
� Entretanto, segundo Venosa, pode haver interesse mercadológico na divulgação do comitente, como fator de dinamização das vendas ou negócios em geral.
�,RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial. Salvador: Jus podivm, 2010. p. 559
� Tartuce. Direito Civil. 2011, p. 967.

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