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Exemplo de Contestação de proporcionalidade dos crimes de furto e roubo

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Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMA SENHORA MINISTRA PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Autos nº: 0000000-00.0000.0.00.0000
O MINISTERIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS, por intermédio de seu Promotor de Justiça que ao final assina, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 335 e 336 do Novo Código de Processo Civil, apresentar:
CONTESTAÇÃO
A AÇÂO DE CONCESSÃO de inconstitucionalidade do artigo 155, §4º, IV, do Decreto Lei 2.848 de 1940.
1. DO FATO
O autor na peça inicial relata que buscam criticar a violação dos princípios da isonomia e proporcionalidade dos crimes de furto e roubo agravado por concurso de duas ou mais pessoas. Os artigos 155 e 157 do Código Penal são tratados de formas desiguais e desproporcionais pelo legislador na cominação de suas penas, porem, ao majorar a pena de furto quando qualificada, a intenção do legislador é prevenir associações criminosas, além de penalizar situações que facilitem a consumação do fato típico.
É correto afirmar que o concurso de agentes no crime de furto não aumenta a periculosidade do fato e nem causa maior constrangimento. Mas torna-se imprescindível salientar que as regras contidas na lei cumprem mais que uma função punitiva, elas devem funcionar como dispositivos preventivos.
Como uma das funções do sistema penal, encontra-se a função de controle social, que deve ser e é legítimo. O princípio ‘nullum crimen sine lege’ não deixa de ser um postulado político criminal, enquanto imperativo de combate eficaz ao crime. Ele não só é um elemento de prevenção geral, mas a limitação do poder de punir pelo Direito é também em si uma finalidade importante da política criminal.
Esta qualificadora que a parte autora alega como inconstitucional, além de legítima, garante o bem-estar aos não delinquentes, que seriam possíveis vítimas. Ela representa uma das funções político-criminais a serem cumpridas pelo sistema penal, que envolve a prevenção de crimes.
Ao afirmar que houve um equívoco do legislador ao configurar a "delictum continuatum" a pena para o furto qualificado em concurso de agentes, fere-se o princípio da proporcionalidade: Furto e roubo embora não serem crimes de mesma espécie são tratados no código penal como crimes de mesmo gênero. 
Furto:
        	‘’Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
        Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Furto qualificado
        § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
        IV - Mediante concurso de duas ou mais pessoas.’’
 		Roubo:
        ‘’Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
        Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
        § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
        II - Se há o concurso de duas ou mais pessoas;’’
2. DAS PRELIMINARES
Nos dois tipos, é possível encontrar diferenças, mas ambos possuem semelhanças quando tutelam o bem jurídico, que é o patrimônio. 
- Sobre o Concurso de agentes:
Vale ressaltar que há distinção de concursos necessários e eventuais, sendo assim não há nenhuma necessidade que ocorra concurso de agentes no crime de furto. Ora excelência, qual a necessidade de mais de um agente para praticar um furto?! E sim, podemos falar em concurso eventual. 
-Proporcionalidade de penas:
 Em relação à proporcionalidade abstrata, é necessário destacar que o legislador não está livre ou, melhor, desvinculado dos princípios limitadores do poder de punir, bem como dos princípios constitucionais, para ao seu prazer estabelecer a pena que lhe convenha. Quando da cominação da pena o legislador deve verificar e ponderar a relação entre a gravidade da ofensa ao bem jurídico e a pena que deverá ser imposta ao infrator. Como salientou Beccaria, não se pode punir do mesmo modo aquele que mata um homem e aquele que mata um faisão. Lembrando, ainda, que uma das consequências do princípio da lesividade é a proibição de incriminação de condutas que não afeta qualquer bem jurídico.
3. DO MÉRITO
As penas cominadas ao artigo 157 do código penal são de 04 a 10 anos de reclusão. Já é um quantitativo consideravelmente elevado. Sendo assim, o legislador tem razão em propor um percentual menor de aumento: 1/3 até 1/2. Já no furto simples, a pena é bem menor (01 a 04 anos) o que justifica a causa de aumento maior quando o delito for cometido na forma qualificada (02 a 08 anos) de reclusão. 
Assim, percebe-se que não houve equivoco algum, por parte do legislador, que sabiamente quis evitar a desproporcionalidade no crime de roubo qualificado pelo concurso de agentes. Se se partisse da utilização das penas serem equiparadas, como requereu a parte autora em seus pedidos, o roubo por concurso de agentes teria pena entre 08 e 20 anos de reclusão, o que evidentemente, é desproporcional, pois será maior que a pena cominada ao homicídio simples.
Furto e roubo pertencem ao mesmo gênero classificatório de crimes (crimes contra o patrimônio) como outrora mencionado. Seguindo esse raciocínio, o patrimônio, (objeto da tutela penal de furto e roubo) claramente corre risco muito maior de subtração. É importante salientar que a qualificadora busca proteger o bem jurídico, visto que o crime se consumará muito mais facilmente perante concurso de agentes.
Restou claro no presente estudo a inconstitucionalidade do art. 155 do CPP, e de que as provas obtidas na fase de inquérito policial quando não confirmadas na fase processual, não podem ser utilizadas no Tribunal do Júri e muito menos pelo Juiz na formação de uma decisão condenatória, por ferirem princípios constitucionais em especial o do direito a ampla defesa e do contraditório, lado outro, temos também que a veiculação de referidas provas produzidas na fase policial aos meios de comunicação sem serem contraditadas por defesa técnica, tornam se valoradas, o que fatalmente gera comoção social e consequentemente a condenação antecipada do acusado pelos seus pares sem a observância dos princípios e garantias constitucionais.
Nos capítulos XXIII, XXIV e XXV da obra ‘’Dos Delitos e das Penas’’ de Cesare Beccaria, estabelece a necessidade de se atribuir penas proporcionais aos delitos, concebendo que as penas sejam divididas de acordo com a gravidade (ameaça) que o réu apresenta à sociedade, deste modo, o castigo (a pena) deveria, sempre, guardar uma proporcionalidade com o mal (dano) causado pelo delito.
Com tudo, se aplicar a mesma pena a dois delitos de características completamente diferentes provocaria uma contradição de difícil reparação, por tanto por ser o delito uma ameaça ao bem comum, seu impacto deve ser medido de acordo com o grau de ameaça que a conduta produz à coletividade, estabelecendo-se penas mais rigorosas para aquelas condutas que oferecem uma maior ameaça ao bem-público e penas menos rigorosas para as de menor potencial ofensivo, elegendo assim a proporção entre os delitos e as penas extremamente necessária para a manutenção da Ordem Social. Por tanto, destacamos a importância do pensamento de Beccaria para o nosso Ordenamento Jurídico, haja vista a fixação da pena presente em nosso Código Penal ter sofrido influência de suas ideias, já que o art. 68, CP, estabelece que a pena-base será fixada e individualizada, aplicando-se a mesma de forma necessária e adequada à necessidade da retribuição à sociedade e da prevenção de delitos futuros, atendendo-se ao critério do art. 59, de nosso Código Penal, individualizando e aplicando a lei adequadamente a cada caso concreto, tornando mais justa a atividade punitiva do Estado.
Podemos tratar também da sua segunda fase para aplicação da lei penal, em que são analisadas as circunstâncias agravantes e atenuantes, onde a definição de qual instituto deve ser aplicado no caso de concorrência das citadas circunstancias é de suma importância para o réu, na medida em que reflete diretamente na pena queterá que ser cumprida, ou seja, muitas das vezes pode ser drasticamente reduzida.
Para o cálculo da pena, adota-se o sistema trifásico, previsto no art. 68, do Código Penal:
			Calculo da Pena
‘’Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.’’
  Fixação da pena
        ‘’Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
        I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
        II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
        III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
        IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.’’
Tomando por base a disposição legal mencionada, na primeira fase, é fixada a pena-base levando em conta as circunstâncias judiciais preconizadas no art. 59, do Código Penal. Já na segunda fase, é estabelecida a pena intermediária ao serem consideradas as agravantes e as atenuantes e, por fim, na terceira, é fixada a reprimenda definitiva ao serem aplicadas as causas de aumento e de diminuição.
5. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência que se digne a:
 
a) Receber a presente contestação;
b) Julgar IMPROCEDENTE a ação proposta pela parte autora, e declarar a NÃO inconstitucionalidade da qualificadora.
c) Julgar IMPROCEDENTE as alegações de que o crime de furto e roubo tenham a mesma função punitiva, tendo em vista os fundamentos por parte do legislador, bem como o calculo e a fixação da pena.
Nestes termos,
Pede deferimento
Betim, fevereiro de 2018
_______________________________
Promotor de Justiça

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