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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA TRANSFERÊNCIA DE MASSA EM DUTOS CIRCULARES TOLEDO/PR 2014 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA MATHEUS ALLAN MAIOR MATHEUS PIASECKI PEDRO VINICIUS DE SIQUEIRA THIAGO HENRIQUE JORIS TRANSFERÊNCIA DE MASSA EM DUTOS CIRCULARES TOLEDO/PR 2014 Relatório entregue como requisito parcial de avaliação da disciplina de Laboratório de Engenharia Química I do curso de Engenharia Química da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Toledo. Profª Dra. Veronice Slusarski Santana. i RESUMO Uma vez que a transferência de massa tem uma grande importância em inúmeros processos da indústria e assim ser do interesse da Engenharia Química, é necessário um entendimento da determinação do coeficiente de transferência de massa. Este experimento teve como objetivo determinar experimentalmente o coeficiente de transferência de massa convectivo em dutos circulares e comparar com as correlações disponíveis na literatura. Para isso, utilizou-se um módulo experimental que continha dois tubos de PVC, termômetros de bulbo seco e úmido e um capilar de vidro. Conectou-se o tubo de ar comprimido nos tubos de PVC e com auxílio do anemômetro obteve-se o valor da velocidade. Foram anotados também os valores das temperaturas nos termômetros de bulbo seco e úmido. Na outra parte do experimento, encheu-se o capilar e quando a coluna de água atingiu a marca de 10 cm disparou-se o cronômetro e anotou-se o tempo de acordo com a diminuição do capilar de cm em cm. Comparando-se os resultados obtidos, percebeu-se uma grande discrepância entre os valores obtidos experimentalmente com os de correlações, o que se deve ao fato de cada método ter uma abordagem diferente da transferência de massa, como a transferência conjunta de momento e a transferência de massa por difusão e por convecção simultaneamente. Concluiu-se que os objetivos foram atingidos, apesar dos resultados não serem satisfatórios. ii ÍNDICE LISTA DE FIGURAS .............................................................................................. iii LISTA DE TABELAS .............................................................................................. iv NOMENCLATURA .................................................................................................. v 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 1 2.1 Determinação do coeficiente de massa teórico ............................................. 1 2.2 Determinação do coeficiente de massa experimental ................................... 3 3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................... 5 3.1 Materiais empregados ................................................................................... 5 3.2 Metodologia aplicada..................................................................................... 6 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 7 4.1 Tratamento de dados experimentais ............................................................. 7 4.2 Determinação do coeficiente de transferência de massa experimental......... 9 4.3 Determinação do coeficiente de transferência de massa teórico ................ 11 4.3.1 Determinação do KC para os escoamentos 1 e 2 ................................ 12 4.3.1 Determinação do KC para o escoamento 3 ......................................... 14 4.4 Comparação entre valores e discussão de resultados ................................ 14 5. CONCLUSÃO .................................................................................................... 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 17 APÊNDICES .......................................................................................................... 18 Apêndice I – Equações empregadas em resultados e discussões ................... 18 Apêndice II – Tabelas de dados retirados da literatura ..................................... 18 iii LISTA DE FIGURAS Figura 1: Módulo experimental para determinação do coeficiente de transferência de massa (VEIT, 2010) ................................................................. 4 Figura 2: Distância do tubo capilar em função do tempo para a velocidade 1 ... 8 Figura 3: Distância do tubo capilar em função do tempo para a velocidade 2 ... 8 Figura 4: Distância do tubo capilar em função do tempo para a velocidade 3 ... 9 iv LISTA DE TABELAS Tabela 1: Dados experimentais coletados para três velocidades diferentes. .......... 7 Tabela 2: Dados dos ajustes lineares para as curvas de L em função do tempo.... 7 Tabela 3: Medidas do módulo experimental utilizadas na determinação do KC experimental .......................................................................................................... 10 Tabela 4: Valores de coeficiente de transferência de massa determinados experimentalmente. ............................................................................................... 11 Tabela 5: Número de Reynolds, número de Schmidt e regime de escoamento determinados para as três velocidades ................................................................. 12 Tabela 6: Valores de KC determinados pelos métodos experimental e teórico ..... 15 Quadro 1: Desvios relativos para os valores de KC do escoamento 1 .................. 15 Quadro 2: Desvios relativos para os valores de KC do escoamento 2 .................. 15 Quadro 3: Desvios relativos para os valores de KC do escoamento 3 .................. 15 Tabela A: Dados retirados da literatura para a água ............................................. 18 Tabela B: Dados retirados da literatura para o ar .................................................. 18 v NOMENCLATURA Símbolo Descrição/Unidade Letras latinas A,B,C Parâmetros de Antoine AD Área de transferência de massa no duto (m²) AT Área de secção transversal do capilar (m²) b Coeficiente angular da reta (cm/s) Concentração de equilíbrio da água na fase vapor (kmol/m³) ̅̅ ̅ Concentração média da água na fase do ar (kmol/m³) D Diâmetro da tubulação de PVC (m) d Diâmetro do capilar (m) DAB Coeficiente de difusividade de A em B (cm²/s) Coeficiente de difusividade corrigido (cm²/s) JM Fator j de Colburn para a transferência de massa KC Coeficientede transferência de massa (m/s) Km Coeficiente médio de transferência de massa (m/s) L Largura da tubulação (m) NA Taxa de água evaporada (kg/s) Mols de água na fase líquida dentro do capilar (kmol/m³) M Peso molecular (kg/kmol) P Pressão (kPa) R Constante universal dos gases (kPa.m³/kmol.K) Re Número de Reynolds Sc Número de Schmidt Sh Número de Sherwood Stm Número de Stanton t Tempo (s) T Temperatura (K) v Velocidade média do ar (m/s) vi Y Fração molar da fase vapor Letras gregas ρ Densidade (kg/m³) µ Viscosidade (Pa.s) ϕ Umidade relativa do ar Índices, subescritos e sobrescritos 0 Relativo ao instante inicial A Relativo à água B Relativo ao ar BS Relativo à temperatura de bulbo seco BU Relativo à temperatura de bulbo úmido L Relativo à água líquida sat Relativo à saturação 1 1. INTRODUÇÃO A transferência de massa é o transporte da massa como resultado da diferença de concentração de uma espécie em uma mistura (INCROPERA e DEWITT, 1998). Existindo regiões com diferentes concentrações, ocorrerá transferência de massa no sentido das zonas onde a concentração desse componente é mais baixa. Essa transferência pode ocorrer pelo mecanismo da difusão molecular ou da convecção. Ambos os processos podem ser estimulados fisicamente, através de condições específicas de temperatura, pressão e velocidade. Como as operações unitárias mais comuns nas indústrias são as que ocorrem devido a transferência de massa, como destilação, secagem, extração e outras, torna-se necessário estudá-la (VEIT, 2010). A modelagem de processos químicos e de equipamentos que envolvam a transferência de massa de um componente de uma fase α para uma fase β requerem a determinação do coeficiente de transferência de massa. Assim, a realização desta prática teve como objetivo determinar experimentalmente o coeficiente de transferência de massa convectivo em dutos circulares e comparar com as correlações disponíveis na literatura. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Transferência de massa é geralmente entendida referindo-se ao movimento de um componente específico (A, B…) num sistema de vários componentes. Existindo regiões com diferentes concentrações, ocorrerá transferência de massa no sentido das zonas onde a concentração desse componente é mais baixa (CREMASCO, 1998). Assim como um gradiente de temperatura constitui o potencial motriz para a transferência de calor, um gradiente de concentração de uma espécie em uma mistura fornece o potencial motriz para o transporte de massa daquela mistura (INCROPERA, 1998). Essa transferência pode ocorrer pelo mecanismo da difusão molecular ou da convecção. A transferência de massa é altamente influenciada pelo espaçamento molecular, ocorrendo, portanto, mais facilmente em gases do que em líquidos, e mais facilmente em líquidos do que em sólidos (VEIT, 2010). 2.1. Determinação do coeficiente de massa teórico. Para se realizar a modelagem de processos químicos e de equipamentos que envolvam a transferência de massa de um componente de uma fase A para uma fase B, é necessário determinar o coeficiente de transferência de massa. Para isso, pode-se fazer uso de diversas correlações, 2 as quais dependem de geometria, propriedades do fluido, número de Reynolds, número de Schmidt, entre outros fatores (VEIT, 2010). Para o caso em que há o escoamento de um fluido em um tubo circular, têm-se as seguintes correlações, de acordo com o regime de escoamento: (a) Regime Laminar: (CREMASCO, 1998). (01) Em que: ⁄ (02) (03) (04) (05) ( ) (06) Sendo o coeficiente de transferência de massa baseado na diferença de densidade como força motriz. (b) Regime turbulento: e (GILLILAND e SHERWOOD, 1934). (07) Sendo a média logarítmica do solvente, tendo como base as frações molares do soluto na interface com a parede do tubo e no seio da corrente gasosa, calculado pela equação 08. ( ) (08) 3 O modelo para o cálculo do coeficiente de transferência de massa em função do número de Schmidt, desenvolvido por PINCZEWSKI e SIDEMAN (1974), é mostrado a seguir. ⁄ ⁄ ⁄ ⁄ (09) ⁄ ⁄ ⁄ ⁄ ⁄ ⁄ ⁄ (10) ⁄ ⁄ (11) Em que, (12) CREMASCO (1998) sugeriu também um modelo para o cálculo do coeficiente de transferência de massa, com a faixa de validade de e , que é mostrado pela equação 13. (13) Por último, WELTY et al. (2001) sugeriu outro modelo para se calcular o número de Sherwood, como mostrado pela equação 14, com faixa de validade de . (14) 2.2. Determinação do coeficiente de transferência de massa experimental. Utilizando equipamentos adequados, a obtenção do coeficiente de transferência de massa pode ser feita experimentalmente. Um exemplo de equipamento é mostrado na Figura 1. 4 Figura 1: Módulo experimental para determinação do coeficiente de transferência de massa (VEIT, 2010). No módulo mostrado, o ar escoa em regime permanente por um duto circular curto. O material poroso que constitui o duto está encharcado com água, como o ar que escoa pelo duto não está saturado, parte da água líquida na superfície do duto é vaporizada e arrastada pelo ar. O meio poroso (conduto) está ligado ao tubo capilar que fornece continuamente água na fase líquida. Devido a condição de continuidade de fluxo a água evaporada é igual a água líquida retirada do tubo capilar (VEIT, 2010). Pode-se expressar a taxa de água evaporada no interior do duto ( a partir da equação 15. [ ̅ ] (15) Na equação 15, a força motriz para a transferência de massa é o gradiente de concentração e a resistência à transferência de massa no filme gasoso é predominante. Através de um balanço de massa no tubo capilar, tem-se: (16) Da condição de continuidade, obtém-se a igualdade representada pela equação 17. [ ̅ ] (17) A concentração de água no ar varia ao longo do duto devido à evaporação, para determinar a concentração média, pode-se utilizar a equação 18. ̅ (18) 5 Em que e representam a concentração de água na fase vapor na entrada e na saída do tubo, respectivamente. Como o comprimento do duto é pequeno, pode-se considerar que ̅ e, aplicando esta condição na equação 17 e integrando, obtém-se a equação 19. [ ] (19) Da definição de umidade relativa, tem-se: (20) Aplicando-se a equação 20 em 19, obtém-se a equação 21. [ ] (21) Por fim, considerando-se que a fase vapor comporta-secomo gás ideal, obtém-se a equação 22. [ ] (22) Quando a água líquida é colocada em contato com um fluxo contínuo de ar seco, a temperatura do líquido diminui, pois a energia necessária para a água vaporizar-se é retirada do ar seco e da água líquida, a temperatura alcançada após o sistema entrar em equilíbrio é denominada de temperatura de bulbo úmido. Para efeitos de cálculo, pode se considerar que a temperatura do líquido é igual à temperatura de bulbo úmido (VEIT, 2010). 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Materiais empregados. Os materiais utilizados neste experimento foram: • Tubulação de PVC; • Capilar de vidro; • Compressor de ar; 6 • Bomba; • Água; • Anemômetro; • Cronômetro; • Termômetros de bulbo seco e úmido; • Paquímetro; • Régua. 3.2. Metodologia aplicada. Na determinação do coeficiente de transferência de massa seguiram-se os seguintes passos: 1. Mediu-se com a régua o comprimento do capilar de vidro, e com o paquímetro mediu-se o diâmetro interno da tubulação de PVC e do capilar de vidro. 2. No tubo de PVC 1 que continha os termômetros conectou-se o tubo de ar comprimido. 3. Com auxílio do anemômetro, usou-se a válvula V1, para obter o valor da velocidade. 4. Anotaram-se os valores das temperaturas nos termômetros de bulbo seco e úmido. 5. Trocou-se o tubo de ar comprimido, passando-o para o tubo de PVC 2 que continha a matriz porosa e o tubo capilar. 6. Em seguida encheu-se o capilar, abrindo o grampo, o qual segurava a água, e fechando-o assim que o capilar estava completamente cheio. 7. Quando a coluna de água atingiu a marca de 10 cm disparou-se o cronômetro e anotou-se o tempo de acordo com a diminuição do capilar de cm em cm. 8. Repetiram-se os passos de 2 a 7, para outras duas medidas de velocidades de escoamento do ar. 9. Mediu-se o diâmetro do tubo capilar e do tubo 2 com o paquímetro e o comprimento do tubo 2 com a régua. 7 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Tratamento de dados experimentais. Os dados coletados de distância no tubo capilar e do tempo para cada distância, para cada uma das três velocidades empregadas, estão listados na Tabela 1. A temperatura média de bulbo seco é TBS = 296,15 K, e a de bulbo úmido, TBU = 287,15 K. Tabela 1: Dados experimentais coletados para três velocidades diferentes. L (cm) Tempo (± 0,05 s) v1 = 3,0 m/s v2 = 4,4 m/s v3 = 0,7 m/s 10 0 0 0 9 17,3 27,2 116,2 8 35,1 56,8 332,5 7 51,7 119,8 499,0 6 70,4 146,1 664,2 5 87,1 208,3 831,1 4 104,5 238,1 997,1 3 121,8 303,0 1163,6 2 139,0 327,9 1330,4 1 157,9 350,0 1495,9 0 176,0 410,2 1661,8 Analisando-se os dados, percebe-se que a água percorreu os 10 cm da tubulação mais rápido, ou seja, em menor tempo, para o escoamento 1, que tem uma velocidade intermediária (3,0 m/s). Entretanto, esperava-se que isso acontecesse para a velocidade maior, de 4,4 m/s. O terceiro escoamento, de 0,7 m/s, foi o que a água levou mais tempo para percorrer. Com os dados da Tabela 1, plotou-se três gráficos de distância no tubo capilar em função do tempo, um para cada velocidade, e aplicou-se um ajuste linear nos dados. Os três gráficos estão apresentados nas Figuras 2-4, e as equações das retas, com seus respectivos coeficientes de determinação R², estão expostos na Tabela 2. Tabela 2: Dados dos ajustes lineares para as curvas de L em função do tempo. Velocidade Coeficiente angular da reta (cm/s) Coeficiente linear da reta (cm) Coeficiente de determinação 1 -0,05704 ±1,94·10-4 9,98185 ±0,02013 0,9999 2 -0,02368 ±6,55·10-4 9,70846 ±0,15674 0,9924 3 -0,00595 ±4,91·10-5 9,91582 ± 0,04833 0,9993 8 Figura 2: Distância do tubo capilar em função do tempo para a velocidade 1. Figura 3: Distância do tubo capilar em função do tempo para a velocidade 2. 9 Figura 4: Distância do tubo capilar em função do tempo para a velocidade 3. Analisando-se os dados da Tabela 2 e os gráficos, percebe-se que os ajustes lineares são aceitáveis, uma vez que apresentaram R² próximo de 1, e os coeficientes lineares se apresentaram próximos de 10, que é a largura para o tempo inicial (zero). Comparando-se as equações das retas com a equação (22), tem-se a seguinte relação, descrita na equação (23), onde b é o coeficiente angular da reta do ajuste. [ ] (23) Dessa relação, determinou-se o coeficiente de transferência de massa KC experimental, uma vez que todos os outros parâmetros são determináveis por outros métodos e/ou equações. 4.2. Determinação do coeficiente de transferência de massa experimental. A partir da equação (23), determinou-se o coeficiente de transferência de massa experimental. Para isso, determinou-se os demais parâmetros da equação empregando-se as equações (24-26). A Tabela 3 traz as medidas do módulo experimental necessárias para a determinação. 10 Tabela 3: Medidas do módulo experimental utilizadas na determinação do KC experimental. Dimensão Valor (mm) Diâmetro interno da tubulação de PVC 33,94 ±0,005 Diâmetro interno do tubo capilar 3,75 ±0,005 Largura total do tubo capilar 400,0 ±0,5 Largura do duto de material poroso 119,0 ±0,5 Com os dados da Tabela 3, determinou-se a área de transferência de massa do duto (AD) pela equação (24) e a área de secção transversal do tubo capilar (AT) pela equação (25). Os erros propagados foram determinados pelas equações (A) e (B) do Apêndice I. (24) (25) As pressões de saturação da água foram determinadas pela equação de Antoine (26), tanto para a temperatura de bulbo seco quanto para a temperatura de bulbo úmido. A Tabela A, no Apêndice II, indica os parâmetros de Antoine para a água. A temperatura média de bulbo seco é TBS = 296,15 K, e a de bulbo úmido, TBU = 287,15 K. (26) ( ) ( ) Determinou-se, ainda, a umidade relativa do ar a partir de uma carta psicométrica on-line (IFSC, 2014), utilizando-se as temperaturas de bulbo seco e úmido, encontrando-se uma umidade relativa de aproximadamente 33%. Com os dados da Tabela A, e com os parâmetros determinados, sabendo-se que R = 8314,4 kPa·cm³·gmol-1·K-1, pode-se determinar o coeficiente de transferência de massa experimental pela equação (23). Demonstra-se o cálculo para a velocidade 1. 11 [ ] (23) [ ] A Tabela 4 apresenta os valores de KC experimental determinados para as três velocidades testadas. O erro propagado foi determinado pela equação (C) do Apêndice I. Tabela 4: Valores de coeficiente de transferência de massadeterminados experimentalmente. Escoamento Velocidade (m/s) KC (cm/s) 1 3,0 9,5957 ± 0,0101 2 4,4 3,9836 ± 0,0339 3 0,7 1,0009 ± 0,0025 Analisando-se a Tabela, percebe-se que o maior valor de KC encontrado foi para a velocidade 1, de 3,0 m/s, enquanto que o menor valor é para a velocidade de 0,7 m/s. 4.3. Determinação do coeficiente de transferência de massa teórico. A partir das velocidades medidas, determinou-se o número de Reynolds segundo a equação (03), tendo o diâmetro da tubulação de PVC indicado na Tabela 3. A Tabela B do Apêndice II traz a densidade e a viscosidade do ar na temperatura de bulbo seco, TBS = 296,15 K. A Tabela 5 mostra o número de Reynolds determinado para cada velocidade, e o regime de escoamento do mesmo. Demonstra-se o cálculo para a velocidade 1. O erro é determinado pela equação (D) do Apêndice I. (03) 12 Determinou-se, também, o número de Schmidt, pela equação (05), demonstrando-se o cálculo para a primeira velocidade, e mostrando os dados determinados na Tabela 4. A difusividade da água no ar é de 0,220 cm²/s à 273,15 K (PERRY, 2008). A correção pela equação (27) é feita para a temperatura de bulbo úmido, considerando-se pressão atmosférica de 1 atm. ( ) (27) ( ) (05) Tabela 5: Número de Reynolds, número de Schmidt e regime de escoamento determinados para as três velocidades. Escoamento Velocidade (m/s) Reynolds Schmidt Regime de escoamento 1 3,0 6596,16 ±0,97 0,651 Turbulento 2 4,4 9674,37 ±1,43 0,651 Turbulento 3 0,7 1539,10 ±0,23 0,651 Laminar Vale notar-se que o número de Schmidt é igual para os três escoamentos, uma vez que os três apresentam a mesma temperatura, logo, os mesmos valores de densidade e viscosidade dinâmica. 4.3.1. Determinação do KC para os escoamentos 1 e 2. Para os escoamentos 1 e 2, por apresentarem regime turbulento, determina-se o coeficiente de transferência de massa pelas equações (09 e (12), segundo Pinczewski e Sideman (1974), uma vez que os valores de Reynolds e Schmidt encontram-se dentro do intervalo de validade das correlações. Assim, determinou-se o número de Sherwood empregando-se a equação (09), conforme demonstrado para a velocidade 1. O erro propagado é determinado pela equação (E) no Apêndice I. 13 ( ) (09) ( ) Determinou-se, então, o valor de KC a partir da equação (12), tendo-se a difusividade da água no ar determinada anteriormente, e o diâmetro da tubulação na Tabela 3. Demonstra-se o cálculo para a velocidade 1, com o erro sendo determinado na equação (F). (12) Assim, determinou-se que KC = 1,295 ± 0,002 cm/s para o escoamento 1 e KC = 1,807 ± 0,004 cm/s para o escoamento 2. Também determinou-se os coeficientes de transferência de massa segundo Cremasco (1998), nas quais os valores de Reynolds e Schmidt também se encaixam dentro do intervalo de validade. Para isso, utilizou-se as equações (02), (04) e (13). Determinou-se, primeiramente, a fração molar de água presente na interface com a parede do tubo por meio da equação (28). Considera-se a pressão total do sistema como sendo a pressão atmosférica. (28) Considera-se a fração molar de água no centro do duto de escoamento como sendo a própria umidade relativa do ar, assim, YA,2 = 0,33. Determinou- se, então, a fração molar média logarítmica do ar pela equação (08). ( ) (08) ( ) 14 Substituindo-se a equação (04) na equação (02), e esta na equação (13), obtém-se a expressão da equação (29), podendo-se determinar diretamente o coeficiente de transferência de massa, uma vez que KC = Km, e tendo-se a fração molar média do ar, e as velocidades e os números de Reynolds e Schmidt para os escoamentos. Demonstra-se os cálculos para o escoamento 1. O erro é determinado pela equação (F) do Apêndice I. (29) Determinou-se, então, que KC = 2,407 ± 0,107 cm/s para o escoamento 1 e KC = 3,309 ± 0,148 cm/s para o escoamento 2. 4.3.2. Determinação do KC para o escoamento 3. Para determinar-se o coeficiente KC para o escoamento 3, por este ter regime laminar, aplica-se as equações (01-04) descritas anteriormente. A fim de simplificar-se os cálculos, igualou-se as equações (01) e (02), e substituiu- se o termo do número de Stanton pela equação (04), chegando-se na equação (30), onde KC = Km. Os números de Reynolds e Schmidt, e a velocidade de escoamento estão na Tabela 4. (30) 4.4. Comparação entre valores e discussão de resultados. Para fins de comparação, montou-se a Tabela 6, contendo os valores de KC determinados para os três escoamentos pelo método experimental e pelo método teórico. 15 Tabela 6: Valores de KC determinados pelos métodos experimental e teórico. Escoamento KC experimental (cm/s) KC teórico (1) (cm/s) KC teórico (2) (cm/s) 1 9,5957 ± 0,0101 2,407 ± 0,107 1,295 ± 0,002 2 3,9836 ± 0,0339 3,309 ± 0,148 1,807 ± 0,004 3 1,0009 ± 0,0025 0,483 ± 7,21·10-4 - (1) CREMASCO, 1998. (2) PINCZEWSKI e SIDEMAN, 1974. Os Quadros 1, 2 e 3 indicam os desvios relativos, calculados pela equação (G) do Apêndice I, entre os valores de cada escoamento. Quadro 1: Desvios relativos para os valores de KC do escoamento 1. KC experimental (cm/s) KC teórico (1) (cm/s) KC teórico (2) (cm/s) KC experimental (cm/s) - 74,92% 86,50% KC teórico (1) (cm/s) 74,92% - 46,04% KC teórico (2) (cm/s) 86,50% 46,04% - Quadro 2: Desvios relativos para os valores de KC do escoamento 2. KC experimental (cm/s) KC teórico (1) (cm/s) KC teórico (2) (cm/s) KC experimental (cm/s) - 16,93% 54,64% KC teórico (1) (cm/s) 16,93% - 45,39% KC teórico (2) (cm/s) 54,64% 45,39% - Quadro 3: Desvios relativos para os valores de KC do escoamento 3. KC experimental (cm/s) KC teórico (1) (cm/s) KC experimental (cm/s) - 51,74% KC teórico (1) (cm/s) 51,74% - Analisando-se os Quadros, percebe-se um grande desvio relativo entre as medidas, chegando até 86,50% de desvio, na comparação entre o teórico por Pinczewski e Sideman e o experimental no escoamento 1. O menor desvio registrado foi entre o KC teórico por Cremasco e o experimental para o escoamento 2. 16 Comparando-se os valores encontrados e as correlações utilizadas, pode-se inferir que os desvios relativos consideráveis se devem ao fato das correlações estarem fundamentadas em fatores diferentes. Para a determinação do KC experimental, utilizou-se a vazão linear da água pelo tubo capilar comofator principal, além da umidade relativa do ar e das áreas de transferência de massa do duto, sem levar em conta o regime de escoamento do ar pelo tubo de PVC, determinado pela velocidade. Ou seja, considera-se como fator principal a velocidade de perda de massa de água no tubo capilar. Nos modelos teóricos, as correlações são fundamentadas principalmente no número de Reynolds, que determina o regime de escoamento do ar, e o número de Schmidt, que relaciona a taxa de difusão viscosa e a taxa de difusão molecular, levando em consideração a participação do ar na transferência de massa. Assim, o principal fator na determinação do coeficiente de transferência de massa teórico é o regime de escoamento do ar e a interação deste com a água. Ainda, tem-se diferenças entre as duas correlações empregadas para a determinação teórica. Cremasco leva em consideração a fração molar de água e de ar seco na área de transferência de massa e o fator j de Colburn, que correlaciona a transferência de massa e de momento; enquanto que a correlação de Pinczewski e Sideman aplica o número de Sherwood, que é a razão entre a transferência de massa convectiva e a transferência de massa difusiva. Em suma, o modelo experimental leva em conta a transferência de massa exclusivamente por difusão; a correlação de Cremasco é baseada na relação entre a transferência de massa e a transferência de momento, causada pela velocidade de escoamento de ar; e a correlação de Pinczewski e Sideman leva em consideração as contribuições das transferências difusiva e convectiva de massa. Assim, pelo fato dos métodos utilizados serem baseados em diferentes fatores preponderantes, acabou-se encontrando valores diferentes de KC, causando desvios relativos grandes. 5. CONCLUSÃO A partir dos dados coletados, das considerações feitas e dos resultados discutidos, pode-se concluir que os objetivos foram cumpridos, conseguindo-se determinar o coeficiente de transferência de massa em um escoamento em duto circular e compará-lo com correlações disponíveis na literatura. Entretanto, os valores apresentaram um desvio relativo considerável entre si, com um desvio máximo de 86,50%. Tais desvios podem ser explicados pelo fato do método experimental e das correlações levarem fatores diferentes em consideração na determinação do KC, como a transferência 17 conjunta de massa por difusão e convecção, ou a transferência de massa combinada à uma transferência de momento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Carta Psicométrica – Instituto Federal de Santa Catarina. Disponível em <http://wiki.sj.ifsc.edu.br/wiki/images/c/c5/Cartapsicometrica.swf>. Acesso em 23 out 2014. INCROPERA, F. P.; DEWITT, D. P. Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa. 4ª edição, Editora LTC, 2003. CREMASCO, M.A. Fundamentos de transferência de massa. 1ª edição, Editora UNICAMP, 1998. PEIXOTO, J.; GAMA, M. Química-Física. 1ª edição, 2006. PERRY, R.H.; GREEN, D.W. Perry’s Chemical Engineers’ Handbook. 8ª edição, Editora McGraw-Hill, 2008. PINCZEWSKI, W.V.; SIDEMAN. Chem. Eng. Sci., n.19, p.1969, 1974. VEIT, M. T. Apostila dos roteiros da disciplina de laboratório de engenharia química I. Toledo, 2010. WELTY, J.R.; WICKS, C.E.; WILSON, R.E.; RORRER, G. Fundamentals of momentum, heat and mass transfer. 4ª edição, Editora John Wily & Sons, 2001. WolframAlpha: Computational Knowledge Engine. Disponível em <http://www.wolframalpha.com>. Acesso em 22 out 2014. 18 APÊNDICES Apêndice I – Equações empregadas em resultados e discussões. (A) (B) (C) (D) (E) (F) | | (G) Apêndice II – Tabelas de dados retirados da literatura. Tabela A: Dados retirados da literatura para a água. Dado Valor Referência Massa molar (g/gmol) 18,02 (1) Densidade à 14ºC (g/cm³) 0,9992 (2) Constante A de Antoine 16,2886 (3) Constante B de Antoine 3816,44 (3) Constante C de Antoine -46,13 (3) Fonte: (1) PERRY, 2008. (2) WolframAlpha, 2014. (3) PEIXOTO e GAMA, 2006. Tabela B: Dados retirados da literatura para o ar. Dado Valor Referência Massa molar (g/gmol) 28,90 (1) Densidade à 23ºC (kg/m³) 1,192 (2) Viscosidade à 23ºC (Pa·s) 1,84·10-5 (2) Fonte: (1) PERRY, 2008. (2) WolframAlpha, 2014.
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