Buscar

Pensamento Político - aula 04

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PENSAMENTO POLÍTICO
AULA 04 - Os Contratualistas Locke e Rousseau 
Objetivo desta aula: 
1. Identificar as contribuições para a concepção moderna de Estado no pensamento dos contratualistas Locke e Rousseau;
2. Salientar as características das concepções de Estado, Contrato Social e propriedade nos pensamentos de Locke e de Rousseau;
3. Refletir sobre como os pensamentos de Locke e de Rousseau podem ser utilizados para o entendimento da nossa realidade cotidiana e das formas de organização da sociedade contemporânea.
Jonh Locke e o individualismo liberal
As Revoluções Inglesas - O século XVII foi marcado pelo antagonismo entre a Coroa e o Parlamento, controlados, respectivamente, pela dinastia Stuart, defensora do absolutismo, e a burguesia ascendente, partidária do liberalismo. Esse conflito assumiu também conotações religiosas e se mesclou com as lutas sectárias entre católicos, anglicanos, presbiterianos e puritanos. Finalmente, a crise político-religiosa foi agravada pela rivalidade econômica entre os beneficiários dos privilégios e monopólios mercantilistas concedidos pelo Estado e os setores que advogavam a liberdade de comércio e de produção.
Jonh Locke, o individualista liberal - John Locke (1632-1704) que, junto ao opositor dos Stuart se encontrava refugiado na Holanda, retornou à Inglaterra após o triunfo da Revolução Gloriosa. Em 1689-90, publica suas principais obras: Cartas sobre a tolerância, Ensaio sobre o entendimento humano e os Dois tratados sobre governo civil. Além de defensor da liberdade e da tolerância religiosas, Locke é considerado o fundador do empirismo, doutrina segundo a qual todo o conhecimento deriva da experiência.
Como filósofo, Locke é conhecido pela teoria da tábula rasa do conhecimento, desenvolvida no Ensaio sobre o entendimento humano.
A teoria da tábula rasa é, portanto, uma crítica à doutrina das ideias inatas, formulada por Platão e retomada por Descartes, segundo a qual, determinadas ideias, princípios e noções são inerentes ao conhecimento humano e existem independentemente da experiência.
Os dois tratados sobre o governo civil
Obra mais importante de Locke no campo da ciência política, Os Dois tratados, escritos provavelmente em 1679-80, só foram publicados na Inglaterra em 1690, após o triunfo da Revolução Gloriosa.
O Primeiro Tratado é uma refutação do Patriarca, obra em que Robert Filmer defende o direito divino dos reis com base no princípio da autoridade paterna que Adão, supostamente o primeiro pai e o primeiro rei, legará à sua descendência. 
O Segundo Tratado é como indica seu título, um ensaio sobre a origem, extensão e objetivo do governo civil. Nele, Locke sustenta a tese de que nem a tradição nem a força, mas apenas o consentimento expresso dos governados é a única fonte do poder político legítimo.
O estado de natureza
Juntamente a Hobbes e Rousseau, Locke é um dos principais representantes do jusnaturalismo ou teoria dos direitos naturais. O modelo jusnaturalista de Locke é, em suas linhas gerais, semelhante ao de Hobbes: ambos partem do estado de natureza que, pela mediação do Contrato Social, realiza-se a passagem para o estado civil.
Existe, contudo, grande diferença na forma como Locke, diversamente de Hobbes, concebe especificamente cada um dos termos do trinômio estado natural/Contrato Social/estado civil.
Locke afirma ser a existência do indivíduo anterior ao surgimento da sociedade e do Estado. Na sua concepção individualista, os homens viviam originalmente num estágio pré-social e pré-político, caracterizado pela mais perfeita liberdade e igualdade, denominado estado de natureza.
Esse estado de natureza diferia do estado de guerra hobbesiano, baseado na insegurança e na violência, por ser um estado de relativa paz, concórdia e harmonia.
Nesse estado pacífico, os homens já eram dotados de razão e desfrutavam da propriedade que, numa primeira acepção genérica utilizada por Locke, designava simultaneamente a vida, a liberdade e os bens como direitos naturais do ser humano.
*Acesse a biblioteca virtual para visualizar mais conteúdos sobre a teoria da propriedade, o Contrato Social, a sociedade política ou civil e o direito de resistência segundo John Locke.
Conclusão
Os direitos naturais inalienáveis do indivíduo à vida, à liberdade e à propriedade constituem para Locke o cerne do estado civil e ele é considerado, por isso, o pai do individualismo liberal. Locke forneceu a posteriori a justificação moral, política e ideológica para a Revolução Gloriosa e para a monarquia parlamentar inglesa.
Influenciou a Revolução Norte-Americana, onde a declaração de independência foi redigida e a guerra de libertação foi travada em termos de direitos naturais e de direito de resistência para fundamentar a ruptura com o sistema colonial britânico.
Influenciou ainda os filósofos iluministas franceses, principalmente Voltaire e Montesquieu, e, através deles, a Grande Revolução de 1789 e a Declaração e Direitos do Homem e do Cidadão.
O pacto social, um dos temas mais candentes da filosofia política clássica, tais como a passagem do estado de natureza ao estado civil, o Contrato Social, a liberdade civil, o exercício da soberania, a distinção entre o governo e o soberano, o problema da escravidão, o surgimento da propriedade, será tratado por Rousseau de maneira exaustiva, de um lado, retomando as reflexões dos autores da tradicional escola do direito natural, como Grotius, Pufendorf e Hobbes e, de outro, não poupando críticas pontuais a nenhum deles, o que o colocará, no século XVIII, em lugar de destaque entre os que inovaram a forma de se pensar a política, principalmente ao propor o exercício da soberania pelo povo como condição primeira para a sua libertação.
E, certamente, os protagonistas da revolução de 1789 o elegerão como patrono da revolução ou como o primeiro revolucionário. As principais obras de Rousseau, Contrato Social e do Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, constituem uma unidade temática importante e os demais escritos, de certa maneira, aprofundam e explicitam as questões abordadas nessas duas obras.
A trajetória do homem, da sua condição de liberdade no estado de natureza até o surgimento da propriedade, com todos os inconvenientes que daí surgiram, foi descrita no Discurso sobre a origem da desigualdade. Nessa obra, o objetivo de Rousseau é o de construir a história hipotética da humanidade, deixando de lado os fatos, procedimento semelhante ao que outros filósofos já haviam feito no século XVII.
O que se pretende estabelecer no Contrato Social são as condições de possibilidade de um pacto legítimo, através do qual os homens, depois de terem perdido sua liberdade natural, ganhem, em troca, a liberdade civil. Tais condições serão desenvolvidas ao longo dos capítulos VI, VII e VIII do livro I do Contrato Social. No processo de legitimação do pacto social, o fundamental é a condição de igualdade das partes contratantes. As cláusulas do contrato.
Um povo só será livre quando tiver todas as condições de elaborar suas leis num clima de igualdade, de tal modo que a obediência a essas mesmas leis signifique, na verdade, uma submissão à deliberação de si mesmo e de cada cidadão como parte do poder soberano, isto é, uma submissão à vontade geral e não à vontade de um indivíduo em particular ou de um grupo de indivíduos.
A vontade e a representação
Para Rousseau, antes de mais nada, impõe-se definir o governo, o corpo administrativo do Estado, como funcionário do soberano, como um órgão limitado pelo poder do povo e não como um corpo autônomo ou então como o próprio poder máximo, confundindo-se nesse caso com o soberano.
SAIBA MAIS
Se a administração é um órgão importante para o bom funcionamento da máquina política, qualquer forma de governo que se venha a adotar terá que submeter-se ao poder soberano do povo. Mesmo sob um regime monárquico, segundo Rousseau, o povo pode manter-se como soberano, desde que o monarca se caracterize como funcionáriodo povo.
Outra instituição que merece muita atenção por parte de Rousseau é a da representação política. A força de suas expressões no capítulo XV do livro III do Contrato Social poderiam dar a entender uma certa intransigência quanto a um mecanismo que ficaria consagrado pelas democracias modernas. No entanto, para permanecer coerente com seus princípios, sempre na exigência de legitimidade da ação política, Rousseau não admite a representação ao nível da soberania. Uma vontade não se representa.
Fazer com que um povo da servidão recupere a liberdade é o mesmo que recuperar a vida de um doente prestes a morrer. Tal façanha, evidentemente, não ocorre todos os dias, mas só mesmo por um milagre. Uma reviravolta desse porte só acontece uma vez na vida de um povo. Foi assim que os protagonistas da Revolução Francesa de 1789 compreenderam o momento extraordinário em que estavam vivendo.
 A febre e o fervor revolucionários faziam com que cada militante se sentisse como se estivesse saindo das cinzas, da morte para a vida. E lá estavam eles a empunhar o Contrato Social como uma espécie de “manual de ação política” e a eleger o seu autor como o primeiro revolucionário.
Síntese da aula
Nesta aula, você:
Identificou as contribuições para a concepção moderna de Estado no pensamento dos pensadores contratualistas Locke e Rousseau;
Salientou as características das concepções de Estado, Contrato Social e propriedade nos pensamentos de Locke e de Rousseau e reconheceu as diferenças em relação ao pensamento de Hobbes;
Refletiu sobre questões como a dos direitos civis, da vontade e da representação que estão hoje presentes nos paradigmas da democracia liberal e podem ser utilizados para o entendimento da nossa realidade cotidiana e das formas de organização da sociedade contemporânea.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
Identificar as contribuições para a concepção moderna de Estado, no pensamento de Montesquieu e na sua principal obra, O Espírito das Leis;
Identificar o conceito de lei em Montesquieu e sua importância teórico-metodológica para a ciência política;
Identificar na concepção de Estado proposta por Montesquieu, a teoria dos três governos e a teoria dos três poderes;
Refletir sobre como o pensamento de Montesquieu pode ser utilizada para o entendimento da nossa realidade cotidiana e das formas de organização da sociedade contemporânea

Continue navegando