Buscar

Direito Constitucional Apostila Completa.Paulo Gonet

Prévia do material em texto

paulob@prr1.mpf.gov.br
paulogonet@gmail.com
Três pilares da Disciplina Direito Constitucional:
 Poder Constituinte: quem elabora.
 Controle de Constitucionalidade: a garantia da supremacia 
das Constituições.
 Direitos Fundamentais: que são a base do Direito 
Constitucional.
PARTE I - PRIMEIRO PILAR – PODER 
CONSTITUINTE
1. INTRODUÇÃO
As Constituições têm valor jurídico, são eficazes, vinculam as pessoas e poderes, 
estão acima das outras normas, isso é óbvio, talvez não precisasse ser dito. 
Todavia, tal reconhecimento se fez de modo diferente ao longo da história: no 
direito continental europeu e no americano, houve duas realidades diferentes.
Na Europa se desenvolveu de forma diferente, o Princípio da supremacia das Leis, 
ou seja, do Parlamento foi o que preponderou, mesmo em relação à própria 
Constituição. A defesa da propriedade e a liberdade só seriam eficientes se 
houvesse a Separação dos Poderes. 
Na Constituição estava inscrito o Princípio da Separação dos Poderes, porém 
tinham apenas poder declaratório-político e não jurídico, o Poder Judiciário não 
poderia censurar um ato do Parlamento, afirmando que não aplicaria, era, na 
verdade, o poder mais fraco de todos. A não-aplicação da Lei era tipificada como 
prevaricação, mesmo que inadequada.
Não havia o Princípio da supremacia da Constituição, mas apenas a supremacia 
do Parlamento. A burguesia ainda tinha que dividir espaços com o poder do rei e 
da aristocracia. Isso fazia com que precisasse surgir uma ideologia que 
propiciasse maior poder à burguesia: ao Parlamento. Como novo motor da 
1
história a burguesia opera por meio do Parlamento, como representante do Povo. A 
soberania estando no Povo, estaria também no Parlamento que seria seu órgão 
supremo.
Assim, a Lei era a expressão da soberania da nação. Predominava o Princípio da 
supremacia da Lei ou do Parlamento, por isso estava no topo do sistema. O 
Parlamento era duplamente soberano, porque editava a Lei, mas também 
porque o Povo só se reconhecia por meio do Parlamento. Era a sede em que a 
vontade do Povo se exprimia. Nesse contexto vamos ter um conceito débil do valor 
da Constituição, pois a Lei significa Parlamento e estava acima de tudo.
Havia uma grande desconfiança dos revolucionários em relação aos Juízes, que 
estariam sob influência dos monarcas, havia má-vontade. O que se desejava do 
Judiciário era que fosse apenas a voz da Lei, não deveria criar absolutamente 
nada, apenas explicitar o que a Lei queria. Havia uma Lei que determinava que 
uma controvérsia sobre determinada Lei devesse ser resolvida no Parlamento, 
que deveria dizer o sentido da Lei. Essa norma revela que a tarefa de interpretar é 
também uma tarefa de criar, o Parlamento resolveu barrar o toque de 
criatividade na interpretação da Lei, de forma que jamais fosse criada alguma 
coisa pelo Judiciário.
Sendo assim, havia Leis explícitas que determinavam a supremacia do 
Parlamento ou supremacia das Leis, que fazia o controle. Isso refletia na própria 
idéia de que a Constituição não poderia ter tal poder, apenas o Parlamento estaria 
no topo do sistema, a Constituição tinha então valor retórico, pois as Leis 
poderiam mudar a Constituição, já que as Leis eram o Parlamento, que tinha 
poder absoluto.
Com as crises do Estado Liberal as Monarquias constitucionais desaparecem, o rei 
já não era mais um poder de peso. Com a instituição do Parlamentarismo a 
disputa, o confronto do Parlamento em face do rei, acaba. Há intimidade entre o 
Executivo e o Legislativo, a conseqüência disso é que não há mais tanta influência 
do Executivo, o Parlamento tem controle maior.
► A própria Separação dos Poderes se torna menos nítida, como proteger as 
minorias em face das maiorias? Aqueles que não compõem os grupos 
majoritários? 
A necessidade de proteção das minorias está ligada à necessidade de proteção da 
própria Constituição, que tem que ser efetiva. 
2
Na Primeira e Segunda Guerras Mundiais surgem grandes discussões. Kelsen, 
Carl Schmit, etc. Percebe-se que o Parlamento é débil diante de um grupo que 
chega ao poder, o Parlamentarismo não impediu que o Nazismo e o Fascismo não 
se instalassem.
Retomou-se a discussão desses teóricos do período de entre-guerras, é preciso que 
haja um instrumento que esteja superior ao Parlamento. Que segure a efetividade 
das normas que sirvam de proteção das minorias.
Conclui-se que é preciso proteger a Constituição e os Direitos Fundamentais de 
forma que tenham aplicação imediata, por exemplo, por si gerando direitos 
objetivos. 
Na Europa ainda havia resquícios negativos contra o Poder Judiciário, a idéia de 
Corte Constitucional desenvolve-se em razão disso. A Justiça Constitucional se 
alastra pela Europa, após a Segunda Guerra Mundial.
A França tem um sistema de Controle de Constitucionalidade sui generis, não é 
exatamente um órgão. O certo é que na Europa o controle passa a ser visto como 
sinônimo essencial de democracia, com predominância da idéia de que há 
necessidade de se proteger os Princípios básicos constitucionais.
Nos Estados Unidos foi diferente porque em seguida à Revolução Americana o 
Legislativo não tinha que se defrontar com um rei que representava uma classe 
diferente daqueles que faziam parte do Congresso. Todos tinham a mesma 
formação: Executivo e Legislativo. A preocupação que surgiu foi diferente, não 
havia conflito de classes situado ou visível. O problema que surgia era diferente 
daquele que surgiu na Europa, no início nos EUA era a preocupação da 
hegemonia do Congresso, então logo se preocuparam com a criação de um valor 
supremo, a Constituição, que seria tal valor.
A idéia de que a Constituição estava acima de todos os poderes logo prevaleceu. 
Reconhecendo-se que a Constituição poderia ser aplicada diretamente para 
resolver pendências, uma Lei que se confrontasse deveria ser expulsa do sistema. 
“A Constituição não poderia ser uma tentativa vã de controlar o 
incontrolável.” Não poderia ser modificada por uma Lei Ordinária, mas por 
procedimento próprio, diferenciado, pois é norma suprema. Quando um Poder não 
segue ou não se conforma tem que se sujeitar à censura do Poder Judiciário que 
pode anular o ato contrário à Constituição.
No mundo ocidental estamos nesse ponto, reconhece-se que a Constituição está 
acima das demais Leis e também a idéia de que deve haver um órgão que permita 
3
tal controle. A Constituição cria os Poderes, que são constituídos pelo Constituinte 
Originário. Ressalte-se que a soberania não está mais no Parlamento e sim no 
Poder Constituinte Originário, criador da Constituição, e conseqüentemente 
origina todos os poderes. 
►O Controle de Constitucionalidade se popularizou, pergunta-se: será que 
chegamos ao final da história? Não precisamos mais nos preocupar? Todos os 
direitos estão assentados? Não há mais desafios que nos inquietem? 
A história não pára. Mesmo em alguns Países, principalmente nos Africanos e na 
América Latina há agressões aos Direitos Fundamentais, mesmo sob ordens 
constitucionais. A máquina estatal diversas vezes desconsiderou a Ordem 
Constitucional e massacrou minorias, à guisa das Constituições. A justiça 
constitucional é essencial, é preciso que haja órgãos que façam tal controle 
internamente, mas também internacionalmente, por meio de Pactos 
Internacionais, Cortes Regionais, Cortes Mundiais, etc. 
Os mecanismos internos ou domésticos (a Constituição e o Controle de 
Constitucionalidade) só resolvem quando as crises são tópicas, mas não são por si 
suficientes. Os internacionais vêm contribuirpara que haja maior eficácia, mas 
também não solucionam a questão.
2. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
O valor das Constituições vem da sua origem, que é a expressão da vontade do 
Povo, do Poder Constituinte Originário.
Genaro Carrió – Sobre los limites de la linguagem normativa
Na década de 70 na América Latina houve uma sucessão de golpes de Estado, 
militares que depunham o governo. 
Exemplo: A cada seis meses um governo se alternava, exemplo disso é o caso da 
Bolívia. Instabilidade política. República sem nome, existia um advogado 
brilhante, Dr. K. Entram três militares em seu gabinete e anunciam um golpe 
militar. Informam ao advogado que há um super-plano de recuperação social, 
econômico... A história sempre se repete, os militares têm certeza de que obterão 
o apoio da sociedade. Contudo têm algum escrúpulo jurídico, perguntam sobre a 
legitimidade do golpe e o valor da Constituição que irão elaborar. O Dr. K. fica 
perplexo, pois como é que vão perguntar sobre o valor jurídico do golpe e da futura 
4
Constituição. O Advogado pára, pensa e entende que a violência não irá 
construir uma ordem jurídica justa. Então, como romper a ordem jurídica 
atual por meio de um golpe? Quem não tem competência para praticar um 
ato, quando o pratica produz atos nulos, por falta competência. Para 
conseguiram se manter terão que possuir Tribunais que digam o contrário. 
Solução: irão desfazer os Tribunais atuais e colocar novos Juízes, isso é o que 
farão. Então, como justificar a validade dos atos, de forma a manter os Juízes 
atuais? Qual seria o fundamento de validade para aqueles atos? Seria criar 
uma nova ordem que validasse aqueles atos. Criar uma nova ordem apoiada 
pela população. O fundamento de validade não é a ordem jurídica pretérita com 
certeza, assim terá que ser forjada uma NOVA ORDEM. A nova ordem tem um 
nome PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO que é pleno, absoluto e não está 
subordinado a qualquer outra ordem, nem mesmo a anterior. Dá início à nova 
ordem, é totalmente desvinculada da ordem jurídica preexistente. Tal poder surge 
de qualquer forma: consenso, golpe militar, guerra... Não importa qual seja o 
movimento. Não se submete a uma forma prefixada, o que importa é a FORÇA 
LEGITIMADORA DO ÊXITO.
A força legitimadora do êxito nada mais é que a adesão da sociedade aquele 
movimento, às mudanças instituídas pelo Poder Constituinte Originário. 
2.1. CARACTERÍSTICAS DO PODER CONSTITUINTE 
ORIGINÁRIO
2.1.1. Inicial
Está fora da Ordem Constitucional pregressa, é um fato que dá origem a uma 
nova ordem que sequer está prevista na Ordem Constitucional preexistente. É um 
Poder de Fato e não um poder jurídico. 
2.1.2. Ilimitado
Não está limitado a nenhuma regra de direito. Carl Schmit diz que é um poder 
absolutamente livre, porque é a expressão da vontade do Povo de se organizar. O 
poder absoluto do Poder Constituinte Originário ou sua ilimitação é jurídico, 
porém há limitação sociológica, cultural etc.
2.1.3. Incondicionado
Não está condicionado a nenhuma regra de forma para se expressar, pois se 
manifesta como e quando quiser. Pode se manifestar de qualquer forma e em 
5
qualquer momento, mesmo por decretos, exemplo disso são aqueles que foram 
expedidos por Hitler, na Alemanha. É mais comum sua manifestação em 
momentos de ruptura: Estado Novo, por exemplo. Mudanças de regime econômico: 
capitalismo para socialismo.
2.2. DADOS RELEVANTES SOBRE O PODER 
CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
2.2.1. ADESÃO GLOBAL AO MOVIMENTO OU 
FORÇA LEGITIMADORA DO ÊXITO
Tal movimento só será Poder Constituinte Originário se obtiver êxito, quer dizer 
que é preciso que haja adesão a tal movimento. Mesmo que a adesão seja imposta, 
inicialmente. O que importa é que haja aceitação global, pois pode haver apenas 
um regime de força, o que pode ser percebido quando há resistência. 
Exemplo 1: O regime instituído em 1964 não pode ser considerado apenas como 
regime de força, porque a sociedade aceitou. 
Exemplo 2: A mesma coisa na Alemanha, a sociedade aceitou. 
O fato é que a vontade do Povo – o Poder Constituinte Originário – pode não 
ser a melhor. A manifestação do Poder Originário por si só não garante que a 
manifestação tenha sido BOA ou JUSTA. 
CF, art. 5°, XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou 
militares, contra a Ordem Constitucional e o Estado Democrático.
Todavia se o movimento obtiver êxito, não será mais crime, pois romperá com a 
ordem vigente.
Exemplos: Farroupilha, Sabinada, Tenentismo, etc. 
2.2.2. RUPTURA
Pode ser visto de uma forma mais sutil, mesmo que sob disfarce. É preciso ter em 
rolmente que é uma ruptura. 
6
Exemplo 1: Na França, em 1958, a passagem da 4° para a 5° República, Charles 
de Gaulle pode elaborar uma nova Constituição, o que foi feito, houve um 
Plebiscito e a População aprovou o novo texto. 
►No Brasil a Constituição de 1988 foi expressão do Poder Constituinte 
Originário ou apenas uma Emenda à Constituição de 1967? 
Há quem sustente que tenha sido apenas uma mera reforma da CF de 67 e 69, o 
fundamento básico disso seria o de que a Assembléia foi convocada pela 
Constituição de 67 e 69. 
Tal discussão é importante porque somente o Poder Constituinte Originário 
pode estabelecer limites (Cláusulas Pétreas) ao Poder Constituinte de 
Reforma, contudo a maior parte da doutrina entende que a Constituição de 88 
tenha sido elaborada pelo Poder Constituinte Originário. 
Houve sim uma ruptura, há vontade de inaugurar um novo sistema de 
convivência no Brasil, mesmo que tenha surgido de uma Emenda da Constituição 
anterior, como o Poder Constituinte Originário é incondicionado pode surgir de 
qualquer forma, mesmo que tenha sido previsto de uma Emenda na ordem 
anterior.
Na Emenda Constitucional n° 26, anterior, há expressão de que o poder seria 
livre e soberano (não está sujeito a nenhum limite jurídico), o que é óbvio, pois o 
Poder Constituinte sempre o é. Há até um pleonasmo, pois livre e soberano é 
dizer a mesma coisa duas vezes, mas a idéia é frisar a total liberdade da 
Assembléia Nacional Constituinte.
A ruptura tratou-se na verdade de uma reforma e não revolução sociológica, 
apenas revolução no sentido jurídico.
2.2.3. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO
Porque a essência do Poder Constituinte Originário é ilimitado, criando o principal 
elemento do Sistema.
Está vinculada ao fato de resultar do poder soberano e ilimitado: Poder 
Constituinte Originário.
Nenhuma regra pode valer se encontra oposição a Constituição, que é fruto desse 
poder ilimitado.
7
Também porque dá origem a todo o Sistema Jurídico, é a matriz. As normas 
contrárias à Constituição não são válidas. Não é jurídico o que não estiver de 
acordo com a Constituição.
O que vem antes não deve existir se não estiver de acordo, a lógica formal deve 
ceder à lógica do razoável.
2.2.4. RECEPÇÃO ou NOVAÇÃO DE FONTES
Quando aquilo que as Leis estabelecem está de acordo com a Constituição, vão 
continuar em vigor sob novo fundamento. As Leis irão continuar porque no seu 
conteúdo são acolhidas pela nova Constituição. Há uma NOVAÇÃO DE FONTES. 
Irão de forma automática e instantânea, mas de forma ficcional. Então tudo o que 
estiver de acordo será revigorado pela nova Constituição, é um mecanismo 
revigorado: RECEPÇÃO, que pode ocorrer de forma implícita ou explicita. Na 
maior parte das vezes não é necessário que a carta nova diga de forma explícita 
que está recepcionando as Leis antigas. 
O que pode ocorrer é que as Leis antigas tenham sido elaboradas de forma não 
prevista pela nova carta. 
Exemplo 1: Imagine determinado assunto previstopor Lei Ordinária (na vigência 
antiga) que agora somente poderá ser veiculado por Lei Complementar, tal fato 
não irá afetar, pois o que vale é a compatibilidade de conteúdo: Código Tributário 
Nacional é um bom exemplo, porque agora se exige que seja por meio de Lei 
Complementar, foi instituído por Lei Ordinária. O que agora ocorre é que qualquer 
alteração seja feita por meio de Lei complementar. O Código Tributário foi 
recebido como Lei Complementar e não Leio Ordinária.
Exemplo 2: O próprio Código Penal é outro bom exemplo, era apenas um 
Decreto-Lei, foi recepcionado, para alteração de seu texto somente por Lei 
Ordinária.
Exemplo 3: Em 1997 houve um Habeas Corpus pedindo a invalidade de uma 
condenação de um prefeito, o advogado alegou que o réu fosse absolvido porque 
não existe mais Decreto-Lei, assim sendo o cliente haveria sido condenado de 
modo impróprio. Imagine isso? O Código Penal não existiria mais.
A recepção ocorre sempre que há COMPATIBILIDADE MATERIAL, o conteúdo 
tem que estar de acordo.
8
HC HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES
Julgamento: 04/02/1997 Órgão Julgador: Primeira Turma
Publicação: DJ 04-04-1997 PP-10523 EMENT VOL-01863-03 PP-00474 
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, PENAL E PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL 
CONTRA PREFEITO MUNICIPAL: DECRETO-LEI Nº 201/67: RECEPÇÃO PELA 
CONSTITUIÇÃO DE 1988. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA. PRESCRIÇÃO. PRAZOS DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO E DO TRIBUNAL DE CONTAS. PROVAS. "HABEAS CORPUS". 1. A 
competência para o julgamento criminal de ex-Prefeito, por fatos ocorridos durante o 
exercício do Mandato, é do Tribunal de Justiça do Estado, como prescreve o inciso X do 
art. 29 da Constituição Federal, revogado, assim, nesse ponto, o art. 2 do Decreto-Lei nº 
201/67, que atribuía competência ao Juízo singular. 2. A extinção da punibilidade, pela 
prescrição, ainda não ocorreu, ao menos com relação aos delitos apenados mais 
gravemente, não havendo, ademais, nos autos, elementos informativos seguros sobre a 
caracterização desse fato extintivo, com relação aos delitos menos graves, o que ainda pode 
ser objeto de consideração pelo Tribunal de Justiça. 3. Embora a Constituição de 1988 
não inclua o "Decreto-Lei" como forma de processo legislativo, nem por isso revogou 
o Decreto- Lei nº 201, de 27.02.1967, que regula a responsabilidade penal dos 
Prefeitos e Vereadores. 4. O atraso na elaboração de parecer pelo Tribunal de Contas dos 
Municípios e na apresentação da denúncia pelo Ministério Público não implica 
necessariamente o trancamento desta. 5. Quanto à caracterização, ou não, dos crimes 
imputados ao paciente, trata-se de matéria dependente de provas, que ainda estão sendo 
produzidas perante o Tribunal competente, não podendo o S.T.F. antecipar julgamento a 
respeito. 6. "H.C" indeferido. Decisão unânime. 
Votação: Unânime.
Resultado: Indeferido.
N.PP.:(18). Análise:(KCC). Revisão:(NCS).
Inclusão: 16/04/97, (NT).
Alteração: 09/05/97, (ARL).
PACTE.: HAMILTON DE BRITO BEZERRA
IMPTE.: ADALBERTO GUIMARÃES NETO
COATOR: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARA
9
2.2.5. INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL DAS 
LEIS ANTERIORES
As Leis antigas devem ser interpretadas da melhor forma em relação à nova 
Ordem Constitucional, de forma que melhor sejam compatibilizadas com a 
nova ordem.
3. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Assunto essencial para se entender o Poder Constituinte Originário. 
3.1. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DO PODER 
CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
A história registra certos padrões de manifestação do Poder Constituinte 
Originário.
3.1.1. CONSTITUIÇÃO OUTORGADA
Grupo restrito de pessoas que não são eleitas, que elaboram um texto que obtém 
a aceitação da população. 
Outorgadas são as elaboradas e estabelecidas sem a participação do Povo, 
aquelas que o governante por si ou por interposta pessoa ou instituição, outorga, 
impõe, concede ao Povo. 
1824
1937 = Getúlio Vargas
1969 = Congresso estava fechado, estava no poder uma Junta Militar que 
modificou o texto constitucional, que modificou radicalmente o texto 
constitucional.
3.1.2. CONSTITUIÇÃO PROMULGADA
São populares as que se originam de um órgão constituinte composto de 
representantes do Povo, eleitos para o fim de elaborar e estabelecer a mesma. 
Para o professor a de 1967 e 1969 foram promulgadas porque houve alguma 
participação.
10
1824 1891 1934 1937 1946 1967 1969 1988
Outorgada Outorgada ? ?
Promulgada Promulgada Promulgada Promulgada Promulgada Promulgada
3.2. PARTICIPAÇÃO POPULAR
3.2.1. PARTICIPAÇÃO DIRETA 
Quando participa diretamente: plebiscito, por exemplo.
3.2.2. PARTICIPAÇÃO INDIRETA
Quando apenas elege os membros do Parlamento.
Natureza jurídica dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT)?
4. EFICÁCIA RETROATIVA MÍNIMA
As Normas Constitucionais têm eficácia constitucional peculiar: ato jurídico válido 
na vigência da Constituição “A” que produz efeitos no tempo, há uma nova 
Constituição “B” que é incompatível com o ato jurídico vigente, que deixa de 
produzir efeitos, daqui por diante. A Constituição “B” só produz efeitos para antes 
dela se disser, se for textual, pois só tem efeitos futuros: EFICÁCIA 
RETROATIVA MÍNIMA.
Pode haver eficácia retroativa máxima quando o Constituinte assim o faz de forma 
expressa. A Constituição Federal modificou os prazos de prescrição para a matéria 
trabalhista, a prescrição já tinha se exaurido no passado, assim não afeta o que já 
ocorreu, somente o que estava em curso. 
Tal raciocínio não vale para normas infraconstitucionais, somente para as normas 
constitucionais. 
11
Exemplo: Contrato com determinado juros de mora, vem uma Lei que muda isso. 
1% ao mês no contrato, nova Lei Ordinária proibindo tal taxa. A partir dessa Lei é 
obrigatório pagar o 1% acordado ou o novo valor? Essa nova Lei não atinge o 
contrato que é ato jurídico perfeito, não o pode ferir (a Lei não prejudicará o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada), nem mesmo com a eficácia mínima. 
Com relação às normas constitucionais é outra visão, porque inaugura um 
novo sistema. 
O STJ já esteve dividido com relação ao CDC, houve discussão no STJ, Moreira 
Alves proferiu um voto no qual afirmou isso. Requisitos de existência válidos são 
garantia do inciso XXXVI do art. 5º, os contratos posteriores ao CDC têm que estar 
de acordo, contudo os anteriores não. A retroatividade mínima é atributo das 
normas constitucionais e não das normas infraconstitucionais. 
►Por que algumas Leis podem ter eficácia retroativa em casos específicos?
 Não afetando a coisa julgada, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada é 
totalmente possível. 
_______________________________________________________________________________
Não é possível invocar dir adquirido na CF. A CF deveria recepcionar dir contrário 
de que estabelece, porém o poder const originário pode tudo. 
A União n pode conceder isenção de impostos nos Estados e Municípios, apenas 
os Estados podem. Itaipu só pode ser construída devido a isenção de vários 
impostos. Então a CF proíbe a isenção feita pela União e a partir dali as isenções 
feitas perderiam a eficácia. Porém foi pedido um tempo, um período de transição 
para q as empresas se adaptassem, mas isso n é obrigação do Poder Constituinte 
originário, ela pode romper a qq momento. 
Não existe direito adquirido contra a CF. As normas jurídicas visam regular o 
futuro. As normas const. Tmb estariam sobre o mesmo feitio, regularia apenas o 
que viesse depois de sua const. 
RE 85708 RPJ 87/257. 
RE 94414 RPJ 114/237. O STF decidiu que nas normas do poder const originário 
seria dotadade natureza de eficácia retroativa mínima. Essas normas afetam 
efeitos jurídicos de situações ocorridas no passado. Afetam só os efeitos futuros, 
12
mas n os fatos passados. Ex: faço um contrato e a medida que n forem pagas as 
prestações serão cobrados juros de 10%. Vamos supor que são 10 parcelas, o cara 
começa a pagar as prestações com juros a partir da 2ª parcela, depois de pagas 5 
parcelas entra em vigor nova CF que diz ser inconstitucional cobrar juros. Logo a 
partir da nova CF n poderá mais ser cobrado os juros, porém tmb n poderá ser 
cobrado a restituição dos juros já pagos antes da nova CF. Chama-se eficácia 
retroativa mínima. E se o cara não pagou uma parcela vencida antes da edição da 
CF, ela pode ser cobrada, mesmo que a nova CF diga ser inconstitucional a 
cobrança de juros? Sim poderá ser cobrada esta parcela, pois antes da nova CF 
era legal, chama-se eficácia retroativa média. 
N há possibilidade de se invocar retroatividade... do poder const originário. 
Nenhuma lei ordinária pode ter eficácia retroativa? F, pode ter eficácia, só não irá 
retroagir qnd esta ferir o dir adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada ou 
qnd vier em detrimento da posição do réu um sujeito q esteja sendo perseguido 
pela lei criminal. 
A nova CF n reaviva efeitos futuros de fatos passados, qnd este fato já exauriu no 
passado. A não ser q esta CF tivesse retroatividade Max. 
ADIN 815 EM 10.05.96. 
5. PODER CONSTITUINTE DE REFORMA
Já se tentou elaborar uma Constituição permanente. Em um dos livros, Nelson 
Sampaio, há referência ao Código de Hamurabi, que tinha feições de Constituição, 
havia referência de que suas Leis não poderiam ser modificadas.
Em Esparta também se pensou em fazer uma Lei permanente, consultou-se um 
Oráculo, que disse que a Constituição era ótima. A população de Esparta jurou 
solenemente dizendo que não mudaria o texto. Em Delphos o Legislador Licurgo se 
matou para que a Lei não fosse modificada, já que houve o juramento.
É preciso que haja possibilidade de oxigenação de seu texto, pois o mundo 
muda.
As Constituições quando não prevêem mudança de seu texto serão derrubadas, 
com certeza haverá revolução, ruptura jurídica. Ninguém passará necessidade em 
função disso, rompe-se com ela. Para evitar a sucessão de revolução no sentido 
jurídico há possibilidade de reforma do seu texto.
13
Suas normas são alteradas para evitar a sua própria derrocada, no mais das 
vezes fixa o procedimento. Explicitamente ou não estabelece que certos temas são 
intocados, porque o poder de reforma não é o poder originário, é apenas o 
poder de alterar.
O Poder de Reforma não pode dar as costas para o Poder Constituinte Originário 
que confere identidade singular à Constituição, pode apenas alterar para que a 
torne ainda praticável, permitindo que aqueles valores continuem 
prestigiados. Por isso não pode desnaturar o trabalho do Poder Constituinte 
Originário.
Tal possibilidade é explícita ou não, na maior parte das Constituições se exige um 
procedimento de mudança.
O processo Legislativo Comum é menos solene, o processo de elaboração de uma 
Norma Constitucional, de uma Emenda Constitucional, é mais solene, mais 
dificultoso, mais exigente, assim estamos diante de uma Constituição Rígida.
Das Constituições que existem, há poucas que são flexíveis, pois dependem da 
capacidade do Povo de possuir a compreensão dos seus costumes e/ou tradições. 
Exemplo 1: No Reino Unido a Constituição é Flexível, há uma Lei que 
determina que às 11 horas da noite os bares não podem mais oferecer bebida 
alcoólica aos clientes, essa é uma Lei que foi criada da mesma forma que seria 
uma para mudar o regime de Monarquia para República, mas se trata de um Povo 
ligado às tradições.
Exemplo 2: Se a Constituição Federal pudesse ser modificada de forma fácil no 
Brasil, não saberíamos o que estaria em vigor, exemplo disso é o RJU, não 
sabemos o que está valendo. Quem aqui sabe se as incorporações dos quintos ou 
décimos do tempo de serviço e gratificações ainda existem. 
Exemplo 3: Procuradores Federais poderiam advogar, há menos de três anos 
foram proibidos, por Medida Provisória. 
As Constituições Rígidas previnem mudanças repentinas e contribuem para que 
a população guarde o teor do texto constitucional. As diferenças entre o Poder 
Constituinte Originário e o de Reforma são bem demarcadas. 
Também favorece e reforça o conceito de supremacia da Constituição, pois se 
pudesse ser modificada por uma Lei Ordinária poderia enfraquecê-la. 
14
Deixa mais nítido o conceito de que uma Lei Ordinária não pode entrar em linha 
de colisão com a Constituição.
Sistema de proteção contra Leis inconstitucionais, Controle de 
Constitucionalidade.
O fato de termos uma Constituição rígida resolve um problema que surgiu no 
início da Constituição Federal de 88. 
Exemplo: Antes havia uma norma que dizia que os poderes seriam indelegáveis, 
na Constituição Federal de 88 não havia tal regra, isso levou a tal questão: Será 
que um decreto poderia fixar um percentual de gratificação para um Poder, uma 
Lei fazendo isso, delegando? Pela aplicação do Princípio da Legalidade Estrita 
(reserva de Parlamento) somente o Executivo pode criar tal Lei, assim é 
Inconstitucional. Nossa Constituição é rígida, portanto só podemos modificar a 
Constituição por meio de uma Emenda, ora se o constituinte atribuiu certos 
poderes a um Poder não pode permitir ou aceitar que isso se modifique por meio 
de Lei, ou seja, que certas funções sejam modificadas ou atribuídas a outro Poder, 
pois estaria mudando a Constituição.
O Poder Const de Reforma serve para revitalizar a CF. 
Desvio de finalidade no caso de violação de princípios fundamentais.
Poder de emenda e revisão (ADCT art. 3º) A revisão segue um rito bem mais 
simples que o rito de emenda. 
Const Rígida e flexível, esse estudo só faz sentido diante de uma CF rígida. 
Const semi rígidas: ex. CF império do Brasil.
O Poder Constituinte de Reforma ganhou vários nomes: 
a) Poder Constituinte Constituído porque fornece normas constitucionais 
porque é criatura de um criador (Poder Constituinte Originário) que constitui um 
novo poder. 
b) Poder Constituinte Derivado porque deriva de uma opção feita pelo Poder 
Constituinte Originário. 
c) Poder Constituinte Instituído.
d) Poder Constituinte de Segundo Grau (Pontes de Miranda).
15
Procedimento para ser aprovado: 3/5 dos dep/sen nas 2 casas em 2 turnos de 
votação. 
É um Poder de Direito e não um Poder de Fato como o Poder Constituinte 
Originário. A inicialidade só se aplica em parte, a ilimitação não se aplica ao Poder 
Constituinte derivado.
Projeto de lei começa na Camara em vai para o Senado. Se uma das casas n 
concorda com o texto... degravar.
Quem pode apresentar proposta de Emenda a CF? 1/3 dos membros da cam ou 
do senado. O Presidente da Rep pode apresentar emenda sozinho. A CF pode ser 
alterada a partir da iniciativa de mais da metade dos membros da federação..
Exemplo: No mesmo ano civil já se apresentou a mesma Emenda duas vezes, a 
primeira foi rejeitada e a segunda acolhida em parte, a questão foi ao STF e não foi 
rejeitada a validade Constitucional, porque o texto constitucional não diz que 
mesmo ano civil, pois pode haver duas sessões legislativas no mesmo ano 
civil. Parágrafo 5°, art. 60. 
Legislatura – 4 anos
Sessão Legislativa – intervalos de tempo fevereiro a julho e agosto a 22 de 
dezembro = 2 períodos por ano. 
Em certas circunstâncias históricas a CF n deve ser modificada. Item 5.1 
olhar adiante.
Mandado de Segurança 22.503 de 06/06/97. Projeto de Emenda pelo Presidente 
da República – Substitutivo. O substitutivo não é a mesma coisa que a emenda.MS 22503 / DF - DISTRITO FEDERAL MANDADO DE SEGURANÇA Relator(a):Min. 
MARCO AURÉLIO 
Rel. Acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA 
Julgamento: 08/05/1996 Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
Publicação: DJ 06-06-1997 PP-24872 EMENT VOL-01872-03 PP-00385 RTJ VOL-
00169-01 PP-00181 
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO CONTRA ATO DO PRESIDENTE DA 
CÂMARA DOS DEPUTADOS, RELATIVO À TRAMITAÇÃO DE EMENDA CONSTITUCIONAL. 
ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DE DIVERSAS NORMAS DO REGIMENTO INTERNO E DO 
ART. 60, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRELIMINAR: IMPETRAÇÃO NÃO 
CONHECIDA QUANTO AOS FUNDAMENTOS REGIMENTAIS, POR SE TRATAR DE 
MATÉRIA INTERNA CORPORIS QUE SÓ PODE ENCONTRAR SOLUÇÃO NO ÂMBITO DO 
16
PODER LEGISLATIVO, NÃO SUJEITA À APRECIAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO; 
CONHECIMENTO QUANTO AO FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. MÉRITO: 
REAPRESENTAÇÃO, NA MESMA SESSÃO LEGISLATIVA, DE PROPOSTA DE EMENDA 
CONSTITUCIONAL DO PODER EXECUTIVO, QUE MODIFICA O SISTEMA DE 
PREVIDÊNCIA SOCIAL, ESTABELECE NORMAS DE TRANSIÇÃO E DÁ OUTRAS 
PROVIDÊNCIAS (PEC Nº 33-A, DE 1995). I - Preliminar. 1. Impugnação de ato do 
Presidente da Câmara dos Deputados que submeteu a discussão e votação emenda 
aglutinativa, com alegação de que, além de ofender ao par. único do art. 43 e ao § 3º do 
art. 118, estava prejudicada nos termos do inc. VI do art. 163, e que deveria ter sido 
declarada prejudicada, a teor do que dispõe o n. 1 do inc. I do art. 17, todos do Regimento 
Interno, lesando o direito dos impetrantes de terem assegurados os Princípios da 
legalidade e moralidade durante o processo de elaboração legislativa. A alegação, 
contrariada pelas informações, de impedimento do relator - matéria de fato - e de que a 
emenda aglutinativa inova e aproveita matérias prejudicada e rejeitada, para reputá-
la inadmissível de apreciação, é questão interna corporis do Poder Legislativo, não 
sujeita à reapreciação pelo Poder Judiciário. Mandado de segurança não conhecido 
nesta parte. 2. Entretanto, ainda que a inicial não se refira ao § 5º do art. 60 da 
Constituição, ela menciona dispositivo regimental com a mesma regra; assim interpretada, 
chega-se à conclusão que nela há ínsita uma questão constitucional, esta sim, sujeita ao 
controle jurisdicional. Mandado de segurança conhecido quanto à alegação de 
impossibilidade de matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por 
prejudicada poder ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. II - 
Mérito. 1. Não ocorre contrariedade ao § 5º do art. 60 da Constituição na medida em que o 
Presidente da Câmara dos Deputados, autoridade coatora, aplica dispositivo regimental 
adequado e declara prejudicada a proposição que tiver substitutivo aprovado, e não 
rejeitado, ressalvados os destaques (art. 163, V). 2. É de ver-se, pois, que tendo a Câmara 
dos Deputados apenas rejeitado o substitutivo, e não o projeto que veio por mensagem do 
Poder Executivo, não se cuida de aplicar a norma do art. 60, § 5º, da Constituição. Por isso 
mesmo, afastada a rejeição do substitutivo, nada impede que se prossiga na votação do 
projeto originário. O que não pode ser votado na mesma sessão legislativa é a emenda 
rejeitada ou havida por prejudicada, e não o substitutivo que é uma subespécie do projeto 
originariamente proposto. 3. Mandado de segurança conhecido em parte, e nesta parte 
indeferido. 
- Preliminarmente, o Tribunal conheceu, em parte, do pedido, nos limites do fundamento 
constitucional de ofensa ao art. 60, § 5º da Constituição Federal, vencidos, parcialmente, 
os Ministros Marco Aurélio (Relator), Ilmar Galvão e Celso de Mello, que conheciam 
integralmente da impetração, e, dos Ministros Carlos Velloso e Octavio Gallotti, que dela 
não conheciam. No mérito, por maioria de votos, o Tribunal indeferiu a segurança e, em 
conseqüência, cassou a medida liminar concedida, vencido o Ministro Marco Aurélio 
(Relator). Relator para o acórdão o Ministro Maurício Corrêa. Votou o Presidente na 
preliminar e no mérito. Falaram: pelos impetrantes, o Dr. Paulo Machado Guimarães, pelo 
impetrado o Dr. Luiz Carlos Betttiol, e , pelo Ministério Público Federal, o Dr. Geraldo 
Brindeiro. Plenário, 08.05.96.
IMPTE.: JANDIRA FEGHALI E OUTROS
17
ADVDO.: PAULO MACHADO GUIMARÃES E OUTROS
IMPTE.: SANDRA MEIRA STARLING E OUTROS
IMPDO.: PRESIDENTE DA MESA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
5.1. LIMITAÇÕES PROCEDIMENTAIS
CF. Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, 
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal, com o respectivo número de ordem.
5.2. LIMITAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS
Limitações a procedimentos dentro de certos quadros históricos adversos a livre 
deliberação dos Congressistas, certas circunstâncias que criam restrições ou 
constrangimentos a deliberações de mudanças do texto constitucional.
CF. Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de Intervenção Federal, de estado de 
defesa ou de estado de sítio.
Intervenção Federal:
Interferência do poder central em qualquer unidade da Federação, que se 
manifesta na substituição de seu governador, prefeito, etc., ou na cassação de 
representante do Poder Legislativo estadual, municipal, etc.
Estado de Defesa:
CF. Art. 136 - O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa 
Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e 
18
determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou 
atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
§ 1º - O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a 
serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as 
seguintes:
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a 
União pelos danos e custos decorrentes.
§ 2º - O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma 
vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
§ 3º - Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada 
imediatamente ao Juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de 
corpo de delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no 
momento de sua autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo 
Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
4º - Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro 
horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional,que decidirá por maioria 
absoluta.
§ 5º - Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco 
dias.
§ 6º - O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu recebimento, devendo 
continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.
§ 7º - Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.
Estado de Sítio:
Situação de comoção interna ou externa sofrida pelo Estado, que enseja a suspensão temporária de 
garantias individuais, a fim de preservar a ordem constituída. O Prof. José Afonso da Silva assim define o 
estado de sítio: "instauração de uma legalidade extraordinária, por determinado tempo e em certa área 
(que poderá ser o território nacional inteiro), objetivando preservar ou restaurar a normalidade 
constitucional, perturbada por motivo de comoção grave de repercussão nacional ou por situação de 
beligerância com Estado estrangeiro" (Curso de Direito Constitucional Positivo, São Paulo, Revista dos 
Tribunais, 5ª ed., 1989, p. 640).
 O estado de sítio implica a suspensão temporária e localizada das garantias individuais. Assinala 
Manoel Gonçalves Ferreira Filho que o estado de sítio suspende as garantias dos direitos fundamentais, e 
nunca os próprios direitos (Comentários à Constituição Brasileira, São Paulo, Saraiva, 3ª ed., 1983, p. 641). O 
estado de sítio é previsto pela CF nos arts. 137 e segs. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as 
normas necessárias à sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de 
19
publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas. O 
estado de sítio, no caso do Art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de 
cada vez, por prazo superior; no do inciso II do Art. 137, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a 
guerra ou a agressão armada estrangeira. Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o 
recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o 
Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato. O Congresso Nacional 
permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas.
 Se o estado de sítio for decretado com fundamento no inciso I do Art. 137, somente poderão ser tomadas 
estas medidas: I - obrigação de permanência em localidade determinada; II - detenção em edifício não 
destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; III - restrições relativas à inviolabilidade da 
correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, 
radiodifusão e televisão, na forma da lei; IV - suspensão da liberdade de reunião; V - busca e apreensão em 
domicílio; VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; VII - requisição de bens. O item I deste elenco 
de medidas consagra a mensagem, ou seja, a obrigação de permanecer em lugar determinado sem detenção. 
A expressão "localidade determinada" denomina cidade, vila ou aldeia, salubre e, evidentemente, Povoada, 
pois a obrigação de permanência em campo especial para pessoas consideradas perigosas não é menagem, 
mas detenção. O item V, que impõe a busca e apreensão em domicílio, constitui exceção ao Princípio da 
inviolabilidade do domicílio (Art. 5º, XI). Na restrição do item III não se inclui a difusão de pronunciamentos de 
parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberadas pela respectiva Mesa. Cessado o 
estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos 
ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as 
medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao 
Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação nominal dos 
atingidos e indicação das restrições aplicadas. observar CF: arts. 140 e 141.
5.3. LIMITAÇÕES TEMPORAIS
Algumas Constituições Federais, como a do Império, dizia que durante os 
primeiros 4 anos da sua vigência não poderiam ser modificadas.
Não se trata de revisão como a Constituição Federal de 1988. A CF de 88 n trata 
de limitações temporais. Existe uma quarta espécie que seria os limites 
materiais.
5.4. CLÁUSULAS PÉTREAS OU LIMITAÇÕES 
MATERIAIS
As Cláusulas Pétreas ou cláusulas de eternidade nada mais são que limitações 
materiais, de fato são terreno nebuloso, onde há muitos debates.
20
CF. Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a Separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto 
de nova proposta na mesma sessão legislativa.
Cláusula Pétrea, cláusula dura como uma pedra, tão poético, normalmente 
quando quer ser poeta é assunto tormentoso. 
Claro que é limitação, está aí a diferença entre os dois Poderes, o de Reforma e o 
Originário. 
Carl Schmit dizia que mesmo que não houvesse limites materiais expressos, 
haveria certas barreiras, certas normas que dão identidade ao Constituinte 
Originário. Pois se pudessem retirar tais regras haveria uma desconfiguração, 
são valores que dão identidade ao texto. Tais limites são da natureza das 
coisas, mesmo que não explícitos.
Exemplo: Em 1993 o STF declarou a Inconstitucionalidade do IPMF, o pai da 
CPMF. Princípio da Anterioridade é uma Cláusula Pétrea e, portanto a Emenda 
não pode afastá-lo. Os mesmos representantes do Povo não podem excluir tal 
Princípio, não foi feito pelo Executivo, mas pelos representantes do Povo, por que 
agora, por opção mais recente haveria de mudar? Critica os 
alemães, falando sobre as limitações do Poder Constituinte de Reforma. A 
Constituição de Weimar não tinha qualquer limite ao Poder Constituinte de 
Reforma. (Roberto Campos) 
A primeira Constituição que cogitou de uma Cláusula Pétrea foi a Americana, que 
proibiu a supressão do voto paritário dos Estados, virou Cláusula Pétrea. Todos 
os Estados teriam seu voto com o mesmo valor no Senado. 
Em 1814, na Noruega, foi estipulado que as reformas deveriam obedecer aos 
Princípios da Carta, tal previsão estava contida na Constituição da Noruega.
21
►Uma geração não pode constranger as gerações seguintes, assim não seria 
justo um código de condutas ser imodificável. O que justifica a Cláusula 
Pétrea? 
O que justifica a existência de limites materiais é apenas a distinção entre o 
Poder Constituinte Originário e o Derivado. Não se pode procurar explicações 
metafísicas ou filosóficas, basta buscar a diferença entre ambos os Poderes, trata-
se de uma justificativa técnica e formal. Mostra que o poder que cria, que 
constitui os demais poderes pode fixar limitações a atuação do poder que virá 
criar no futuro porque é SUPERIOR, porque é quem determina aquele que virá. 
Em um determinado momento, os representantes do Povo, escolhem quais limites 
serão respeitados. No futuro se não mais concordarem terão que romper com tal 
sistema, ou seja, com a Ordem Constitucional vigente. Não se trata de escravidão, 
pois a qualquer momento o sistema pode ser rompido pelo Povo, de forma que o 
Poder Constituinte Originário possa se manifestar novamente.
►Pode uma Emenda a Constituição criar uma restrição a Emendas futuras? 
Criar uma Cláusula Pétreanova?
Na hipótese de criação de uma limitação material que não existia é impossível. 
Imagine a criação de uma Emenda sobre o modo de depósito no Banco Central 
pelos Estados (art. 170) à vista do rol do art. 60 ou mesmo do Sistema dos Valores 
Básicos não se poderia. Como acrescentar uma CLÁUSULA PÉTREA que não 
existe. As Cláusulas Pétreas JÁ EXISTEM estão todas explicitadas. 
5.5. TRÊS CORRENTES DE PENSAMENTO
5.5.1. Cláusulas Pétreas não servem
O argumento seria o de que não faz sentido que um poder limite o outro, porque 
se trata de soberania do Estado. Este argumento é político e não jurídico. 
Confunde ruptura com a Ordem Constitucional com a permanência da Ordem 
Constitucional. 
Proposta de emenda a CF pode ser objeto de controle repressivo, ou melhor, 
preventivo. O repressivo pode ocorrer tanto por meio de controle abstrato como o 
controle incidental. 
Forma Federativa do Estado é a primeira cláusula pétrea. 
22
5.5.2. Cláusulas Pétreas não têm valor absoluto
Serviriam apenas para dificultar, fala da dupla revisão. Acreditam que poderiam 
ser modificadas por duas revisões. Na primeira excluir-se-ia o tema da lista das 
Cláusulas Pétreas e depois colococar-se-ia o tema em pauta.
Manoel Gonçalves Ferreira Filho é adepto dessa corrente. O problema é que crêem 
que os únicos limites são os explícitos, esquecem-se de que aqueles que são 
expostos são o que dão identidade a Ordem Constitucional vigente. 
Todo trabalho constitucional tem seu eixo axiológico que poderia ser conhecido 
por um trabalho hermenêutico.
Essa corrente permite a fraude a Constituição, pois permite que certas matérias 
sejam abolidas.
5.5.3. Cláusulas Pétreas têm valor absoluto
A maior parte da doutrina considera que são imodificáveis, não podem ser 
objeto de Emenda, podem ser modificados por expressão do Poder Constituinte 
Originário, UMA VEZ QUE que TAL PODER pode romper com a Ordem 
Constitucional originária e construir novo ordenamento jurídico.
Somente uma explicação técnica-jurídica atribui SENTIDO para as Cláusulas 
Pétreas. O Poder Constituinte de Reforma é o mesmo, não é diferente do Poder 
Constituinte Originário, tanto que a explicação deve ser técnica. A corrente mais 
aceita entre nós é a que atribui eficácia absoluta, a qual diz que haveria fraude 
se fossem modificadas.
Existem para evitar ou prevenir a erosão da Constituição, orienta de forma a 
preservar as opões essenciais da Constituição. Em um momento de 
intranqüilidade é o que permite que haja a garantia do sistema.
Exemplo: Existe um escritor americano, de origem norueguesa, que compara as 
Cláusulas Pétreas com a aventura de Ulisses em direção à Guerra de Tróia. 
Ele sai de Ítaca para a Guerra, obviamente passou pelo mar. Havia uma história 
de que havia sereias que encantavam e deslumbravam quem passava, fazendo 
com quem pulassem no mar e morressem. Ulisses que já havia ouvido falar dessa 
história desejava passar por tal aventura, mandou que sua tripulação o ate ao 
mastro com correntes, toda a sua tripulação deveria colocar cera nos ouvidos, e 
ninguém teria autorização para cumprir suas ordens. Ele se debateu, pediu que o 
23
soltassem, mas sua tripulação não obedeceu, pois já estava orientada. As 
Cláusulas Pétreas são como Ulisses acorrentado no mastro, que teve que 
suportar a sedução, sem qualquer alternativa. O suicídio seria o rompimento 
com a Ordem Constitucional.
►Vários incisos do artigo 5° poderiam ser modificados? A redação poderia ser 
modificada? 
A Cláusula Pétrea não impede a mudança meramente redacional, os Princípios 
são petrificados. Por outro lado, o seu texto não pode ser reduzido , seu alcance 
não pode ser diminuído. É possível a mudança da disciplina e da redação, contudo 
não se pode reduzir o alcance do texto.
É possível que se modifique o conteúdo do tema, desde que não se modifique o 
núcleo essencial (conjunto ou âmbito normativo que estaria essencialmente ligado 
a uma norma), ou seja, conjunto de Princípios que desnaturados mudam o 
sentido da norma.
MS 20257 / DF - DISTRITO FEDERAL
MANDADO DE SEGURANÇA
Relator(a): Min. DECIO MIRANDA
Julgamento: 08/10/1980 Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO
Publicação: DJ 27-02-1981 PG-01304 EMENT VOL-01201-02 PG-00312 RTJ VOL-
00099-03 PG-01031 
Mandado de segurança contra ato da mesa do Congresso que admitiu a deliberação de 
proposta de Emenda Constitucional que a impetração alega ser tendente a abolição da 
Republica. Cabimento do mandado de segurança em hipóteses em que a vedação 
constitucional se dirige ao próprio processamento da lei ou da emenda, vedando a sua 
apresentação (como e o caso previsto no parágrafo único do artigo 57) ou a sua 
deliberação (como na espécie). Nesses casos, a Inconstitucionalidade diz respeito ao 
próprio andamento do processo legislativo, e isso porque a Constituição não quer - em 
face da gravidade dessas deliberações, se consumadas - que sequer se chegue a 
deliberação, proibindo-a taxativamente. A Inconstitucionalidade, se ocorrente, já existe 
antes de o projeto ou de a proposta se transformar em lei ou em emenda constitucional, 
porque o próprio processamento já desrespeita, frontalmente, a constituição. Inexistência, 
no caso, da pretendida Inconstitucionalidade, uma vez que a prorrogação de Mandato 
de dois para quatro anos, tendo em vista a conveniência da coincidência de Mandatos 
24
nos vários níveis da Federação, não implica introdução do Princípio de que os Mandatos 
não mais são temporários, nem envolve, indiretamente, sua adoção de fato. Mandado de 
segurança indeferido. 
VOTAÇÃO POR MAIORIA. RESULTADO INDEFERIDO.
 Ano:1981 AUD:27-02-1981
 
Exemplo: Caso de 1980. A Constituição que figurava era a de 1967 e 1969, 
vigorava o Princípio Republicano como Cláusula Pétrea. Reduzindo de 2 para 4 
anos, o Mandato do vereador. Itamar Franco e outros impetraram um Mandado de 
Segurança alegando que feria a Cláusula Pétrea do Princípio Republicado, ferindo 
a temporariedade dos Mandatos. O argumento é de que isso somente seria 
possível na Monarquia. O grupo de Senadores dizia que a temporariedade sendo 
ferida estaria se ferindo o modelo Republicano, Cláusula Pétrea. A proposta de 
Emenda já tinha sido aprovada, ainda assim o STF conheceu do Mandado de 
Segurança, passou de preventivo para repressivo, negou a ordem. Passar de 2 
para 4 anos não era alterar de modo dezarrazoado os prazos do Mandato, a não 
ser que a alteração fosse, por exemplo, de 2 para 30 anos. A extensão em mais 2 
anos faz com que se conclua que não faltaria razoabilidade, não fere o Princípio da 
temporariedade dos Mandatos. Essa foi a conclusão do Supremo. Conclui-se que o 
núcleo essencial do Princípio não foi alterado: intervalo de tempo nos Mandatos. O 
que não se pode é ferir a essência do Princípio.
Descobrir o núcleo essencial de uma Cláusula Pétrea muitas vezes é fácil, outras 
não. 
A da Separação dos Poderes, por exemplo, o que é tão essencial neste 
Princípio? 
É uma tarefa de maior complexidade. Veremos cada uma delas.
25
5.5.4. Cláusulas Pétreas do Nosso Ordenamento
5.5.4.1. Princípio Federativo
A forma Federativa de Estado se opõe a forma Unitária, no qual existe um único 
centro emanador de normas. Na forma Federativa há governos locais, com 
competências fixadas em uma Constituição Federal. 
Há dois tipos de Constituições: Federais e Estaduais e/ou Municipais. Os 
governos locais expressam sua vontade por meio das Leis. Os Estados se 
manifestam por meio do Senado, quando se editam as Leis. 
►Pode uma emenda a Constituição transferir competências para a União?
Há opiniões para dois campos de respostas. Maria HelenaDiniz afirma que 
qualquer subtração de competências dos Estados transferindo à União feririria a 
Cláusula Pétrea. Nelson Sampaio vê como algo possível, desde que não sufoque, 
por meio de uma Emenda. Algo que esteja como competência de um Estado pode 
ser transferida à União. A transferência, contudo não poderia ser intensa, de 
forma que a Federação perca o sentido. O professor recomenda que se Leia Nelson 
Sampaio. 
Exemplo: O texto que criou o IPMF permitiu a Leitura que fazia com que a União 
também cobrasse dos Estados e Municípios o imposto. O STF disse que feria a 
imunidade recíproca. “O poder de tributar envolve o poder de destruir.” 
Marshal. A União não pode tributar os Estados e os Municípios: pois haveria uma 
guerra fiscal. O Márcio tem um texto sobre isso ma Revista Consulex.
5.5.4.2. Voto Direto, Secreto, Universal e 
Periódico.
Três anos antes: Movimento das Diretas Já. Surgiu porque as regras eram no 
sentido de que o Presidente da República seria escolhido pelos representantes do 
Povo, Colégio Eleitoral. 
As Cláusulas Pétreas surgem muitas vezes como resposta a uma circunstância 
histórica.
Voto direito significa que devam ser escolhidos pelo Povo de forma direta. Para que 
seja eficiente deve ser secreto e universal, implica dizer que o grupo ativo de 
26
pessoas que poderá votar não pode ser diminuído por uma Emenda a 
Constituição. Aquelas pessoas que estão habilitadas não poderão ser excluídas no 
futuro. 
Exemplo: Uma Emenda não poderá dizer que os maiores de 65 anos não poderão 
votar ou que os doentes também não poderão fazê-lo. O mesmo pode ser dito sobre 
os meninos que entre 16 e 18 podem votar, tal direito não pode ser suprimido.
 Uma Emenda sobre reeleição não fere o voto periódico, não importa que seja 
sobre a mesma pessoa. É uma hipótese aberta à discricionariedade do legislador. 
A extensão do Mandato também não afeta, desde que seja um número, em 
limite razoável. A chave da questão sempre será a questão da razoabilidade.
5.5.4.3. Separação dos Poderes
►O que é Cláusula Pétrea aqui? Seria a separação imaginada por 
Montesquieu? 
O Supremo tem dito desde 1947 que a Cláusula Pétrea da Separação dos Poderes 
é o desenho de inter-relacionamento dos Poderes. O conjunto de Poderes que 
definem os órgãos de soberania. 
É tanto uma Cláusula Pétrea, quanto um Princípio Constitucional sensível 
(dirigido a um Estado Membro, quando vai redigir uma Constituição). Ou seja, 
tanto uma limitação para os Estados redigirem suas Constituições quanto 
Cláusulas Pétreas. 
Exemplo: O Supremo ao analisar norma da Paraíba e do Mato Grosso disse que 
seria Inconstitucional a criação do Conselho da Magistratura, entidade com 
pessoas alheias à Magistratura. 
►Como pessoas externas ao Judiciário fariam isso? 
Feria o Princípio Constitucional Sensível da Separação dos Poderes, a fiscalização 
possível por órgãos externos seria apenas a prevista pela própria Constituição 
Federal, como a do Tribunal de Contas. Quando o Constituinte Originário 
estabeleceu a forma de convivência dos Poderes estabeleceu a autonomia, não se 
podem criar órgãos de controle de um Poder fora dele mesmo. Súmula 649:
27
Súmula nº 649 - STF - 24/09/2003
É Inconstitucional a criação, por Constituição estadual, de órgão de controle administrativo do Poder 
Judiciário do qual participem representantes de outros Poderes ou entidades.
 
O Controle Externo do Judiciário resultou na Emenda nº 45 que estabeleceu um 
Órgão com capacidade disciplinar, composto por membros do Judiciário. Em 1993 
e 1994 todos pensaram que não daria em nada, Paraíba e Mato Grosso são 
exemplo disso. O legislador constituinte foi mais inteligente, colocou o Conselho 
Nacional da Magistratura dentro do Poder Judiciário. 
O Supremo entende que uma Norma Constitucional que diga respeito à própria 
essência do Poder em consideração não podem ser modificadas. Exemplo disso é 
um dispositivo que garante a liberação, art. 168, de dotações orçamentárias até o 
dia 20 de cada mês, não parece importante, mas o Supremo acha que é vital, 
então é Cláusula Pétrea que confere essência, garantindo independência ao 
Judiciário em face do Executivo.
 Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, 
destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues 
até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Cabe ao Judiciário a última palavra na interpretação das Leis e da Constituição, 
integra o Princípio da Separação dos Poderes. Seria Inconstitucional uma emenda 
dizendo que o Senado ou o Congresso pudessem desfazer a decisão do Judiciário 
na interpretação da Lei.
5.5.4.4. Direitos e Garantias Individuais
 
Emendas que venham a suprimir os Direitos Individuais ferem a Cláusula Pétrea. 
Temos boas questões. 
►Quais são os Direitos Individuais que se constituem em Cláusulas Pétreas? 
Além do artigo 5° haveria outros? (ADIN 939, anterioridade)
ADI 939 / DF - DISTRITO FEDERAL
28
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES
Julgamento: 15/12/1993 Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO
Publicação: DJ 18-03-1994 PP-05165 EMENT VOL-01737-02 PP-00160 RTJ VOL-00151-03 PP-
00755 
EMENTA: - Direito Constitucional e Tributário. Ação Direta de Inconstitucionalidade de Emenda 
Constitucional e de Lei Complementar. I.P.M.F. Imposto Provisório sobre a Movimentação ou a 
Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - I.P.M.F. Artigos 5., par. 2., 
60, par. 4., incisos I e IV, 150, incisos III, "b", e VI, "a", "b", "c" e "d", da Constituição Federal. 1. 
Uma Emenda Constitucional, emanada, portanto, de Constituinte derivada, incidindo em 
violação a Constituição originária, pode ser declarada Inconstitucional, pelo Supremo Tribunal 
Federal, cuja função precípua e de guarda da Constituição (art. 102, I, "a", da C.F.). 2. A Emenda 
Constitucional n. 3, de 17.03.1993, que, no art. 2., autorizou a União a instituir o I.P.M.F., incidiu 
em vício de Inconstitucionalidade, ao dispor, no parágrafo 2. desse dispositivo, que, quanto a tal 
tributo, não se aplica "o art. 150, III, "b" e VI", da Constituição, porque, desse modo, violou os 
seguintes Princípios e normas imutáveis (somente eles, não outros): 1. - o Princípio da 
anterioridade, que e garantia individual do contribuinte (art. 5., par. 2., art. 60, par. 4., inciso IV e 
art. 150, III, "b" da Constituição); 2. - o Princípio da imunidade tributaria recíproca (que veda a 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a instituição de impostos sobre o 
patrimônio, rendas ou serviços uns dos outros) e que e garantia da Federação (art. 60, par. 4., 
inciso I,e art. 150, VI, "a", da C.F.); 3. - a norma que, estabelecendo outras imunidades impede a 
criação de impostos (art. 150, III) sobre: "b"): templos de qualquer culto; "c"): patrimônio, renda ou 
serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, 
das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da 
lei; e "d"): livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão; 3. Em conseqüência, e 
Inconstitucional, também, a Lei Complementar n. 77, de 13.07.1993, sem redução de textos, nos 
pontos em que determinou a incidência do tributo no mesmo ano (art. 28) e deixou de 
reconhecer as imunidades previstas no art. 150, VI, "a", "b", "c" e "d" da C.F. (arts. 3., 4. e 8. do 
mesmodiploma, L.C. n. 77/93). 4. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente, em 
parte, para tais fins, por maioria, nos termos do voto do Relator, mantida, com relação a todos os 
contribuintes, em caráter definitivo, a medida cautelar, que suspendera a cobrança do tributo no 
ano de 1993. 
Observação:
Votação: por maioria.
Resultado: procedente em parte.
Acórdãos citados: ADI-926, ADI-939-MC.
N.PP.:(152). Análise:(JBM). Revisão:(NCS).
Inclusão: 08/04/04, (LA ).
Alteração: 11/02/04 (SVF).
Partes:
29
REQTE. : CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO
ADVDOS.: BENON PEIXOTO DA SILVA E OUTRO
REQDO. : PRESIDENTE DA REPÚBLICA
REQDO. : CONGRESSO NACIONAL
Para o Supremo o que é importante é que um Direito Individual guarde 
pertinência com o caput do art. 5° , mesmo que esteja fora do art. 5°. Estão 
muitos lá, porém há inúmeros fora também. 
►Será que todos os direitos do art. 5° são Cláusula Pétrea? Há Direitos 
Coletivos?
Os Direitos Coletivos são individuais de exercício coletivo. Todos os incisos do art. 
5º seriam Cláusulas Pétreas. Por outro lado, alguns sustentam que não, que não 
são, há quem diga que somente aqueles mais relevantes. Apenas os que tenham 
conexão com o caput. Que visassem a garantir de modo íntimo os valores previstos 
no caput. 
Exemplo 1: A norma do inciso LVIII seria norma de Processo Penal:
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em 
Lei;
Exemplo 2: Para essa corrente o inciso XXI também não seria Cláusula Pétrea: 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus 
filiados judicial ou extrajudicialmente;
►Há grande objeção, pois estaríamos nos lançando à discricionariedade do 
intérprete, pois como saber o que está mais perto do caput ou mais longe?
Não há um critério objetivo para conduzir esse raciocínio. Haveria uma 
insegurança desnecessária. Se o próprio constituinte enumerou, dizendo que os 
Direitos Individuais são Cláusulas Pétreas, por que agora nos lançar a tal risco.
30
Exemplo: Historicamente poderemos ver que o inciso que se relaciona à 
identificação criminal liga-se aos Direitos Fundamentais. Nos anos 80 houve 
movimento da OAB para mudar a Súmula do Supremo que permitia a 
identificação, ferindo a intimidade, a presunção da inocência, etc. 
Tal direito foi colocado na Constituição como Cláusula Pétrea para evitar que tal 
fato pudesse ser modificado de forma a permitir todos os constrangimentos que já 
existiram. Nasce de uma luta histórica pela reafirmação de valores essenciais do 
indivíduo: presunção de inocência e direito a intimidade, valores ligados ao caput. 
Quando a Leitura é feita historicamente pode ser percebido.
A corrente que defende que os incisos do artigo 5º não são todos Cláusulas Pétreas 
faz com que a estejamos sujeitos a interpretações nem sempre adequadas.
O ideal é considerar que o art. 5º seja, pois o art. 60 disciplina de forma explícita. 
Essa é a visão majoritária.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a Separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
►Qual o critério para determinar a fundamentalidade de um direito 
individual fora do art. 5°?
Os Direitos e Garantias Individuais constituem Cláusulas Pétreas e são limites 
materiais. São barreiras claras de emenda à Constituição. Alguns autores 
sustentam que não são, que tudo o que há no artigo 5º não é Cláusula Pétrea. 
31
5.5.4.5. Ato Jurídico Perfeito e Coisa Julgada
Ainda não foi levantado em relação às Emendas, em relação à aposentadoria não 
foi questionado. Pois, não há direito adquirido a um Regime Jurídico. Com certeza 
o problema vai surgir, principalmente em relação ao teto dos Servidores Públicos.
Exemplo: Com a Emenda do limite máximo de pagamento dos servidores público, 
estabeleceu-se o limite dos vencimentos dos Ministros dos Supremos. Há muitos 
servidores que recebem mais que 19 mil reais. Assim, muitos tiveram seus 
salários reduzidos, dois ex-ministros do Supremo tiveram redução salarial, 
ambos impetraram Mandado de Segurança, logicamente. O argumento básico é o 
direito adquirido. O limite constitucional da Emenda não os poderia afetar, é 
direito individual. Tais limites podem limitar quando vindos do Poder 
Constituinte Originário. Há duas correntes, aqueles que crêem ser possível e 
outros não.
A Lei não prejudicará o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito 
adquirido, a Emenda Constitucional, na tradição do Direito Constitucional, teria 
força constitucional e afetaria, ou seja, não feriria a Cláusula Pétrea. Tal regra 
somente se destinaria ao legislador ordinário.
 Art. 5º. XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; 
Do outro lado da controvérsia, há quem sustente que os direitos adquiridos podem 
ser opostos contra uma Emenda à Constituição, porque o argumento da primeira 
corrente é frágil, baseando-se em uma base frágil, pois entende “Lei Ordinária” em 
sentido estrito, incluindo apenas a Lei Ordinária. A segunda corrente entende que 
qualquer ato deve se curvar, pois o termo “Lei” engloba qualquer Ato Normativo, 
inclusive a Emenda.
O Princípio da Segurança Jurídica destina-se a garantir as situações passadas, 
protegê-las das mudanças futuras, ou seja, destina-se a garantir que as 
situações passadas estejam protegidas das mudanças futuras. 
Quando se desrespeita o direito adquirido o Princípio da Segurança Jurídica é 
também ignorado. Dessa forma, pode-se afirmar que o Estado está contribuindo 
para a insegurança das relações, não é possível saber se o que hoje é legítimo 
amanhã será. Isso prejudica a previsibilidade das conseqüências das nossas 
relações. 
Tal Princípio está no caput do art. 5º, que dispõe sobre o direito à segurança, 
compreendida nos dois significas que lhe são próprios: física e jurídica. Não há 
32
dúvida que tal Princípio é uma Cláusula Pétrea. Assim, para a segunda corrente o 
direito adquirido é, por conseqüência, uma Cláusula Pétrea. 
O caput do art. 5º não determina que tal Princípio esteja limitado ao legislador 
ordinário, é amplo, desse modo afeta qualquer situação consolidada, não importa 
que seja para o legislador ordinário ou constituinte. Argumento do Ministro Carlos 
Brito que tem texto sobre isso.
►Existe direito adquirido diante da Constituição?
A doutrina está dividida. Só há pacificação quanto ao legislador ordinário. Duas 
doutrinas bem divididas.
►Direitos Individuais previstos em tratados, em que o Brasil seja parte são 
constitucionais? São Cláusulas Pétreas?
Flávia Piovesan. Parágrafo 2º do Art. 5º, não excluem outros, quer dizer que 
incluem outros. Corrente dos Internacionalistas
Porém, há uma Corrente Contrária que diz que devem ser vistos como normas 
infraconstitucionais, a não ser que haja uma norma que diga textualmente que 
sejam constitucionais. O que o parágrafo segundo quis dizer é que a enumeração 
não é taxativa, o que quer dizer é que os direitos podem ser acrescidos, pela 
legislação. 
 Art. 5º. § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do 
regime e dos Princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do 
Brasil seja parte.
O constituinte deveria dizer textualmente, como não disse a interpretação é a de 
que não deve ser entendido assim, de forma sistêmica.Quem apreciava era o STF, agora será o STJ. Os Tratados são aprovados entre 
nós de forma diferente, então como poderiam ter valor constitucional? 
Os Tratados são negociados pelo Executivo, é quem assina. Nesse momento, ainda 
não entrou em vigor. É apenas um encontro de vontades, de dois Países. O texto 
volta para o Brasil e precisa ser ratificado, antes passa por um procedimento 
interno. Tem que ser aprovado no Congresso Nacional, por maioria simples, 
metade mais um dos presentes. Nas Emendas é preciso 3/5 dos membros. A 
diferença é gritante. Depois de o Congresso aprovar, o Presidente precisa ratificar, 
coisa que somente o Presidente da República poderá fazer, depositando-o. 
33
Internamente com a ratificação ainda não se pode invocá-lo, é preciso que o 
Presidente publique no DOU por meio de um Decreto. Somente começa produzir 
efeitos internos depois de sua publicação. 
Art. 5º. § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em 
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, 
serão equivalentes às Emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
STF
Firmou jurisprudências: normas dos Tratados são Lei Ordinária, pouco 
importa sobre o que versem.
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA VERSUS PRISÃO CIVIL
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Hábeas Corpus nº 72.131/RJ. Paciente: 
Lairton Almagro Vitoriano da Cunha. Impetrante: Marcello Ferreira de Souza 
Granado. Coator: Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Relator: Ministro Marco 
Aurélio, Brasília, DF, 23 de novembro de 1995. STF, Brasília, 2004. Disponível 
em: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 17 set. 2004. Grifos nossos.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 349.703-1/RS. 
Recorrente: Banco Itaú S/A. Recorrido: Armando Luiz Segabinazzi. Relator: 
Ministro Ilmar Galvão, STF, Brasília, 2004.
PACTO DE SAN JOSÉ – FILIAÇÃO 
ADIN 1.121 – Medida Cautelar
ADI 1121 MC / RS - RIO GRANDE DO SUL
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 06/09/1995 Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO
Publicação: DJ 06-10-1995 PP-33127 EMENT VOL-01803-01 PP-00067 
E M E N T A: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - CONFEDERAÇÃO SINDICAL 
- CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA QUESTÃO DO REGISTRO SINDICAL - SIGNIFICADO 
DA INSTRUÇÃO NORMATIVA N. 03/94 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO - AÇÃO DIRETA 
AJUIZADA EM MOMENTO ANTERIOR AO DA VIGENCIA DESSA INSTRUÇÃO NORMATIVA 
34
(ART. 9.) - CONFEDERAÇÃO SINDICAL QUE NÃO OBSERVA A REGRA INSCRITA NO ART. 
535 DA CLT - NORMA LEGAL QUE FOI RECEBIDA PELA CF/88 - ENTIDADE QUE PODE 
CONGREGAR PESSOAS JURIDICAS DE DIREITO PÚBLICO E OUTRAS INSTITUIÇÕES DE 
CARÁTER CIVIL - DESCARACTERIZAÇÃO COMO ENTIDADE SINDICAL - AÇÃO NÃO 
CONHECIDA. REGISTRO SINDICAL E LIBERDADE SINDICAL. - A jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal, ao interpretar a norma inscrita no art. 8., I, da Carta Política - 
e tendo presentes as várias posições assumidas pelo magistério doutrinário (uma, que 
sustenta a suficiência do registro da entidade sindical no Registro Civil das Pessoas 
Jurídicas; outra, que se satisfaz com o registro personificador no Ministério do Trabalho e 
a última, que exige o duplo registro: no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, para efeito de 
aquisição da personalidade meramente civil, e no Ministério do Trabalho, para obtenção da 
personalidade sindical) -, firmou orientação no sentido de que não ofende o texto da 
Constituição a exigência de registro sindical no Ministério do Trabalho, órgão este que, 
sem prejuízo de regime diverso passível de instituição pelo legislador comum, ainda 
continua a ser o órgão estatal incumbido de atribuição normativa para proceder a 
efetivação do ato registral. Precedente: RTJ 147/868, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE. 
O registro sindical qualifica-se como ato administrativo essencialmente vinculado, 
devendo ser praticado pelo Ministro do Trabalho, mediante resolução fundamentada, 
sempre que, respeitado o postulado da unicidade sindical e observada a exigência de 
regularidade, autenticidade e representação, a entidade sindical interessada preencher, 
integralmente, os requisitos fixados pelo ordenamento positivo e por este considerados 
como necessários a formação dos organismos sindicais. CONFEDERAÇÃO SINDICAL - 
MODELO NORMATIVO. O sistema confederativo, peculiar a organização sindical 
brasileira, foi mantido em seus lineamentos essenciais e em sua estrutura basica pela 
Constituição promulgada em 1988. A norma inscrita no art. 535 da CLT - que foi 
integralmente recepcionada pela nova ordem constitucional - impõe, para efeito de 
configuração jurídico-legal das Confederações sindicais, que estas se organizem com 
o mínimo de três (3) Federações sindicais. Precedente: RTJ 137/82, Rel. Min. MOREIRA 
ALVES. O desatendimento dessa exigência legal minima por qualquer ConFederação 
importa em descaracterização de sua natureza sindical. Circunstancia ocorrente na 
espécie. Conseqüente reconhecimento da ilegitimidade ativa ad causam da Autora. 
Observação
VOTAÇÃO: UNÂNIME.
RESULTADO: NÃO CONHECIDO.
VEJA MI-144, RTJ-147/868, ADIMC-444, RTJ-137/82, ADI-511, RTJ-140/752
ADI-705, AOI-947, AOI-57, RTJ-139/378, ADI-433, RTJ-138/421
N.PP.:(20). ANALISE:(LMS). REVISÃO:(NCS).
INCLUSAO : 24.10.95, (ARV).
 ALTERAÇÃO: 24.11.95, (ARV).
35
Partes
REQUERENTE: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - HOSPITAIS,
 ESTABELECIMENTOS E SERVIÇOS - CNS
REQUERIDOS: - GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E
 - ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE
 DO SUL
Mandado de Injunção – 144 
MI 144 / SP - SÃO PAULO MANDADO DE INJUNÇÃO 
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE
Julgamento: 03/08/1992 
Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO
Publicação: DJ 28-05-1993 PP-10381 EMENT VOL-01705-01 PP-00013 RTJ VOL-00147-
03 PP-00868 
E M E N T A: I. Mandado de injunção: ocorrência de legitimação "ad causam" e ausência de 
interesse processual. 1. Associação profissional detém legitimidade "ad causam" para 
impetrar mandado de injunção tendente a colmatação de lacuna da disciplina legislativa 
alegadamente necessária ao exercício da liberdade de converter-se em sindicato (CF, art. 
8.). 2. Não há interesse processual necessário a impetração de mandado de injunção, se o 
exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa constitucional da requerente não 
esta inviabilizado pela falta de norma infraconstitucional, dada a recepção de direito 
ordinário anterior. II.Liberdade e unicidade sindical e competência para o registro de 
entidades sindicais (CF, art. 8., I e II): recepção em termos, da competência do Ministério 
do Trabalho, sem prejuízo da possibilidade de a lei vir a criar regime diverso. 1. O que e 
inerente a nova concepção constitucional positiva de liberdade sindical e, não a 
inexistência de registro público - o qual e reclamado, no sistema brasileiro, para o 
aperfeiçoamento da constituição de toda e qualquer pessoa jurídica de direito privado -, 
mas, a teor do art. 8., I, do texto fundamental, "que a lei não poderá exigir autorização do 
Estado para a fundação de sindicato": o decisivo, para que se resguardem as liberdades 
constitucionais de associação civil ou de associação sindical, e, pois, que se trate 
efetivamente de simples registro - ato vinculado, subordinado apenas a verificação de 
pressupostos legais -, e não de autorização ou de reconhecimento discricionários. 2. A 
diferença entre o novo sistema, de simples registro, em relação ao

Continue navegando