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Rede Nacional de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - ReCESA Guia do profissional em treinamento Re síd uo s S óli do s Nível 2 Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde Guia do profissional em treinamento Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde Re síd uo s S óli do s Nível 2 Promoção Rede de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - ReCESA Realização Núcleo Sudeste de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - NUCASE Instituições integrantes do Nucase Universidade Federal de Minas Gerais (líder) | Universidade Federal do Espírito Santo | Universidade Federal do Rio de Janeiro | Universidade Estadual de Campinas Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia | Fundação Nacional de Saúde do Ministério da Saúde | Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades Apoio organizacional Programa de Modernização do Setor Saneamento-PMSS Patrocínio FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais Comitê consultivo da ReCESA · Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de Chuva – ABCMAC · Associação Brasileira de Engenharia Sanitária E Ambiental – ABES · Associação Brasileira de Recursos Hídricos – ABRH · Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública – ABLP · Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais – AESBE · Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento – ASSEMAE · Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educação Tecnológica – Concefet · Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CONFEA · Federação de Órgão para a Assistência Social e Educacional – FASE · Federação Nacional dos Urbanitários – FNU · Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas – Fncbhs · Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras – Forproex · Fórum Nacional Lixo e Cidadania – L&C · Frente Nacional Pelo Saneamento Ambiental – FNSA · Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM · Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS · Programa Nacional de Conservação de Energia – Procel · Rede Brasileira de Capacitação Em Recursos Hídricos – Cap-Net Brasil Comitê gestor da ReCESA · Ministério das Cidades; · Ministério da Ciência e Tecnologia; · Ministério do Meio Ambiente · Ministério da Educação; · Ministério da Integração Nacional; · Ministério da Saúde; · Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES); · Caixa Econômica Federal (CAIXA); Parceiros do Nucase · Cedae/RJ - Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro · Cesan/ES - A Companhia Espírito Santense de Saneamento · Comlurb/RJ - Companhia Municipal de Limpeza Urbana · Copasa – Companhia de Saneamento de Minas Gerais · DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo · DLU/Campinas - Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura Municipal de Campinas · Fundação Rio-Águas · Incaper/Es - O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural · IPT/SP - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo · PCJ - Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí · SAAE/Itabira - Sistema Autônomo de Água e Esgoto de Itabira – MG. · SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo · SANASA/Campinas - Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. · SLU/PBH - Serviço de Limpeza Urbana da prefeitura de Belo Horizonte · Sudecap/PBH - Superintendência de desenvolvimento da capital da prefeitura de Belo Horizonte · UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto · UFSCar - Universidade Federal de São Carlos · UNIVALE – Universidade Vale do Rio Doce Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde Re síd uo s S óli do s Nível 2Guia do profissional em treinamento Conselho Editorial Temático Conselho Editorial Temático do Nucase Liséte Celina Lange – UFMG Álvaro Luiz Gonçalves Cantanhede – UFRJ Eglé Novaes Teixeira – Unicamp Conselho Editorial Temático do Nucasul Luciana Paulo Gomes – Unisinos Armando Borges de Castilhos Júnior – UFSC Cláudia Teixeira Panarotto – UCS Profissionais que participaram da elaboração deste guia Professora Doutora Liséte Celina Lange – UFMG | Doutora Noil Amorim de Menezes Cussiol – CDTN/ CNEN | Professora Doutora Vânia Elisabete Schneider – UCS Consultores Liséte Celina Lange (conteudista) | Noil Amorim de Menezes Cussiol (conteudista) Vânia Elisabete Schneider (conteudista) | Wesley Schettino de Lima (conteudista) Izabel Chiodi Freitas (validadora) Créditos Consultoria pedagógica cátedra da Unesco de Educação a Distância - FaE/UFMG Juliane Correa | Sara Shirley Belo Lança Projeto Gráfico e Diagramação Marco Severo | Rachel Barreto | Romero Ronconi Impressão Sigma É permitida a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte. R232 Resíduos sólidos : gerenciamento de resíduos de serviços de saúde : guia do profissional em treinamento : nível 2 / Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (org.). – Brasília : Ministério das Cidades, 2008. 98 p. Nota: Realização do NUCASE – Núcleo Sudeste de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental (Coordenadores temáticos: Carlos Augusto de Lemos Chernicharo, Léo Heller; Liséte Celina Lange; Paulo Roberto Diniz Junqueira Barbosa e Valer Lúcio de Pádua). 1. Resíduos sólidos - tratamento. 2. Hospitais – resíduos. 3. Serviços de saúde. 5. Gestão de resíduos. 4. Lixo hospitalar. I. Brasil. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. II. Núcleo Sudeste de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental. CDD – 628.4 Catalogação da Fonte : Ricardo Miranda – CRB/6-1598 Apresentação da ReCESA A criação do Ministério das Cidades no Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, permitiu que os imensos desafios urbanos passassem a ser encarados como polí- tica de Estado. Nesse contexto, a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) inaugurou um paradigma que inscreve o sane- amento como política pública, com dimensão urbana e ambiental, promotora de desenvolvi- mento e da redução das desigualdades sociais. Uma concepção de saneamento em que a técnica e a tecnologia são colocadas a favor da prestação de um serviço público e essencial. A missão da SNSA ganhou maior relevância e efetividade com a agenda do saneamento para o quadriênio 2007-2010, haja vista a decisão do Governo Federal de destinar, dos recur- sos reservados ao Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, 40 bilhões de reais para investimentos em saneamento. Nesse novo cenário, a SNSA conduz ações em capacitação como um dos instrumentos estra- tégicos para a modificação de paradigmas, o alcance de melhorias de desempenho e da quali- dade na prestação dos serviços e a integração de políticas setoriais. O projeto de estrutu- ração da Rede de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental – ReCESA constitui importante iniciativa nesta direção. A ReCESA tem o propósito de reunir um conjun- to de instituições e entidades com o objetivo de coordenar o desenvolvimento de propostas pedagógicas e de material didático, bem como promover ações de intercâmbio e de exten- são tecnológica que levem em consideração as peculiaridades regionais e as diferentes políticas, técnicas e tecnologias visando capacitar profis- sionais para a operação, manutenção e gestão dos sistemas de saneamento. Para a estruturação da ReCESA foram formados Núcleos Regionais e um Comitê Gestor, em nível nacional. Por fim, cabe destacar que este projeto ReCESAtem sido bastante desafiador para todos nós. Um grupo, predominantemente formado por profis- sionais da engenharia, mas, que compreendeu a necessidade de agregar outros olhares e sabe- res, ainda que para isso tenha sido necessário “contornar todos os meandros do rio, antes de chegar ao seu curso principal”. Comitê gestor da ReCESA ∙ Os Núcleos Sudeste e Sul de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental – Nucase e Nucasul – têm por objetivo o desenvolvimento de atividades de capacitação de profissionais da área de sane- amento, em seis estados da Região Sudeste e Sul do Brasil. O Nucase é coordenado pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, tendo como instituições co-executoras a Universidade Federal do Espírito Santo – UFES –, a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – e a Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. O Nucasul é coordenado pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC –, tendo como instituições co-executoras a Universidade de Caxias do Sul – USC –, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS – e a Universidade do Vale do Rio dos Sinos -Unisinos. Atendendo aos requisitos de abrangência temática e de capilaridade regional, as univer- sidades que integram o Nucase e Nucasul têm como parceiros, em seus estados, prestado- res de serviços de saneamento e entidades específicas do setor. Coordenadores institucionais do Nucase e Nucasul Nucase e Nucasul Os guias A coletânea de materiais didáticos produ- zidos pelo Nucase é composta de 42 guias que serão utilizados em oficinas de capacita- ção para profissionais que atuam na área do saneamento. São seis guias que versam sobre o manejo de águas pluviais urbanas, doze relacionados aos sistemas de abastecimento de água, doze sobre sistemas de esgotamento sanitário, nove que contemplam os resíduos sólidos urbanos e três terão por objeto temas que perpassam todas as dimensões do sane- amento, denominados temas transversais. Dentre as diversas metas estabelecidas pelo NUCASE, merece destaque a produção dos Guias dos profissionais em treinamento, que servirão de apoio às oficinas de capa- citação de operadores em saneamento que possuem grau de escolaridade variando do semi-alfabetizado ao terceiro grau. Os guias têm uma identidade visual e uma abordagem pedagógica que visa estabelecer um diálogo e a troca de conhecimentos entre os profis- sionais em treinamento e os instrutores. Para isso, foram tomados cuidados especiais com a forma de abordagem dos conteúdos, tipos de linguagem e recursos de interatividade. Equipe da central de produção de material didático - CPMD A série de guias relacionada aos resíduos sólidos urbanos resultou do trabalho cole- tivo que envolveu a participação de dezenas de profissionais. Os temas que compõem esta série foram definidos por meio de uma consulta aos serviços de limpeza urbana dos municípios, prefeituras, instituições de ensino e pesquisa e profissionais da área, com o objetivo de se definir os temas que a comunidade técnica e científica da região Sudeste considera, no momento, os mais relevantes para o desenvol- vimento do projeto pelo Nucase. Os temas abordados nesta série dedicada aos resíduos sólidos urbanos incluem: Gestão integrada de resíduos sólidos urbanos; Processamento de resíduos sólidos orgânicos; Saúde e segurança do trabalho aplicada ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos; Gerenciamento de resíduos da construção civil; Gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde; Projeto, operação e monitoramento de aterros sanitários. Certamente há muitos outros temas importantes a serem abordados, mas considera-se que este é um primeiro e importante passo para que se tenha material didático, produzido no Brasil, destinado a profissionais da área de saneamento que raramente têm oportunidade de receber treinamento e atualização profissional. Coordenadores da área temática de resíduos sólidos urbanos Apresentação da área temática: Resíduos sólidos urbanos Sumário Introdução .................................................................................. 11 Resíduos de Serviços de Saúde – RSS...........................................14 Conceito de resíduos de serviços de saúde e fontes geradoras ..............................................18 Impactos negativos do mau gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde .....................................25 Gerenciamento de RSS ................................................................33 Classificação dos RSS .........................................................33 Etapas do gerenciamento dos grupos de classificação dos RSS .....................................................41 Grupo A .............................................................................43 Grupo B .............................................................................61 Grupo C .............................................................................71 Grupo D .............................................................................79 Grupo E .............................................................................89 Reavaliando os conhecimentos ....................................................93 Referências bibliográficas ...........................................................93 Guia do profissional em treinamento - ReCESA 11 Introdução Caro Profissional, Em todos os momentos de nossas vidas, a geração de resíduos está presente. Essa cons- tatação não é diferente para a geração de resíduos de serviços de saúde. Já ao nascer- mos, no momento do parto, geramos tais resíduos. À medida que crescemos, toma- mos uma série de vacinas, passamos por atendimentos médicos, hospitalares ou nos submetemos a tratamentos dentários, ou seja, mais resíduos são gerados em serviços de saúde. Se continuarmos por esse cami- nho, perceberemos que, até o final de nossas vidas, a geração de resíduos é uma constante que nos acompanha. Mas o que são resíduos de serviços de saúde? Muitos diriam que são aqueles gerados nos hospitais e postos de saúde. Outros iriam além, listariam também clínicas odontológicas, clíni- cas veterinárias, farmácias, entre outros locais. Como podemos perceber, as fontes gerado- ras são muitas e variadas. E, se pensarmos um pouco adiante, perceberemos, em função das diversificadas fontes geradoras, uma gama enorme e variada de substâncias que constituem os resíduos gerados na assistência à saúde, seja ela humana ou animal. E é justamente essa enorme gama de substâncias e materiais que, quando mal gerenciados, põem em risco a saúde da população e do trabalha- dor que diretamente manuseia os resíduos, provocando, por exemplo, ferimentos devi- do ao mau acondicionamento de bisturis, agulhas, entre outros; o meio ambiente, por meio do descarte inadequado de rejeitos químicos e radioativos; os recursos hídricos, quando certos produtos químicos e materiais biológicos são descartados na rede coletora de esgoto domiciliar sem prévio tratamento; entre vários outros riscos e problemas. Profissional, diante do exposto, inúmeras perguntas devem estar aguçando sua mente, tais como: para onde encaminhar adequadamente os resíduos de serviços de saúde de maneira a não causar impactos negativos à saúde cole- tiva, ao meio ambiente, aos recursos hídricos? Será que eles possuem características diferen- tes dos demais resíduos gerados por nós? Será que os medicamentos ou as fraldas descartá- veis encontradas nas lixeiras de nossas casas são também resíduos de serviços de saúde? É melhor incinerá-los ou dispô-los em aterros sanitários? Qual fração deve ser tratada dentro dos estabelecimentos de saúde? Esses e outros questionamentosserão discutidos e trabalhados ao longo desse guia o qual foi dividido em dois conceitos-chave: - Resíduos de serviços de saúde – RSS; - Gerenciamento de RSS. Esperamos, com essa divisão, facilitar nossas atividades e estudos. Porém, antes de prosseguirmos, gostaríamos que você, coletivamente, realizasse a seguinte ativi- dade proposta. 12 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 Atividade A seguir é apresentada uma planta de um hospital e algumas infor- mações sobre o gerenciamento de resíduos sólidos no município onde ele se localiza. Primeiro Andar Fon te: C U S S IO L, 2 0 0 8 Esse hospital está localizado em um município com as seguintes características: População: 30.000 habitantes. Distância da capital: 150 km. Responsável pelos serviços de limpeza urbana: Secretaria Municipal de Obras. Guia do profissional em treinamento - ReCESA 13 Diagnóstico do sistema de limpeza urbana: Inexistência de aterro sanitário: todo o resíduo coletado é lançado, a ∙ céu aberto, no lixão, situado na localidade vizinha, a 4 km da cidade. Inexistência de caminhão coletor de qualquer tipo. ∙ Coleta domiciliar onerosa. ∙ Presença de crianças no lixão, separando materiais comerciáveis, ∙ para depois serem vendidos no município. Não-cobrança da taxa de limpeza pública. ∙ Baixa capacidade gerencial do setor de limpeza urbana. ∙ Inexistência de curso de capacitação de garis. ∙ Frágil organização da população no tocante às questões relativas ∙ à limpeza urbana. Dados complementares: O hospital apresenta 60 leitos. ∙ Todo efluente gerado é lançado na rede de esgoto domiciliar. ∙ Possui uma autoclave em estado precário. ∙ Alto índice de acidentes com perfurocortantes entre os ∙ funcionários da limpeza. Alto índice de embalagens descartadas no lixão. ∙ Grande quantidade de remédios vencidos na ∙ farmácia do hospital. Há um incinerador somente na capital. ∙ Não possui coleta seletiva. ∙ Quais tipos de resíduos são gerados no hospital como base nas plantas ap resentadas? Após identificar os resíduos, proponha um gerenciamento interno e externo para eles. Como foi o exercício? Houve dificuldades? Guarde suas respostas, pois, ao final desse guia, retor- naremos a essa primeira atividade e discutiremos as dificuldades encontradas por você. 14 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 Resíduos de Serviços de Saúde - RSS- Contextualizar os aspectos legais referentes ao gerenciamento de RSS. - Apresentar um conceito de resíduos de serviços de saúde – RSS. - Identificar as fontes geradoras dos RSS e quantidades gera- das de RSS. - Trabalhar e discutir os impactos negativos causados pelos RSS na sociedade, na saúde do trabalhador e coletiva, no meio ambiente e na bacia hidrográfica. OBJETIVOS: No final do século XX e início do século XXI, as sociedades modernas vêm discutindo e enfrentando várias questões ambientais, como o aqueci- mento global, esgotamento dos recursos não-renováveis, poluição dos recursos hídricos, etc. Dentre os vários problemas, um deles se destaca por sua magnitude: os resíduos sólidos. Mais comumente chamado de lixo, os resíduos sólidos roubaram a cena nesse começo de século, pois seus impactos negativos ultrapassam as questões ambientais e atingem as mais diversas áreas. Quando os resíduos sólidos são mal gerenciados, eles prejudicam todos os outros compo- nentes do saneamento básico (esgotamento sanitário, abastecimento de água e drenagem de águas pluviais urbanas). Por falar em saneamento básico, vamos ler o texto “Saneamento e suas dimensões” e esclarecer nossas dúvidas a respeito do referido termo. Saneamento e suas dimensões Saneamento básico: conjunto formado pelos sistemas de abastecimento de água, sistema de esgotamento sanitário, gerenciamento de resíduos sólidos, drenagem de água de chu- vas – drenagem pluvial. Sistema de abastecimento de água: sistema que tem por objetivo captar, transportar, tratar e distribuir a água que será utilizada em casas, no comércio e na indústria, para os mais di- versos fins, tais como cozinhar, tomar banho, beber, entre outros. Guia do profissional em treinamento - ReCESA 15 Sistema de esgotamento sanitário: sistema que tem por objetivo afastar, coletar, transpor- tar, tratar e dispor sanitariamente o esgoto ge- rado em casas, no comércio e nas indústrias. Gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações técnico-operacionais que objetivam re- duzir na fonte, acondicionar, coletar e transportar, tratar e dispor corretamente o resíduo gerado. Sistema de drenagem pluvial: sistema cujo objetivo é captar e transportar as águas de chuva a um destino correto, minimizando pro- blemas como inundações. Por exemplo, a mi- crodrenagem se constitui de meio-fio, sarjeta, bocas-de-lobo, tubulações de ligação, galerias e poços de visita. Acesse o software “Bacia Hidrográfica Virtual” e assista a uma animação sobre saneamento básico e suas dimensões. Os resíduos sólidos podem provocar impactos negativos ainda no que tange à saúde do trabalhador e à coletiva. Mesmo não sendo os resíduos sólidos diretamente transmissores de doenças, eles fornecem abrigo e alimento a vários vetores causadores de moléstias aos seres humanos, tais como dengue, amebíase, elefantíase, febre tifóide. Já as atribulações sociais ocasionadas pelos resíduos sólidos ficam bem-representadas na figura degradante das crianças e catadores em lixões. Dentro do contexto apresentado até o momento e dentre os vários tipos de resíduos sólidos gerados no meio urbano, um ganhou destaque nas últimas duas décadas: os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS). A preocupação com esse tipo de resíduo, porém, remonta a séculos passados. O primeiro incinerador para os RSS foi instalado em um hospital de Nova York, em 1891, e projetos para o aproveitamento destes como fonte de energia, via incineração, datam de 1937. Contudo, quando resíduos de serviços de saúde foram encontrados boiando em algumas praias da Flórida, durante o verão de 1987 e 1988 (auge da AIDS – Síndrome da Imuno-Deficiência Adquirida), diversos aparatos legais passaram a ser publicados, a fim de promoverem a segurança e proteção da saúde da população e do meio ambiente com relação aos resí- duos gerados em estabelecimentos prestadores de serviços de saúde dispostos de forma inadequada. Seguindo as tendências internacionais, no Brasil, os resíduos de serviços de saúde ganharam destaque legal no início da década de 90, quando foi aprovada a Resolução Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) n° 006/91 que desobrigou a incineração ou qualquer outro tratamento de queima dos resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos de saúde e 16 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 de terminais de transporte, e deu competência aos órgãos estaduais de meio ambiente para estabelecerem normas e procedimentos ao licenciamento ambiental do sistema de coleta, transporte, acondicionamento e disposição final dos resíduos, nos estados e municípios que optaram pela não-incineração. A fim de definir normas mínimas para o tratamento de resíduos sólidos oriundos de servi- ços de saúde, portos e aeroportos e estender tais exigências aos terminais ferroviários e rodoviários, o Conama publicou a Resolução n° 5/1993. Depois, o mesmo órgão publicou a Resolução Conama n° 283/01 que dispõe especificamente sobre o tratamento e destinação final dos resíduos de serviços de saúde, não englobando mais os resíduos de terminais de transporte; modifica o termo Plano de Gerenciamento de Resíduos da Saúde para Plano de Gerenciamento dos Resíduosde Serviços de Saúde (PGRSS); impõe responsabilidade aos estabelecimentos de saúde em operação e àqueles a serem implantados, para implementarem o PGRSS; define os procedimentos gerais para o manejo dos resíduos a serem adotados na ocasião da elaboração do plano, o que, desde então, não havia sido contemplado em nenhuma resolução ou norma federal. Risco à Saúde: é a probabilidade da ocorrência de efeitos adversos à saúde relacionados com a ex- posição humana a agentes físicos, químicos ou biológicos, em que um indivíduo exposto a um deter- minado agente apresente doença, agravo ou até mesmo morte, den- tro de um período determinado de tempo ou idade. Nessa perspectiva, a Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), cumprindo sua missão de “proteger e promover a saúde da população, garantindo a segurança sanitária de produtos e serviços, e participando da construção de seu acesso”, dentro da competência legal que lhe é atribuída pela Lei no 9782/99, chamou para si essa responsabilidade e passou a promover um grande debate público para orientar a publicação de uma norma específica. Assim, em 2003, foi promulgada a Resolução de Diretoria Colegiada, RDC Anvisa n° 33/03, que dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. A resolução passou a considerar os riscos aos trabalhadores, à saúde e ao meio ambiente. A adoção dessa metodologia de análise de risco da manipulação dos resíduos gerou divergência com as orientações estabelecidas pela Resolução Conama n° 283/01. Risco para o Meio Ambiente: é a probabilidade da ocorrência de efeitos adversos ao meio ambiente, decorrentes da ação de agentes físicos, químicos ou biológicos, cau- sadores de condições ambientais potencialmente perigosas que favo- reçam a persistência, disseminação e modificação desses agentes no ambiente. Fonte: Série ANVISA – Tecnologia em Serviços de Saúde – Volume 1 Essa situação levou os dois órgãos a buscarem a harmo- nização das regulamentações. O entendimento foi alcançado com a revogação da Resolução Conama n° Guia do profissional em treinamento - ReCESA 17 283/01, das disposições que tratam dos resíduos sólidos oriundos dos serviços de saúde na Resolução Conama n° 5/93, da RDC Anvisa n° 33/03, e a publicação da RDC Anvisa n° 306/04 e da Resolução Conama n° 358, em maio de 2005. A RDC Anvisa n° 306/04 e a Resolução Conama n° 358/05 versam sobre o gerenciamento dos RSS em todas as suas etapas; definem a conduta dos diferentes agentes da cadeia de responsabili- dades pelos RSS; refletem, portanto, um processo de mudança de paradigma (modelo) no trato dos RSS, fundamentada na análise dos riscos envolvidos, em que a prevenção passa a ser eixo principal e o tratamento é visto como uma alternativa para dar destinação adequada aos resíduos com potencial de contaminação. Com isso, essas resoluções exigem que os resíduos recebam manejo específico, desde a sua geração até a disposição final, definindo competências e respon- sabilidades para tais procedimentos. A RDC Anvisa n° 306/04 concentra sua regulação no controle dos processos de segregação, acondicionamento, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final. Estabelece procedimentos operacionais em função dos riscos envolvidos e concentra seu controle na inspeção dos serviços de saúde. Por outro lado, a Resolução Conama n° 358/05 trata do gerenciamento sob o prisma da preservação dos recursos naturais e do meio ambiente e define a competência aos órgãos ambientais estaduais e municipais para estabelecerem critérios para o licenciamento ambiental dos sistemas de tratamento e destinação final dos RSS. Bom, Profissional, nós vimos então um breve histórico o qual contextualiza a situação dos resíduos de serviços de saúde no mundo e no Brasil. Agora, coletivamente discuta as perguntas propostas na atividade a seguir. Atividade Por que os resíduos de serviços de saúde passaram a ser tão preo- cupantes? Enumere algumas razões que levaram diversos países, inclusive o Brasil, a estabelecerem leis, normas e regulamentos para esse tipo de resíduo. 18 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 Do ponto de vista das políticas públicas referentes aos resíduos de serviços de saúde, você considera a harmonização das regulamen- tações feitas pela Anvisa e Conama satisfatória e suficiente? Essa harmonização é de fato exercida na prática em seu município? Existe uma cooperação entre os agentes da saúde e do meio ambiente? Você proporia mudanças nas atuais Anvisa n° 306/04 e Conama n° 358/05 com o objetivo de melhorar o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde? Quais seriam as mudanças e por quê? Conceito de resíduos de serviços de saúde e fontes geradoras Até o momento, foi apresentado um breve histórico que contextualiza o surgimento de leis e normas referentes aos RSS, mas ainda não foi apresentado um conceito para esses resíduos e nem definidas as fontes geradoras deles. Na RDC Anvisa n° 306/04, Resíduos de Serviços de Saúde ou RSS são os resíduos resultantes de atividades exercidas por estabelecimento gerador que, por suas características, neces- sitam de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua disposição final. As fontes geradoras, por sua vez, são definidas pela RDC Anvisa n° 306/04 e pela Resolução Conama n° 358/05 como sendo serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços ∙ de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para a saúde; ∙ necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento; ∙ serviços de medicina legal; ∙ drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; ∙ estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde; ∙ Guia do profissional em treinamento - ReCESA 19 centro de controle de zoonoses; ∙ distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de ∙ materiais e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; ∙ serviços de acupuntura; ∙ serviços de tatuagem, entre outros similares. ∙ Entre todas essas fontes geradoras, as mais conhecidas e também as maiores geradoras são os hospitais onde são oferecidos serviços diversos e, por isso também, onde encontra- mos a maior heterogeneidade. Se você pensar bem, Profissional, o hospital assemelha-se a um hotel com alguns serviços especiais. Sendo assim, algumas atividades assemelham-se àquelas realizadas nas residências, e os resíduos gerados também. Logo, a maior parte dos resíduos gerados nos estabelecimentos de assistência à saúde (em particular os hospitais), são resíduos comuns, orgânicos ou potencialmente recicláveis (entre 75 % a 90 %), especificamente quando considerados setores como almoxarifados, cozinhas ou Serviço de Nutrição e Dietética – SND –, lanchonetes e farmácias que recebem mercadorias e descartam grandes quantidades de embalagens, ou diretamente na geração de frascos de soro, por exemplo, que têm um alto valor no mercado da reciclagem. No gráfico a seguir, são mostrados a quantidade e tipos de materiais gerados em alguns estabelecimentos de serviços de saúde dos municípios de São Carlos e São Paulo; e, no conceito-chave 2, nós discutiremos algumas ações que objetivam a minimização desses resíduos. Composição Gravimétrica dos Resíduos de Serviços de Saúde – São Carlos/SP Fon te: A N D R A D E, J. B . L., 1 9 9 9 . p.1 6 7 1 apud C U S S IO L, 2 0 0 5 . Papel 31% Vidro 15% Plástico Filme 14% Plástico Duro 10% Tecido 9% Outros 8% Metal 5% Papelão 5% Matéria Orgânica 2% Madeira 1% Vidro 15% Papel 31% Madeira1% Matéria Orgânica 2% Papelão 5% Metal 5%Outros 8% Tecido 9% Plástico Duro 10% Plástico Filme 14% 20 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 Dessa maneira, a fração de resíduos de serviços de saúde que necessitam de cuidados especiais está entre 10 a 25 % do total gerado de resíduos, como apresentado no gráfico e na tabela. Mas como estimar a quantidade gerada de resíduos? A quantidade de RSS gerados depende do tipo de estabelecimento, dos hábitos e procedi- mentos médico-hospitalares adotados, da época em que são feitas as medições, do tipo de alimentação utilizado no hospital, entre outras variáveis. Assim sendo, quando for necessário quantificar os RSS gerados em um estabelecimento, para qualquer fim a que se destine essa quantificação, o correto é proceder a uma pesagem por 7 dias consecutivos, com o objetivo de se obter uma média representativa. Para avaliar a geração por paciente, normalmente, adota-se uma relação entre a quantidade média gerada por dia com o número de leitos ocupados, com a qual se forma um parâmetro comparativo. Essa relação pode ser aplicada a outros estabelecimentos de serviços de saúde como farmácias, ambulatórios, postos de saúde, consultórios, clínicas, etc. Nesse caso, divide-se a quantidade de RSS gerada e pesada no dia pelo número de pacientes atendidos. Na tabela a seguir, são mostradas as quantidades geradas de resíduos sépticos e não-sépticos pelo número de leitos de um hospital, de acordo com a classificação da Resolução Conama 5/93 vigente na época em que o trabalho foi desenvolvido. Taxa de geração de RSS em três hospitais, na cidade de Campo Grande, Mato Grosso Tipo do hospital Quantidade (kg/dia) RSS total Resíduo séptico Resíduo não séptico Menos de 50 leitos 150 38 112 Entre 50 e 100 leitos 220 65 155 Mais de 100 leitos 255 82 173 Fonte: SANTOS et al., 1999 apud CUSSIOL, 2005. Séptico: que contém germes patogênicos, ou seja, microrganismos causadores de doenças. Guia do profissional em treinamento - ReCESA 21 Na vigência da atual RDC Anvisa n° 306/04 e Conama n° 358/05, as tabelas a seguir apre- sentam a geração média diária de estabelecimentos de atendimento à saúde do município de Caxias do Sul-RS Média de resíduos por categoria, no hospital SUS, no período de 24 meses Resíduo Geração média Diária (kg) Índice de geração kg/leito/dia Volume médio diário (litros) Índice de geração litros/leito/dia Taxa de geração (%) Comum Reciclável Infectante Especial 297,36 96,87 142,78 23,26 1,36 0,44 0,65 0,11 3.469,73 3.561,33 986,04 144,27 15,75 16,16 4,48 0,65 52,5 17,4 25,9 4,2 Total 560,27 2,56 8 161,36 37,04 100,00 Número de leitos: 267; Ocupação média no período: 249 leitos; Taxa de ocupação = 93,26 Fonte: SCHNEIDER, 2005 Média de resíduos por categoria, no hospital conveniado, no período de 24 meses. Resíduo Geração média Diária (kg) Índice de geração kg/leito/dia Volume médio diário (litros) Índice de geração litros/leito/dia Taxa de geração (%) Comum Reciclável Infectante Especial 306,21 100,23 94,47 16,39 2,76 0,90 0,85 0,15 3.573,07 3.684,92 652,41 101,63 32,24 33,25 5,89 0,92 59,19 19,38 18,26 3,17 Total 517,30 4,67 8 012,03 72,29 100,00 Número de leitos: 144; ocupação média no período: 109,8; taxa de ocupação: 76,25% Fonte: SCHNEIDER, 2005 22 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 222 Outra fonte geradora de resíduos similares aos de serviços de saúde, que muitas vezes passa despercebida por nós, são os domicílios. Esses resíduos gerados nos domicílios são provenientes dos serviços de assistência domiciliar ou da geração cotidiana de uma casa (papel higiênico, fralda descartável, absorvente feminino, camisinhas, lâminas de barbear, remédios vencidos, etc). O texto “Assistência Domiciliar” contextualiza, no Brasil e no mundo, esse tipo de serviço e fornece um conceito para ele. O modelo “Home Care” (ou Assistência Domi- ciliar) de atendimento à saúde surgiu em Ge- nebra – Suíça, em 1920, por iniciativa da Cruz Vermelha. Nos Estados Unidos, teve seu início no final da década de 70, com a finalidade de atender a doentes crônicos. No início dos anos 80, o surgimento da epide- mia de Síndrome da Imunodeficiência Adquiri- da (aids) e a falta de leitos hospitalares contri- buíram para o desenvolvimento do modelo de cuidado alternativo para os enfermos. Desde então, tem havido um grande crescimento no setor. De acordo com dados da Associação Nacional de Assistência Domiciliar nos Estados Unidos, mais de 20 mil empresas prestadoras de serviços de Assistência Domiciliar estão ca- dastradas no país. Outros países, como Canadá, Inglaterra, Fran- ça, Israel e África do Sul têm programas de As- sistência Domiciliar, em várias esferas de situa- ções clínicas e doenças crônicas, que atendem a pacientes idosos, com doenças terminais, como aids, doenças pulmonares, entre outras. No Brasil, os serviços de Assistência Domiciliar tiveram início há duas décadas, em hospitais públicos, sendo que a internação domiciliar teve seu início marcado pelo Serviço de Assistência Domiciliar (SAD) do Hospital Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE-SP), em 1968; e, desde então, o país oferece atendimento domi- ciliar com o intuito de prevenir hospitalização ou reduzir a permanência hospitalar, ampliando a oferta de leitos disponíveis. Já os serviços de empresas privadas foram criados somente na década de 90. Atual- mente, são 20 mil profissionais da saúde que trabalham na área, atendendo cerca de 5 mil pacientes. No Brasil, já existem cerca de 250 empresas cadastradas investindo nos progra- mas de Assistência Domiciliar, movimentando cerca de R$ 240 milhões por ano. As enfermidades mais tratadas em Assistência Domiciliar são as advindas do progressivo en- velhecimento da população, as ditas “crônicas”, como câncer, seqüelados de acidente vascular cerebral (AVC), doentes de Alzheimer e escleroses (arteriais, cerebrais, musculares e múltiplas). Pres- ta, também, atendimento a pacientes terminais, aos que precisam de suporte ventilatório, como enfisematosos, asmáticos e pacientes com aids que não querem ser expostos publicamente. Assistência Domiciliar Guia do profissional em treinamento - ReCESA 23 Segundo a Anvisa, os seguintes termos são assim definidos: Assistência Domiciliar: termo genérico que representa várias modalidades de atenção à saúde desenvolvidas no domicílio, entre elas o atendimento e a internação domiciliar. Atendimento Domiciliar: caracteriza-se pelo conjunto de atividades de caráter ambulatorial, programadas e continuadas por meio de ações preventivas e/ou as- sistenciais com participação da equipe multiprofissional. Internação Domiciliar: o conjunto de atividades caracterizadas pela atenção em tempo integral para pacientes com quadros clínicos mais complexos e com neces- sidade de tecnologia especializada de recursos humanos, equipamentos, materiais, medicamentos, atendimento de urgência/emergência e transporte. Edna Gasques Loureiro Fonte: Disponível em: <http://www.portaldoenvelhecimento.net/pforum/ad.htm> Nos gráficos a seguir, é mostrada a quantidade de resíduos potencialmente infectantes gerados nos domicílios (distritos de coleta da Regional Sul) de Belo Horizonte – Minas Gerais –, quais são esses materiais e suas porcentagens. Preservativo 0,02% Absorvente Higiênico 4,02% Curativo 0,16% Papel Higiênico e Lenço de Papel54,78% Fralda Descartável 40,30% Luvas Descartáveis 0,18% Frasco vazio de Soro 0,28% Saco Branco Leitoso Infectante 0,26% Aparelho de Barbear 48% Lâminas 3% Ampolas 37% Seringas 12% Fonte: CUSSIOL, 2005 Fonte: CUSSIOL, 2005 Bom, Profissional, confirmamos, pelo texto e gráficos anteriores, que há uma geração de resíduos semelhantes aos de serviços de saúde em nossas casas. Responda individualmente às perguntas apresentadas a seguir e discuta-as na atividade proposta. Seringas 12% Lâminas 3% Aparelho de barbear 45% Ampolas 37% Luvas Descartávies 0,18% Papel Higiênico e Lenço de Papel 54,78% Saco Branco Leitoso Infectante 0,26% Saco vazio de Soro 0,28% Absorvente Hisiênico 4,02% Fralda Descartável 40,30% Preservativo 0,02% Curativo 0,16% 24 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 Atividade Há necessidade de se gerenciarem os resíduos gerados nos domicílios como se gerenciam os resíduos de outras fontes geradoras especiais – por exemplo, de um hospital ou pronto socorro? Por quê? Existe algum tipo de gerenciamento para esses resíduos em seu município? Quais os benefícios de se gerenciarem esses resíduos para a socie- dade, para a saúde coletiva e para a bacia hidrográfica? Bacia hidrográfica: é uma área natural cujos limites são de- finidos pelos pontos mais altos do relevo (divisores de água ou espigões dos mon- tes ou montanhas) e dentro da qual a água da chuva é drenada superficial- mente por um curso de água principal até sua saída da bacia, no local mais baixo do relevo, ou seja, na foz do curso de água. Supondo-se que há necessidade de gerenciar também os resíduos gerados nos domicílios, elabore um modelo de gerenciamento para esses resíduos. Como foi a atividade anterior, Profissional? O modelo criado por você e seus colegas seria viável de ser implantando em seu município? Ele minimizaria os impactos causados pelo mau gerenciamento dos resíduos dos domicílios na saúde coletiva, na sociedade e na bacia hidrográfica? Por falar em impactos negati- vos causados pelos RSS, qual(is) você listaria? Em caso de vários, faça uma lista deles e discuta-os com seus colegas. Guia do profissional em treinamento - ReCESA 25 Impactos negativos do mau gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde Você listou anteriormente algum(ns) impacto(s) causado(s) pelos RSS. Vamos discuti-lo(s) mais detidamente a partir de agora. Apresentamos alguns dos problemas na introdução desse guia, tais como possibilidade de poluição dos recursos hídricos pelo lançamento de produtos químicos na rede coletora de esgoto doméstico, acidentes e potencial contaminação dos trabalhadores que diretamente lidam com os resíduos de serviços de saúde e urbanos, agravos à saúde da população pela contaminação química e por rejeitos radioativos, entre outros. Como primeiro exemplo dos impactos negativos causados pelo mau gerenciamento de resídu- os de serviços de saúde e rejeitos radioativos, vamos ler o texto “O acidente em Goiânia”. O acidente de Goiânia envolveu uma contamina- ção radioativa, isto é, existência de material radioa- tivo em lugares onde não deveria estar presente. Uma fonte radioativa de césio-137 era usada em uma clínica da cidade de Goiânia, para tra- tamento de câncer. Nesse tipo de fonte, o cé- sio-137 fica encapsulado, na forma de um sal, semelhante ao sal de cozinha, e guardado em um recipiente de chumbo, usado como uma blindagem contra as radiações. Após vários anos de uso, a fonte foi desa- tivada, isto é, não foi mais utilizada, embo- ra sua atividade radioativa ainda fosse muito elevada, não sendo permitida a abertura do invólucro e o manuseio da fonte sem cuida- dos especiais. A clínica foi transferida para novas instalações, mas o material radioativo não foi retirado, con- trariando a Norma da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN. Assim, duas pessoas retiraram sem autoriza- ção o equipamento do local abandonado, que servia de abrigo e dormitório para mendigos. A blindagem foi destroçada, deixando à mostra um pó azul brilhante, muito bonito, principal- mente no escuro, sendo esse pozinho, pos- teriormente, , distribuído para várias pessoas, inclusive crianças. Com isso, o material radioativo foi sendo espa- lhando pela vizinhança e várias pessoas foram contaminadas. A CNEN foi chamada a intervir e iniciou um processo de descontaminação de ruas, casas, utensílios e pessoas. O acidente radioativo de Goiânia resultou na morte de quatro pessoas, entre 249 contami- nadas. As demais vítimas foram descontamina- das e continuaram em observação, não tendo sido registrados, até o momento, efeitos tardios provenientes do acidente. O acidente em Goiânia Eliezer de Moura Cardoso e colaboradores Fonte: Adaptado de: Apostila educativa Radioatividade, CNEN. Disponível em: <http://www.cnen.gov.br/ensino/apostilas/radio.pdf> Acesso em: ago. 2008 26 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 Você sabia? Qualquer instalação que utilize fontes radioativas, na indústria, centros de pesquisa, medicina nuclear ou radioterapia, deve ter pessoas qualificadas em Radioproteção, para que o manuseio seja realizado de forma adequada. Locais destinados ao armazenamento provisório de fontes ou rejeitos devem conter tais fontes ou rejeitos com segurança, nos aspectos físico e radiológico, até que possam ser removidos para outro local, com aprovação da CNEN. Toda firma que usa material radioativo, ao encerrar suas atividades em um local, deve solicitar o cancelamento da autorização para funcionamento (operação), informando o destino a ser dado a esse material. A simples comunicação do encerramento das ativi- dades não exime a empresa da responsabilidade e dos cuidados correspondentes, até a conclusão do processo na CNEN. Caro Profissional, frente ao que foi exposto no texto lido anteriormente, seria válido continuar- mos a utilizar recursos que, de alguma forma, possam causar contaminação radioativa? Discuta a pergunta com os demais colegas na perspectiva das gerações presentes e futuras. Dando continuidade aos impactos, o trabalhador que lida direta e diariamente com os resí- duos de serviços de saúde e os gerados nas nossas casas é submetido ao risco biológico, devido à possível presença de microrganismos como bactérias, vírus e fungos. No quadro a seguir, são apresentadas algumas doenças infecciosas, assim como o seu modo de transmissão: Doença Infecciosa Modo de transmissão Hepatite B, Hepatite C e AIDS (imunodeficiência humana pelo HIV) Praticar sexo sem proteção, compartilhamento de drogas injetáveis, transfusões de sangue e acidentes profissionais com perfurocortantes contendo sangue ou secreção de pessoa contaminada. Tuberculose Via aérea, a partir de espirro, tosse e aerossóis (a contaminação pode ocorrer durante a trituração de resíduo contaminado, por exemplo). Guia do profissional em treinamento - ReCESA 27 O texto “Prefeitura terá de indenizar gari que pegou HIV em Santa Catarina” é um bom exemplo dos impactos negativos do mau gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Prefeitura terá de indenizar gari que pegou HIV em Santa Catarina A prefeitura de Brusque - SC, foi condenada ao pagamento de indenização ao gari L.C.M, 33 anos, contaminado com o vírus HIV quando recolhia lixo hospitalar do Hospital e Maternida- de Cônsul Carlos Renaux. Ao pegar um saco de lixo, o gari teve o dedo espetado por uma seringa com restos de sangue. O ferimento foi profundo, e o trabalhador foi levado ao hospital para que a agulha fosse retirada, pois estava presa debaixoda unha. O fato aconteceu em 1995. Mesmo com o dedo machucado e mos- trando sinais de infecção, L. C. M. continuou coletando lixo. Um ano depois, o gari mostrava os primeiros sintomas de Aids. Condenada ao pagamento de uma indenização cujo valor atualizado chega a R$ 140 mil, a pre- feitura recorreu, alegando que a contaminação não se teria dado durante o trabalho. O recurso foi julgado improcedente pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. Em estado termi- nal, L. C. M. comemorou o resultado, alertan- do as autoridades e seus próprios colegas de profissão sobre os riscos da manipulação de lixo hospitalar. Segundo a advogada de L. C. M., Albanesa Tonet, é o primeiro caso no Brasil em que uma prefeitura é responsabilizada por um caso de contaminação em coleta de lixo. O gari trabalhava sem nenhum equipamento de proteção individual, nem sequer luvas. Fonte: Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,AA1454412-5598,00.html Acesso em: jun 2008 Você sabia? Para que se desenvolva uma doença infecciosa, é necessária a inter-relação concomi- tante entre os seguintes fatores: a) presença do agente (vírus, bactérias, etc); b) dose de infectividade (capaz de infectar, contaminar); c) resistência do hospedeiro; d) porta de entrada; e) via de transmissão. Fonte: Adaptado da Série Anvisa – Tecnologia em Serviços de Saúde – Volume 1 28 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 Para que outros casos, como o descrito no texto, sejam evitados, os trabalhadores que lidam com os resíduos de serviços de saúde devem estar usando adequadamente os equipamentos de proteção individual (EPIs) durante a execução do trabalho. A seguir, são apresentados alguns dos EPIs utilizados pelos garis que coletam o RSS. Acesse o software “Bacia Hidrográfica Virtual” e veja quais outros equipamentos são utili- zados nos serviços de limpeza urbana. Contudo, não somente os garis estão em risco de contrair uma doença relacionada aos resíduos de serviços de saúde e urbanos, mas também a própria população pode vir a se contaminar com esse tipo de resíduo, se ele for disposto de forma inadequada. Na tabela a seguir, é mostrado o tempo de sobrevivência de algumas bactérias e vírus presentes nos resíduos sólidos. Organismo Doença Tempo de sobrevivência (dias) Salmonella typhi Febre tifóide 29 - 70 Entamoeba histolytica Amebíase 8 -12 Ascaris lumbricoides Ascaridíase ou ascaríase 2.000 – 2.500 Leptospira interrogans Leptospirose 15 - 43 Poliovírus Poliomielite 20 -170 Mycobacterium tuberculosis (ou bacilo de Koch) Tuberculose 150 - 180 Larvas de vermes Condição insalubre 25 - 40 Fonte: SUBERKROPP, K. F. ; KLUG, M. J., 1974, apud LIMA L. M. Q., 1991. O problema de potenciais contaminações torna-se mais grave uma vez que a maioria dos resíduos sólidos, inclusive os resíduos de serviços de saúde, é depositada em lixões, como mostrado na tabela a seguir. Guia do profissional em treinamento - ReCESA 29 Disposição final, tratamento e coleta de resíduos de serviços de saúde no Brasil Serviço N° de Municípios Coleta 3.466 Disposição final Lixão 1.696 Aterro 873 Tratamento Incinerador 589 Microondas 21 Forno 147 Autoclave 22 Queima a céu aberto 1.086 Outros 471 Sem tratamento 1.193 Fonte: Adaptado de Série Temáticas Anvisa – Tecnologias em Serviço de Saúde – Volume 1 - 2006 Nesses depósitos a céu aberto, são encontrados milhares de catadores que sobrevivem da coleta e venda de materiais recicláveis (ver gráfico de composição gravimétrica apresenta- do anteriormente), bem como utilizam restos para a alimentação deles como retratado na reportagem “Pessoas que se alimentam de lixo”. Já as conseqüências do mau gerenciamento de resíduos de serviços de saúde ao meio ambiente, ao saneamento básico, e à bacia hidrográfica ficam exemplificadas pelos despejos de efluentes de unidades de saúde, sem qualquer tratamento prévio, na rede domiciliar de esgoto doméstico. As características desses efluentes são muito parecidas com a dos esgotos domiciliares, pois apresentam, entre seus componentes, patógenos como vírus, bactérias, protozoários, entre outros. Porém, como agravante, os efluentes de unidades de saúde apresentam ainda uma variedade de substâncias, tais como fármacos, antibióticos, desinfetantes, anestésicos, metais pesados e drogas não metabolizadas por pacientes, de difícil decomposição. 30 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 Fármaco: medica- mento, remédio; Metabolizada: aquilo que é absorvido pelo organismo. Uma vez lançadas nas redes coletoras, quando estas existem, algumas dessas substâncias citadas passam pelos sistemas de tratamento de esgotos sem sofrerem qualquer mudança, pois essas unidades, na maioria das vezes, não são apropriadas para tratar os efluentes que contêm esses tipos de contaminantes. Contudo, a maior parte desses efluentes é lançada diretamente nos cursos de água, colocando em risco toda a bacia hidrográfica. Além dos efluentes de unidades de saúde, os medicamentos ingeridos pelos seres humanos e de uso veterinário e os remédios vencidos descartados inadequadamente no lixo e no esgoto contribuem consideravelmente para a poluição do meio ambiente como mostrado no texto “Medicamentos contaminam a água”. Pesquisas feitas na Europa revelam que princípios ativos de remédios ameaçam ecossistemas e fluem das torneiras domés- ticas. No Brasil, o problema pode ser ainda mais grave. Tomar um comprimido de antibi- ótico, antidepressivo, anticoncepcional, etc. é a coisa mais comum no dia-a-dia. Esses remédios essenciais para resolver proble- mas de saúde graves agem no corpo du- rante horas ou dias. Mas, e depois? O que acontece com eles? Essas substâncias que ingerimos e que fazem tanto bem, comba- tendo as mais diversas doenças, que des- tino têm dentro do nosso corpo? Quando e como saem do nosso organismo? De acordo com os cientistas, de um terço a 90% de todas as doses ministradas de alguns remédios, como os antibióticos, são excre- tados na urina. As drogas e os medicamen- tos que ingerimos ou recebemos por injeção são eliminados do nosso corpo na sua for- ma original através da urina e das fezes ou, depois de transformados em nosso próprio organismo, podem ser eliminados na forma de metabólito (o fragmento químico dessa substância). Esse metabólito pode ser ati- vo ou totalmente inerte. Sua eliminação, na maior parte das vezes, também ocorre na urina ou nas fezes. Medicamentos contaminam a água Guia do profissional em treinamento - ReCESA 31 Alguns dos metabólitos são bem mais ativos e mais tóxicos do que a droga original e, ge- ralmente, mais solúveis em água. Além disso, alguns desses metabólitos inativos, quando li- berados no meio ambiente, podem voltar à sua forma ativa pela ação de bactérias presentes em água ou terra. Isso não é uma mera curiosidade da biologia humana, mas tem a ver com a biolo- gia de todos os animais. Recentemente, pesquisadores ligados ao governo suíço iniciaram um estudo sistemático de poluen- tes em águas de várias regiões daquele país. En- quanto procuravam por pesticidas, por acaso de- tectaram na água de um lago traços de um remé- dio utilizado para diminuir o colesterol, o clofibrato. Investigaram-se as águas dos rios e dos lagos na região rural da Suíça, além dos grandes centros urbanos. Havia clofibrato em todo canto. A reação imediata foi sugerir a prisão dos respon- sáveis pela indústria fabricante do medicamento, pois certamente estavam poluindo as águas dos rios. Depois de procurar, descobriram, curiosa- mente, que essemedicamento não é fabricado na Suíça. Portanto, não era possível atribuir a presen- ça do clofibrato a acidentes industriais. Ao analisar os esgotos urbanos, os mesmos cien- tistas observaram que a droga vinha diretamente dos dejetos humanos. As pessoas comuns que, na tentativa de controlar o colesterol, tomam o seu clofibrato diariamente, vão ao banheiro e despe- jam gramas e mais gramas dessa substância no ecossistema. Outros pesquisadores, na Alemanha, encontraram traços desse mesmo medicamento na água de torneira dos moradores de Berlim. Esses estudos repetiram-se ao redor do mundo. Mais e mais me- dicamentos são identificados no solo e nas águas. Em concentrações mínimas, bilionésimos de mili- gramas (nanogramas), mas detectáveis. No fim da década de 90, pesquisas detectaram traços de remédios antiinflamatórios, estrógenos e antilipêmicos (contra o colesterol) em águas de rios e em afluentes de estações de tratamento de es- gotos, no estado do Rio de Janeiro. Diferentemente do que foi observado na Europa, a concentração dessas substâncias foi considerada relativamente elevada (mais de mil vezes a concentração dessas substâncias encontrada na Suíça). Não há dúvida de que toneladas e toneladas de drogas são excretadas todos os dias em todo o planeta. Cientistas ao redor do mundo, mas princi- palmente na Europa, têm observado que números cada vez maiores de drogas complexas – incluindo hormônios, medicamentos para o coração, vitami- nas, antiinflamatórios, etc. – passam pelo sistema digestivo sem serem metabolizadas e são elimina- das por meio das fezes e da urina. Muitas delas conseguem “driblar” os sistemas de saneamento básico e de tratamento de esgotos e água. Caem nos rios e nos lagos e voltam através de nossas torneiras. Riad Younes - Fonte: Disponível em: <http://www.portaldoenvelhecimento.net/artigos/artigo437.htm> (Adaptação) 32 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 Não somente a água é contaminada, mas também o solo, pois, os medicamentos possuem compostos químicos que podem influenciar a biota (conjunto de todos os seres vivos de uma região) daqueles, alterando seus componentes e, conseqüentemente, seus usos e ocupações. Você sabia? O termo “uso e ocupação do solo” descreve as mais diversas formas de utilização e ocupação do meio físico, compreendendo tanto as situações naturais (lagos, cursos d’água, florestas, campos, etc.) como também as decorrentes das inúmeras intervenções humanas (urbanização, agricultura, mineração, etc.). Porém, quando alguns tipos de uso e ocupação do solo alte- ram as condições naturais do meio ambiente, principalmente quando realizados de maneira inadequada, eles trazem impactos negativos. Vamos sobrevoar a Bacia Hidrográfica Virtual e ver alguns dos diferentes usos e ocupações do solo. Diante da realidade referente aos fármacos apresentada no último texto, como conciliar duas situações aparentemente antagônicas: salvar vidas com a utilização de medicamen- tos e preservar o meio ambiente e a própria saúde dos seres humanos contra os mesmos medicamentos excretados diariamente por bilhões de humanos? Atividade Bom, Profissional, esses são alguns dos problemas entre vários outros causados pelo mau gerenciamento de resíduos, inclusive os resíduos de serviços de saúde. Na sua listagem de problemas, quais outros poderiam ser mencionados? Esses problemas são observados em seu município? Quais ações são implementadas em sua cidade para mini- mizar tais problemas? Discuta essas perguntas com seus colegas e anote as boas ações que possam ser utilizadas em sua localidade. Guia do profissional em treinamento - ReCESA 33 Chegamos, então, ao final do primeiro conceito-chave no qual nós contextualizamos e discutimos o surgimento e importância de políticas públicas referentes aos resíduos de serviços saúde. Apresentamos um conceito para eles, bem como as fontes geradoras e quantidades geradas e, por fim, elaboramos e discutimos um modelo de gerenciamento para os resíduos semelhantes aos de serviços de saúde gerados nos domicílios. Na última parte do conceito-chave, levantamos alguns impactos negativos gerados pelo RSS em diver- sos segmentos: sociedade, saúde coletiva, meio ambiente. Relembramos alguns conceitos, tais como saneamento básico, bacia hidrográfica e uso e ocupação do solo, os quais serão importantes para o desenvolvimento do próximo conceito-chave. Gerenciamento de RSS - Apresentar e traba- lhar a classificação vigente para os resíduos de serviços de saúde; - Apresentar, discutir e trabalhar as etapas do gerenciamento (cuidados no manu- seio, minimização da geração, segregação dos RSS, acondicio- namento e identifica- ção, armazenamento temporário, coleta e transporte interno, tratamento interno e externo, armaze- namento externo, coleta e transporte externo, disposição final) para cada gru- po dos resíduos de serviços de saúde. OBJETIVOS: No conceito-chave anterior, foram apresentados diversos impactos negativos causados pelos resíduos de serviços de saúde. Se vocês, profissionais, analisarem esses impactos, perceberão que existem diversas substâncias que fazem parte desse tipo de resíduo, um problema a ser gerenciado. Algumas são radioativas, outras apre- sentam risco químico ou biológico. Mas, como saber qual substância apresenta risco biológico, químico ou de acidente com perfuração ou cortes? Como segregar e acondicionar corretamente as substâncias químicas para que não haja, por exemplo, risco de ocorrência de uma explosão? A resposta a estas e outras perguntas constituem o nosso próximo assunto. Classificação dos RSS Como você, Profissional, já deve saber, existe uma classificação cujo objetivo principal é auxiliar no gerenciamento dos resíduos gerados nas unidades de serviços de saúde. minimizando os impactos nega- tivos já por nós discutidos. Para relembrarmos essa classificação, propõe-se que seja realizada individualmente a seguinte atividade: 34 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 Caso tenha dúvidas referentes a termos encontrados ao longo dessa seção, consulte o glossário em anexo ao final desta seção. Atividade A atividade tem por objetivo classificar os resíduos de serviços de saúde. Para isso, utilize o quadro a seguir. Na primeira coluna da esquerda, estão os diferentes tipos de resíduos e, na primeira linha, está a possível classificação desses resíduos. Marque com um “x” a classificação que você considera correta para cada resíduo. Resíduo Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D Grupo EA1 A2 A3 A4 A5 Caixas vazias de medicamentos Tecnécio-99m Bolsa de sangue contaminada Restos de alimentos da cantina. Bisturi Cadáver animal contaminado com vírus da febre aftosa Perna amputada Fármacos antineoplásicos Vacinas Flores Guia do profissional em treinamento - ReCESA 35 Resíduo Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D Grupo EA1 A2 A3 A4 A5 Frasco de soro misturado com citostático Bandagens com sangue contaminado com príons Seringa com agulha Cartelas de comprimidos Filtros de ar e de gases aspirados de áreas contaminadas Flúor-18 Bolsa de sangue com volume residual pós-transfusão Reveladores e fixadores Fralda descartável Pipeta quebrada Gesso retirado de uma perna sem evidências de sangue ou secreções Iodo-131 Lata aberta Frasco de soro glicosado parcial- mente usado Abaixadores de língua Luvas usadas em exame ginecológico 36 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível2 Essa mesma atividade se encontra no software “Bacia Hidrográfica Virtual”. E aí, Profissional, como você avalia o seu desempenho na atividade de classificação dos resíduos? Para dirimir quaisquer outras dúvidas, vamos relembrar a classificação vigente para os resíduos de serviços de saúde. Os resíduos de serviços de saúde são classificados em cinco grupos, conforme as caracterís- ticas principais e seu potencial de risco. Os grupos e correspondentes resíduos encontram-se nos quadros, adaptados do Apêndice I da RCD Anvisa nº 306/04, a seguir. Grupo A – Resíduos potencialmente infectantes Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem apresentar risco de infecção. A1 Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganis- mos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética. Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes da classe de risco 4, micror- ganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causadores de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido. Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta. Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas carac- terísticas, podem apresentar risco de infecção. A2 Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganis- mos, bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação que foram submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica. Guia do profissional em treinamento - ReCESA 37 Grupo A – Resíduos potencialmente infectantes Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem apresentar risco de infecção. A3 Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou pelos familiares. A4 Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico hospitalar e de pesquisa, entre outros similares. Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secre- ções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes classe de risco 4 e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microorganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons. Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo. Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenham sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de proce- dimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica. Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de microor- ganismos, bem como suas forrações. A5 Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons. 38 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 Grupo B – Resíduos químicos Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações. Resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais pesados; Reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes. Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos). Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores). Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas. Grupo C – Rejeitos radioativos Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas normas do CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista. Enquadram-se neste grupo quaisquer materiais resultantes de laboratórios de pesquisa e ensino na área de saúde, laboratórios de análises clínicas e serviços de medicina nuclear e radioterapia que contenham radionuclídeos em quanti- dade superior aos limites de eliminação. Grupo D – Resíduos equiparados aos resíduos domiciliares Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. Papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de pacientes, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de venóclises, equipamento de soro e outros similares não clas- sificados como A1. Sobras de alimentos e do preparo de alimentos. Resto alimentar de refeitório. Resíduos provenientes das áreas administrativas. Resíduos de varrição, flores, podas e jardins. Resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde. Guia do profissional em treinamento - ReCESA 39 Grupo E – Resíduos perfurocortantes Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares. Você sabia? Anátomo-patológico: estudos de doenças por métodos morfológicos (forma). Antimicrobianos: drogas que têm a capacidade de inibir o crescimento de microrganismos. Antineoplásicos: medicamentos químicos utilizados no tratamento de câncer. Anti-retrovirais: drogas que inibem a reprodução de vírus no sangue. Muito utilizados no tratamento da AIDS. Anti-sepsia: prevenção do desenvolvimento de agentes infecciosos por meio de procedimen- tos físicos ou químicos destinados a destruir todo microrganismo. Exemplo de anti-sepsia é a lavagem das mãos. Citostáticos: fármaco que evita a multiplicação e o crescimento das células; Desinfestantes: são produtospara o controle de insetos, roedores e outros vetores incômodos ou nocivos à saúde. Dialisadores: equipamentos que filtram o sangue no processo de hemodiálise; Digitálicos: constituem um grupo de fármacos usados no tratamento de doenças do coração, nomeadamente de arritmias e insuficiência cardíacas. Escalpes: conjunto de agulha com dispositivo em forma de asas usado para a infusão de medicamentos na veia. É também chamado de Butterfly (borboleta); Limas endodônticas: instrumento utilizado em tratamento de canal, para o esvazia- mento deste. Escarificante: instrumento cirúrgico, munido de lâminas, que serve para fazer incisões superficiais e simultâneas na pele. Fixadores: líquido contendo combinação de substâncias químicas que torna a imagem obtida no filme radiográfico estável quando exposta à luz branca. O agente fixador é uma solução composta basicamente por água, tiossulfato de sódio ou tiossulfato de amônio. Hemocomponentes: componentes do sangue. 40 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 Hemoderivados: produtos derivados do sangue. Hemostasia de venóclises: algodão ou outro material que estanca o sangue após a injeção. Imunomoduladores: medicamentos modificadores da doença, os quais alteram o curso da doença. Imunossupressores: medicamentos que agem suprimindo as ações imunológicas do corpo. São muito utilizados para prevenir rejeições em pacientes transplantados. Inoculação: transmissão artificial ao organismo de um agente que tem capacidade de se multiplicar. Microrganismos de relevância epidemiológica: microrganismos dotados de grande capacidade de difusão e propagação de doenças infecto-contagiosas. Príons: estrutura protéica alterada relacionada como agente etiológico das diversas formas de encefalite espongiforme. Placas de Petri: recipiente cilíndrico, achatado, de vidro ou plástico que os biológos utilizam para a cultura de microrganismos. A placa é parcialmente cheia com um caldo líquido ágar onde estão misturados alguns nutrientes, sais e aminoácidos, de acordo com as necessidades específicas do metabolismo do microrganismo a ser estudado. Placa de Petri com bactérias Radionuclídeo: átomo de um elemento químico que se caracteriza por apresentar um núcleo atômico instável que emite energia quando se transforma num isótopo mais estável. Reveladores: solução contendo agente redutor capaz de transformar os halogenetos de prata, contidos no filme radiográfico, em prata, quando afetados pela luz, mais rapidamente do que os halogenetos não expostos à luz. Os agentes hidroquinona e felidona são os mais comuns. Transfusionais: dotado de capacidade de ser transfundida, ou seja, de possibilitar a transfusão de substâncias como o sangue. Vísceras: coração, útero, pâncreas, intestinos, etc. Bom, Profissional, agora que você já relembrou os cinco grupos que os resíduos de serviços de saúde podem ser classificados, volte à atividade que abre essa seção e reveja suas respostas, esclarecendo suas dúvidas e corrigindo alguma classificação incorreta. Placa de Petri Guia do profissional em treinamento - ReCESA 41 Etapas do gerenciamento dos grupos de classificação dos RSS A partir de agora, nós vamos abordar as etapas do gerenciamento de cada um dos grupos de classificação dos RSS. Porém, vamos realizar coletivamente a seguinte atividade proposta, cujo objetivo é exercitar os conhecimentos referentes ao gerenciamento de RSS. Atividade Recorda-se dos resíduos presentes na atividade de classificação? Pois bem! Um dos objetivos da classificação é orientar as demais etapas do gerenciamento de resíduos. Ela define quais tipos de acondicio- namento, coleta, transporte, disposição final são os recomendáveis e exigíveis para determinado resíduo. Assim, a sua tarefa e dos demais colegas é descrever as etapas do gerenciamento para alguns resíduos. Para auxiliá-los, uma sugestão é estruturar o gerenciamento desses resíduos, descrevendo as seguintes etapas: Etapas intra-estabelecimento de saúde Classificação ∙ Cuidados no manuseio (equipamentos de proteção individual ∙ e coletivo) Minimização da geração (boas práticas de minimização de ∙ resíduos) Segregação dos RSS ∙ Acondicionamento e identificação ∙ Armazenamento temporário (Sala de Resíduos) ∙ Coleta e transporte internos ∙ Tratamento interno e externo ∙ Armazenamento externo (Abrigo de Resíduos); ∙ Etapas extra-estabelecimento de saúde Coleta e transporte externo ∙ Disposição final ∙ 42 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 Caixas vazias de medicamentos Tecnécio-90m Bolsa de sangue contaminada Seringa com agulha Frasco de soro misturado com citostático Bandagens com sangue contaminado com príons Perna amputada Restos de alimentos da cantina Pipeta quebrada Frasco de soro glicosado parcialmente usado Guia do profissional em treinamento - ReCESA 43 Perna amputada E aí, Profissional? Como foi a atividade? Relembrou as etapas do gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde? Quais foram as dificuldades e/ou dúvidas? Guarde suas respostas, pois, ao final dessa seção, nós voltaremos e reavaliaremos essa atividade. Dando seqüência aos nossos estudos, vamos ver como é o gerenciamento na teoria e na prática para cada um dos grupos que compõem os resíduos de serviços de saúde. Grupo A - Apresentar, discutir e trabalhar as etapas do gerenciamento interno e externo dos resíduos do grupo A. OBJETIVOS: Os resíduos do grupo A são os resíduos que possivelmente têm agentes biológicos que, por suas características de maior virulência (capacidade de um vírus ou bactéria de se multiplicar dentro de um organismo, provocando doença) ou concentração, podem apresentar risco de infecção. Tudo o que entre em contato com esse tipo de resí- duo, como recipientes de acondicionamento (sacos plásticos, caixas de materiais perfurantes e cortantes, etc), carro de coleta interna, contêineres e abrigo de resíduos dos grupos A e E, entre outros, deve ser identificado com etiqueta em rótulo de fundo branco, desenho e contornos pretos, contendo o símbolo de presença de substância infectante e a inscrição de Resíduo Infectante. Resíduo Infectante Atividade Antes de prosseguirmos, liste os impactos negativos que o mau gerenciamento dos resíduos do grupo A pode trazer à saúde cole- tiva, ao meio ambiente e à bacia hidrográfica e às demais áreas do saneamento. Em seguida, nós trabalharemos e discutiremos como as etapas do gerenciamento, bem-estruturadas, podem evitar ou minimizar os impactos listados. 44 Resíduos Sólidos - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Nível 2 Cuidados no manuseio Para minimizar os riscos de ocorrência de acidentes ao se manusearem esses resíduos, adotam-se os seguintes procedimentos: uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI; ∙ lavagem das mãos; ∙ segregação adequada dos resíduos nos diferentes subgrupos; ∙ acondicionamento seguro (barreira de contenção); ∙ imunização dos profissionais envolvidos no manuseio de resíduos. ∙ Além desses procedimentos, existem outros utilizados em seu município ou no local de seu trabalho, Profissional? Discuta com os demais colegas esses outros procedimentos. No quadro a seguir, sugerem-se alguns tipos de EPIs para os profissionais que lidam com os resíduos do grupo A, como o pessoal da limpeza e higienização e os que fazem a coleta. EPI Importância Uniforme De algodão, calça comprida e camisa de manga comprida ou pelo menos ¾. Evitar a disseminação de agente biológico para fora do serviço de saúde. Luvas de látex ou PVC, com palma antiderrapante Barreira física para evitar o contato com agente biológico ou quími- co. Há luvas para proteção das mãos contra agentes
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