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Espistemologia da Geografia Johannes Hessen

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HESSEN, Johannes. Teoria do conhecimento. São Paulo: Martins Fontes, 2ª edição, 2003. 
 
Introdução: 
 
1. A essência da filosofia 
 
¾ A teoria do conhecimento é uma disciplina filosófica (e para entender seu lugar na 
filosofia, devemos partir de uma definição da essência da filosofia). 
- O autor começa a discutir a essência da filosofia pelo significado original da 
palavras, mas este mostra-se muito vago. 
- O autor defende que só obter a essência da filosofia se voltarmos ao próprio fato 
histórico da filosofia (Dilthey: não se parte de um conceito determinado de filosofia, 
mas da representação geral que uma pessoa culta tem dela; deve-se buscar um 
conteúdo comum nos sistemas em que se forma a representação geral da filosofia). 
- Parte-se então da premissa que, se existe uma história da filosofia, deve haver um 
conceito definido de filosofia. 
- Quando nos aprofundamos em Platão, Aristóteles, Descartes e Leibniz, Kant, e 
Hegel, nos deparamos com certas características comuns essenciais, apesar de todas 
as diferenças que apresentam: atração pelo todo, direcionamento para a totalidade 
dos objetos – CARÁTER DE UNIVERSALIDADE. 
- São as seguintes marcas da essência da filosofia: 1. Atitude em relação à totalidade 
dos objetos; 2. O caráter racional dessa atitude. 
- O conteúdo da essência da filosofia deve ser enriquecido pelo contexto histórico: 
trata-se assim de apreender as principais características da totalidade do 
desenvolvimento histórico da filosofia. Só assim poderemos compreender as 
definições contraditórias da essência da filosofia. 
- Sócrates e Platão: carregam em comum a visão de si. 
- Aristóteles: nele, a filosofia mostra outra fisionomia – seu espírito está 
principalmente concentrado no conhecimento científico e na visão de mundo – 
metafísica. 
- Na época pós-aristotélica - a filosofia torna-se novamente auto-reflexão do espírito: 
visão de si, como em Cícero – filosofia de vida. 
- No começo da Idade Moderna, a filosofia envereda novamente pelo caminho da 
concepção aristotélica (Descartes, Espinosa e Leibniz, mostram a mesma direção no 
sentido do conhecimento objetivo do mundo e a filosofia aparece como visão de 
mundo). 
- Em Kant é o tipo platônico que irá reviver e a filosofia assume novamente o caráter 
de auto-reflexão, de visão de si do espírito. Ela aparece, antes de qualquer coisa, 
como teoria do conhecimento, como fundação crítica do conhecimento científico. 
Não se limita ao domínio teórico, mas avança, a partir dele, para uma 
fundamentação crítica dos valores em sua totalidade. 
- No século XIX: revive o tipo aristotélico nos sistemas do idealismo alemão 
(Schelling e Hegel). 
- Esse panorama do desenvolvimento do pensamento filosófica nos conduz a dois 
outros elementos do conceito essencial da filosofia: “visão de si”(microcosmo) e 
“visão de mundo” (macrocosmo). Entre esses dois elementos existe uma tensão 
peculiar, mal aparece um o outro emerge com mais força, quanto mais um avança, 
mais o outro retrocede. Assim toda a filosofia aparece como um movimento 
pendular entre esses dois pontos, portanto são elementos que pertencem ao conceito 
essencial – a Filosofia é ambas as coisas visão de si e visão da essência. 
- Para chegar a uma completa definição da essência da filosofia, devemos estabelecer 
uma ligação entre esses dois elementos, portanto a filosofia seria uma tentativa de se 
atingir uma visão de mundo mediante uma auto-reflexão. 
 
¾ procedimento para obter a essência da filosofia acima foi o indutivo. Mas esse 
procedimento pode ser completo pelo procedimento dedutivo, isto é, situar a filosofia 
no contexto da funções superiores do espírito, indicar o lugar que ela ocupa no sistema 
da cultura como um todo: ciência, a arte, a religião e a moral. (a filosofia parece se 
distanciar da moral, pois diz respeito ao lado prático do ser humano). A filosofia 
pertence ao lado teórico do espírito humano, por isso a afinidade entre filosofia e 
ciência, na medida em que estão baseadas na mesma função do espírito – o pensamento. 
- Filosofia e ciência: apesar da afinidade, ambas distinguem-se por seu objeto; 
enquanto as ciências particulares tomam por seu objeto uma parte da realidade, a 
filosofia dirige-se à totalidade do real. Poderíamos aplicar o conceito de ciência à 
filosofia, e distinguiríamos ciência particular e ciência universal, esta seria a 
filosofia. Mas não é correto subordinar a filosofia à ciência, pois seu objeto não se 
distingue por graus, mas essencialmente. A totalidade do ente é mais do que a soma 
dos diferentes domínios parciais da realidade (há diferença do aspecto subjetivo e 
objetivo) 
- Filosofia, arte e religião: existe uma profunda afinidade entre esses domínios 
culturais; são os mesmos enigmas do mundo e da vida que estão colocados para a 
poesia, a religião e a filosofia – querem fornecer uma interpretação da realidade, 
uma visão de mundo, o que as diferencia é a origem dessa visão de mundo. 
- Filosofia e arte: assim como o homem religioso, a interpretação do artista não 
provém do pensamento; deve sua origem à vivência e à intuição. O verdadeiro 
artista não produz sua obra do intelecto, mas da totalidade das forças espirituais; não 
está voltado para totalidade do ser, mas a um ser e um acontecer concretos. 
- A relação da filosofia com a ciência, religião e arte: com a religião e a arte ela tem 
um olhar dirigido à totalidade do real; com a ciência tem em comum o caráter 
teórico. No sistema da cultura, a filosofia tem assim um lugar com a ciência, de um 
lado, e, de outro, com a arte e a religião (a filosofia estaria mais próxima da religião, 
na medida que se dirige à totalidade do ser e tenta interpretar essa realidade) 
 
2. A posição da teoria do conhecimento no sistema da filosofia 
 
¾ Filosofia é auto-reflexão do espírito sobre seu comportamento valorativo teórico e 
prático. Assim, enquanto reflexão sobre o comportamento teórico, sobre o que 
chamamos ciência, a filosofia é 1) teoria do conhecimento científico, ou teria da 
ciência. Enquanto reflexão sobre o comportamento prático do espírito, sobre aquilo 
que chamamos de valor no sentido estrito, 2) a filosofia é teoria do valor. Enquanto um 
meio para atingir um fim a filosofia é a 3) teoria da visão de mundo. 
 
Conjunto da Filosofia e suas subdivisões 
1) A teoria do conhecimento científico, ou teoria da ciência: teoria formal (lógica); 
doutrina material da ciência (teoria do conhecimento) 
2) A filosofia é teoria do valor: valor ético, estéticos e religiosos (ética; estética. 
Filosofia da religião 
3) A teoria da visão de mundo: metafísica (da natureza e do espírito); teoria da visão 
de mundo (questões referentes à Deus, à liberdade, à imortalidade) 
 
¾ A teoria do conhecimento científico, ou teoria da ciência: teoria formal (lógica); 
doutrina material da ciência (teoria do conhecimento). 
- Teoria do conhecimento - é uma parte da teoria da ciência. 
- É uma teoria material da ciência ou como teoria dos princípios materiais do 
conhecimento humano. 
- A lógica investiga os princípios formais do conhecimento, as formas e as leis gerais 
do pensamento humano. 
- A teoria do conhecimento dirige-se aos pressupostos materiais mais gerais do 
conhecimento científico (tem os olhos fixos na referência objetiva do pensamento, 
na sua relação com os objetos; pergunta sobre a verdade do pensamento, sobre sua 
concordância com o objeto). 
- Costuma-se dividir a teoria do conhecimento em geral (investiga a relação do 
pensamento com o objeto em geral) e especial (toma como objeto de investigação os 
axiomas e conceitos fundamentais em que se exprime a referência de nosso 
pensamento aos objetos) 
 
3. A história da teoria do conhecimento 
 
¾ A teoria do conhecimento aparece com disciplina independente apenas na Idade 
Moderna 
- O filósofoJohn Locke deve ser considerado como seu fundador (Ensaio sobre a 
preocupação do conhecimento humano, 1690 – trata sobre as questões referentes à 
origem, à essência e à certeza do conhecimento humano) 
- Leibniz em 1765, em seu livro Novos ensaios sobre entendimento humano, tenta 
refutar o ponto de vista epistemológico. 
- Na Inglaterra George Berkeley em sua obra Tratados sobre os princípios do 
conhecimento humano (1710), e David Hume em sua obra principal Tratado da 
natureza humana (1734-40) edificam sobre a base dos resultados obtidos por Locke. 
- Na filosofia continental, Immanuel Kant aparece como o verdadeiro fundador da 
teoria do conhecimento. Sua filosofia é chamada de transcendentalismo ou 
criticismo. 
- Fiche, o sucessor de Kant, a teoria do conhecimento aparece intitulada pela primeira 
vez de teoria da ciência (já apresenta a teoria do conhecimento e metafísica que 
ganhará livre curso com Schelling e Hegel). 
- O neokantismo, surgido na década de 1890, em contraposição a esses tratamentos 
metafísicos da teoria do conhecimento, esforça-se por separar o questionamento 
metafísico do epistemológico. 
 
PRIMEIRA PARTE: TEORIA GERAL DO CONHECIMENTO 
 
Investigação fenomenológica preliminar: 
o fenômeno do conhecimento e os problemas nele contidos 
 
¾ Teoria do conhecimento: interpretação e uma explicação filosófica do conhecimento 
humano; para tanto é necessário examinar o fenômeno do conhecimento com exatidão 
(sua característica essencial mediante a auto-reflexão). Para esse exame o autor sugere o 
método fenomenológico, que procura entender a essência geral do fenômeno concreto. 
Esse método não procura estabelecer o que é característico de um determinado 
conhecimento, mas sim o que é essencial a todo conhecimento, o que consiste de sua 
estrutura geral. Assim esse método o fenômeno do conhecimento se apresenta do 
seguinte modo: 
- Consciência do objeto, ou seja, defrontam-se sujeito (sua função é apreender o 
objeto) e objeto (sua função é ser apreensível, é ser apreendida pelo sujeito): o 
conhecimento aparece como uma relação entre esses dois elementos. São dois 
elementos separados que entram em relação (correlação); um só existe porque o 
outro também existe. É o objeto que determina o sujeito ou o sujeito que determina 
o objeto? (questão que será respondida de forma diferente de acordo com as 
perspectivas filosóficas). 
- A essência do conhecimento está estreitamente vinculada ao conceito de verdade. 
Mas em que consiste a verdade do conhecimento? Deve consistir na concordância 
da figura do objeto. Um conhecimento é verdadeiro na medida em que concorda 
com a figura do objeto intencionado. Assim o conceito de verdade é um conceito 
correlacional. 
- Não basta também que um conhecimento seja verdadeiro, temos que ter a certeza de 
que é verdadeiro. Surge assim a questão a cerca do critério da verdade. A 
exigência desse critério pertence ao objeto do conhecimento. 
- O fenômeno do conhecimento possui 3 elementos principais: o sujeito, imagem, 
objeto. Pelo sujeito o fenômeno do conhecimento confina e esfera psicológica; pela 
imagem a esfera lógica; pelo objeto, a ontológica. A psicologia se abstém em sua 
investigação dos processos de pensamento e dirige sua atenção à gênese e ao curso 
dos processos psicológicos (pergunta sobre o conteúdo de verdade está fora de seu 
domínio). Com a imagem, o conhecimento ascende à esfera da lógica, sendo assim 
objeto da lógica. A lógica não é capaz de resolver o problema do conhecimento, 
pois ela investiga as estruturas lógicas, sua constituição interna e suas relações 
mútuas, ela pergunta sobre a concordância do pensamento consigo mesmo, não 
sobre sua concordância com o objeto. O questionamento epistemológico situa fora 
da esfera lógica. O terceiro elemento esfera ontológica, o ser é objeto da ontologia, 
mas ele não pode resolver o problema do conhecimento, pois não podemos eliminar 
o objeto no conhecimento, não podemos eliminar o sujeito. Sujeito e objeto são 
conteúdos essenciais do conhecimento humano. 
- Assim o rótulo do conhecimento é gnoseologico, e a referência da gnosiologia, do 
conhecimento humano, está na relação sujeito e objeto, e esta relação não cabe em 
nenhuma das três disciplinas mencionadas: psicologia, lógica, ontologia e sim na 
Teoria do conhecimento, como uma disciplina autônoma. 
 
¾ Na descrição do fenômeno do conhecimento há cinco problemas principais: 1) 
possibilidade do conhecimento (ocorre um contato entre sujeito/objeto?; será o sujeito 
capaz de apreender o objeto?); 2) origem do conhecimento (qual é a fonte do 
conhecimento, a razão ou a experiência); 3) essência do conhecimento humano (qual 
das duas interpretações do conhecimento humano é correta – o objeto que determina o 
sujeito, ou o sujeito que determina o objeto; a consciência do conhecimento não se 
comporta receptivamente frente a seu objeto, mas ativa e espontaneamente); 4) tipos de 
conhecimento humano (conhecimento racional-discursivo ou sua oposição, 
conhecimento intuitivo); 5) critério de verdade (como posso conhecer a verdade do 
conhecimento). 
 
I – A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO: 
 
1- O Dogmatismo: (doutrina fixa) 
 
O dogmatismo consiste na posição epistemológica para qual não existe ainda o 
problema do conhecimento. Diz respeito à possibilidade e a realidade do contato entre o 
sujeito e o objeto. O dogmatismo considera evidente a apreensão do objeto pelo sujeito 
(confiança na razão humana, sem a dúvida). 
Não há o problema do conhecimento, pois não há interação entre o sujeito e o 
objeto. O dogmático acredita que os objetos do conhecimento nos são dados. Não há 
relação de intermediação entre sujeito-conhecimento-objeto. Assim, as coisas existem na 
sua forma pura e simples. Os valores, por exemplo, não representam uma consciência 
avaliadora. Consiste, portanto, em ingenuidade intelectual, tanto psicológica quanto 
historicamente, pois não há reflexão epistemológica. 
Os precursores do pensamento dogmático são os filósofos pré-socráticos (Heráclito, 
pitagóricos e eleáticos), que, fundamentalmente, não percebiam que o próprio 
conhecimento já é, em si, um problema. Os sofistas são os primeiros a considerar o 
problema do conhecimento e a tornar inviável o dogmatismo dentro da filosofia. 
Em Kant, o dogmatismo é o cultivo do dogmatismo da metafísica, sem considerar a 
capacidade da razão humana para tal cultivo. Nesse sentido, a filosofia pré-kantiana é 
dogmática, embora haja reflexão epistemológica (como acontece em Descartes e Leibnitz). 
Trata-se, portanto, de um dogmatismo metafísico. 
 
2- O Ceticismo 
 
No que diz respeito à teoria do conhecimento, o ceticismo foi uma corrente 
filosófica surgida ainda no período da antiguidade, e sua origem se deu com Pirro de Élis. 
Este pensador acreditava no princípio do não contato entre sujeito e objeto, por uma razão 
simples: se este contato existisse, o objeto passaria a se tornar algo possível de ser 
apreendido e entendido pelo sujeito, e dessa maneira, o conhecimento se tornaria possível 
também. Mas para Pirro, o conhecimento também não existia, mas sim algo próximo ao 
conhecimento em si. Portanto, este era o ponto de partida de suas idéias. 
Outra idéia, ou negação marcante na obra de Pirro era que este negava o princípio 
da contradição, por acreditar que sempre que existissem dois juízos que se mostrassem 
contraditórios em sua essência, um poderia ser considerado tão verdadeiro quanto o outro, e 
dessa maneira a contradição deixaria de existir. Estas proposições se encaixaram numa 
subcorrente do ceticismo, denominada ceticismo pirrônico ou antigo. 
A seguir, surgiu um novo viés na história para se pensar e refletir acerca do 
ceticismo. Nasce com Arcesilau e Carnéades o ceticismo médio ou acadêmico. Segundo 
estes autores, não existia o conhecimento no sentidoestrito, mas sim proposições 
verossímeis. A verdade era algo tido como inexistente e inalcançável, o máximo que se 
poderia obter seriam proposições que pareceriam verdadeiras, mas a verdade em si não se 
poderia garantir. 
Na sua essência, o ceticismo apresentou bases de pensamentos importantes, como o 
ideal de que o sujeito não só é incapaz de apreender o objeto como também não o enxerga. 
O conhecimento se torna inatingível por esta impossibilidade de se enxergar, entender e se 
comunicar com o objeto. O centro de toda produção científica reside no sujeito e em suas 
mais variadas peculiaridades, e enquanto o ambiente externo se mostra importante no 
tocante a este processo de produção do conhecimento, o objeto pouco a pouco iria sumindo 
de sua vista. 
O ceticismo pode ser dividido em vários tipos: ceticismo lógico ou absoluto (onde 
ao mesmo tempo em que afirma existir a possibilidade do conhecimento, esta corrente do 
ceticismo também nega tal possibilidade); ceticismo metafísico (apenas os fatos são 
relevantes, enquanto a especulação metafísica deveria ser devidamente refutada); ceticismo 
ético (o conhecimento ético é impossível); ceticismo religioso (nada é absoluto, é a idéia 
base do agnosticismo); ceticismo metódico (que põe em dúvida tudo que aparenta ser certo 
e verdadeiro); e por fim o ceticismo sistemático. 
Embora o ceticismo e o dogmatismo se mostrem completamente antagônicos em 
sua natureza explicativa, na verdade se trata de um caso onde “os extremos se tocam”. Na 
história da filosofia, o ceticismo e o dogmatismo são complementares entre si. Enquanto o 
dogmatismo enche o pesquisador de confiança na capacidade da razão humana de 
desvendar a verdade dos fatos e gerar conhecimento, o ceticismo se apresenta como uma 
espécie de freio nesse entusiasmo, mantendo o pesquisador sempre alerta, cravando a 
dúvida com força no peito do pensador, e fazendo com que este não se aquiete e muito 
menos se contente com as soluções encontradas em seus estudos e reflexões, para que siga 
sempre em busca de saídas melhores e mais elaboradas para suas inquietações científicas. 
 
3- O Subjetivismo e o Relativismo: (verdade limitada por conta do sujeito) 
 
 Nessa possibilidade de conhecimento a verdade é limitada em sua análise, ou seja, 
cada um pode realizar a validade de uma afirmação. 
Não há verdade universalmente válida, sendo o sujeito, responsável em validá-la. 
No subjetivismo a verdade fica condicionada ao sujeito, que a conhece e a julga. Existem 
dois tipos de subjetivismo, o individual (quando um juízo vale apenas para o sujeito 
individual) e o genérico (quando se acredita que existam verdades supra-individuais). 
Há, entretanto, questionamentos sobre essa possibilidade de conhecimento. Isso por 
que, um juízo verdadeiro para um grupo pode não ser para outro grupo. 
O relativismo é a possibilidade de conhecimento onde não há verdade absoluta, e 
sim verdade relativa (com validade restrita). Enquanto o subjetivismo está relacionado à 
questão do sujeito, o relativismo relaciona-se a dependência de fatores externos (ambiente). 
Como fator externo, considera sobretudo a influência de fatores que são originados através 
do ambiente e das relações nele estabelecidas. Os exemplos de relativismo e subjetivismo 
vem desde a antiguidade. Os sofistas são considerados subjetivistas. 
“O subjetivismo e o relativismo padecem de contradições semelhantes às do 
ceticismo. Este afirma não haver verdade alguma e, com isso, se contradiz. O subjetivismo 
e o relativismo afirmam que não há verdade universalmente válida”. 
No fundo relativismo e subjetivismo são ceticismos. Isso por que, também negam a 
verdade, porém, não diretamente. 
 
4- O Pragmatismo: (de ação positivista) 
 
Como o ceticismo, o pragmatismo também abandona a possibilidade de existir uma 
verdade entre o pensamento e o ser. No entanto, o pragmatismo não se detém nesta 
negação. Para o pragmático, verdadeiro significa útil, valioso, fomentador da vida. “O 
homem não é um ser teórico ou pensante, mas sim um ser prático, um ser de vontade e 
ação. O intelecto é dado ao homem para orientar-se na realidade”. Assim, o valor do 
conhecimento está na possibilidade de sua aplicação prática. 
O fundador do Pragmatismo é William James – XIX. Mas há também o inglês 
Schiler, como um dos precursores nesta forma de conceber o conhecimento. Em Nietzsche, 
“a verdade não é um valor teórico, mas apenas ma expressão para designar a utilidade...”. 
Jorge Simmel fala na “Filosofia do dinheiro”. 
Para o pensamento pragmático, existe a verdade entre o sujeito e o objeto, mas ao a 
alcançamos jamais. Há também aqui, assim como o Ceticismo, uma contradição. “O erro 
do pragmatismo consiste em desconhecer o valor e a autonomia do pensamento humano. O 
pensamento está conectado com a vida humana, inserido na vida psíquica humana. Eis aqui, 
o acerto e o erro do pragmatismo.” 
 
5- O criticismo: (a ação crítica) 
 
Ceticismo X Dogmatismo 
 
Criticismo 
(Ponto de vista intermediário) 
 
 O criticismo está convencido que a verdade e o conhecimento são possíveis. 
Entretanto, sempre há o questionamento sobre os seus fundamentos. O criticismo se junta 
ao ceticismo e questiona a razão humana e o conhecimento determinado. 
 É um meio termo entre o dogmatismo e o ceticismo. Na antiguidade apareceu nas 
idéias de Platão e Aristóteles. Na Idade Moderna com Descartes e Lock. Entretanto, seu 
verdadeiro fundador foi Kant. Ele considerava o criticismo o método da atividade de 
filosofar, que busca tanto a fonte das afirmações quanto os fundamentos. 
 Johannes Hessen considera essa possibilidade de conhecimento a mais madura. Esse 
posicionamento significa reconhecer a teoria do conhecimento como disciplina filosófica 
autônoma, onde investigar carrega o significado de conhecer, de chegar ao conhecimento e 
perceber que ele é possível. 
 
 
Subjetivismo 
Relativismo 
Pragmatismo 
II – A ORIGEM DO CONHECIMENTO 
 
Origem do Conhecimento 
ƒ Sentido Lógico: em que se baseia a validade do conhecimento? 
ƒ Sentido Psicológico: psicologicamente, como se dá o conhecimento no sujeito 
pensante? 
 
Racionalismo: ponto de vista epistemológico que enxerga no pensamento, na razão, a 
principal fonte de conhecimento humano. 
ƒ Conhecimento matemático dedutivo e conceitual. 
ƒ Conhecimento autêntico 
ƒ Regras: relação causa x efeito. 
ƒ O pensamento é a verdadeira fonte e fundamento do conhecimento humano 
ƒ Juízos com necessidade lógica e validade universal. 
 
Tipos de Racionalismo 
 
Racionalismo Transcendente (Platão) 
 Mundo das idéias: ordem metafísica relacionada com a realidade empírica. 
 Doutrina da reminiscência: todo conhecimento é rememoração 
 
Racionalismo Teológico (Plotino e Agostinho) 
 Plotino: Espírito Pensante (Nous Cósmico) – Iluminação 
Agostinho: Iluminação divina (e, em menor grau, da experiência) 
 
Teognosticismo (Gioberti) 
Ontologismo: doutrina da intuição racional do absoluto como a principal fonte do 
conhecimento humano. 
 
Racionalismo Imanente (Descartes e Leibniz): doutrina das idéias conatas ou inatas. 
 Descartes: idéias inatas, prontas nos seres humanos. 
Leibniz: idéias inatas existem na medida em que o espírito nasce com a 
capacidade de construir conceito independente da experiência. 
 
Racionalismo lógico: o pensamento é fonte exclusiva do conhecimento. 
 
Empirismo: a partir da experiência do concreto cria-se o conceitual. A razão não possui 
nenhum patrimônio apriorístico. 
ƒ Parte de fatos concretos. 
ƒ Representantes das ciências naturais: empiria como método de pesquisa. 
Pensadores 
 
John Locke: desenvolvimento sistemático do empirismo. 
David Hume: Impressões: percepções nítidas (sensações e reflexões). 
 Idéias: representações baseadas nas impressões. 
Condillac:Sensualismo: sensação como única fonte de conhecimento. 
John Stuart Mill: atribuição do conhecimento matemático à experiência, como fonte 
única do conhecimento. 
 
 
Mediações Epistemológicas 
 
Intelectualismo: se para o racionalismo o pensamento é a fonte de conhecimento e pra o 
empirismo essa fonte e fundamento é a experiência, o intelectualismo considera que ambas 
participam da formação do conhecimento. A consciência cognoscente lê na experiência, 
retira seus conceitos da experiência. 
ƒ 1.ª Mediação entre o racionalismo e o empirismo. 
ƒ Existência de conceitos. 
ƒ Fundador: Aristóteles (discípulo de Platão): influência racionalista. 
ƒ Tomás de Aquino: cognitio intellectus nostri tota derivatur a sensu. 
ƒ Pesquisador: inclinação empirista. 
 
Apriorismo: o conhecimento apresenta elementos que são a priori (formas do 
conhecimento), independentes da experiência. Essa também era decerto a opinião do 
racionalismo. 
ƒ 2.ª Mediação entre o racionalismo e o empirismo. 
ƒ Fundador: Emmanuel Kant. 
ƒ Conhecimento (material: experiência; forma: pensamento). 
ƒ Espaço e tempo são as formas de intuição. A consciência cognoscente introduz 
ordem no tumulto das sensações na medida em que as ordena espacial e 
temporalmente na simultaneidade ou na sucessão. 
 
Posicionamento Crítico: critica ao racionalismo e ao empirismo. 
ƒ Não somente a experiência, mas também o pensamento participa da produção. 
ƒ Ciências Ideais X Ciências Reais. 
ƒ Verdades de fato. 
ƒ Condição de experiência possível: principio da casualidade. 
 
 
 
 
 
III - A ESSÊNCIA DO CONHECIMENTO 
 
O conhecimento quer dizer uma relação entre sujeito e objeto. O verdadeiro problema 
do conhecimento, portanto, coincide sobre a questão sobre a relação entre sujeito 
(subjetivismo) e objeto (objetivismo), estabelecendo uma solução pré-metafísica do 
problema, sem estabelecer o caráter ontológico dos dois elementos. 
 
1. Soluções pré-metafísicas do problema 
 
a) O Objetivismo 
 
Segundo o objetivismo, o elemento decisivo na relação de conhecimento é o objeto. 
O objeto determina o sujeito. O sujeito, de certo modo, incorpora, copia as determinações 
do objeto. Para ele, os objetos são algo dado, apresentando uma estrutura totalmente 
definida que será, por assim dizer, reconstruída pela consciência cognoscente. 
Platão foi o primeiro a defender um objetivismo tal como acabamos de descrever. O 
pensamento fundamental da doutrina platônica das idéias revive, hoje, na fenomenologia 
fundada por E. Husserl. Ambos distinguem a intuição sensível da não sensível.. O objeto da 
primeira são os objetos individuais, concretos; o objeto da segunda ao contrário, são as 
essências universais das coisas. O que Platão chama de idéia, Husserl chama de essência ou 
de essencialidade. 
Platão e Husserl concordam apenas no seu pensamento fundamental mas não nos 
maiores detalhes de seu desenvolvimento pois, enquanto Husserl permanece no reino das 
essencialidades ideais, considerando-as uma instância última, Platão avança no sentido de 
atribuir-lhes realidade metafísica. 
 
b) O Subjetivismo 
 
O subjevismo, ao contrário do objetivismo, tenta ancorar o conhecimento humano no 
sujeito. Não se tem em vista, é claro, o sujeito pensante individual e concreto, mas um ser 
superior, transcendente. 
A filosofia de Agostinho significou uma mudança do objetivismo para o subjetivismo 
no sentido aqui definido. Seguindo o procedimento de Plotino, Agostinho transferiu o 
mundo flutuante das idéias concebido por Platão para o espírito divino e transformou as 
essencialidades ideais existentes por si em conteúdos da razão divina, em pensamentos de 
Deus. Portanto, esse edifício está fundado no absoluto, em Deus. 
Reencontramos a mesma concepção, no que diz respeito a seu pensamento nuclear, 
na filosofia moderna. Dessa vez, porém, não deparamos com tal concepção na 
fenomenologia, mas justamente em seu antípoda, o neokantianismo. E, de fato, é a escola 
de Marburgo que defende a concepção mais próxima do subjetivismo aqui definido. Todos 
os elementos metafísicos e psicológicos são eliminados do núcleo do pensamento 
subjetivista. O sujeito no qual o conhecimento, em última instância, aparece ancorado, não 
em um sujeito metafísico, mas puramente lógico. Ele é caracterizado, conforme já vimos 
como “consciência em geral”. Não há objetos independentes da consciência, mas, ao 
contrário, todos os objetos são produções da consciência, produtos do pensamento. 
 
2. Soluções metafísicas do problema 
 
a) O realismo 
 
Por realismo entendemos o ponto de vista epistemológico segundo o qual existem 
coisas reais, independentes da consciência. Esse ponto d vista e suscetível de diversas 
variações. Uma variante do realismo ingênuo, onde para ele, as coisas são como nós 
percebemos. 
Diferente do realismo ingênuo é o realismo natural, condicionada por reflexões 
críticas e epistêmicas, sustentando que os objetos correspondem exatamente aos conteúdos 
perceptivos. 
A terceira forma de realismo é o realismo crítico, apoiado em reflexões crítico-
epistêmicas. Segundo ele, nem todas as coisas presentes nos conteúdos perceptivos convêm 
às coisas. Muito pelo contrário, as propriedades ou qualidades da coisa apreendidas por nós 
apena por meio de um sentido, como cores, sons, odores, sabores, etc., existem apenas e tão 
somente em nossa consciência, apresentando formas de reação em nossa consciência. 
Essas três formas de realismo são encontradas na filosofia antiga. No primeiro 
período do pensamento grego, o realismo ingênuo é o ponto de vista adotado de maneira 
geral. Já em Demócrito (470-370), porém, deparamos com o realismo crítico. Aristóteles, 
ao contrário, sustentou o realismo natural. Segundo ele, as propriedades percebidas convêm 
também às coisas, independentemente da consciência percipiente. Esse ponto de vista foi 
predominantemente até a Idade Moderna. 
O realismo crítico apóia sua concepção das qualidades sensíveis secundárias 
(apreendidas por um único sentido), principalmente sobre fundamentos tomados às ciências 
da natureza. É a física, antes de qualquer coisa, que oferece tais fundamentos. Assim, a 
física moderna considera as qualidades sensíveis secundárias como reações da consciência 
a estímulos determinados. Esses estímulos não são as próprias coisas, mas influências 
causais das coisas sobre os órgãos sensíveis. 
A fisiologia põe à disposição do realismo crítico outros tantos fundamentos. Ela 
mostra que não percebemos de maneira imediata o efeito das coisas sobre nossos órgãos 
sensíveis. 
Finalmente, a psicologia também fornece um apoio importante ao realismo crítico. 
Uma análise psicológica do processo perceptivo mostra que as sensações não constituem 
por si só as percepções. Pelo contrário, há certos elementos na percepção que não podem 
ser vistos simplesmente como reações a estímulos objetivos, vale dizer, a sensações, mas 
como acréscimos da consciência que percebe. 
Muito mais importante do que o modo pelo qual o realismo crítico fundamenta sua 
opinião (divergente tanto do realismo ingênuo quanto do natural) a respeito das qualidades 
sensíveis secundárias, é a sustentação que dá à sua tese fundamental ( compartilhada com 
os outros dois tipos de realismo) segundo a qual há objetos reais independentes da 
consciência. 
Antes de tudo, o realismo crítico faz referência a uma diferença fundamental entre as 
percepções e as representações. Essa diferença consiste em que, nas percepções, lidamos 
com objetos que podem ser percebidos por diversos sujeitos, enquanto os conteúdos das 
representações só são perceptíveis para o sujeito que as possui. Os objetos da percepção, 
portanto, são perceptíveis para muitos indivíduos; os conteúdos da representação, só para 
um. 
Como fundamento adicional, o realismo crítico cita a independência das percepçõescom 
respeito à vontade. As representações, eu posso provocar, modificar e fazer desaparecer 
segundo minha vontade; com as percepções isso não é possível. 
Para o realismo crítico, o fundamento de maior peso é a independência dos objetos de 
percepção com respeito às nossas percepções. Os objetos de percepção permanecem mesmo 
quando subtraímos nossos sentidos à sua influência e, em conseqüência, deixamos de 
percebê-los. O realismo crítico conclui daí que, na percepção, ocupamo-nos de objetos que 
existem fora de nós, que possuem um ser real, onde a realidade não pode ser provada, mas 
apenas experienciada e vivenciada. As coisas opõem resistência à nossa vontade e ao nosso 
esforço e é nessa resistência que vivenciamos a realidade das coisas. É exatamente assim 
que as coisas mostram à nossa consciência que são reais: sendo fatores de inibição em 
nossa vida volitiva. Costuma-se chamar essa forma de realismo de realismo volitivo. 
O realismo volitivo é um produto da filosofia mais recente. Nós o encontramos pela 
primeira vez no século XIX. Devemos considerar o filósofo francês Maine de Biran como o 
seu primeiro representante. Quem mais se esforçou para fundamentá-lo e desenvolvê-lo foi 
Wilhem Dilthey. 
Apresentamos, assim, as diferentes formas de realismo. Todas elas têm por base a mesma 
tese: há objetos reais, independentes da consciência. Só poderemos decidir sobre o que é 
correto e incorreto nessa tese na medida em que apresentamos a antítese do realismo, ou 
seja, o idealismo. 
 
b) O Idealismo 
 
A outra perspectiva metafísica vem em oposição ao realismo e põe que a relação 
sujeito-objeto depende da consciência. Assim, existem duas correntes do Idealismo (relação 
sujeito-objeto) o idealismo no sentido metafísico e o idealismo epistemológico. 
Idealismo no sentido metafísico coloca que a realidade é baseada em forças 
espirituais, em poderes ideais (idealidade da realidade). 
Já o Idealismo no sentido epistemológico “não há coisas reais independentes da 
consciência” – é necessário considerar os objetos reais através dos objetos existentes na 
consciência (idealismo subjetivo ou psicológico) ou através dos objetos ideais (idealismo 
objetivo ou lógico). Os objetos têm seus conhecimentos condicionados a sua 
perceptibilidade. O idealismo epistemológico subdividi-se em subjetivo ou psicológico e 
objetivo ou lógico. 
O Idealismo Subjetivo ou psicológico leva em consideração que a realidade está 
constituída na consciência do sujeito (são conteúdos já estabelecidos na mente), são 
percebidas. Essa corrente é conhecida como consciencialismo, pois entende a consciência e 
conteúdos como a única coisa efetiva, não existe ser independente da consciência. Portanto, 
para ser algo precisa ser percebido. Em Berkeley o idealismo aparece com bases 
metafísicas e teológicas – Deus é o provedor das percepções sensíveis, mas independem 
dos nossos desejos e vontades. Já em Avenarius e Mach (empiriocriticismo) “nada existe 
além das sensações”. Segundo Schuppe e Schubert-Soldern (filosofia da imanência) o ser é 
inseparável da consciência. E para Schubert-Soldren (solipsismo) existe apenas a 
consciência de quem conhece. 
No Idealismo Objetivo ou Lógico leva em consideração a “consciência objetiva da 
ciência”. “Soma de pensamentos, de juízos”. “Lógico e ideal”. Reduzir o objeto ao fato 
lógico ou intelectual. O ser das coisas é dado na percepção da percepção. Determinar o 
objeto real como algo que estamos encarregados, por isso buscamos “conhecer a definição 
lógica do dado na percepção e a transformação desse dado em objeto do conhecimento”. 
Assim, objetos são produtos do pensamento. 
As diferenças entre realista e idealista pode ser percebida no exemplo do giz dada 
por Hessen. Para o realista o giz existe independente da minha consciência. Já para o 
idealista subjetivo o giz existe apenas na minha consciência. E no idealista lógico o giz o 
giz deve ser algo construído (pois não está em mim nem fora de mim) – formação do 
conceito giz o pensamento constrói o objeto giz. 
Se reduzir a realidade a natureza lógica o objeto se transforma em Panlogismo - O 
pensamento que faz surgir o ser (Neokantismo e Escola de Marburgo). Para Hegel existe 
um ser puramente lógico. 
 
c) Fenomenalismo 
 
Para o fenomenalismo é necessário lidar com o mundo das aparências. Essa corrente 
pretende reconciliar (fazer a mediação) entre realismo e idealismo (Kant). “É a teoria 
segundo a qual não conhecemos as coisas como são, mas como nos aparecem”. As coisas 
reais existem, mas não reconhecemos a sua essência (reconhecer o “que” das coisas no seu 
“o que”). Tem base realista quando considera que existem objetos reais, mas leva ao 
idealismo ao pensar na limitação do conhecimento da realidade através do uso da 
consciência. “As coisas não são tais como percebemos”. E as formas primárias (forma, 
extensão e movimento) e secundárias (cores, odores, sabores) sensíveis surgem na nossa 
consciência. As coisas não vêm apenas de uma determinação intuitiva, mas também de 
determinações conceituais. O mundo objetivo surge a partir do mundo subjetivo. O mundo 
das aparências surge através da base organizacional da consciência (ver o mundo impondo 
formas da minha consciência). 
 
d) Posicionamento crítico 
 
No final deste capítulo, onde o autor discorre sobre as diferenciações entre o realismo 
e o idealismo, ele propõe uma possível superação dessa dicotomia. 
O realismo, apesar de todo vigor que a sua perspectiva mais crítica apresenta (o 
realismo crítico), não conseguiu superar totalmente o idealismo, e o motivo é simples: “(...) 
ele não pode fazer com que prevaleçam razões logicamente necessárias, mas apenas razões 
prováveis” (p. 88). Parece então que, para se alcançar decisões racionais, fazem-se 
necessário lançar mão de vias irracionais (Ibid.). 
Hessen dá ênfase a um novo realismo que surgia na época, o realismo volitivo. Este 
desdobramento do realismo defende que o ser humano é um ser que quer e que age. A 
vivência imediata é o motor de superação, na prática, do idealismo. A vontade do ser frente 
às resistências cria as possibilidades efetivas de experiência. 
Não à toa, Maine de Biran contrapõe-se à tese descartiana, afirmando outra 
proposição: volo, ergo sum. 
Sobre as determinações objetivas das coisas, o autor faz-se uma importante distinção 
entre as concepções aristotélica e kantiana de conhecimento, ressaltando que a primeira tem 
uma função de recepção e passividade, enquanto que a filosofia kantiana considera o 
conhecimento uma construção/função ativa e produtiva. 
Hessen vê a primeira concepção como estando presa à “estrutura do espírito grego”, 
que tinha grande apelo estético e plástico, apresentando o mundo como um cosmos, um 
todo harmônico que possui forma e formato em toda parte. Em suma, o sistema aristotélico 
baseia-se “num pressuposto metafísico indemonstrável” (p. 90). 
No pensamento de Kant, o mundo prático-sensível é um caos inextricável, sendo a 
consciência o veículo que porá ordem nas coisas. O pensar então, para Kant, “não significa 
outra coisa senão ordenar” (p. 91). A contradição está, portanto, instaurada neste 
pensamento, visto que se o mundo material fosse esse todo indeterminado, não se sustenta a 
aplicação de categorias como substância, causalidade etc. Se aplicamos uma categoria 
determinada, pressupõe-se que exista um fundamento objetivo nos objetos reais na hora da 
aplicação dos procedimentos do pensamento. 
 
 
2. Soluções Teológicas do problema 
 
Na última divisão do capítulo, discutem-se as soluções teológicas criadas para o 
problema sujeito-objeto: o monismo-panteísmo e a dualismo-teísmo. 
 
a) Monismo-panteísmo 
 
 
O monismo-panteísmo, ao contrário das duas correntes anteriormente discutidas, 
retrocede ao absoluto para chegar à solução da problemática, negando a negação de uma ou 
outraparte para a posterior incorporação delas numa unidade última. “Sujeito e objeto, 
pensamento e ser, consciência e objeto são apenas aparentemente uma dualidade; 
efetivamente, eles são uma unidade (...)” (p. 92). Espinosa está entre os pensadores 
modernos que advogaram a concordância cabal entre os dois atributos (pensamento e 
extensão), dando substancialidade à ordem das coisas, sendo um critério universal válido 
para a multiplicidade de determinações e modos do real apresentados pelo mundo. 
 
b) Dualista-Teísta 
 
A solução dualista-teísta, por sua vez, trata o dualismo dentro de uma estrutura 
metafísica onde a divindade é o ponto comum, a gênese do sujeito e do objeto, do 
pensamento e do ser. Ela possui um contorno diferente da discussão empreendida pelos 
pensadores “seculares”. 
No teísmo cristão encontram-se autores como Plotino, Agostinho, Tomás de Aquino, 
Descartes e Leibniz. Para estes, a harmonia do mundo parte da vontade e da plenitude de 
Deus. Logo, as coisas do mundo não conseguem agir reciprocamente, mas apenas 
isoladamente, sendo unidades herméticas que não possuem capacidade imanente de se 
conectarem com outras coisas. 
Para finalizar, Hessen provoca que não podemos usar a solução teísta para os 
problemas da realidade objetiva, assim como uma mera inclinação ao realismo também nos 
conduz a um fecho metafísico da epistemologia.

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