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Caderno HEG2 – Matéria P2 
Prof: Daniel Barreiros
Unidade 3 – grande depressão e o New Deal
A quebra da bolsa e as consequências:
Existem 4 grandes razões para a crise ter começado nos EUA (a crise começa como financeira)
Setor de duráveis e cadeia produtiva foram carro chefe do crescimento. 
Os anos 20 foram de crescimento internacional, principalmente dos EUA, e eles não cresceram em conjunto. Foi um crescimento assimétrico e a principal causa da bolha financeira foi a questão produtiva. As taxas de lucro não serem mais tão altas nos setores tradicionais incentivam a busca de ganho financeiro especulativo. 
Os setores tradicionais surgidos com a primeira revolução industrial foram os que estagnaram e quem levou ao crescimento foram os da segunda revolução. O fato de o crescimento ter acontecido assim fez com que a renda não acompanhasse a economia. A área desenvolvida não tinha alta empregabilidade e os que tinham essa característica haviam estagnado e não estavam mais contratando tanto. 
Além desse problema da empregabilidade, houve o fato das empresas que estavam estagnadas começaram a comprar papeis das empresas mais dinâmicas e foi assim que o circuito especulativo começou. Eles percebem que tem como ter ganho transacionando papei e todos os setores acabam entrando. 
Expansão agrícola, endividamento e deflação.
O aumento dos preços durante a guerra incentivou investimento na área durante o período de 14 até 17. O problema é que a guerra acabou e com isso a demanda diminui, mas o investimento já havia sido feito. O setor agrícola é um que o investimento é feito muito antes, a decisão de plantar é feita e não tem mais volta. Quando isso aconteceu, os preços caíram de novo.
A agricultura é formadora de preços na indústria porque forma os salários. O preço cai, pode cair o salário. Isso poderia reduzir os custos industriais, só que o problema era o fato do setor ser devedor. Quando os preços caíram muito houve perda da capacidade de pagamento e os bancos levaram calote. Apelam para o Banco Central para tentar se salvar, mas esse estava preso sem poder ajudar por causa da preocupação com a taxa de câmbio do padrão ouro-divisas. Sozinhos não conseguiriam sair da crise, então apelam para os grandes bancos e apor uma bola de neve a crise chega a eles e ao BC. Culmina na crise do setor bancário. O governo não tenta salvar porque a preocupação é a moeda e internacionalizou a crise porque havia papeis no mercado. 
Além do problema da expansão, outro problema da agricultura foi a volta da URSS à exportação e fazia isso a qualquer preço, mas os EUA não podiam fazer o mesmo. URSS estava fora do mercado, podia determinar o preço que queria, enquanto EUA estavam dentro e precisavam de um retorno mínimo. Diminui os preços pra tentar fazer frente aos produtos soviéticos e acabou piorando a situação. 
Um fator que também piorou a situação foi uma catástrofe ambiental no meio oeste por conta do uso intensivo. 
Retração da massa salarial.
Como o crescimento foi baseado em setores de baixa empregabilidade e os de alta estão em retração, acaba havendo redução do consumo dos produtos que essas áreas que setores produzem. Quando faziam a produção era com a expectativa de um mercado amplo, mas o mercado estava sem dinheiro porque poucos estavam empregados e quem estava recebia pouco. 
Setor bancário e especulação financeira:
Circuito:
OPERADORES OFRECEM AO ACIONISTAS
BANCOS DÃO CRÉDITO AOS OPERADORES DA BOLSA 
FED DÁ CRÉDITO 
AOS BANCOS	5%	12%
N
Ã
O TENDO MAIS O QUE OFERECER DE GARANTIA 
OFERECEM
 PAPEIS. O PROBLEMA SERIA PERDER O VALOR, MAS PAGARIAM A DIFEREN
Ç
A EM DINHEIRO.
OFERECEM GARANTIAS COMO CASA, TERRA 
ETC
ACIONISTAS (pagariam mais direto com os bancos
)		?
	O esperado seria os brokers não aceitarem papéis como garantia de pagamento, mas o fazem para não perder chances de dar crédito com juros altos. O que eles fazem é pedir ao senado para permitir cláusulas de stop loss. Elas consistem no endividado ter que dar a diferença em dinheiro caso o papel perca valor. O risco era grande, mas a euforia o acompanhava. 
	Até 1928 os lucros eram crescentes na mesma proporção que as ações, então os agentes esperavam os balanços saírem para decidir o que fazer. Depois de março eles percebem que há diferença entre a taxa de retorno e rentabilidade. Diminuem os dividendos e isso podia significar redução da rentabilidade, mas os agentes não reagiram segundo os indícios. Eles não esperam mais os balanços, as transações são feitas rapidamente e encontram quem compre porque confiam que sempre terá alguém para repassar e ganhar mais. 
	O FED percebe e tenta interferir aumentando os juros, mas isso acelera a crise porque, diferente do esperado, aumentou a especulação. Isso porque quando fez isso aumentou não só os juros pra especulação, mas também os dos papéis da dívida pública. A consequência foi atrair o mercado europeu e não só para as dívidas públicas como também para a especulação porque os bancos ajustaram os seus papéis para torná-los mais atrativos. . Daí surge o mecanismo de internacionalização da crise através dos bancos. O dinheiro não volta para os bancos, eles não podem trocas os papéis para os bancos europeus e esses, para não quebrar, cobram dos agentes europeus. 
	Para a agricultura isso foi ruim porque o crédito ficou mais caro em época de colheita e gera uma cadeia de inadimplência. 
	Em outubro de 29 as empresas mostram rendimentos menores os papéis valem menos os brokers cobram o ressarcimento da diferença os agentes dizem que não tem como pagar brokers tentam se livrar dos papeis na bolsa, mas 90% de uma vez sem compradores papéis viram nada.
	Ainda teve o agravante de haver pessoas esperando comprar papéis muito a baixo do valor de mercado e esse comportamento predatório quebrou todo mundo. 
FED tenta evitar nova quebra pedindo aos bancos para comprar os papeis com a expectativa de quem os agentes pensem que há algo a ganhar e voltem a comprar. Isso durou apenas 4 dias e a bolsa quebrou de novo e ninguém socorre disseminando o pânico e o estouro da crise. Foi uma década perdida nos EUA.
Soluções abertas aos EUA:
	No ano de 30 acontecem eleições no país e o democrata Roosevelt ganha. Sua vitória teve muito a ver com o plano econômico diferente do ortodoxo proposto pelos republicanos. Políticas ortodoxas geram insatisfação em todo o mundo e há avanço dos movimentos de extrema direita e esquerda. Nos EUA o resultado da insatisfação foi a eleição de um democrata. 
	A política econômica proposta pelo presidente era chamada de New Deal. A proposta é mudar a natureza do Estado americano. Havia sido fundado como Estado não intervencionista e o plano propunha a transformação em um Estado regulador, que impunha limites sem interferir diretamente. Não era o objetivo estatizar e nem planificar. O Estado colocaria limites e forneceria condições para facilitar o processo de refinanciamento. O Estado precisa aparecer para garantir o financiamento e trazer de volta a confiança. Não era uma crise de falta de dinheiro, sim de falta de confiança. 
	O New Deal era um plano de economia de inflação pela inflação. O objetivo era partir para frente seguindo a via heterodoxa, expandir o meio circulante (1933). Não era possível fazer isso se continuasse no padrão ouro-divisas. Ainda havia o grupo do ouro, que perdeu competitividade pro da libra que tinha câmbio mais baixo e era inconversível. Era necessário encontrar um pretexto para sair do ouro de forma honrável, uma justificativa. A oportunidade apareceu na conferência de Londres em 1933.
	Os EUA solicitaram a conferência para discutir os rumos da economia internacional. Em Gênova estavam alheios, mas como estavam perdendo se enquadram no cenário e pedem conferência. Precisavam convencer os ingleses a parar com a política de câmbio desvalorizado. Os britânicos apresentam condições para voltar pro ouro. O primeiro ponto seria reflacionar para que não houvesse perda da vantagem competitiva que adquiriram (pensamentodiferente do de Bruxelas). Caso o dolar deflacionasse, ganharia poder. Queriam enfraquecer para a libra ganhar poder, mas não muito para a situação não se inverter e eles se verem ameaçados pela via comercial. A libra teria poder novamente, mas com um câmbio mais baixo do que tinham no pré guerra. Se o FED aceita essa medida expansiva, fragiliza o padrão ouro-divisas e há corrida contra a moeda. Eles aceitam e exatamente isso acontece. Quando os agentes vão pedir para trocar os papeis, descobrem que o Estado havia acabado com o padrão. Era a desculpa que eles precisavam e quando a decisão foi tomada abriu portas para colocar em pratica a medida expansiva do New Deal. Com o padrão não tem como porque precisa emitir moeda e isso descontrolaria o câmbio.
	Quem mais queria o fim do padrão ouro-divisas eram os agricultores. Isso porque pelos preços estarem muito baixos queriam a inflação. Além disso, como seus créditos eram hipotecários, a dívida deles diminuiria. Chegam a mandar proposta para acabar com o padrão, mas não passou e foi por pouco. A manutenção só era boa para a elite financeira. 
	Depois de declarar inconversibilidade o presidente conseguiu poderes legais para mexer no dólar e o desvaloriza. Além disso, emitiu muita moeda. Era uma política expansiva clara. Outros países tomaram decisões parecidas e isso preservou o dólar.
	Em 1934 ele criou o Gold Reserve Act que dizia que ouro era privilégio único da união, acabava com o free gold. O objetivo era controlar o mercado livre, que era um pilar da pressão para controlar o câmbio através de arbitragem (mesmo princípio da política alemã de 1931, mas feito de forma diferente). Poderiam tentar fazer fora do país, mas não conseguiriam porque só tem ouro com a união. Outro ponto era ter mais reserva para importar.
	Em 1933 ele decreta o Breaking act que cria Federal Deposit Insurance Corporation. Era seguro para depósito bancário. Foi a forma encontrada para salvar os bancos pela via estatal. Também criaram leis para evitar especulação. 
	Como efeito da política monetária houve mudança de expectativa dos produtores e o retorno do circuito de investimento. O que ocorreu foi que com a inflação haveria aumento de preço, mas o custo não aumentaria na mesma proporção porque havia capacidade ociosa e o maior custo seria em máquinas. Diferente da Alemanha que voltou a produzir com a economia deflacionada. Inflação não teria esse efeito lá porque a capacidade produtiva que tinham não era que nem a americana. 
	O New Deal apresentava soluções para o problema da agricultura. A política de Hoover também se preocupava, mas apenas criando estoques reguladores. O problema era a produção ser muito grande e haver o padrão ouro impedindo muito gasto. Roosevelt também fez estoques reguladores, mas não só isso, e quando fez não tinha as limitações do padrão. O lado bom de manter esses estoques é evitar a queda dos preços e uma nova quebra dos produtores porque a decisão de investir já havia sido feita. O lado ruim é que gasta muito e não estimula a redução da produção. Para tentar controlar essa situação, há a criação do Protecting act. Ele consistia em uma taxa ao consumidor que era revertida aos agricultores, mas só receberiam se reduzissem a área plantada. O pensamento era que o gasto não seria mais do governo e controlaria a produção. Acabou não dando certo porque houve aumento de produtividade mesmo que a área plantada tenha sido reduzida. A política agrícola só não foi um fracasso porque a renda se recompôs em 1935. Isso era de extrema importância porque poderiam saldar dívidas com bancos agrícolas, que saldariam com grandes bancos e etc. Desfazendo a bola de neve que os quebrou em 29. A chave para o funcionamento do New Deal é a agricultura. Isso porque ela era formadora de salários, foi o ponto de início da crise, forma de recuperar renda para consumo. Durante o New Deal a renda sai da cidade para o campo, então era importante recuperar a renda agrícola. 
	Estado se preocupava com indústria se reconstruir arrochando trabalhadores. Isso porque a reconstrução estava baseada no mercado interno. New Deal era baseado na reconstrução via recuperação da renda do trabalhador. A indústria era de bens duráveis, a elasticidade renda era muito alta. A consequência era que se aumentasse a renda, aumentaria muito o consumo. Para isso acontecer, não podiam apenas subsidiar porque podem não usá-lo para repassar ao trabalhador. A política foi arbitrar a relação entre capital e trabalho e para isso criou a NIRA. Consistia na regulação da concorrência para evitar arrocho salarial como forma de ganhar no mercado, na implementação de uma conduta de “concorrência leal”. O Estado atende aos interesses da AFL, sindicatos dentro do governo. A regulação das relações de trabalho e da concorrência empresarial acontece de forma que cria códigos de conduta elaborados nas empresas por comissões tripartidas. Respeitar às decisões das comissões garantia o selo da águia azul. Foi o primeiro caso de consumo consciente. Essas comissões foram criticadas pelos conservadores, que achavam uma medida comunista. Os efeitos do NIRA foram recontratação de muitos trabalhadores pela força da lei, pagamento de salários, impediu recuperação pela exploração do trabalhador, evolução salários juntamente com lucro. Isso até 1935 porque depois foi considerado inconstitucional. Houve manifestação contra corporativismo, recuperação de 34 seria suficiente para mudar atitudes. Os sindicatos já estavam contra porque estava havendo repasse do custo para os preços finais.
CONTRAPARTIDA PARA RECEBER O SELO
:
-PROIBIDO TRABALHADOR MENOS DE 16
- FIXAR SALÁRIO MÍNIMO 
-LIMITAÇÃO JORNADA DE TRABALHO
- NEGOCIAÇÃO COLETIVA PELA VIA SINDICAL SOBRE OS SLÁRIOS (Concentrou indústria porque os sindicatos mais fortes estavam mais perto das indústrias mais fortes. Acaba que eles determinam as condições e as indústrias mais fracas muitas vezes não conseguem se adaptar. Lado ruim é desestimular produção e bom é aumentar renda desses trabalhadores
)
 	
f
A política de emprego do New Deal foi baseada na criação do Emergency relief act, que era a criação de emprego público na expansão da infraestrutura para quem não tinha condições de ser empregado. Eram contrários à política inglesa de seguro desemprego. A importância era que como a ênfase era nos bens duráveis e é indústria de baixa empregabilidade, isso aumenta o emprego. Os salários eram mais baixos, mas essas pessoas estavam fora da capacidade de conseguir empregos, então já aumentava suas rendas. Também criou a PWA que cria possibilidade de empregos na construção de escolas, ferrovias, rodovias etc. Isso impediu exploração dos trabalhadores porque isso já reduzia o custo das empresas com infraestrutura, então não precisavam abaixar os salários. A infraestrutura vem de dinheiro público, o custo privado com isso passa a ser zero. Todo o New Deal se vira para reduzir custo das empresas para evitar arrocho do trabalhador e possibilitar aumento da sua renda. Outra medida da PWA foi reflorestamento porque um fator da crise foi catástrofe ambiental do meio oeste por uso excessivo. Deixa em repouso para no médio ou longo prazo voltar a produzir. 
Estatização do New Deal ocorreu quando criou a TVA na margem do Tenessee com a função de reduzir custos e usava mao de obra da PWA e água do rio para fornecer energia elétrica barata para NY. Houve estímulo de setores de trabalho intensivo; construção civil. Junto com hidrelétricas criou política de parcelamento de terras para evitar desemprego por causa dos alagamentos. 
New Deal não recupera EUA, mas o tira da situação de queda. 
Unidade 4 – O nazismo, a recuperação econômica e a guerra
O crescimento alemão foi rápido, mas aquém do mundial. A tarefa pós 32 era mais complexa. Em 35 alcança o PIB de 28, mais rápido que os EUA que só conseguiram isso em 39. Em 38 recupera nível 1913, que era ano chave para todos quando se tratava de crescimento. Isso esconde que apesar de ter crescido mais rápido, cresceu bemmenos. 
A recuperação alemã não está voltada para atividades de alta produtividade. Eles empregavam mais, mas não em setores de produtividade alta. Para eles, diferente dos EUA, não importava a recuperação da renda do trabalho. 
Razões da política ter levado ao crescimento:
	Parte da recuperação aconteceu pela retomada do ciclo de investimentos. Em comparação com os EUA , a Alemanha começa acrescer já em 31 e os EUA só em 33. Isso porque Roosevelt só subiu ao poder com seu plano heterodoxo nesse ano. 
	A Alemanha interrompeu sua espiral recessiva porque no ano de 31 os EUA propuseram moratória e ela ocorreu ajudando a estimular em parte o investimento privado. Outra medida do mesmo ano foi ter optado por salvar os bancos ao invés da moeda. Isso deu mais confiança aos agentes de que havia alguma instituição por trás segurando a economia. Conseguiu sair da recessão apenas pelo retorno do circuito de investimentos, diferente dos EUA que precisaram criar medidas específicas para isso ocorrer. Na Alemanha o retorno foi “espontâneo”, governo não precisou fazer nada diretamente para trazer o retorno dos investimentos, nada especifico. 
O problema de uma recuperação com essas características é que indústrias voltando sozinhas, para aumentar a competitividade elas reduzem muito os salários. Foi o que o Estado americano quis evitar com as políticas do New Deal.Uma recuperação assim não pode esperar a renda do trabalho aumentar para aumentar o consumo de duráveis.
	Em 1932 o Estado alemão percebeu o retorno dos investimentos e tomou providências para mantê-lo. Não expandiram renda, apenas criaram medidas de direcionamento de consumo. Eles não queriam aumento da renda, mas precisavam investir nos setores fundamentais para o crescimento (principalmente os que facilmente eram convertidos para guerra). Para conseguir isso sem aumentar a renda, usam estímulos fiscais. Fazem isso principalmente nas indústrias de automóveis e eletrodomésticos. Notar que os setores que baseiam a recuperação econômica alemã são diferentes dos americanos.
Razões para não ser interessante aumentar a renda do trabalho:
	O motivo de não quererem aumentar a renda é que diferente do Estado americano, o alemão não é apenas regulador, ele participa como empresário. A consequência é que aumentar renda seria aumentar o próprio gasto e gerar aumento do conflito entre expansão do consumo familiar e do Estado. Se aumenta a parcela do consumo privado, tem que diminuir o do Estado. O Estado, então, para aumentar a sua parcela, tem que reduzir a do consumo privado. Enquanto não tem como aumentar o excedente, é o que se pode fazer. Nos EUA não há essa preocupação porque não há o objetivo de aumentar a parcela do Estado no consumo do excedente, ele é apenas um regulador e não um participante. 
Mudanças trazidas pelo Nazismo:
	Não havia um plano geral econômico no partido nazista, havia disputas ideológicas internas para definir a forma de agir. As diferenças eram tão grandes que até defensores da planificação da economia existiam, junto com os que discordavam como Schatt. Nazistas acabaram herdando a economia da República de Weimar, não houve mudança administrativa. O “novo plano”de Schatt, por exemplo, continuou em vigor, assim como protecionismo. Não houve apresentação de novidades. 
	O que de fato muda com o nazismo é que passa a haver controle social autoritário e discurso nacionalista. Isso ajudou porque fez o povo ter que aceitar a baixa nos salários. O nacionalismo fez, inclusive, que as pessoas se dispusessem à queda salarial. Outro ponto foi a política de trabalho emergencial, mas com objetivo diferente do americano. Na Alemanha era uma medida muito mais política do que econômica, deixava as pessoas mais próximas do governo porque foi ele quem as empregou. Os salários eram extremamente baixos. Nos EUA era uma das políticas para recuperar renda. Os salários eram mais baixos, mas não exploratórios e o objetivo era ajudar a cortar gastos na indústria para aumentar salário nas mesmas e aumentar renda do trabalho. A Alemanha não tinha essa preocupação. 
	Houve um abandono do modelo de crescimento por exportação, desde 1931 está fechada e com câmbio controlado. Não sendo assim, tem que ser pelo consumo doméstico. O ponto é que o trabalhador não tem renda para consumir, então quem o faz é o próprio Estado. Com isso expande sua função de regulador e empresário para consumidor também. Passa a consumir o excedente através do setor de base, indústrias pesadas. Isso entra na estratégia de fortalecer setores que podem ser facilmente convertidos para o lado militar. Outras indústrias são puxadas pelos salários da indústria pesada, enquanto nos EUA o carro chefe são os bens duráveis. Eles fazem a política de direcionamento de demanda por tributo (tributam o produto e repassam para indústrias de interesse. Mesma política que EUA fez apenas na agricultura). Uma diferença básica é que o governo alemão compete com o setor privado, enquanto o americano cria condições para o mesmo fluir.
Componente Monetário da recuperação alemã:
	O componente monetário da recuperação consistiu na realização da expansão do meio circulante, mas não com juros despencando que nem nos EUA porque não há participação dos bancos, é para gasto direto com fornecedores, salários e subsídios. Nos EUA havia financiamento de crédito, na Alemanha não. Os juros bancários estavam altos e quem não estava nos planos do Estado para receber dinheiro não tinha alternativa além deles. Isso contribuía para aumentar o consumo do excedente pelo Estado porque reduzia consumo familiar, já que eles não estavam nos planos do Estado e recorrer aos bancos estava difícil pelas altas taxas. 
Semelhanças com o plano americano de recuperação:
	Quanto às semelhanças com o New Deal pode-se falar da preocupação com a agricultura. No caso alemão era por ser formadora de salários e por ter usado da ajuda do setor para subir ao poder. As políticas foram de preço mínimo e renúncia fiscal com o fim de aliviar os endividados. Não há política para reduzir produção porque salários baixos interessavam o governo e porque não havia preocupação com os grãos soviéticos já que estavam fechados para o mercado. Inclusive houve permissão para que usassem renda excedente para expandir a capacidade produtiva, pois já havia planos para guerra e a economia estava fechada. 
Características importantes do crescimento alemão:
	O crescimento da produtividade apresentava uma relação homem/hora pequena e salários reais também se comparados aos números americanos. Isso tem a ver com os setores que puxam a economia para frente. Na Alemanha as políticas de trabalho emergencial tem uma importância grande, enquanto nos EUA servem apenas para “tapar um buraco”, garantir emprego àqueles que não estão em condições de entrar no mercado de trabalho. Na Alemanha, o trabalho era usado em atividades cuja produtividade era muito baixa e essas políticas eram feitas para evitar catástrofes políticas. Nos EUA a política industrial consiste em várias medidas para aumentar a empregabilidade (NIRA, olhar na U3), mas na Alemanha houve falta de correlação entre investimento e inovação porque não havia pressão do mercado por isso já que estava fechado e isso não estimula a competitividade. O crescimento alemão passa pelo setor pesado, mas não ainda militar. Até 1935 precisam esconder esse objetivo por ainda estarem sob o tratado de Versalhes e não poderem investir militarmente. Até a recuperação acabar, gastos militares não eram importantes. Eram indústrias pesadas que seriam militarmente importantes no futuro. Nos EUA o setor era o de bens duráveis. 
Rearmamento alemão:
Havia resistência nos gastos militares porque os líderes temiam que rearmamento às pressas pudesse levar a uma intervenção estrangeira e não houvesse planejamento dos gastos. Também porque os lideres empresariais não conseguem entender a diplomacia alemã, não sabem se a guerra aconteceria ou não e isso era um problema porque não sabiam se decidiam investir ou não. Se o fizesseme não tivesse guerra, teriam prejuízo. Foi por causa dessa não conversão do setor privado, dessa indecisão, que em 1937 o setor público o atropelou. Hitler era contra ter armas nesse período porque queria evitar inflação, deu maior prioridade às estradas. 
Mudança na tendência alemã:
	Em 1936 a tendência alemã de manter o Estado como regulador acaba com a queda de Schatt. Antes disso, Goring propõe plano quadrianal de gastos públicos desenfreados que trouxessem autosuficiência alemã. Para conseguir fazer isso foi necessário investimento em sintéticos porque com o mercado fechado não tinham como importar. Com isso houve a expansão da indústria química alemã. Foi ele quem substituiu Schatt. O esperado era o investimento privado acompanhar o público, mas isso não ocorreu gerando um abismo enorme entre eles e causando indisposição. Estado passou a direcionar o investimento privado e continuou fazendo o mínimo que lhe era exigido. Goring exige redução das margens de lucro empresariais e direciona os investimentos. Daí pra frente foi empresariado versus governo e a consequência foi a relação entre eles ter sido muito baixa porque o público substituiu o privado e teve muito investimento em áreas de baixa produtividade. 
	Na questão dos juros, a economia alemã não se recuperou com eles baixos. Os investimentos não passavam pelos juros porque eram feitos através de subsídio e eles faziam isso porque não queriam alavancar toda a economia, só algumas intervenções pontuais para evitar a inflação (diferente EUA que tinham plano cuja base era recuperar usando inflação pela inflação). Quer evitar a inflação para evitar o aumento do gasto das famílias com recuperação da renda do trabalho. Quem sofre com juros altos são os setores que não recebem subsídios governamentais.
Unidade 6 – Pós-guerra e o sistema Bretton-Woods 
	De 1926 até 1947 o mercado passou por um período complicado em que o câmbio era flutuante nas moedas principais sem um mecanismo de conversibilidade. Acontece mais especulação dessa forma porque não há previsibilidade, um sistema que garanta o câmbio. No ano de 1941 começam as negociações para resolver o problema se fossem os vencedores da guerra. 
	Carta do Atlântico:
Inglaterra e EUA apontaram 4 pontos como motivo da falha do sistema vigente na assinatura da carta do Atlântico. 
Cita-se como exemplo das rivalidades a política de desvalorização cambial francesa pós-gênova, decisão alemã de pedir para os ingleses trocarem seu papel por libra em 1926 porque ela voltou a 
ser
 conversível – franceses também tentaram fazer a troca, EUA aumentarem seus juros em 1927 sem se preocupar que isso colapsaria a libra e política inglesa de decidir baixar o câmbio e ganhar vantagem comercial juntamente com o grupo da libra depois de decretarem 
inconversibilidade
 em 1931, 
 1-Rivalidade econômica entre os países que levou ao fim do padrão ouro-divisas. 
2 – Generalização do protecionismo em 30 dificultou o retorno do sistema
	Faziam o protecionismo para evitar alastramento da crise, manter capital, emprego etc. O problema era que com barreiras protecionistas levantadas não tem como exportar para conseguir divisas, então as busca pela via financeira. Só que a liquidez do dólar diminuiu, então não consegue dessa forma também e a recessão piora.
3 – Decisões serem feitas no âmbito do Estado Nacional:
	Quem garantia a liquidez internacional era o Estado Nacional cuja moeda era referência. Isso trazia o problema de que um Estado Nacional tem preocupações internas e não é multilateral. A ideia para o novo sistema era que deveria existir uma institucionalidade, alguém a cima dos Estados que garantisse a liquidez internacional. Assim que surge a ideia para a fundação do FMI e do Banco Mundial. Foram criados, mas ser institucional era teórico porque acabavam sendo controlados pelos EUA. Essa era uma proposta antiga, de Bruxelas, mas que só tomou força nesse momento.
4 – Crises de balanço eram resolvidas pelos mercados e não pela via internacional:
	O problema é que resolver pelo mercado implica ajuste de juros e isso gera dívidas futuras, não era seguro. Poderia se tornar mais deficitário e aumentar mais os juros e formar uma bola de neve com explosão de juros. Outra solução era baixar o câmbio. Os EUA se interessavam nesse ponto pelo trauma que tiveram com relação ao grupo da libra, que facilmente invadiu o mercado americano. 
Reconstrução do sistema:
	No período de 1941 até 1944 as conversas continuaram e a guerra já estava pra acabar, já se fala na reconstrução, principalmente os EUA. Países que não foram bombardeados, mas eram pobres alegaram que deveria ser reconstrução desenvolvimentista, mas EUA rejeitam a ideia.
EUA alegam que o sistema deve ser construído com base no livre mercado e estabilidade monetária. Com esse discurso negam ao resto do mundo qualquer possibilidade de políticas heterodoxas semelhantes ao New Deal. O motivo desse pensamento era que para exportar o capital americano precisavam da estabilidade das moedas. Países mais pobres, como a Índia, queriam priorizar o lado do emprego e da renda ao invés de câmbio, mas EUA eram contra. O único dogma do New Deal que foi permitido o uso pelo resto do mundo foi o uso do déficit com o intuito estabilizador para exportar mais e se recuperar e assim que isso ocorresse voltar ao câmbio anterior. O que eles estavam tentando impedir era qualquer medida desenvolvimentista. O uso do déficit deveria ser feito apenas até a recuperação, depois torna ao normal. 
Em 1943 e 1944 aconteceram duas conferências prévias a Bretton-Woods para definir os caminhos da recuperação. Foram elas as de Washington e Atlantic City e nelas que de fato decidiu-se o que fazer. Os países presentes eram todos da área do dólar e da libra, a esfera de influência mais próxima tirando a Índia. Isso porque o país era quem mais perturbava as definições. Surgiram dois planos, um americano e um inglês e seria votado qual seria aprovado. O americano era o Plano White, o inglês era o Plano Keynes. 
A decisão foi pelo Plano White e ele quem seguiu para Bretton-Woods. É o texto de fundação do FMI.
Plano White:
1 – Reestabelece o Padrão ouro-divisas:
	Não necessariamente o dólar seria a divisa, qualquer moeda lastreável em ouro poderia ser, mas o dólar acabou sendo refereência
2 – Todos os signatários deveriam ter plena conversibilidade:
	Sob qualquer situação, uma vez estabelecido o câmbio, o BC não pode se negar a converter. Esse é o elemento que amarra política monetária mundial e evita exportação do New Deal. O plano inglês, o de Keynes, propunha limitação do conceito de conversibilidade e ênfase na compensação comercial.
3 – Câmbio fixo, mas ajustável:
	O ajuste serviria para equilíbrio da balança de pagamentos, era uma alternativa ao ajuste via juros (época de grande força sindical, ajuste via juros sofreria grande retaliação por eles serem os mais prejudicados). 
Da forma que o sistema era antes uma redução do câmbio traria corrida contra a moeda e com a plena conversibilidade ainda poderia, porém para evitar isso e especulação ficou decretado que nas contas de capital não haveria plena conversibilidade. A única forma de fugir da moeda seria pelo capital, mas deixa de ser permitido. Durante época de crise não se pode mais fazer investimento externo. As contas correntes são livres porque Bretton-Woods é baseado na expansão do comércio internacional e bloquear as contas seria uma forma de protecionismo. Baseia-se no livre comércio. 
A forma de ajustar o câmbio o mantendo fixo era a de que uma variação de 10% pra cima ou pra baixo era permitida para controlar problemas pela via comercial e não pela financeira. Ajustes fora do limite permitido deveriam ser justificados e aprovados para serem colocados em vigor. Quando o problema se resolve, volta-se para o câmbio determinado sob pena de sofrer penalidades do FMI se não fizer.
4 – Moeda escassa (única medida trazida do plano Keynes):
	O plano White não determina o que acontece com os superavitárioscrônicos (aqueles de moeda escassa), sendo que podem atrapalhar tanto o sistema quanto deficitários porque impõem déficit crônico a quem não os acompanha. O plano escolhido só impõe penalização aos deficitários, então trouxeram do plano inglês o ponto da moeda escassa. Consistia em colocar o país superavitário sob sanções protecionistas. Qualquer moeda escassa, retida no país, pode sofrer medidas protecionistas.
5 – Institucionalização – FMI e Banco Mundial:
	FMI teria o papel de monitorar o respeito às regras cambiais e se fornecedor de liquidez em última instância. As penalizações são não fornecimento de liquidez. Como favorecimento para quem respeita as regras oferece juros mais baixos. Outra função do FMI seria fiscalizar se o BC amortiza saldos de suas moedas adquiridas por outros governos e exige amortização em ouro ou moeda de sua própria moeda, ou seja, se mantém a conversibilidade plena. Esse ponto faz com que todos tenham que ter suas moedas conversíveis e estimula ter saldo em todas as moedas porque se alguém pedir, vai ter que converter. Outra medida de socialização de perdas, assim como Gênova. 
Plano Keynes:
Ênfase no pleno emprego:
Política cambial como instrumento para isso e equilíbrio das contas externas. 
União internacional de compensação:
Proposta feita também em Gênova. Era uso de instituição de cleaning. O comércio seria feito com saldo ao invés de moeda. 
3 – Criação do Bancor:
	Moeda não emitida por Estado que seria usada no comércio externo. Só se conseguia bancor como saldo de trocas comerciais, só comercializando. Isso elimina a possibilidade de apelar para o lado financeiro porque só vende se comprar. Uso total da via comercial. Haveria uma conversibilidade em taxa fixa para comercialização fora do sistema. A UIC era a emprestadora de última instância. Passa o recado de que a recuperação é pela via comercial e evita países de moeda escassa. Reduz o poder porque moeda não dependendo do Estado, políticas nacionais não afetam o sistema. Os beneficiados são aqueles com maior projeção comercial.
Disparidade econômica, guerra fria e flexibilização política do sistema:
	O novo sistema é assimétrico assim como o antigo, principalmente na questão do câmbio. Cometem o mesmo erro de subvalorizar o americano e supervalorizar o resto do mundo. 
De 1944-1952 era considerado 
periodo
 de 
adaptação e qualquer medida necessária pra alcançar o sistema seria aceita. Até 1947 EUA tinham posição de que o ajuste deveria ser feito obrigatoriamente, de qualquer forma. Eram inflexíveis quanto ao ano de 1952 para entrada de todos no sistema. 1947 foi um ano chave porque a política radical foi revista por dois motivos. O primeiro foi o início da guerra fria que trouxe uma flexibilização para proteger seus parceiros, mas o financeiramente mais importante foi a crise da Libra.
Situação da Libra:
	Até 1931 tentaram salvar a moeda de qualquer jeito, mas nesse ano desistiram e declaram inconversibilidade e reduziram seu câmbio formando o grupo da libra que mostrou a mudança na prioridade inglesa, passaram a focar a recuperação na via comercial pela exportação. De 1942 em diante os conservadores voltaram ao poder e até 1947 a postura pré-31 é retomada e foi a última vez que isso ocorreu. A sustentação da libra foi feita da mesma forma que em 25, com ajuda americana. O interesse americano era valorizar um pouco para reduzir o ataque comercial que acontecia, mas não muito para ameaçar financeiramente. O ponto era que na relação cambial de Bretton-Woods a preocupação com a variação cambial gerar corridas contra a moeda não existia pelo bloqueio das contas de capital, mas comercialmente ainda havia o risco porque contas correntes estão livres. 
	A situação da Libra parecia estável, estava menos inflacionada que o resto do continente, evitando que a volta da conversibilidade da libra fizesse com que papeis fossem apresentados para troca com o fim de comprar fora já que lá era mais barato. Além disso, a capacidade produtiva era maior do que no pós-1GM, não seria necessário uma maxidesvalorização da moeda para ajustar com reservas ou explosão de juros para captar uma quantidade grande de moeda. O meio circulante também não estava tão expandido assim. Outro ponto seria o menor esforço de reconstrução gerando um menor impacto cambial. Durante a primeira guerra havia uma gangorra, uma decisão a ser tomada que teria um contraponto prejudicial e que o país teria que escolher. Eram as opções: desvalorizar a moeda fugindo da recessão e exportando mais, mas saindo do mercado de papeis e não conseguindo importar ou valorizar se mantendo no mercado de papeis e mantendo capacidade importadora, mas criando recessão e prejudicando o mercado interno na hora da reconstrução. Na recuperação da segunda guerra, como a reconstrução a ser feita era menor, essa decisão não teria um impacto tão grande. 
	Contra a libra tinha o fator dos outros países ainda terem suas barreiras protecionistas levantadas contra eles por estarem menos inflacionados e nada podia ser feito porque no período de transição era aceito qualquer meio de alcançar as metas de Bretton-Woods. A consequência foi eles não poderem tirar proveito da vantagem da inflação mais baixa para gerar receita e aumentar reservas. Outro ponto era haver controle de capitais em toda parte e ativos sendo solicitados em larga escala pelos parceiros. Emitiram muitos títulos de guerra, principalmente na CommonWealth, para conseguir sustentar os gastos e quando eles tentam trocar a Inglaterra não tinha como. Isso dá à CommonWealth poder de pressão e a libra passa a depender disso. O governo poderia oferecer títulos não negociáveis, mas os parceiros de fora reclamaram porque abriria precedentes para fazer isso com eles em outras ocasiões e isso gera incerteza no sistema. Acabou que nem foi oferecida a ideia e os ingleses convencem diplomaticamente os parceiros da commonwealth, principalmente a Índia a não fazer a troca. Isso causou o mesmo problema de instabilidade que a situação com França e Alemanha em 1926. 
Interesse americano na recuperação da Libra:
	EUA consideravam libra fundamental para Bretton-Woods funcionar. Se a libra voltasse para o ouro, perdia preferência imperial (preferência comercial, uso da própria moeda nas transações mesmo estando instável, políticas cambiais conjuntas para manter a diferença comercial entre eles etc) com a CommonWealth. Além disso, queriam que a Libra voltasse valorizada para que perdessem a vantagem comercial que tinham antes da guerra por causa do grupo da libra que tinha um câmbio desvalorizado e inconversível sem necessidade de barreiras comerciais que iriam contra Bretton-Woods. Também era de interesse porque muitos países tinham reservas em libra e ela estando valorizada causaria uma pressão cambial para cima de todos e isso era interessante para os EUA continuar com a vantagem financeira, já que não era alta suficiente para pressionar, e comercial porque o câmbio dos outros não estaria mais tão baixo a ponto de ameaçar. 
	Para evitar a instabilidade da libra e que a valorização gerasse uma corrida dos países para trocar seus papeis, EUA emprestam dólar a juros baixos para mostrar aos outros que a libra teria lastro. O problema é que em 1947 esse dinheiro foi emprestado e em 1 mês ele já havia acabado porque o mercado reconhece a irrealidade das taxas cambiais e acabam trocando mesmo com a salvaguarda que Inglaterra havia recebido. Depois disso EUA passam a reconhecer que há problema com as contas internas europeias, mas nunca que há assimetria do sistema e no patamar cambial. 
Formas de flexibilização dos EUA:
	A primeira foi o reconhecimento de que 1952 era uma prazo irreal para colocar o sistema em prática. Outra foi autorização para alguns países, como Japão, de medidas discriminatórias persistentes com eles. Também aprovaram o Plano Marshall, que havia sido vetado por 3 anos no Congresso e só foi aprovado após o colapso da libra. O objetivo de terem mudado de ideia e aprovado foi a necessidade deaumentar a taxa cambial do mundo e para isso precisariam de divisas. Acabaram se tornando propensos a aceitar medidas que vetavam desde 1944 como meio de fortalecer o bloco ocidental. 
Busca por alternativas:
Em 1946 os franceses desvalorizam o câmbio e como ainda é o período de adaptação o FMI autoriza. Queriam desvalorizar mais, mas aí o FMI não deixaria. A solução que encontraram foi fazer a conversão de metade do recebido no câmbio combinado e outra metade de forma ilegal a qualquer preço, no câmbio negro. O que acontecia era que a taxa real de câmbio despencou, sendo o oficial meramente jurídico. Isso aliviou a pressão sobre as reservas e deu vantagem comercial. Quando o FMI descobriu, ameaçou fazer políticas retroativas e determinou um novo câmbio. 
Na realidade todos buscavam uma alternativa porque durante a guerra os EUA fizeram a mesma política da 1GM de vender e absorver ouro trazendo uma escassez de dólar. A consequência seria a necessidade de uma explosão de juros para manter a taxa cambial combinada. De 1948 até 49 houve uma pequena recessão nos EUA que reduziu mais ainda a liquidez porque eles cortaram gastos e os preços diminuíram gerando propensão à exportação. As importações na área da libra caíram pela metade o que levou a uma desvalorização da libra e um ataque por parte da commonwealth à ela porque a maior preocupação era manter sua capacidade de importar e mesmo o controle de remessas não evita a saída de dólares e desvalorização que levou junto os parceiros.
A alternativa encontrada que estava dentro de Bretton-Woods, mas ao mesmo tempo fora foi criar a chamada União Europeia de Pagamentos (UEP) para fiscalizar trocas entre parceiros e permitir compensação internacional que nem em Bruxelas e plano Keynes (a diferença é que seria em dólar). Isso foi fundamental para controlar o problema da liquidez. Como o constante superávit americano os impunha um déficit também constante e o comércio com a área do dólar não era suficiente e nem mesmo o Plano Marshall garantiu a quantidade de dólar suficiente para alcançar as taxas impostas, resolvem voltar-se para a própria Europa para buscar a solução. Fazendo o comércio através da UEP, reduzem o uso de dólares e os mantém como reserva e compram dentro do sistema para se recuperar fazendo com que todos se recuperassem juntos. A Inglaterra não entrou na UEP porque desde 1942 a prioridade era a libra. Tinha política de projeção financeira e a UEP não. A UEP ajuda os EUA porque reduz a pressão sobre o dólar ao diminuir a demanda pelo mesmo e ao apreciar levemente os câmbios já que aumentam reservas. 
	Para justificar que a UEP era pró-sistema, falaram que fazendo compensação teriam mais dólares para alcançar o câmbio combinado. Também criaram o código de liberalização para garantir a abertura das contas correntes, eles obtinham dólar pela UEP para gastá-lo se quisessem. Isso evitava que fosse uma medida autárquica como da Alemanha nazista. A UEP não isolou o mercado, ainda importavam em dólar. Eles também determinam taxas alfandegárias iguais para evitar vantagem comercial entre eles. UEP funcionava como emprestadora de última instância. Os governos mais influenciadores para a busca de alternativas foram o francês e o alemão. Com essa medida voltam à conversibilidade em 58 e entram em Bretton-Woods, mas quando EUA já estão saindo. 
Situação EUA e Europa durante décadas de 50-60:
Depois da primeira guerra, a estabilização do câmbio americano foi feita através do circuito da divida alemã. Quando acabou a segunda guerra a pressão era maior ainda e não havia esse fator para neutralizar a taxa cambial. Fizeram esse controle através do Plano Marshall e com gastos militares no exterior. Aos poucos isso resolve o problema de liquidez do mundo até o ponto de inverter a situação. Eles começam a fazer o que evitavam até 1947, quando o início da guerra fria e colapso da libra os fizeram mudar a política. Aos poucos o fator estratégico foi sobrepondo o financeiro e com a revolução comunista chinesa de 1949 muda a prioridade de vez. Começaram a ter gastos econômicos militares muito grandes e emitir dólar desenfreadamente para tal. Suas reservas estavam intactas porque por serem a moeda divisa podiam pagar tudo na própria moeda, mas estavam aumentando absurdamente o meio circulante. Era o considerado “preço para manter o império”. Essa política durou os anos 50 e culminou em 58 com a liquidez em abundância. O ponto é que a diferença de reservas para meio circulante e reserva era muito grande e podiam emitir em abundância sem afetar pressão cambial, mas eles emitiram tanto que tiraram a diferença e a inverteram. Durante os anos 60 a pressão cambial, que historicamente era o americano fixado mais baixo do que deveria e europeu mais alto, se inverteu. Os países europeus tinham voltado a crescer e conseguiram inverter sua tendência cambial e nessa época os EUA já estavam com crise de conversibilidade porque aumentar o meio circulante carrega a linha do câmbio para cima trazendo a necessidade de uma reserva maior para manter, mas foi tão absurda a emissão que a reserva não acompanhava. EUA passam a ter déficit. 
Para piorar a situação, além de financiar militarmente o mundo, tinham gastos públicos altíssimos para manter a política de bem estar com construção de escolas públicas e investimento na saúde pública etc. 
Por serem o centro do sistema, não havia a preocupação com restrição externa e podem ter déficit igual à demanda. Eles usam essa capacidade para expandir dólar até o limite que é a desconfiança dos parceiros que a conversibilidade não existe mais. Isso ainda não ocorria. Pensavam que era crédito fácil e continuavam aceitando. Caso aumentassem juros, todos caíam porque iam trocar seus papeis e não haveria conversibilidade. 
Quando Alemanha, França e Inglaterra percebem a emissão desenfreada, pedem para fazer controle retrativo para valorizar as reservas que tinham porque se houvesse quebra do dólar os outros iam junto porque suas reservas eram nele. Eles se reúnem e fazem o Pool do ouro que o uso de ouro em transações para reduzir o dólar no mercado. Isso teria dado certo se EUA tivessem aceitado ajustar brevemente seus juros e fazer política retrativa, mas não o fizeram. Eles falavam que não submeteriam sua política nacional ao interesse internacional. Uma mudança afetaria o crescimento e não mudariam câmbio para não enfraquecer moeda. Queriam tudo, ter a vantagem comercial e financeira. 
Em 1967 a França abandona o Pool do Ouro dando a entender que sua tendência era se afastar do dólar e poderia submeter suas reservas aos EUA, o que levaria a decreto de inconversibilidade. Inglaterra dependia muito do dólar por ter muita reserva e há muita perda de ouro na Inglaterra e desvalorização da libra. 
Em 1962 criaram o acordo geral de empréstimos em que o G-10 forneceu uma quantidade em suas moedas ao FMI para que empréstimos pudessem ser feitos nelas e não em dólar. Isso reduziria demanda por dólar e levaria os EUA a precisar enxugar a quantidade no mercado com aumento de juros e ainda reduziria a dependência em relação ao dólar. Acabou reduzindo a pressão, mas sem movimentação americana para fazer medida retrativa não adianta. 
Começam a buscar alternativas ao dólar, só que agora por abundância, e encontram ao criar o direito especial de saque (DES) que consistia em uma moeda escriturária criada com cesta baseada nas moedas mais fortes. O acordo geral de empréstimos já havia aumentado a participação das moedas europeias no FMI e isso ajudou. A reação americana foi negar a criação do DES porque aumentaria rejeição ao dólar e com moedas fortes como alternativa. França então diz que apresentará suas reservas para troca e para não quebrar os EUA aceitam o DES. Foi a única derrota diplomática no âmbito financeiro que eles tiveram. Como não era interesse os EUA quebrarem porque as reservas estavam em dólar, eles falam que esperarão até 1970 para dar tempo de enxugar a quantidade de dólar. 
EUA fazem breve contração, nada que surtisse o efeitonecessário e resolvem não se importar e emitir DES dentro do prazo. O mercado fica mais líquido do que já estava e a alternativa ao dólar é mais forte que ele só agravando mais a crise. O que impedia a corrida contra o dólar era o bloqueio das contas de capital. Quando ele pára de funcionar pelo uso de medidas fraudulentas, EUA saem de Bretton-Woods. 
Um grande responsável por isso também foi a Inglaterra. Um país em crescimento, como os EUA estavam, consome muito petróleo e este vinha do OM. O problema desse dólar é que ele ficava parado, o OM é um chamado “deserto de recursos naturais”. Inglaterra resolve abrir seu mercado para esse dólar porque ele era mais barato e não encontra barreiras impostas por Bretton-Woods porque o OM não participa. O FMI não penalizou a Inglaterra porque cortar a destinação desses dólares poderia acarretar corte no fornecimento de petróleo ou aumento do preço. Isso fez com que o dólar mandado pra fora não retornasse e a única forma possível de enxugar seria com ajuste de juros, mas teria que ser uma explosão de juros.