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Isabella Dal’rio MICOSES SISTÊMICAS Aula 06 – 14/10 As micoses sistêmicas apresentam características em comum entre si: todas tem algum tipo de distribuição geográfica importante definida; normalmente os agentes são encontrados no solo; o contágio é feito por inalação de conídios e a principal porta de entrada são as vias aéreas superiores. Essas micoses também estão relacionadas a fungos que possuem a capacidade de ser dimórficos clássicos, ou seja, no ambiente ele se encontra como fungo filamentoso (saprofílica) e no hospedeiro se encontra como levedura. Para o estabelecimento da doença a tríade virulência + carga parasitária + estado imunológico do hospedeiro é bastante importante para o estabelecimento da doença. A maioria das micoses sistêmicas podem causar doenças em hospedeiros que não possuem nenhum tipo de imunodeficiência e o quadro clínico é muito abrangente e similar a outras doenças, dificultando o diagnóstico. Aqui será falado sobre as micoses sistêmicas clássicas: Histoplasmose, Coccidioidomicose, Blastomicose, Paracoccidioidomicose. Algumas micoses oportunistas (emergentes), como a Criptococose, também podem ser incluídos em micoses sistêmicas pelas características da doença e por serem também causadas por fungos dimórficos, mas não serão discutidos aqui. Os fungos causadores de micoses sistêmicas possuem uma necessidade muito específica em relação a clima, temperatura, tipo de solo. Por isso as endemias surgem em lugares distintos que são bem definidos, diferente das micoses oportunistas que possuem distribuição mundial. As micoses sistêmicas são causadas apenas por fungos dimórficos, as oportunistas não. São altamente virulentos, a porta de entrada é principalmente pulmonar e crescem a 37 graus. Nas micoses oportunistas, ainda que também cresçam a 37 graus, possuem várias portas de entrada. A entrada será dada principalmente pelas vias pulmonares, resultado da inalação da propagação desses fungos, que serão convertidos em sua forma de levedura nos alvéolos pulmonares, conseguindo assim sobreviver no interior do sistema fagocítico. Possuem alguns fatores que auxiliam em sua sobrevivência e a sintomatologia irá variar de acordo com a tríade citada no início. A disseminação será hematogênica, podendo chegar a qualquer órgão (ela realmente quer que a gente grave essas características, ou seja, possível questão de prova neh migas). Isabella Dal’rio O que é importante para um diagnóstico? É importante que a anamnese também chegue ao laboratório para que possa se avaliar as condições da região, a fim de observar uma possível endemia existente. Assim, pode-se escolher a amostra clínica necessária. O padrão ouro para a maioria deles envolve exame direto e cultivo, variando de espécie para espécie (algumas espécies demoram mais para crescer, o exame pode não ser muito conclusivo, forma crônica e aguda da doença irá alterar os resultados, difícil acesso a biópsia, etc). As provas imunes e histológicas são para confirmação do diagnóstico. A análise molecular também auxilia na rapidez da liberação do resultado + tratamento. O tratamento é bastante complicado, como foi visto em aulas anteriores, porque o medicamento costuma ser muito tóxico ou muito caro. Histoplasmose É uma das micoses sistêmicas mais estudadas, causada por um histoplasma capsulado. É cosmopolita (surtos em vários locais do mundo), mas está mais localizada no continente Africano. É um fungo do solo, a transmissão é por inalação e o quadro clínico é bastante variado, os sintomas acabam se confundindo com resfriado, podendo levar a tuberculose. Se apresenta filamentoso no solo, com macroconídios e microconídios. Crescem em fezes e pombos e aves em geral no solo (grande presença de nitrogênio), melhorando a condição do solo. Também podem crescer nas fezes de morcegos e podem também infectá-los, ou seja, pode-se encontrar nas fezes de morcegos o fungo viável (funciona também como dispersor). A maior parte da contaminação se dá em cavernas, em pessoas que se aventuram; agricultores que manipulam esse solo contaminado; áreas que ficam muito tempo fechadas como sótão; galinheiros, etc. O hospedeiro entra em contato com essa matéria orgânica contaminada e respira a maioria desses microconídios, que vai para os alvéolos e segue todo aquele caminho, podendo se disseminar para os vasos linfáticos ou pela via hematogênica, dependendo das condições do hospedeiro. Tende a levar a formação de lesões cutâneas. Isabella Dal’rio Coccidioidomicose Muito disseminada nos EUA, mais presente no solo desértico. Esse fungo é bastante virulento, ou seja, não é necessário haver algum tipo de imunodeficiência para que seja causada uma doença grave. A diferença deste para o citoplasma é que o fungo possui compartimentos que se destacam: células vazias chamadas células disjuntoras que facilitam a aerodinâmica da propagação fúngica. O vento desértico faz com que as hifas se quebrem e a presença dessas células disjuntoras potencializa a propagação. No pulmão os conídios se diferenciam para esfero endósporos (ouvi 3298 vezes e não entendi, 37:10) que se multiplicam e formam esférulas enormes. Estas se rompem e o ciclo recomeça. Por precisar de pouca quantidade de microrganismo e essa dispersão se dar com bastante facilidade, pode ser utilizado no bioterrorismo. Essa doença é encontrada também no Piauí, costuma afetar trabalhadores rurais. Leva a formação de lesões cutâneas arredondadas que podem ser confundidas com outras infecções. Blastomicose Mais comum também nos EUA. A forma de contágio é parecida com as outras doenças acima, crescem no material degradado, afeta pessoas envolvidas com a agricultura. Após inalação, pode levar a disseminação hematogênica também. Relatos em outros locais são muito poucos. Além de afetar humanos, os cachorros também são susceptíveis a essa micose. Paracoccidioidomicose Chamada de endemia brasileira por ser mais comum na américa latina. É uma doença debilitante, mais comum e presente do que se pensa. Difícil de ser isolado do solo pela necessidade de características muito específicas, mas acredita que esse é o habitat. Está muito relacionada a trabalhadores rurais e as lesões estão muito próximas da região oral (tropismo pelas mucosas bucal e anal). Acredita-se que a mastigação de folhas por agricultores esteja envolvida com a disseminação e sintomas dessa doença. É mais comum em homens que em mulheres (hormônios femininos podem inibir a doença) e costuma afetar pessoas de 30+ anos.
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