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Aula 7 - Martin Wight

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A POLÍTICA DO PODER
PROF. FERNANDA KOTZIAS
Martin Wight
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Robert James Martin Wight (1913 - 1972)
Professor Universitário e pesquisador
Royal Institute of International Affairs 
Comitê Britânico de Política Internacional 
Correspondente diplomático sobre as Nações Unidas para o The Observer (1946-47) 
Poucas publicações – perfeccionista e crítico com suas próprias idéias
Um dos “mentores” da Escola Inglesa
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Escola Inglesa
Reflexões sobre a sociedade internacional e suas dinâmicas
Estrutura internacional (descritiva e normativa)
Diversificação da agenda internacional
Ordem internacional
Sociedade Internacional
Ética e justiça
Direitos Humanos
Valores e cultura internacional
Solidariedade/ Cooperação
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A Política e o Poder
Publicado por Bull após a sua morte
Motivação: 
 “a crença na importância do próprio material e na necessidade de torná-lo disponível a outros, de forma que as linhas de pesquisa que ele tinha aberto pudessem ser avançadas. Especialmente, talvez, haja a necessidade de fazer as idéias de Martin Wight mais profundamente avaliadas em suas formas originais do que através de interpretação de segunda mão de outros"
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A Política e o Poder
Bull sobre Wight:
 "Tenho um profundo débito com Martin Wight, quem em primeiro me demonstrou que as Relações Internacionais podem ser consideradas como um sujeito, e cujo trabalho nesse campo, para usar uma de suas próprias metáforas, permanece como uma alvenaria romana num subúrbio londrino. Seus escritos, ainda inadequadamente publicados e reconhecidos, são uma constante inspiração".
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A Política e o Poder
Tema central: comportamento internacional dos Estados e o relacionamento entre eles 
Importância da história mundial para o estudo das Ris
Desenvolvimento do conceito e a análise de diferentes sistemas de Estados
3 modelos (“Rs”) - Realismo, Racionalismo, Revolucionismo
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A Política e o Poder
Ponto de partida: critério legitimador da participação dos atores do sistema internacional é o reconhecimento recíproca da Soberania
Artigo “Why is there no lnternational Theory?” -inexistência de um trabalho sistemático de teorização em RI
Constatação da ausência de um corpo teórico que explicasse as formas do relacionamento entre os Estados
Buscava a compreensão dos fenômenos internacionais, em termos de cooperação e conflito, o que transcendia as políticas nacionais.
A premissa inicial de Wight de que pesquisa teórica em RI é necessariamente sobre moral e ordem
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A Política e o Poder
O interesse de Wight pela Teoria das RI/ Política Internacional decorria igualmente da insatisfação com os escritos dos realistas
Focava o estudo na filosofia política e na análise histórica da política internacional através das correntes de pensamentos ao longo do tempo
Pesquisar, organizar e categorizar tudo o que tinha sido dito e pensado sobre o assunto através dos tempos
Não tinha como premissa a busca por uma teoria inovadora ou por soluções definitivas
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A Política e o Poder
Objetivo de Wight não era "oferecer um guia para os acontecimentos efêmeros da Política Internacional atual, mas ressaltar os traços fundamentais e duradouros de tal política“
A obra é dedicada à análise desses 'traços fundamentais e duradouros', como "as potências, as potências dominantes, as grandes potências, as revoluções internacionais, a anarquia internacional, o equilíbrio do poder, a guerra e as intervenções".
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A Política e o Poder
Identificação de 3 paradigmas clássicos:
Realista (Hobbes/ Maquiavel) - auto-interesse nacional e da diplomacia prudente/ “Razão do Estado” / Soberania / Sobrevivência
Racionalista (Grotius) - direito internacional / diálogo/ regulação dos conflitos pela lei / sociedade internacional
Revolucionista (Kant) - comunidade política global / visão humanista / homem como foco do sistema
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A Política e o Poder
As 3 tradições são aplicáveis a momentos da história internacional
Interagem de forma dinâmica, porém são bastante distintas
Tensão e conflito sob posições ideológicas formalizadas
De acordo com Bull, a visão de Wight era basicamente Racionalista:
 “as tendências grocianas de Wight foram temperadas pelo partilhar do realismo dos maquiavélicos, sem cinismo, e o idealismo dos kantianos, sem seu fanatismo"."
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Contribuição de Wight à Escola Inglesa
Pressupostos:
Pluralismo Teórico (3 tradições de Wight)
Diálogos
Questões Importantes: 
o reconhecimento que a natureza dos sistemas internacionais muda conforme momento e lugar;
distinção entre sistemas internacionais, sociedades internacionais e sociedades mundiais
não se hierarquiza as variáveis da realidade internacional (por exemplo, sistema acima de sociedade)
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Anarquia
Caráter anárquico do sistema internacional não é percebido como um caos mas como um tipo de sociedade na qual os estados interagem segundo determinadas convenções :
Diplomacia
Direito internacional
Equilíbrio de poder
Papel dos grandes poderes 
Guerra (não descarta a guerra - Grotius e a “guerra justa”)
Apesar de anárquico, o sistema internacional é organizado e possui regras próprias, criadas e geridas pelos Estados (“meio social”)
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Anarquia
 "Em primeiro lugar, existem unidades políticas independentes que não reconhecem um superior político e que se consideram "soberanas"; em segundo, existem relações contínuas e organizadas entre elas. Isto constitui o sistema de estados moderno. Temos as unidades independentes que chamamos de estados, nações, países ou potências, e temos um sistema de relações contínuas altamente organizadas entre elas: relações políticas e econômicas, diplomáticas e comerciais, ora a paz e a guerra." (p.1)
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Anarquia
São os Estados que fazem as leis e as comunicam, administram, interpretam, aplicam, legitimam, adaptam e protegem 
Direito é forma de auto-preservação
Difere da escola realista e neo-realista (sobrevivência deriva de meios militares )
 "Seria insensato supor que os estadistas não se deixam levar por considerações de direito e justiça, e que as relações internacionais são governadas exclusivamente pela força. É mais prudente, porém, começar a partir do reconhecimento de que a política do poder, como nós a definimos no início, está sempre inexoravelmente sendo aproximada à "política do poder' no sentido imoral, e analisá-la nessa luz".“ (p.8)
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Anarquia
 Wight define as relações internacionais como predominantemente imorais, embora reconheça que a moral desempenha um papel secundário no processo decisório
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Características da Sociedade Internacional
Multiplicidade de Estados soberanos
Mútuo reconhecimento das soberanias
Distribuição assimétrica do poder entre os Estados, que leva à existência de grandes potências
A prevalência de mecanismos regulares de comunicação entre os Estados (origens da diplomacia moderna)
Conjunto de normas jurídicas que regulam o contexto dentro do qual operam os protagonistas da vida internacional (base no Direito das Gentes de Grotius)
Defesa de interesses comuns quanto à manutenção do sistema interestatal (seja através do equilíbrio do poder ou da segurança coletiva)
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Sistema x Sociedade
Sistema de Estados – coletividade de Estados que são forçados a interagir
Sociedade de Estados – se juntam cooperativamente num sistema de relacionamento para certos propósitos comuns
 “nos assuntos internacionais há tanto cooperação quanto conflito; existe um sistema diplomático e o direito internacional e instituições internacionais que complicam ou modificam o andamento da política de poder.” (p.97)
 “A sociedade internacional é uma sociedade única, composta das outras sociedades mais organizadas que chamamos de Estados. Os estados são seus membros principais e imediatos, mesmo que possa haver um sentido no qual seus membros fundamentais são homens"."
(p.98)
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Países do Terceiro Mundo
Diferente das escolas americanas, aborda a problemática dos países não desenvolvidos após a Segunda Guerra e, em especial, após o processo de descolonização.
 "Seria mais correto dizer que as Nações Unidas aumentaram a intensidade da luta pelo poder travada entre os have-nots e as potências do status quo. A existência das Nações Unidas exagerou a importância internacional das potências have-not, permitindo a elas se organizarem para formar um grupo de pressão com peso diplomático e propagandístico muito maior do que seriam capazes de outra forma" (p.245)
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Diplomacia
 "a idéia de que a diplomacia seria capaz de erradicar as causas da guerra faz parte da grande ilusão posterior a 1919. Talvez a diplomacia possa fazer uma pequena parte para diminuir as condições sociais propícias à guerra; ela pode contornar as ocasiões de guerra, mas as causas da guerra, assim como a necessidade da própria diplomacia, permanecerão enquanto a multiplicidade de governos não for reduzida a um só governo e a política internacional não for transformada em política doméstica." (p. 135)
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Diplomacia
“(...) é o sistema e a arte da comunicação entre Estados. O sistema diplomático é a instituição-mestra das relações internacionais" (p.107)
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Diplomacia
Diplomacia x Propaganda:
 "A diplomacia corresponde à tentativa de ajustar interesses conflitantes por meio da negociação e do compromisso; a propaganda é a tentativa de influenciar a opinião que sustenta e forma a base dos interesses" (p.78)
 “A diplomacia revolucionária possui suas perversões em relação às três funções da diplomacia: espionagem ao invés de informação, subversão ao invés de negociação, propaganda ao invés de comunicação. Uma evolução na ênfase dada da primeira à terceira pode ser observada na história da diplomacia soviética" (p.111)
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Considerações
Visão pluralista
Conceito de “sociedade internacional”
Normas e instituições dentro da anarquia
Comportamento internacional dos Estados e o relacionamento entre eles como tema central
“Política do Poder” correlaciona a presença de atores e instituições com os elementos de poder presentes nas suas interações

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