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IQ-UFBA Departamento de Química Orgânica QUI-B37 – Química Orgânica Básica Experimental I-A 2016.1 RELATÓRIO DE ATIVIDADES Título: Princípios de Análise Orgânica Data: 10 de Agosto de 2016 Autor(es): Mirian T. A. Dos Santos e Stéfanno Souza 1. Introdução A análise orgânica é a área da química que envolve a identificação de substâncias por meio de processos físicos e químicos. O trabalho em laboratório de química orgânica não consiste apenas de preparações sintéticas. Após a síntese de uma espécie química deve-se identificar o produto obtido através de suas características físicas e químicas. A identificação completa de uma substância inclui as seguintes etapas: a) Análise imediata: Caracteriza a amostra como uma substância pura ou mistura. Posteriormente se realiza a separação e purificação se for o caso. b) Identificação das propriedades físicas: estado físico (sólido, líquido, gasoso), cor, odor, índice de refração, densidade, rotação óptica, ponto de fusão, ponto de ebulição. c) Determinação da solubilidade: Fornece indícios de quais grupos funcionais estão presentes em uma amostra desconhecida. d) Testes para grupos funcionais: Reações químicas realizadas para caracterização/identificação de grupos funcionais presentes em uma substância. e) Análise elementar: Determina qualitativa ou quantitativamente a presença dos elementos que compõem uma substância orgânica. f) Preparo de derivados: Através do preparo de um ou mais derivados conhecidos da substância que se está analisando, pode-se chegar à conclusão sobre a identidade do composto em questão. g) Análise instrumental: Métodos cromatográficos: cromatografia em fase gasosa (CG) e cromatografia líquida (CL). Métodos espectrométricos: ultravioleta (UV), infravermelho (IV), ressonância magnética nuclear (RMN), espectrometria de massas (EM). 2. Parte experimental 2.1.Resumo do experimento e Fluxograma A análise orgânica realizada se resume a um conjunto de técnicas que tem como objetivo fazer a caracterização de substâncias de forma generalizada primeiramente em grupos, e em seguida detalhando, ao passo que se encontre mais informações sobre elas. Inicialmente com uma análise imediata, observando e anotando as principais características das amostras analisadas (estado físico, cor e odor), em seguida a determinação da solubilidade do composto, onde acompanha uma serie de grupos de substâncias que possuem diferentes características de solubilidade, restringindo bastante as opções; a análise de grupos funcionais segue os resultados obtidos nas series , com os grupos de solubilidade conhecidos, fazendo-se uma em que se adiciona certos compostos reagindo esses ou não, nos dando informações sobre os grupos funcionais presentes na amostras; então nos direcionamos para a análise das propriedades físicas, determinação de temperatura de fusão para as amostras sólidas e índice de refração para as amostras líquidas, valores que são únicos para todos os compostos. E com os dados coletados finalizamos a análise com a observação do espectro infravermelho das amostras que nos mostra com clareza os grupos funcionais presentes e a possível estrutura do composto. Figura 1: Serie de identificação dos grupos de solubilidade 2.2. Desenho da aparelhagem Em um tubo de ensaio seco, adicionar 0,2 mL (5 gotas) da amostra líquida e em outro tubo, 0,1 g do sólido; Testar e observar a solubilidade nos diversos solventes ou soluções de acordo com o esquema sumário de classificação pela solubilidade; Anotar se a amostra é solúvel ou insolúvel; A partir dos resultados obtidos identificar o grupo de solubilidade ao qual pertence a amostra Prosseguir os testes químicos para identificação do grupo funcional; Para cada teste químico, observar atentamente e registrar qualquer mudança de coloração, separação de fases, etc. Anotar se é positivo ou negativo. Figura 2 : Aparelho do ponto de fusão. Figura 3 : Refratômetro 2.3. Materiais a) Reagentes e solventes (substâncias químicas) Ácido sulfúrico; Bicarbonato de sódio; Hidróxido de sódio Cloreto férrico Permanganato de potássio Etanol 2,4-dinitrofenilhidrazina Nitrato de prata Hidróxido de amônio Ácido clorídrico Ácido fosfórico Éter Água b) Vidraria Tubos de ensaio; Provetas. c) Materiais diversos Espátula; Algodão; Galeria para tubos de ensaio. d) Equipamentos Refratômetro Aparelho do Ponto de Fusão. 2.4. Tabela de propriedades físicas Substância MM d g/mL Tf oC Te oC Permanganato de potássio 158,0 3 2,7 240,0 0 - Hidróxido de sódio 33,99 2,13 318,0 0 1,388 Bicarbonato de sódio 84,00 2,159 270,0 0 - Ácido sulfúrico 98,07 1,84 10,36 101,00 Cloreto férrico 270,3 2,80 306,0 0 315,00 Etanol 46,06 0,789 −114, 3 78,40 2,4-dinitrofenilhidrazina 198,1 4 680,0 202,0 0 - Hidróxido de amônio 35,04 0,90 -57,50 37,70 Ácido clorídrico 36,46 1,18 - 114,8 0 -85,03 Ácido fosfórico 98,00 1,88 42,35 158,00 Éter etílico 74,12 0,710 -116,3 34,6 Água 18,01 1,000 0,0 100,0 2.6. Tabela de propriedade toxicológicas. Substância Propriedades (riscos à saúde, inflamabilidade, reatividade) Hidróxido de sódio (NaOH) Após a inalação: queimadura das mucosas Depois do contato com a pele: queimaduras Depois do contato com os olhos: queimaduras graves. Perigo de cegueira. Após a ingestão: queimaduras graves no trato gastrointestinal, com perigo de perfurações. Bicarbonato de sódio (NaHCO3) Ingestão: Em doses elevadas causa distúrbios gastrintestinais. Inalação: Causa tato respiratório superior, exercendo efeito irritante intenso e dano celular pela ação cáustica alcalina, somente quando o produto estiver com altas concentrações de pó. Ácido sulfúrico (H2SO4) Corrosivo Cloreto férrico Irritante e corrosivo. Inalação dos vapores irrita os olhos, nariz e garganta. Irritante para a pele. Prolongado contato com os olhos pode causar descoloração na conjuntiva. Etanol Líquido inflamável. Causa irritação no trato respiratório e no trato digestivo. Pode causar depressão no sistema nervoso central. Pode causar problemas no fígado, rim e coração. Órgão alvo: rins, coração, fígado e sistema nervoso central. Permanganato de potássio Homens expostos a poeiras de manganês apresentaram uma diminuição da fertilidade. A intoxicação crônica por manganês envolve basicamente o sistema nervoso central. Os sintomas precoces incluem langor, sonolência e fraqueza nas pernas. 2,4-dinitrofenilhidrazina Essa substância não é classificada como perigosa pela ONU. Quando em pó, em caso de vazamento pode causar irritação nas mucosas nasais. Hidróxido de amônio Corrosivo e tóxico. Pode causar corrosão do esôfago e pode haver peritonite. Causa irritação ao trato respiratório. Ácido clorídrico Este produtocausa severas queimaduras às membranas da boca, esôfago e estômago. Irritação severa da via respiratória superior, resultando em tosse, sensação de engasgo e de queimaduras da garganta. Ácido fosfórico Toxicidade aguda. O vapor do ácido fosfórico é corrosivo, irritante para os olhos, pele, membranas mucosas e trato respiratório superior. Soluções concentradas são moderadamente tóxicas quanto à ingestão e contato com a pele. Éter etílico Irritante quando inalado, ingerido, em contato com pele e olhos. Dano hepático na exposição crônica. 3. Resultados e discussão 3.1.Observações As amostras utilizadas nas análises foram: Amostra sólida 1 (PAO-S2), Amostra sólida 2 (PAO-S6), Amostra líquida 1 (PAO-L1) e Amostra líquida 2;(PAO-L4). Dentre elas iremos discutir apenas as amostras sólida 2 (PAO-S6) e a líquida 2;(PAO-L4). A primeira amostra utilizada foi a amostra sólida 2 (PAO-S6) (figura 4 ), que nas características organolépticas pode-se identificar como sendo uma amostra no seu estado sólido, sem nenhum odor característico de cor amarelo brilhante. Seguindo o esquema sumário do teste de classificação por solubilidade o primeiro passo feito foi a análise de solubilidade onde colocamos a amostra sólida em aproximadamente 5ml de água destilada, e observou-se que era insolúvel formando assim uma mistura bifásica no tubo de ensaio onde foi inserido a amostra na (figura 5). Figura 4: amostra sólida PAO-S6 Figura 5: amostra S6 insolúvel em água Em seguida adicionamos em um tubo de ensaio 5ml de uma solução básica (NAOH 5%) e uma porção da amostra utilizada, na qual observamos que não houve solubilização (figura 6), sendo assim demos continuidade ao teste, colocando agora como solvente uma solução ácida (HCL 5%), mostrando novamente a insolubilidade deste composto.(figura 7) Figura 6 : insolúvel em NaOH 5% Figura 7 : insolúvel em HCl 5% Como o composto não foi solúvel na solução ácida, partimos então para a solubilização com um ácido concentrado de (H2SO4 96%), onde não ocorreu a solubilização (figura 8) terminando assim os testes de classificação por solubilidade no grupo de solubilização l. Figura 8 : insolúvel em H2SO4 96% No grupo I em que foi identificado o composto nos direciona a pensar que a amostra esta inserida em um desses grupos funcionais > Hidrocarbonetos saturados, alcanos halogenados, haletos de arila, éteres diarílicos e compostos aromáticos desativados. A partir dessas informações podemos realizar alguns testes para grupos funcionais como os testes: Teste com bromo em tetracloreto de carbono (o qual não utilizamos, porque não tinha o reagente disponível) Teste com permanganato de potássio (Teste de Bayer): (figura 9) Figura 9 : Reação de oxidação na presença de permanganato de potássio O teste utilizado foi o Teste de Bayer, que usa como seu principal reagente o permanganato de potássio, onde este reage com compostos insaturados na molécula ou portadores de grupos oxidáveis, ocorrendo a mudança da coloração do reativo. No teste com a amostra sólida (PAO-S6) ocorreu a mudança de coloração, nos direcionando a crer que o composto analisado obtém na sua estrutura química insaturações ou grupos oxidáveis. Ao analisar o ponto de fusão (propriedade física) da substância, observamos o valor de 122 ºC. Ao fazer a última análise utilizando a técnica do infravermelho, o espectro IV nos levou a determinar realmente a identificação da amostra. (figura 10) Figura 10 : Espectro IV para a substância sólida (PAO-S6) Ao analisar o espectro IV, observamos a presença de uma banda fraca no comprimento de onda 3083 cm-1 que se refere a compostos aromáticos/benzeno, e um comprimento de onda forte de 1673 cm-1 característico das cetonas com insaturação na α-carbonila. Ao reunir todas as informações concluímos que a amostra analisada é a dibenzalacetona (1,5-difenil-1,4- pentadien-3-ona)(figura 11) Figura 11 Fórmula molecular (dibenzalacetona) Figura 11.1 Reação da dibenzalacetona no Teste de Bayer Ao observar a sua fórmula molecular, analisamos a presença de dois grupos aromáticos na molécula, como identificada no espectro IV, vemos também a presença de uma carbonila α-insaturada, como também identificada no espectro IV, representando a cetona da molécula. A insolubilização nas soluções aquosas é explicada por o composto ser altamente apolar; a reação positiva do Teste de Bayer é explicada por sua estrutura possuir os grupos aromáticos, onde nesta reação o permanganato oxida as duplas reações retirando a dupla ligação e desfazendo assim o anel aromático. As discrepâncias nos pontos de fusão encontrados se comparados ao encontrado na literatura podem ser explicados pela impureza da amostra. Cujo suas características são: é um sólido de coloração amarelo cristalino, insolúvel em água pouco solúvel em etanol e solúvel em acetona e clorofórmio, com sua propriedade física (ponto de fusão) aproximadamente 110º- 111ºC. A segunda amostra a ser testada foi a amostra de código PAO-2016.1 L1 (figura 12). A análise imediata mostrou ser um líquido incolor de odor forte e característico, meio adocicado. Seguindo o esquema sumário do teste de classificação por solubilidade o primeiro passo feito foi a análise de solubilidade. O teste de solubilidade inicial com 5ml de água mostrou que o composto era insolúvel (figura 13). Fig.12 (PAO-L1) Fig.13 (Solubilidade em água) Em outro tudo de ensaio adicionamos 5ml de uma solução básica (NaOH 5%) (figura 14) e 4 gotas da amostra, na qual observamos que não houve solubilização (figura 15) sendo assim demos continuidade ao teste, colocando agora como solvente uma solução ácida (HCl 5%)(figura 16) mostrando novamente a insolubilidade. (figura 17) Fig.14 Solução NaOH 5% Fig. 15 Insolubilidade em NaoH Fig. 16 Solução HCl 5% Fig. 17 Insolubilidade em HCl Como o composto não foi solúvel na solução ácida, partimos então para a solubilização com um ácido concentrado de (H2SO4 96%) (figura 18), onde ocorreu a solubilização (figura 19). Fig.18 H2SO4 96% Fig. 19 Solubilização em H2SO4 96% Com a solubilização do composto em H2SO4 96% o próximo passo foi a solubilização em H3PO4 (figura 20), onde não ocorreu a solubilização (figura 21) e então finalizando assim os teste de classificação por solubilidade no grupo de solubilização N2. No grupo N2 em que foi identificado o composto nos direciona a pensar que a amostra esta inserida em um desses grupos funcionais: Alceno, Alcino, éteres, alguns compostos aromáticos (com grupos ativantes) e cetonas. Porém de acordo com o resultado proposto pelo professor em sala de aula não está de acordo, pois esse quinto teste deveria ser solúvel em H3PO4, logo a amostra deve conter: (N1) Álcoois, aldeídos, metil cetonas, cetonas cíclicas e esteres contendo somenteum grupo funcional e números de átomos de C entre cinco e nove; éteres com menos de oito átomos de C; époxidos A partir dessas informações podemos realizar o teste para grupos funcionais: Teste com a 2,4-dinitrofenilhidrazina (2,4-DNFH): Aldeidos e cetonas reagem com hidrazinas, formando as hidrazonas correspondentes, as quais são sólidos insolúveis; Em um tubo de ensaio foi colocado 4 gotas da amostra em 1ml de etanol e adicionado 1,5ml da solução de 2,4-DNFH. Foi agitado e deixado a solução em repouso por alguns minutos, havendo o aparecimento do precipitado, indicando que houve a reação. Ao analisar o índice de refração (propriedade física) da substância, observamos o valor de 1,537. Ao fazer a última análise utilizando a técnica do infravermelho, o espectro IV nos levou a determinar realmente a identificação da amostra. (figura 20) Figura 20. : Espectro para a substância Líquida (PAO-20126.1L1) A análise do espectro IV observa-se uma banda fraca no comprimento de 3086 cm-1, mostrando as ligações sp2 C-H, a banda média no comprimento de 2738 e 2820 cm-1, próprias dos aldeídos C-H, e a banda forte no comprimento de onda 1450 e 1600 cm-1, dos C=C insaturados do anel aromático. Ao reunir todas as informações concluímos que a amostra analisada é o benzaldeido Figura 21. Figura 21: Formula molecular (benzaldeido) Figura 22. Teste com a 2,4-dinitrofenilhidrazina (2,4-DNFH) Ao observar a sua formula molecular, analisamos a presença de um anel aromático (presença de ligações carbônicas insaturadas), a presença do grupo de aldeído R- CHO, como identificado no espectro IV. A reação positiva para o teste com 2,4-DNFH é explicado pela presença do aldeído que reage com a hidrazina, onde há formação de hidazonas. O índice de refração na literatura se mostra um pouco diferente do observado (IRliteratura=1,5339/ IRobservado=1,537), podendo ser explicado pela presença de impurezas na amostra. 4. Bibliografia. Análise orgânica. <<https://www.google.com.br/webhp?hl=pt-BR#hl=pt BR&q=analise+organica.>> Acesso em 20-08-16.
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