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AULA 1 DIREITO DO CONSUMIDOR

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AULAS DIREITO DO CONSUMIDOR 
Baseada no Livro Texto: Curso de Direito do Consumidor – Luis Antonio Rizzatto Nunes
AULA 01
1. Introdução ao Direito do Consumidor 
O direito do consumidor é uma disciplina que introduz uma nova visão. Isso porque, todos aqueles que operam o direito no Brasil – advogados, juizes, promotores, etc – foram formados na tradição do direito privado, cuja estrutura remonta ao século XIX e que é baseada em um sistema jurídico anterior a CF atual e anterior a edição da Lei 8.078/90. 
Pacta sun sevanda. 
O consumidor possui em regra situação desigual em relação ao fornecedor do produto ou prestador do serviço, motivo pelo qual as regras de direito civil se mostravam insuficientes para o seu resguardo, sendo imprescindível a intervenção estatal para o estabelecimentos das regras que viessem a permitir a desejada igualdade entre os contratantes. 
Atento a esse fato o legislador constituinte culminou o dever do Estado de promover, na forma da lei a defesa do consumidor. Adveio daí, a Lei 8.078/90. 
A CF traz a presunção absoluta de que o consumidor é parte vulnerável na relação. 
O art. 170 da Constituição federal em vigor assim dispõe: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
. soberania nacional;
. propriedade privada;
. função social da propriedade;
. livre concorrência
. defesa do consumidor = princípio que deve ser seguido pelo Estado e pela sociedade. 
O art. 5º, LXXII da CF determinou ao Estado a promoção da defesa do consumidor, no sentido de adotar uma política de consumo e um modelo jurídico com a tutela protetiva especial ao consumidor, o que se completou quando da promulgação do Código de Defesa do Consumidor, em 11 de setembro de 1990.
art. 1° CDC: Interpretação
√ o Direito do Consumidor é um ramo do direito público. Suas normas são de ordem pública, prevalente sobre todas as demais normas anteriores, ainda que especiais que com ela colidirem; 
√ as normas do CDC são de observância obrigatória: os direitos não são colocados a disposição do consumidor: aplicam-se as relações de consumo, independentemente da vontade dos mesmos; 
√ qualquer cláusula contratual que limite os direitos do consumidor é abusiva, nula de pleno direito; 
2. Microssistema
O CDC possui vida própria! 
O CDC cria o que chamamos de microssistema jurídico, instituindo uma tutela especial protetiva, muito similar da legislação trabalhista, da criança e do adolescente, do idoso e, outras leis ou estatutos tendentes a criar uma esfera particular de normatização (muito específica quer em razão do direito material, quer em razão do direito processual).
Exs. Prazos decadenciais diferenciados; inversão do ônus da prova
A Lei 8.078/1990 chamada de Código de Defesa do Consumidor somente será aplicada se houver relação jurídica de consumo, o que não impede a aplicação das demais leis especiais no mesmo caso concreto, sempre respeitando os princípios norteadores da matéria.
A relação jurídica de consumo possui três elementos: o subjetivo (consumidor x fornecedor), o objetivo (produto ou serviço) e o finalístico (consumidor = destinatário final). 
3. Conceito de Consumidor
O CDC incide em toda e qualquer relação que puder ser caracterizada como de consumo. Vamos entender em que hipóteses a relação jurídica pode ainda ser definida. 
Há relação de consumo, sempre que puder se identificar num dos pólos da relação o consumidor, no outro o fornecedor, ambos transacionando produtos e serviços. 
Vejamos as diferentes acepções que podemos extrair do CDC sobre o conceito de consumidor:
Conceito: o CDC resolveu definir o que é consumidor
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
*Adquire (a título oneroso ou gratuito)
*Utiliza (mesmo não tendo adquirido o produto ou o serviço o consome). Ex. pessoa que compra cerveja a amigos e todos consomem em festa;
* Destinatário Final: é aquele que adquire produto ou serviço para uso próprio sem finalidade de produção de outros produtos e serviços; 
Consumidor é aquele que retira definitivamente de circulação o produto ou serviço do mercado.
O intermediário no ciclo de produção, que não adquire o produto como destinatário final e não pode ser considerado consumidor. 
Art. 2° - Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo = consumidor por equiparação = potencial consumidor, que pode vir adquirir um produto ou um serviço. 
Esse artigo legitima o ajuizamento de ações coletivas para a defesa dos direitos difusos e coletivos (arts. 81 a 107). 
Ex. publicidade enganosa.
Pessoa jurídica: será consumidora sempre que usar como destinatária final.
STJ: Não há que se falar em relação de consumo quando a aquisição de bens ou utilização de serviços, por pessoa natural ou jurídica, tem como escopo incrementar a sua atividade comercial. 
Nesse caso, não é necessário que o consumidor adquira o produto ou serviço e experimente prejuízos, bastando tão-somente, que haja a veiculação da publicidade enganosa para a configuração da relação de consumo e a conseqüente aplicação das penalidades previstas em CDC.
4. Conceito de fornecedor
O art. 3º do CDC conceitua fornecedor como sendo toda pessoa física ou jurídica nacional ou estrangeira de direito público ou privado, que atua, na cadeia produtiva, exercendo atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Tendo em vista o alcance da definição, podemos afirmar que todo aquele que participe de determinada cadeia produtiva até que o bem venha a ser recebido ou adquirido pelo consumidor pode ser considerado fornecedor. 
Ex. álcool combustível: são fornecedores a usina (que processa cana-de-açucar); a empresa distribuidora (que leva a produção da origem aos pontos de venda) e o proprietário do posto de abastecimento, que comercializa o produto. 
O fornecedor não é só a pessoa jurídica, mas também a pessoa física, os profissionais liberais (dentista, engenheiros, advogados). 
Sem dúvida, o requisito fundamental para a caracterização na relação jurídica de consumo é a habitualidade, o exercício contínuo de determinado serviço ou fornecimento de produto. O particular que revende seu veiculo não faz parte da relação de consumidor, pois há ausência de habitualidade : aplicam-se as normas de direito civil. 
5. Conceito de produto
É qualquer bem móvel ou imóvel, material ou imaterial (criações intelectuais, direitos autorais e a propriedade industrial). . 
É o objeto sobre o qual recai a relação jurídica. 
O CDC não distingue quanto à sua gratuidade. A amostra grátis submete-se às regras dos demais produtos, quanto aos vícios, defeitos, prazos de garantia, etc..
Obs. Estacionamentos gratuitos de supermercados, shoppings, serviço gratuito de instalação de som no automóvel ou outros eletrodomésticos: há incidência das regras contidas no CDC apesar de ser a remuneração indireta.
6. Conceito de serviço
§ 2° do art. 3º do CDC. 
Preferiu o legislador esclarecer que as atividades bancárias, financeiras, crédito e securitárias estariam também inclusas no rol de serviços, para que não houvesse dúvida quanto à incidência do microssistema para estas atividades.
STJ, Súmula 297: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.
*Obs. 
1ª. Não se aplica o CDC nas relações locatícias, vez que existe norma específica que regulamenta a relação locatícia a Lei 8.245/91.
2ª. Serviço público se sujeita ao CDC?
Todos os serviços prestados pelo Poder Público, diretamente ou atravésde concessão ou permissão se sujeitam ao CDC, desde que remunerados por tarifa (água, luz, esgoto) ou preço público (transporte, pedágio). 
Fundamentos: art. 4°, VII; art. 6°, X e art 22 (serviços contínuos). 
5. Política Nacional de Relações de Consumo
Preceitua os princípios gerais de regência do direito do consumidor - art. 4º. CDC: 
a) o atendimento das necessidades dos consumidores; 
b) o respeito à dignidade, saúde e segurança dos consumidores; 
c) a proteção dos interesses econômicos dos consumidores; 
d) a melhoria da qualidade de vida dos consumidores e a transparência e harmonia das relações de consumo.
O objetivo do CDC é estabelecer parâmetros que devem nortear todo e qualquer ato do Governo, seja no âmbito legislativo, executivo ou judiciário, quando do tratamento das relações de consumo. 
São PRINCÍPIOS a serem observados por toda sociedade de consumo: 
Art. 4° CDC
1°. Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor (art. 4º, I);
Baseia-se no reconhecimento de que o consumidor é o elo mais fraco da corrente, e que o fornecedor se encontra em posição de supremacia, sendo o detentor do poder econômico.
Essa presunção é absoluta (jure et de jure) ou seja, não admite prova em contrário. 
2° Ação governamental para a proteção do consumidor (art. 4º, II) harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumidor (art. 4º, III) 
3° Educação e informação dos consumidores (art. 4º, IV) controle de qualidade e segurança dos produtos e serviços (art. 4º, V), 
4° Coibição e repressão das práticas abusivas (art. 4º, VI); 
5° Racionalização e melhoria dos serviços públicos (art. 4º, VII); 
6° Estudo das constantes modificações do mercado de consumo (art. 4º., VIII).
Ainda, com relação a política nacional das relações de consumo, vale citar o art. 5°, que prevê a criação ou manutenção pelo Poder Público de assistência judiciária gratuita para o consumidor carente, de promotorias de justiça e de Delegacias de Polícia especializadas na defesa do consumidor e Juizados de Pequenas Causas.

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