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Corporações e Contexto Empreendedor Aula 3 Professor Ademir Bueno INTRODUÇÃO O fim da Economia Feudal, como apresentado na Aula 2, não se deu por acaso. As transformações sociais, econômicas e políticas levaram, aos poucos, à implementação de um novo sistema de produção, o Capitalista. O qual inicia de forma bem tímida para a partir do Século XX dominar o mundo em termos de forma de organização da produção e trabalho. Esse sistema, presente até os dias de hoje em nossas fábricas, comércio e serviços tem como objetivo maior a busca pelo lucro, onde os trabalhadores devem produzir em sua jornada de trabalho mais do que o necessário para sua subsistência possibilitando a mais valia, ou seja, lucro ao dono do capital e dos meios de produção. Cada fase do desenvolvimento Capitalista se deu dentro de um contexto histórico-social, o que não poderia ser diferente, e cada período foi marcado por invenções, forma de organização do trabalho e dos trabalhadores, bem como, o papel desempenhado pelos empresários, empreendedores, gestores também foram distintos em cada momento. PROBLEMATIZAÇÃO Uma característica do capitalismo é a concorrência: para obter a maior rentabilidade possível, as empresas buscam oferecer produtos de qualidade a preços acessíveis, tentando conquistar mais consumidores. Fonte: adaptado de <http://geografianewtonalmeida.blogspot.com.br/2012/12/geografia- questoes-multipla-escolha-com.html>. Acesso em: 11 jun. 2015. A concorrência entre as empresas é benéfica. Sobre isso, assinale a alternativa CORRETA. a) A concorrência busca obter a maior rentabilidade possível, que significa aumentar o lucro, e isso prejudica os consumidores. b) A concorrência é uma característica do capitalismo que beneficia aos empresários e é prejudicial aos consumidores, pois amplia suas opções de compra e reduz preços. c) A concorrência é uma característica do capitalismo que beneficia aos consumidores, pois amplia suas opções de compra e reduz preços. d) A concorrência é uma característica do capitalismo que traz prejuízos aos consumidores, pois diminui suas opções de compra e reduz preços. Feedback da resposta certa (C): Sim, a concorrência é uma das características do Capitalismo, o qual surgiu para atender demandas do mercado consumidor, sendo que inicialmente isso era muito localizado, mas foi se ampliando até termos o que se vê na atualidade com inúmeras possibilidades de produtos, qualidade e preço. CONCEITOS E DIFERENÇAS Conceitos e início do Capitalismo Comercial Como já foi discutido nas aulas anteriores ao tratarmos da forma de organização social, econômica e política não podemos pensar que as mudanças se processaram do dia para a noite, muito menos que apenas um fator pode explicar as transformações pelas quais o mundo passou nos últimos séculos. O que é certo é que tudo está em movimento, levando sempre à frente, a mudanças, a novas maneiras de se organizar a vida em sociedade. Embora todas essas alterações não precisam ser consideradas, necessariamente, positivas. Graças a capacidade das embarcações de chegarem a outros pontos e continentes, as grandes potências europeias (Portugal, Espanha, França, Itália e Inglaterra) passaram a procurar matérias primas, riquezas em outros lugares. Buscaram descobrir um mundo novo, com novas possibilidades de exploração, de ganhos e aumento de suas riquezas. O Brasil foi uma dessas conquistas. É o início da globalização, marcada pelas trocas comerciais entres os países. Os países exploradores recebiam as riquezas de suas colônias e para essas enviavam produtos manufaturados. Uma troca, uma reciprocidade. Mas claro, que a potência exploradora fazia essas trocas dentro de parâmetros que mais lhe beneficiassem. Na aula 2, o objetivo foi apresentar os principais aspectos do Feudalismo e tratamos também da transição deste para uma nova forma de organização, o capitalismo, mas do que se trata essa forma de produção, presente até os dias atuais em nosso mundo? Para Hobson (1996, p. 25), “O Capitalismo pode ser definido como a organização da empresa em larga escala, por um empregador ou por uma companhia formada por empregadores, possuidores de um estoque acumulado de riqueza, destinada a adquirir matérias- primas e instrumentos e a contratar mão de obra, a fim de produzir uma quantidade maior de riqueza, que irá constituir lucro.” Já Dobb (1963, p. 17) apresenta o conceito e visão de Marx sobre o Capitalismo: “... temos o significado inicialmente conferido por Marx, que não buscava a essência do capitalismo num espírito de empresa nem no uso da moeda para financiar uma série de trocas com o objetivo de ganho, mas num determinado modo de produção. Por modo de produção, ele não se referia apenas ao estado da técnica – ao que chamou de estágio de desenvolvimento das forças produtivas – mas ao modo pelo qual se definia a propriedade dos meios de produção e às relações sociais entre os homens que resultavam de suas ligações com o processo de produção. Desse modo, o capitalismo não era apenas um sistema de produção para o mercado – mas um sistema sob o qual a própria capacidade de trabalho ‘se tornara uma mercadoria” e era comprada e vendida no mercado como qualquer outro objeto de troca.” No Capitalismo de um lado há aqueles que possuem os meios de produção ou capital para adquiri-los, como máquinas, equipamentos e ferramentas necessárias à fabricação de produtos, e de outro – os trabalhadores – que só tem sua força de trabalho para “negociar/comercializar” e com isso garantir a sua subsistência e de sua família. Antes desse sistema de produção o artesão era dono dos meios de produção e do produto final, resultado de seu trabalho. Com o advento dessa nova forma de organização para a produção de bens, ele passou a ter que se sujeitar ao dono do capital, seguindo as regras impostas por este e tendo que oferecer produtividade para manter-se empregado. A vida do pequeno agricultor, antes do início do Capitalismo, era preenchida por várias tarefas, seja no campo, seja na manufatura dentro de sua propriedade a fim de garantir sua subsistência e de sua família. Assim, Hobson (1996, p. 72) aponta que: “Da mesma maneira que o pequeno agricultor de uma propriedade agrícola auto-suficiente devia realizar muitas e diferentes atividades, assim também o fabricante não ficava limitado a um único processo de manufatura. Grande parte das manufaturas mais primitivas constituía produção doméstica para uso doméstico e, assim, as mesmas mãos que cuidavam das ovelhas fornecedoras de lã fiavam e teciam a lã para o uso da família. O ferreiro era o fabricante da ferradura e dos pregos ou cravos, em sentido muito mais amplo do que atualmente; o carpinteiro de rodas, o carpinteiro comum e outros artífices realizavam um número muito maior de processos diferentes do que agora. Além disso, cada família, afora suas atividades principais na agricultura e na manufatura, se dedicava a muitas outras atividades secundárias, como o fabrico de pão, bebidas alcoólicas, manteiga e roupas, assim como à lavagem de roupa, que são atualmente ramos de atividade, em sua maior parte, especializados e independentes.” E ainda para o autor supracitado: “A forma mais simples de empresa manufatureira seria aquela em que uma família empenhada na indústria, produzindo ou comprando os materiais e instrumentos, e atuando com a força de seus próprios braços, em seu próprio lar, sob a direçãodo chefe da casa, produz bens, em parte para seu próprio consumo, em parte para um pequeno mercado local” (HOBSON, 1996, p. 74) Assim nascem as pequenas manufaturas que produzem para subsistência e para atender à pequena demanda de mercado, ainda que isso ocorra de forma incipiente. E segundo Hobson, dois fatores levaram a mudança da fábrica caseira para a que daria origem as grandes manufaturas: “(...) dois passos para ultimar a transição do sistema “doméstico” para o sistema da “fábrica”, referindo-se um à propriedade da força motriz, e o outro ao local de trabalho. (a) A substituição da força física do trabalhador pela força extra-humana em mãos do empregador; (b) o afastamento dos trabalhadores de seus lares e sua concentração em fábricas e locais de trabalho de propriedade dos capitalistas” (1996, p. 76). E depois desse longo processo de mudança na forma de organização da produção doméstica temos que: “Por meio de uma série de transformações econômicas, as diversas funções desempenhadas pelo artesão independente lhe vão sendo tomadas, até deixá-lo na posse apenas da sua força de trabalho, que ele deve vender a um empregador, o qual lhe fornece os materiais, instrumentos e máquinas, local de trabalho e direção, e que possui e comercializa o produto de seu trabalho. Da condição de artesão livre, ele passou para a de simples ‘braço alugado’” (HOBSON, 1996, p. 78). Desta maneira, nasce o Capitalismo, que leva o artesão a ter que se sujeitar não mais à sua vontade, tempo e necessidade e sim vincular-se ao dono do capital que possuía os meios de produção. Pois, anteriormente ele era o dono da fábrica e o próprio operário, pois para mantê-la funcionando não precisava de muita coisa, as atividades eram simples, a produção em baixa escala e o capital fixo exigido era mínimo. Mas quando há a necessidade de mais capital, mais tecnologia, maior capacidade de negociação/comercialização esse quadro começa a se alterar. “Um fator predominante que levou ao desenvolvimento das indústrias foi o desenvolvimento, invenção das máquinas, pois até então o que se tinha era apenas ferramentas, como, faca, machado etc, peças que sem a ação direta e contínua do trabalhador não produzia resultado algum. A máquina vem como um impulsionador no processo produtivo, pela sua maior autonomia de produção, condições de produzir mais que o próprio homem” (HOBSON, 1996, p. 85). A máquina é essencialmente uma estrutura mais complexa que a ferramenta, visto que ela deve conter em si mesma, meios mecânicos para acionar uma ferramenta, ou mesmo para acionar ao mesmo tempo muitas ferramentas, que antes eram dirigidas diretamente pelo homem. E desta forma temos que: “à medida que a produção mecanizada torna-se mais altamente desenvolvida, materializa-se no produto uma parte cada vez maior do pensamento e da vontade do inventor, e uma parte cada vez menor daquele que é o agente humano imediato, ou seja, do “encarregado” da máquina.” (Hobson, 1996, p. 88) Essa fase do Capitalismo, a primeira, denominada de Comercial foi marcada pela expansão dos negócios dentro das cidades e entre elas. Mas não era nada comparado ao que temos hoje, após o surgimento de novas máquinas e equipamentos há um brutal aumento na produtividade, características marcantes da próxima fase, discutida a seguir. Assista o vídeo “Você sabe o que é Capitalismo?” https://www.youtube.com/watch?v=8R4H53fu1fo Agora que já teve contato com o texto da aula 3 e viu o vídeo referenciado anteriormente vamos reforçar seus conhecimentos. Para tanto, conceitue o que é Capitalismo e suas principais características. Capitalismo industrial Essa fase do Capitalismo é a denominada de Capitalismo Industrial que compreende o período da metade do século XVIII até o século XX. Período das Revoluções Industriais, utilização do carvão e da invenção da máquina a vapor, entre outras, as quais irão mudar as formas de produção dali para diante. Denominado período antropoceno, onde o homem passa a transformar constantemente o meio no qual está inserido. Fase marcada e denominada pelo Imperialismo, quando há uma significativa busca por novos domínios territoriais. E essa ação não era o domínio pelo domínio, mas sim pela busca de matérias primas que pudessem dar suporte às industriais das grandes potências. Há nesta situação um afastamento do trabalhador do produto fabricado por ele, pois, se antes ele plantava, colhia, produzia, comercializa ou tratava os animais, retirava a lã das ovelhas, tratava a lã e dela produzia peças para serem comercializadas e utilizadas por si e seu familiares, com o advento da maquinaria ele passa a operar uma máquina, a qual não foi ele quem criou, passa a ser um operador e não mais um trabalhador artesão. E com isso a escala de produção se altera enormemente ampliando a quantidade produzida, diminuindo com isso o número de trabalhadores necessários a esta produção. Se no Feudalismo havia uma apropriação quase que forçada da mão de obra do trabalhador, isso se altera quando ele vende sua capacidade de produção ao capitalista e esse o comanda a fim de alcançar não objetivos comuns, pelo contrário, há uma sujeição à vontade daquele que é dono do capital. Mas como está sendo pago em dinheiro por isso, não lhe resta alternativa do que fazer o que lhe mandam, seguir regras e normas que são estabelecidas por outros e se não o fizer haverá inúmeros outros “necessitados” querendo se sujeitar a essa forma de relação. Antes havia trocas, um produto pelo outro, um serviço por produto, mas com a colocação de preço em todos os produtos fabricados há também uma mercantilização do trabalho objetivado, onde a força de trabalho ganha características de mercadoria, a qual devia ser disponibilizada e paga por quem a contratasse. E assim de um lado está o trabalhador, disponibilizando sua força de trabalho, de outro o capitalista, possuidor dos meios de produção e começa a surgir uma terceira figura, a do Gestor, o qual fica responsável por fazer a gestão daqueles seres (humanos) que colocaram sua mão de obra à disposição para receber um salário. Esse gestor não é o operacional, aquele que coloca a mão na massa diretamente, mas fica responsável para que o trabalhador o faça dentro dos padrões esperados, atuando na gestão e organização do trabalho. As empresas que se mantiveram no mercado foram aquelas que conseguiram produzir mais, em menor tempo e com número de trabalhadores dentro de padrões que não comprometessem o lucro do capitalista. A pequena e média empresa se viu obrigada a se juntar às maiores, pois não conseguiam sobreviver no mercado. Formaram com isso cartéis, trustes ou fundiram-se para assegurar sua presença no mercado. Em relação às mudanças tecnológicas que foram desenvolvidas ao longo do tempo, não se pode imaginar que um único criador desenvolveu o projeto da máquina a vapor e a construiu, mas sim foi uma somatória de outras descobertas e invenções. Tudo isso acarretou em maior produtividade, o que não ocorria com o artesão ou nos primórdios da fábrica capitalista. Essa revolução em termos de ferramentas e máquinas aumentou a produção, racionalizando-a e consequentemente aumentando a produtividade e levaram as empresas a utilizar métodos científicos na organização do trabalho dentro da fábrica, o que foi capitaneado por Taylor. Para conhecer mais sobre o Taylorismo, acesse <https://www.youtube.com/watch?v=LD6kGNQKt44>. Seu objetivo maior era racionalizar a produção. Por isso, estudou e sistematizoumétodos de seleção, treinamento e capacitação dos trabalhadores a fim de produzirem de forma mais eficiente e rápida. Os princípios sistematizados por Taylor foram aplicados e ampliados por Ford, um grande empresário do ramo automobilístico. O qual colocou em funcionamento em suas fábricas a esteira rolante, elevando o ritmo de trabalho, elevando ao ponto máximo a divisão do trabalho, onde cada trabalhador ficava parado executando apenas uma tarefa e com isso passava a ser mais eficiente em sua jornada de trabalho. Taylor e Ford tiveram e continuam tendo expressão no mundo da gestão de empresas, pois foram inovadores e perspicazes melhorando a produtividade de suas empresas e aumentando a “energia” do capitalismo, possibilitando com seu trabalho e ação, maior produção em menor tempo, sem se esquecer do fator qualidade. “As máquinas permitem que o homem consiga usar várias forças motrizes alheias a seu corpo — vento, água, vapor, eletricidade, ação química etc. Assim, com o aprovisionamento de novas forças produtivas, e com a aplicação mais econômica de todas as forças produtivas, as máquinas aperfeiçoam as artes industriais” (HOBSON, 1996, p. 89). E ainda para Hobson (1996, p. 92): Quando esboçamos historicamente o desenvolvimento das economias capitalistas modernas nas diferentes indústrias, vemos que elas podem ser distribuídas, no geral, em três períodos: 1) Período das primeiras invenções mecânicas, que assinala a passagem da indústria doméstica para a indústria fabril. 2) Evolução do novo motor na manufatura. Aplicação do vapor aos processamentos manufatureiros. 3) Evolução do transporte a vapor e sua relação com a indústria. As duas indústrias, especialmente na Inglaterra, que foram destaques nesta fase são a metalúrgica e a têxtil. Hobson (1996, p. 93) destaca que “Dos 283 milhões de libras que constituíram o valor das exportações inglesas em 1903, 72 milhões corresponderam ao algodão e 35 milhões ao ferro e ao aço.” Isso demonstra de fato a importância desses segmentos para a expansão do capitalismo. A seguir discutiremos um novo momento deste sistema de produção, chamado de Capitalismo Financeiro. É hora de agir... Após ter lido a aula 2 (a anterior) e visto os vídeos correlacionados a ela, onde se encontram os fatores mais importantes que constituíram as Revoluções Industriais, abaixo, apresente 3 invenções, que em sua visão, foram decisivas para que o Capitalismo Industrial pudesse ter sido constituído e avançado. Comentário: Pode ser qualquer invenção, em especial, a Máquina a Vapor, Eletricidade, Esteira Rolante. O acadêmico deve perceber que as invenções do passado continuam dando suporte para a produção na atualidade. Capitalismo Financeiro ou Monopolista Essa fase se dá a partir da metade do século XIX, esse desenvolvimento ocorreu graças a várias invenções, utilização de novos minérios de forma mais efetiva no século anterior e assim, Hobson afirma que, “O ferro transformou-se no alicerce sobre o qual se ergue toda espécie de indústria mecanizada. Tão pequenas no século XVIII, as manufaturas de metal atingiram desenvolvimento sem precedentes e importância ímpar no século XIX.” (1996, p. 104) Esse novo momento do modo capitalista de produção se dá a partir da metade do século XIX, com as novas descobertas e invenções. As quais se fizeram possíveis graças ao desenvolvimento da indústria siderúrgica, química, petrolífera e automobilística. As pesquisas científicas levaram ao novo patamar tecnológico e com isso deu suporte a esse novo momento do capitalismo. As indústrias já faturavam muito por terem grandes mercados a serem atendidos e o sistema bancário estava bem estruturado, houve então uma maior proximidade dessas duas áreas da economia, a industrial e a financeira. Para continuar ditando as regras de mercado, preços e manter o seu poder, houve uma fusão entre o capital industrial e o financeiro. Houve intensificação de operações financeiras com o objetivo de se manter o controle das atividades produtivas. Essa proximidade destes setores só aumentou o poder de ambas. Por essas razões é que se denomina este momento de desenvolvimento do capitalismo como financeiro e monopolista. Para Chiavenato (2003, p. 34), o Capitalismo Financeiro, tem quatro características principais: a) Dominação da indústria pelas inversões bancárias e instituições financeiras e de crédito, como na formação da United States Steel Corporation, em 1901, pela J. P. Morgan & Co. b) Formação de imensas acumulações de capital, provenientes de trustes e fusões de empresas. c) Separação entre a propriedade particular e a direção das empresas. d) Aparecimento das holding companies para coordenar e integrar os negócios. Mas o que é um Monopólio? Monopólio (do grego monos, um + polein, vender) é a concentração de poder de produção e/ou comercialização de produtos ou serviços em uma única empresa ou grupo econômico. A partir da detenção deste poder ela define preços, condições de pagamento e o efeito disso é que ao comprador não resta opção, a não ser se sujeitar aos desmandos daquela que detém o poder. E se houver concorrência essa não perdurará ou terá que se aliar a empresa de maior poder. Essa fusão de duas ou mais empresas do mesmo segmento é denominado truste. Dos monopólios podem surgir os oligopólios, onde empresas detentoras de uma grande parcela do mercado, ainda que de diferentes segmentos, se unem para realizarem acordos e conchavos sobre preços de produtos e realiza também uma divisão do mercado entre elas, o que levará ao conceito de cartel, onde as empresas definem o que será vendido, em qual mercado, por qual preço e em quais condições, isso tudo elimina a livre concorrência e prejudica quem está na ponta, ou seja, o consumidor, o qual fica sem opção de escolha e para tanto se vê obrigado a aceitar as condições impostas pelas empresas organizadas. Mas, não só de glória viveu e continua em ação o sistema capitalista de produção, a seguir discutimos uma crise que é lembrada até os dias atuais. A Crise de 1929 Mas como todo sistema, o qual está interligado a outros sistemas, influenciando e sendo influenciado por eles, o Capitalismo viu e vivenciou uma grande crise em 1929, a qual se deu nos Estados Unidos e espalhou seus tentáculos pelo resto do mundo por duas razões. Uma, por que como estavam passando pela diminuição do consumo, esses países diminuíram suas importações e outra, por ter havido uma grande desvalorização das ações no pregão de Nova Iorque, os detentores de capital foram buscar junto aos outros países o dinheiro investido neles. E a crise se instalou e trouxe consigo: diminuição brusca na produção, perda de empregos, protestos e o mundo todo sofreu as consequências. Assim afirma Hobson: “As nações industriais modernas estão aptas a produzir artigos de consumo com mais rapidez do que aqueles que têm a capacidade de consumi-los estão dispostos a fazê-lo.” (1996, p. 159) A bolsa quebrou porque do dia para noite os possuidores de ações começaram a vendê-las, o que levou a diminuição nos valores e consequente crise, tanto das empresas que viram seu valor de mercado despencar, quanto de investidores que passaram a perder muito dinheiro a partir do momento em que houve brusca redução dos valores dos papéis comercializados. Após esse acontecimento, o qual teve graves efeitos sobre a gestão das empresas, para a vida dos cidadãos e trabalhadores e também para os governos,os quais até o momento atuavam de forma pouco significativa para controlar o mercado, mas o deixava livre para decidir para onde e como ir. Após isso os países em desenvolvimento e a produção passaram por uma fase de maior controle dos aspectos relacionados ao mercado, no setor social e econômico. Essa teoria, que embasou esta nova maneira de governar, foi formulada pelo economista inglês John Maynard Keynes (1883- 1946), ele contestava o liberalismo econômico priorizando a necessidade de o Estado intervir na economia. Essa nova política, não mais ultra-liberal, mas controladora de alguns aspectos do mercado ficou conhecida como Novo Acordo, do inglês New Deal, baseada no que se denominou de Estado do Bem-Estar Social. Onde os governos passaram a controlar em parte os monopólios, as relações de trabalho e os benefícios sociais oferecidos aos trabalhadores. Houve uma grande intensificação da globalização nesta época, as empresas foram buscar em países periféricos e em desenvolvimento mão de obra barata, melhores condições para explorar os trabalhadores, novos mercados produtores e consumidores. Ainda para Hobson, “O estabelecimento de um mercado mundial para um número cada vez maior de mercadorias está transformando, com incrível rapidez, a face industrial do globo. (1996, p. 165). E a partir do final da Segunda Grande Guerra, o capitalismo já havia espalhado seus tentáculos por outros continentes e havia uma demanda pela reconstrução dos países que estiveram envolvidos diretamente na Guerra e com isso passamos a um novo momento ou fase do Capitalismo, denominado Capitalismo Informacional-global. Capitalismo informacional-global Essa fase é marcada pela vinda dos sistemas informacionais bem desenvolvidos, como eletrônica, redes de computadores, internet, automação industrial, tudo isso gerou grandes mudanças no cotidiano das empresas, as quais passaram a contar com equipamentos e novas tecnologias, das pessoas, que tiveram suas vidas invadidas por um cem número de produtos revolucionários que tornaram a vida mais fácil. Mas como já foi escrito anteriormente nada é para sempre, tudo está em movimento e a partir da década de 1970 mudanças começam a se processar no interior do sistema capitalista de produção. A teoria Keynesiana não dá conta de sustentar esse sistema, não se pode mais controlar plenamente as ações das empresas capitalistas, muito menos, assegurar direitos amplos à classe trabalhadora. E começa a ganhar força e vez o Neoliberalismo. No Neoliberalismo o mercado deve se auto-regular, não se deve garantir os benefícios sociais ao trabalhador de forma tão ampla como se havia feito a partir da crise de 1929, mas deixar o mercado oferecer aquilo que achar conveniente e em condições de bancar. Os países que foram os primeiros a instituir novas regras foram Inglaterra e Estados Unidos. Novas tecnologias disponíveis, novas formas de organização do trabalho, novos mercados produtores e consumidores marcaram esse novo período, assim a partir de 1990 o mundo passa a não ter mais fronteiras como no passado. Tudo está interligado, o tempo todo e por todos, há uma maior influência dos países desenvolvidos sobre os em desenvolvimento, maior controle das pessoas por meio dos recursos informacionais e abrem-se as portas para um novo período, nova fase, a saber, o Capitalismo Contemporâneo, o qual será discutido após a apresentação de qual foi o papel e atuação do empreendedor em cada momento explicitado até aqui. Assista ao vídeo “A crise de 1929 e seus efeitos” https://www.youtube.com/watch?v=1WXj2kDyEXg Agora reflita o seguinte: Se essa crise se repetisse hoje, quais seriam seus efeitos? Depois, descreva 3 tipos/segmentos de empresas que seriam mais prejudicados e 3 que poderiam ser iniciados baseando-se no conceito de negócios iniciados por oportunidades, estudados na aula 01. Anota suas resposte e compare-as com esta dica do professor! Os efeitos seriam parecidos com os que ocorreram em 1929, guardadas as devidas proporções para mais ou menos. Os segmentos mais prejudicados podem ser todas as empresas, em especial as pequenas e médias que não encontram o mesmo suporte que as Multinacionais dos Governos. Quanto os empreendimentos que poderiam ser abertos: loja com preços super populares, ONGs ou OCIPs. As fases do capitalismo e o papel do gestor A seguir apresentamos alguns pontos tratados por Wood Jr, em seu artigo Fordismo, Toyotismo e Volvismo: os caminhos da indústria em busca do tempo perdido, de 1992. O objetivo é descrever como se dava a atuação do gestor frente às características do sistema capitalista de produção a partir do Taylorismo e posterior Fordismo. Para o autor: “Taylor desenvolveu uma série de princípios práticos baseados na separação entre trabalho mental e físico e na fragmentação das tarefas. Estes princípios são aplicados até hoje tanto nas fábricas como nos escritórios. O efeito direto da aplicação desses princípios foi a configuração de uma nova força de trabalho marcada pela perda das habilidades genéricas manuais e um aumento brutal da produtividade. Por outro lado, passaram a surgir problemas crônicos como absenteísmo e elevado turnover” (p. 03) Enfocar e administrar as organizações como máquinas significam fixar metas e estabelecer formas de atingi-las; organizar tudo de forma racional, clara e eficiente; detalhar todas as tarefas e, principalmente, controlar, controlar, controlar. E nesta configuração de empresa o papel do administrador era de fazer com que os objetivos pré-definidos fossem alcançados, que as metas fossem atingidas, que as tarefas fossem realizadas conforme o que haviam sido pensadas, idealizadas pelos gestores. Não que isso não continue valendo, mais do que nunca essa é uma realidade dentro das empresas, mas hoje os meios para controlar os trabalhadores são outros, diferentes daqueles do início do século passado. Naquela época tinha-se o “chefe” ou “encarregado” e o trabalhador, o primeiro, comandava por meio de sua autoridade e até autoritarismo os trabalhadores. O administrador do processo produtivo tinha a incumbência de fazer com que os operários realizassem suas tarefas de forma idêntica ao que se havia planejado, ao administrador cabia pensar como seria feito e ao trabalhador a obrigação de executar. O papel deste gestor não era de alguém que apenas acompanhava o que se produzia, tipo um Supervisor (que tinha uma visão mais ampla, mais elaborada do processo) mas seu trabalho era de fazer com que o havia sido planejado, fosse de fato executado, pois, só assim é que haveria produtividade. Esse gestor, não era de pessoas, mas de tarefas que estas deviam executar, não cabia e não estava sob sua responsabilidade compreender necessidades, desejos e vontades dos trabalhadores, mas sua preocupação principal estava voltada às tarefas. Tarefas estas que foram separadas por habilidades e necessidades daquele processo produtivo, e o trabalhador deveria se preocupar em realizar com exatidão o que se esperava de seus braços e corpo, sua mente era apenas um invólucro que comandava suas mãos para bem realizar o que havia sido planejado por outro, o Gestor/Administrador. Isso fica muito claro em cenas do filme “Tempos Modernos”, já apresentado anteriormente. Se em épocas anteriores ao desenvolvimento do capitalismo o trabalhador era o artesão, que pensava determinado produto, colhia a matéria-prima para transformá-la no que projetou, cuidando de cada etapa da produção.Isso se altera neste momento, pois ele é executor e não mais responsável por pensar no que irá fazer. Mas, tem que fazer e de forma idêntica para transformar o projeto do Gestor em algo concreto, que pudesse ser comercializado no mercado. Porém, ele na maior parte das vezes fica apenas com uma tarefa, as outras eram de responsabilidade de seus colegas, também trabalhadores/executores. “Quando do seu surgimento, o gerenciamento científico foi visto como solução para todos os problemas. Ainda hoje muitas indústrias, ou mesmo unidades ou departamentos dentro de empresas, encontram na administração científica uma resposta para os seus problemas. Mas isto pressupõe condições ambientais estáveis, produtos com poucas mudanças ao longo do tempo e previsibilidade do fator humano” (WOOD Jr, 1992, p. 03). O perfil do empreendedor era então de constituir a empresa, a partir das necessidades do mercado, contratar gestores alinhados com essa filosofia de trabalho, os quais então ficavam responsáveis pelo recrutamento, seleção e treinamento dos trabalhadores, que deveriam executar o projeto idealizado por eles, a saber, executar atividades rotineiras e repetitivas a fim de conseguir produzir o que era esperado deles. O início do ciclo de produção capitalista caracterizou-se fundamentalmente pela separação do trabalhador dos meios de produção. Mas foi o surgimento das grandes fábricas e das linhas contínuas que aceleraram as mudanças, alterando radicalmente os sistemas organizacionais. (Wood Jr, 1992, p. 04) Henry Ford e a produção em massa O conceito-chave da produção em massa não é a ideia de linha contínua, como muitos pensam, mas a completa e consistente intercambiabilidade de partes, e a simplicidade de montagem. Antes da introdução da linha contínua, Ford já tinha reduzido o ciclo de tarefa de 514 para 2 minutos; a linha contínua diminuiu este número à metade. “As mudanças implantadas permitiram reduzir o esforço humano na montagem, aumentar a produtividade e diminuir os custos proporcionalmente à elevação do volume produzido. Além disso, os carros Ford foram projetados para uma facilidade de operação e manutenção sem precedentes na indústria. Em contraste com o que ocorria no sistema de produção manual, o trabalhador da linha de montagem tinha apenas uma tarefa. Ele não comandava componentes, não preparava ou reparava equipamentos, nem inspecionava a qualidade. Ele nem mesmo entendia o que o seu vizinho fazia. Para pensar em tudo isto, planejar e controlar as tarefas, surgiu a figura do engenheiro industrial” (WOOD Jr, 1992, p. 04). Ford foi quem aplicou e melhorou os princípios tayloristas, elevando a produção, distanciando ainda mais o trabalhador do resultado final do trabalho, ou seja, do produto final. Pois, ele – o trabalhador – ficou responsável apenas por uma tarefa, repetitiva e simples, aumentou a produção com isso e tornou-se uma extensão da máquina, passando apenas a produzir, produzir, produzir, sem refletir ou compreender e ver sua contribuição no processo produtivo de forma geral. Neste novo sistema, o operário não tinha perspectivas de carreira e tendia a uma desabilitação total. Além disso, com o tempo, a tendência de superespecialização e perda das habilidades genéricas passou a atingir também os demais níveis hierárquicos. (Wood Jr, 1992, p. 05) Ford passou a produzir em suas instalações a maioria dos itens necessários à montagem do carro, ou seja, centralizou a produção em massa sob seus olhos, porém, conforme expõe Wood Jr (1992, p. 5) “Mas ele mesmo não tinha ideia de como gerenciar globalmente a empresa sem ser centralizando todas as decisões. Esta é uma das principais raízes do declínio da empresa nos anos 30.” Um concorrente de Ford, Alfred Sloan, da General Motors, foi além dele, implementando, uma divisão da empresa em setores, e implantou níveis de controle rigorosos com a finalidade de poder ter sob suas mãos o domínio da empresa. E Sloan foi além, não limitou a produzir apenas um modelo, como Ford com seu modelo T, que podia ter várias cores, desde que fosse preta, isso é algo que se encontra na literatura sobre o carro disponibilizado por Ford, um único modelo, de uma só cor. Sloan para atender as necessidades e desejos do mercado produziu 5 modelos básicos de carro. Assim, o Taylorismo foi a base do Fordismo, esse fez alterações significativas e foram aperfeiçoadas por outros. Um aperfeiçoamento, uma mudança significativa na forma de organização da produção, que até então era em massa, de produtos estandardizados, com pouca variedade de modelo, cor e funcionalidade é alterado por outra grande indústria do segmento automobilístico, a Toyota. Por meio do engenheiro Eiji Toyoda e seu especialista em produção, Taiichi Ohno, a partir da visita do primeiro à fábrica da Ford em Detroit implementaram várias mudanças em seu sistema de produção: “Trabalhando na reformulação da linha de produção e premidos pelas limitações ambientais, Toyoda e Ohno desenvolveram uma série de inovações técnicas que possibilitavam uma dramática redução no tempo necessário para alteração dos equipamentos de moldagem. Assim, modificações nas características dos produtos tornaram-se mais simples e rápidas. Isso levou a uma inesperada descoberta: tornou-se mais barato fabricar pequenos lotes de peças estampadas, diferentes entre si, que enormes lotes homogêneos” (WOOD Jr, 1992 p. 08). Mas para chegar aos seus objetivos eles precisavam de trabalhadores bem treinados, capacitados e motivados. Nesta abordagem do trabalhador multifuncional, o Gestor/Administrador/Empreendedor deve ir além de simplesmente planejar, iniciar um negócio e colocar o trabalhador só para executar, mas precisa tê-lo ao seu lado, não como um apêndice da máquina, mas alguém que queira produzir com qualidade, que se preocupe com a manutenção preventiva das máquinas, que entenda do processo como um todo e quais são as consequências de suas ações sobre todo o processo produtivo. Tudo isso pede, exige um novo gestor, alguém com mais preparo, maior capacidade de enxergar no trabalhador, além da mão de obra, uma pessoa, capaz de motivá-lo e integrá-lo aos objetivos da organização. Assim temos que: “Trabalhando com esta mão-de-obra diferenciada, Ohno realizou uma série de implementações nas fábricas. A primeira foi agrupar os trabalhadores em torno de um líder e dar-lhes responsabilidade sobre uma série de tarefas. Com o tempo, isto passou a incluir conservação da área, pequenos reparos e inspeção da qualidade. E mais adiante afirma que: Toyoda e Ohno levaram mais de 20 anos para implementar completamente essas ideias, mas o impacto foi enorme, com consequências positivas para a produtividade, qualidade e velocidade de resposta às demandas do mercado” (p.08-09) O que foi descrito até aqui ainda é possível ver na prática de muitas organizações, seja o Taylorismo, Fordismo ou Toyotismo ou um mix de cada uma dessas filosofias de organização do trabalho. Cada modelo, cada prática traz consigo uma concepção de homem, de trabalhador, de trabalho, de gestor e cada uma à sua moda isolada ou em conjunto sempre objetiva alcançar maior produtividade e sempre maior rentabilidade. E as mudanças continuam se processando no interior das empresas, sempre com vistas a atender aos objetivos capitalistas de rentabilizar o capital aplicado naquela organização. Abaixo, figura que apresenta as fases do Capitalismo, bem como, fatos e datas mais marcantes desses períodos: Fonte: <http://www.tiberiogeo.com.br/AssuntoController/buscaAssunto/138%20acesso%20em%2026/01/15>. Acesso em: 11 jun. 2015. *Para ver a imagem em tamanho ideal, acesse a sua aula no AVA. É hora de agir... Leia o artigo “O papel do Administrador na sociedade moderna”. (www.portalibg.com.br/files/download/28/O_papel_do_Administra dor_na_sociedade___Artigo_Juarez.pdf) O capitalismo contemporâneo A forma de organização do capitalismo como vemos na atualidade é fruto das mudanças que vem passando desde a década de 1960, com o advento de novas tecnologias, em especial às ligadas a sistemas informacionais, microeletrônica, que não só alteraram a transmissão e velocidade das informações entre países, como possibilitaram às empresas obterem maior controle sobre seus processos produtivos, seus trabalhadores, seus consumidores. Para Costa e Godoy (2008): “O atual estágio do capitalismo, que a partir da década de 60, adquiriu uma forma globalizada e se serviu da evolução das novas tecnologias da informação e da comunicação (microeletrônica, computação, telecomunicações, óptica eletrônica, radiodifusão, engenharia genética, entre outras; que vieram operacionalizar a atividade humana e o comportamento social) tanto nos processos produtivos quanto nas relações sociais, apontam para o que, de uma maneira geral, chamamos de capitalismo contemporâneo.” Depois da crise do Fordismo, da produção em massa, outra maneira de organizar a produção foi colocada em prática, a produção flexível, com maior número de produtos disponíveis aos consumidores, chegando a um número maior de consumidores espalhados pelo mundo, graças ao desenvolvimento dos meios de transporte, das telecomunicações, de novos mercados a serem explorados, inclusive o Brasil. As grandes corporações buscaram outros mercados para seus produtos e/ou serviços, mão de obra mais barata para conseguir manterem-se rentáveis e com isso mapearam o mundo e se deslocaram para outros países e continentes onde seus objetivos de crescimento pudessem ser alcançados. A China também despontou como um grande mercado produtor, com mão de obra muito barata se comparada aos países já desenvolvidos e mesmo em relação aos em desenvolvimento. E depois de se tornarem produtores para o mundo passaram também aumentar o consumo interno. Assim, essa potência passou a ser um país produtor de tudo que se possa imaginar, de um alfinete a um avião. E da mesma forma passou a comprar mais, desde minério de ferro para conseguir produzir o que o mundo queria comprar a alimentos para saciar seu povo. As relações de trabalho também se alteraram, se havia no passado maior protecionismo dos trabalhadores, garantindo benefícios de alta qualidade e excelente remuneração. A partir dessas mudanças as empresas passaram a buscar locais onde pudessem produzir mais, explorando melhor a mão de obra e com isso reduzindo seus custos para obterem mais lucros. Nos anos 2000 já há uma intensa inter-relação entre países, de produção, comércio e consumo. Aqueles que já vinham à frente ali se mantiveram, e os que ainda estavam em busca de sair do estado de subdesenvolvimento passaram a ser as estrelas do momento. O Brasil é um desses que obteve crescimento e desenvolvimento, controlando inflação, aumentando suas exportações, em especial de commodities, aumentou a renda do trabalhador, levando uma grande parcela da população a ter acesso a produtos e serviços que até então não tinham. Se as empresas se modernizaram, se atualizaram tecnologicamente, se tornaram mais competitivas isso não ocorreu sem a ajuda de seus trabalhadores, os quais passam ou deixam de ser meros executores de atividades programadas e pensadas por outros para poderem ser considerados como um ser importante em todo o processo produtivo. O trabalhador passou a não ser mais visto como recurso, mas sim como pessoa, e como tal é possuidor de vontades, necessidades, desejos e anseios que devem ser considerados pelas empresas que querem se despontar no mercado. E essa nova configuração na gestão de pessoas alterou o tratamento recebido pelo trabalhador de seus gestores e líderes, não mais chefes, não mais autoritários, mas mais democráticos e participativos, mais preocupados com a realidade dos seus, agora, colaboradores e não mais funcionários. Essa realidade exigiu do Administrador uma nova e complexa atuação, se antes a ele cabia apenas fazer controles, exigir produção, coagir para que seus objetivos fossem alcançados, agora neste novo momento tem de ter uma formação mais completa e complexa, mais abrangente, deve conseguir visualizar a empresa como um todo, todas suas áreas, se preocupando em interligar processos e pessoas, e que estas não fiquem apenas responsáveis por uma atividade isolada, mas também que compreenda que seu papel é maior, que tem que cuidar da manutenção dos equipamentos à sua volta, de produzir com qualidade e agilidade e exigir isso dos demais. Assim, temos a configuração alterada do gestor, que não é mais um mero controlador, mas um profissional completo que com visão ampliada leva a empresa a alcançar seus objetivos. E empreendedor depois dos anos 1990 continuou como antes? Claro que não. Quando a concorrência é acirrada, quando os consumidores deixam de ser passivos e passar a agir para ter seus objetivos atendidos pelas empresas, quando há a estabilidade da economia, quando se tem a cada dia mais profissionais preparados, tudo isso exige um novo perfil de empreendedor e intraempreendedor, temas que serão discutidos posteriormente na Rota 4. É hora de refletir Recentemente uma emissora de TV da Noruega levou 3 Blogueiras da área de moda para passarem umas “férias” em um lugar distante, desconhecido por todas elas. Esse lugar é um outro país, o Camboja, neste país elas foram enviadas para trabalharem em fábricas de roupas, e não de qualquer roupa, mas roupas que essas mesmas profissionais compravam, usavam e escreviam sobre elas. O resultado e o desenrolar deste fato pode ser visto no artigo abaixo. Leia o artigo “Série envia blogueiros de moda para conhecer fábrica têxtil no Camboja”. (http://g1.globo.com/pop- arte/noticia/2015/01/serie-envia-blogueiros-de-moda-para- conhecer-fabrica-textil-no-camboja.html) Para conhecer um pouco da internacionalização das maiores construtoras do Brasil, acesse: http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas- noticias/2014/11/21/casamento-de-empreiteiras-com-poder- comecou-com-jk-e-teve-lua-de-mel-na-ditadura.htm Leia também sobre a matéria sobre blogueiras norueguesas que foram conhecer a realidade das fábricas no Camboja. http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/serie-envia-blogueiros- de-moda-para-trabalhar-no-camboja Síntese Nesta aula discutimos o conceito de Capitalismo, o qual se vincula a uma produção em larga escala, diferente do que ocorria até o Feudalismo. Suas principais características é a busca pelo lucro, o trabalhador vende sua força de trabalho por um salário e não é mais o dono dos meios de produção. A seguir, apresentamos a primeira fase do Capitalismo, a Comercial, onde as empresas e empresários buscam novos mercados para seus produtos, pois só assim é que conseguirão continuar produzindo em escala e para tanto irão buscar novos consumidores e matérias-primas para manter ativa sua produção. O Capitalismo Industrial está relacionado ao momento em que há um grande número de inovações que possibilitaram aumentar a produção e reduzir custos. Algumas descobertas como a máquina a vapor, o tear, a eletricidade e outros alavancaram a produçãocapitalista. A partir do momento em que há uma grande aferição de lucro por parte das empresas há também uma junção ou aproximação do capital financeiro e o capitalismo, assim há possibilidades de expansão dos negócios baseados no financiamento pelo setor bancário. Mas como nem tudo é só sucesso e prosperidade o sistema capitalista de produção conheceu em 1929 uma grave crise que comprometeu seus objetivos e o mesmo teve que se reestruturar a fim de manter-se vivo e retomar seus projetos expansionistas. A partir do desenvolvimento de novas tecnologias, em especial as ligadas a área de informática há uma nova expansão da atuação deste sistema, espalhando por espaços ainda não conquistados, tendo maior controle da produção, qualidade e dos trabalhadores. Em cada momento, cada fase exigiu do administrador/empreendedor comportamentos e ações que pudessem contribuir para o desenvolvimento da produção em larga escala, bem como, a continuidade do desenvolvimento do sistema capitalista. Esse desenvolvimento continua em curso e a na atualidade novas configurações são arranjadas para manter o Capitalismo ainda mais dominante que no passado. Referências HOBSON, J. A. A evolução do capitalismo moderno – um estudo da produção mecanizada, Trad. Benedicto de Carvalho. São Paulo: Nova Cultura, 1996. DOBB, M. A evolução do Capitalismo. São Paulo: Zamar Editores, 1963. CHIAVENATO, I, Teoria Geral da Administração. 7. ed. Atualizada e revisada, São Paulo: Campus, 2003. WOOD Jr; T. Fordismo, Toyotismo e Volvismo: os caminhos da indústria em busca do tempo perdido. In: Revista de Administração de Empresas. São Paulo 32(4): 6-18, Set./Out. 1992.
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