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TRABALHO MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS

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Disciplina: Processo Civil
Prof. Caroline
Meios de Impugnação das Decisões Judiciais e 	Incidentes
 
Isadora Zimiani dos Santos
Dourados, 2017
Introdução: 
Este trabalho tem como objetivo dispor sobre alguns institutos de grande relevância no Processo Civil, bem como seus conceitos, aplicações e peculiaridades.
Desenvolvimento: 
1-INCIDENTES: 
1.1 DO INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE:
O art. 97 da Constituição Federal prescreve que "somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público". O incidente de arguição de inconstitucionalidade em tribunal é o meio processual previsto para regulamentar esse dispositivo constitucional. 
 A declaração de inconstitucionalidade, tratada nos arts. 948 a 950 do CPC,faz parte do controle difuso de constitucionalidade. No bojo dos processos que estão em andamento, é possível que o juiz decida pela inconstitucionalidade, incidentalmente. Ele não declara a inconstitucionalidade, mas deixa de aplicar o dispositivo legal, reputando-o inconstitucional. 
A eficácia desse reconhecimento restringe-se às partes, ao contrário do que ocorre no controle direto de constitucionalidade, quando o STF comunica o fato ao Senado Federal, que retira a vigência da norma. Nesses casos, a declaração tem eficácia erga omnes. No controle difuso, inter partes. Este, feito por juízo singular, não tem nenhum procedimento próprio. O juiz, na sentença, reconhece que a norma é inconstitucional e deixa de aplicá-la. Nos tribunais, a declaração incidental de inconstitucionalidade efetiva-se com a instauração de um incidente, que cinde o julgamento do recurso.
Esse incidente não é recurso nem ação autônoma de impugnação nem outro meio de impugnação atípico de decisão judicial. Ele é, ao contrário, uma etapa no processo de criação da decisão, e não da sua impugnação. O Ministério Público (seja como parte, assistente ou fiscal da lei), qualquer das partes e qualquer julgador têm legitimidade para suscitar o incidente. É possível suscitar o incidente até o final do julgamento, mesmo em sustentação oral, antes de o Presidente do órgão colegiado proclamar o resultado. O incidente só é cabível para que se proclame a inconstitucionalidade.
 Se o tribunal resolve afastar a alegação de inconstitucionalidade ou declarar a constitucionalidade da norma, não se faz necessária a instauração do incidente. A razão é a seguinte: as normas presumem-se constitucionais. Se o tribunal afirma a constitucionalidade da norma ou afasta a alegação de inconstitucionalidade, prevalece a presunção de constitucionalidade, não sendo necessária a instauração do incidente. O incidente há de ser instaurado para que o plenário ou órgão especial, elidindo a presunção de constitucionalidade das normas, proclama a inconstitucionalidade.
 Quando há a arguição de inconstitucionalidade como matéria prejudicial, seu reconhecimento não pode ser feito diretamente pelo órgão fracionário, incumbido do julgamento do recurso. Ele não pode deixar de aplicar a lei por esse fundamento. É preciso que seja suscitado o incidente para que haja um pronunciamento prévio do tribunal a respeito da questão. Suscitado o incidente, a competência para o julgamento fica cindida. Todo o tribunal por primeiro se pronuncia sobre a questão da constitucionalidade, que é prejudicial ao julgamento do recurso. Depois a turma decide a respeito das demais questões, já tendo sido fixada a premissa referente à constitucionalidade da norma a ser aplicada.
 Arguida a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, o relator, depois de ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão à turma ou câmara a que tocar o conhecimento do recurso (CPC, art. 948). O objeto da arguição é a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. Pode ser feita por qualquer das partes, seja em processo de competência originária do tribunal, seja no julgamento de recurso, ou pelo Ministério Público que intervenha no processo. Ou de ofício pelo relator, quando entender inconstitucional a norma. A questão da inconstitucionalidade pode ter sido suscitada pelas partes em qualquer fase do processo. O relator a submeterá ao órgão fracionário incumbido do julgamento, devendo obrigatoriamente ser ouvido o Ministério Público, já que há interesse público subjacente. O órgão fracionário pode rejeitar a declaração de inconstitucionalidade, caso em que o julgamento prosseguirá. Se a acolher, encaminhará a questão ao tribunal pleno ou a seu órgão especial, onde houver. Somente este poderá pronunciar-se sobre a inconstitucionalidade.
 Não haverá necessidade de submeter a questão ao plenário ou ao órgão especial se já houver pronunciamento destes ou do plenário do STF sobre a questão. A decisão do plenário ou órgão especial vincula o órgão fracionário, no caso concreto sub judice, seja em que sentido for. Mas apenas no processo em concreto, já que se está diante de controle difuso de constitucionalidade, feito incidenter tantum. Se em outro processo a mesma questão for suscitada, o órgão fracionário terá liberdade para entender a norma inconstitucional ou não, independentemente do que foi decidido no processo anterior. Após a apreciação da questão prejudicial da inconstitucionalidade, o julgamento é restituído ao órgão fracionário, que nele prosseguirá.
1.2. DO INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA: 
É um mecanismo criado pelo atual CPC para permitir que relevantes questões de direito, com grande repercussão social, mas sem repetição em múltiplos processos, que sejam objeto de recurso, remessa necessária ou causa de competência originária, sejam examinadas não pelo órgão fracionário a quem competiria o julgamento, mas por órgão colegiado indicado pelo Regimento Interno, com força vinculante sobre os juízes e órgãos fracionários. Por meio desse incidente, o relator do recurso, remessa necessária ou causa de competência originária, de ofício ou a requerimento da parte, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, constatando a existência de relevante questão de direito, com grande repercussão social, proporá o julgamento pelo órgão colegiado, a quem competirá reconhecer se há ou não o interesse público alegado. 
Em caso afirmativo, assumirá a competência e procederá ao julgamento; em caso negativo, não assumirá a competência, e o julgamento será feito pelo órgão originário. Caberá ao regimento interno dos Tribunais indicar qual o órgão colegiado a quem competirá a assunção de competência, quando preenchidos os requisitos. A finalidade do instituto é impedir que, sobre relevantes questões de direito, com grande repercussão social, mas que não possam ser objeto incidente de resolução de demandas repetitivas, ou de julgamento de recurso especial ou extraordinário repetitivos, possa haver divergência entre órgãos fracionários (câmaras ou turmas do Tribunal). 
Consiste, portanto, em mecanismo que visa assegurar a uniformidade da jurisprudência do tribunal a respeito de relevantes questões de direito. Proferida a solução pelo colegiado, a lei estabelece que ela terá força vinculante sobre juízes e órgãos fracionários, que não poderão dar à questão de direito solução distinta, sob pena de caber reclamação, nos termos do art. 988, IV, do CPC. 
O incidente de assunção de competência pode ser instaurado em qualquer tribunal, inclusive nos tribunais superiores. Enquanto não julgada a causa ou o recurso, é possível haver a instauração do incidente de assunção de competência, cujo julgamento produz um precedente obrigatório a ser seguido pelo tribunal e pelos juízos a ele vinculados. O incidente de assunção de competência é admissível em qualquer causa que tramite no tribunal. 
Já se pode perceber que o grande objetivo do incidente de assunção de competência é assegurara segurança jurídica. Para isso, há três fins específicos que reforçam esse seu grande objetivo. Em primeiro lugar, o incidente de assunção de competência tem por finalidade provocar o julgamento de caso relevante por órgão colegiado de maior composição. Há um deslocamento de competência no âmbito interno do tribunal. O caso, que deveria ser julgado por uma câmara ou turma, é afetado a outro órgão de maior composição, a ser indicado pelo regimento do tribunal, que passa a assumir a competência para julgar o caso. É exatamente isso que consta do § 2° do art. 947 do CPC: "O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária se reconhecer interesse público na assunção de competência". Ao julgá-lo, o órgão define o entendimento da corte.
Também constitui finalidade específica do incidente de assunção de competência prevenir ou compor divergência interna no tribunal. É por isso que o § 4° do art. 947 do CPC assim dispõe: "Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante questão de direito a respeito da qual seja conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou turmas do tribunal". Se já há uma divergência interna na jurisprudência do tribunal, deve ser instaurado o incidente de assunção de competência. Nesse ponto, tal incidente funciona como instrumento a ser utilizado pelo tribunal para o cumprimento do dever de uniformizar sua jurisprudência, dever esse que lhe é imposto pelo art. 926 do CPC. De igual modo, e com a mesma finalidade de cumprir com o dever de uniformizar seu entendimento, o tribunal deve instaurar o incidente de assunção de competência quando se revelar possível o dissenso entre suas câmaras ou turmas. Assim, e com a finalidade de prevenir a divergência, o tribunal deve instaurar o incidente de assunção de competência. 
Ainda constitui objetivo do incidente de assunção de competência a formação de precedente obrigatório, que vincula o próprio tribunal, seus órgãos e os juízos a ele subordinados. Afetado o caso a órgão de maior composição indicado pelo regimento interno, a decisão por ele tomada "vinculará todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver revisão da tese" (CPC, art. 947, § 30). 
 O incidente de assunção de competência, da mesma forma que o incidente de resolução de demandas repetitivas e os recursos repetitivos, destinam-se a formar precedente obrigatório. Firmado o precedente, este deve ser seguido pelos juízos sucessivos que estejam vinculados ao respectivo tribunal. Se, posteriormente, houver necessidade de alterar o entendimento firmado no precedente ou de superar o precedente, aquele mesmo tribunal poderá, adotando o mesmo procedimento, rever a tese jurídica firmada no incidente. A revisão do entendimento adotado pelo tribunal pode fazer- se do mesmo modo, ou seja, pelo incidente de assunção de competência, de ofício ou a requerimento da parte, do Ministério Público ou da Defensoria Pública.
A alteração da tese jurídica adotada no incidente de assunção de competência, que deve observar a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia, poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que ofereçam condições de contribuir para a rediscussão da tese, podendo haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica. 
PRESSUPOSTOS DO INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA: O incidente de assunção de competência está previsto no art. 947 do CPC, que está assim redigido: "É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos". Tal dispositivo contém a previsão dos pressupostos para a instauração do incidente de assunção de competência. Destaca-se, como primeiro pressuposto, a existência de relevante questão de direito. A questão de direito envolvida no caso, além de relevante, pode ser de direito material ou de direito processual. Não há restrição de matéria. Qualquer questão de direito que seja relevante, independentemente do tema, pode ensejar a instauração do incidente de assunção de competência, transferindo o julgamento para um órgão de maior composição que, ao julgar o caso, irá firmar precedente obrigatório. É preciso, ainda, que haja grande repercussão social. Não cabe o incidente de assunção de competência se houver repetição da discussão em múltiplos processos. 
1.3. INCIDENTE DE RESOLUCÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS:
Consiste o presente incidente “em um instrumento a ser utilizado para demandas que possuem questões jurídicas comuns, de modo que essas questões sejam decididas de modo uniforme.” incidente versa sobre “a eleição de um caso piloto, cujo julgamento repercutirá sobre o dos demais processos que versem questão de direito (tese) símile ao paradigma” Distribuído o incidente, o relator poderá requisitar informações ao juízo do qual o processo é oriundo, assim como ocorre atualmente no agravo de instrumento, havendo o prazo de 15 dias para que as informações solicitadas sejam prestadas. Em seguida, será realizado o juízo de admissibilidade, analisando o relator se estão preenchidos os requisitos do art. 895 do NCPC.
Admitido o incidente, o presidente do tribunal determinará a suspensão dos processos pendentes, conforme já discorrido, podendo as partes legitimadas requererem que seja conhecido eventual recurso extraordinário ou especial e a suspensão dos demais processos em curso no país que versem sobre a mesma questão do incidente. Ouvidas as partes e demais interessados, manifestando-se o Ministério Público será determinada data para julgamento do incidente. No julgamento haverá prazo sucessivo de 30 minutos para que autor e réu do processo originário, e o Ministério Público sustentem suas razões, logo após os demais interessados terão igual prazo dividido entre todos para se manifestar, devendo estes se inscreverem com quarenta e oito horas de antecedência. Julgado o incidente a decisão será aplicada a todos os processos que versem idêntica questão de direito
O art. 976 do CPC estabelece os requisitos de admissibilidade do IRDR: O IRDR somente é cabível, se (a) houver efetiva repetição de processos e risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica, (b) a questão for unicamente de direito e (c) houver causa pendente no tribunal. A instauração do incidente pressupõe a existência de processo pendente no respectivo tribunal. Esses requisitos são cumulativos. A ausência de qualquer um deles inviabiliza a instauração do IRDR. 
Não cabe o IRDR quando já afetado, no tribunal superior, recurso representativo da controvérsia para definição de tese sobre questão de direito material ou processual repetitiva (art. 976, § 40, CPC). O juízo de admissibilidade é realizado pelo órgão colegiado, não cabendo ao relator fazê-lo isoladamente (art. 981, CPC)
O órgão colegiado do tribunal pode admitir ou não o IRDR. A decisão que admite ou que rejeita o IRDR é irrecorrível, ressalvados os embargos de declaração. O juízo negativo de admissibilidade do IRDR não obsta que, uma vez satisfeito o requisito ausente, seja o incidente novamente suscitado (art. 976, § 30, CPC). 
O juízo de admissibilidade é, enfim, do órgão colegiado do tribunal. Como a decisão não é do relator, não cabe agravo interno, pois este é um recurso cabível apenas contra decisão isolada do relator (art. 1.021, CPC). Não cabe agravo interno de decisão colegiada. O IRDR pode ser suscitado, de oficio, pelo juiz de uma das causas repetitivas ou pelo relator do processo que se encontra no tribunal. Não é necessário que haja requerimento. É possível que seja instaurado de oficio. Além do juiz ou do relator, o IRDR pode ser instaurado por provocação de qualquer uma das partes da causa pendente no tribunal ou de qualquer outro processo emque a questão se repita. Também podem requerer a instauração do IRDR o Ministério Público e a Defensoria Pública.
 Como já se viu, o IRDR é um incidente. Logo, julgada a causa, não cabe mais o IRDR. É possível, entretanto, que o tribunal tenha sido omisso no exame de uma questão de direito, que seja exatamente a que deve ser examinada em IRDR, pois discutida em vários processos. Nessa hipótese, ainda pendente de exame a questão, poderá ser suscitado, em embargos de declaração, o IRDR. Não há prazo para instauração do IRDR. É preciso que haja efetiva repetição de processos e esteja a causa pendente no tribunal. Até antes de iniciados os votos, pode o relator ou o colegiado suscitar O IRDR, por oficio. A parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública pode, enquanto não iniciada a votação, suscitar a instauração do IRDR, por petição. A instauração do IRDR pode ser suscitada em sustentação oral, pois, nesse caso, ainda não se iniciou a votação pelos julgadores.
2. ACÕES AUTONOMAS 
2.1. RECLAMACÃO
Nesses dispositivos, a CF atribui competência ao STF e ao STJ, respectivamente, para julgar as reclamações, destinadas a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões. O CPC trata expressamente da reclamação, dando-lhe maior amplitude. De acordo com o art. 988, cabe reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para preservar a competência do tribunal, garantir a autoridade das decisões do tribunal, garantir a observância de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade, garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de precedente proferido em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência.
A reclamação, que não tem natureza recursal, mas constitui meio autônomo de impugnação das decisões judiciais, deve ser proposta perante o tribunal, qualquer que seja ele, cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir. A inadmissibilidade ou o julgamento de eventual recurso interposto contra a decisão não prejudica a reclamação, mas ela não mais será admissível se a decisão tiver transitado em julgado. A reclamação será instruída com prova documental e deverá ser dirigida ao presidente do tribunal, que a mandará autuar e distribuir ao relator, de preferência o mesmo da causa principal.
A resolução é expressa ao afirmar que por meio da Reclamação poderá ser contestado: (I) jurisprudência do STJ consolidada em incidente de assunção de competência e de resolução de demandas repetitivas; (II) decisões em julgamento de recurso especial repetitivo; (III) enunciados das Súmulas do STJ.
2.2. ACÃO RESCISÓRIA:
A ação rescisória está prevista no artigo 966 do Código de Processo Civil e é uma ação que visa desconstituir uma sentença de mérito sobre a qual ocorreu a coisa julgada material, além de ser possível a propor também, excepcionalmente, contra decisões transitadas em julgado que, embora não sejam de mérito, impeçam a nova propositura da demanda ou a admissibilidade do recurso correspondente, como excetua o paragrafo segundo, inciso primeiro e segundo referido artigo.
Portanto, o objeto principal da ação rescisória consiste em decisão de mérito que transitou em julgado, não importando se as decisões foram proferidas na ação considerada principal ou não.. A ação é “igual” à reconvenção, tanto que, extinguindo-se a ação a reconvenção prossegue; e, enfim, existem diversas hipóteses, previstas pela lei, em que várias ações podem correr no mesmo processo, sendo que, em verdade nenhuma delas é principal em relação às outras.”
Assim, quaisquer decisão proferida dentro do processo é passível de ser desconstituída pela ação rescisória, não interessando se a mesma foi proferida na ação dita “principal, ou nas demandas incidentalmente propostas..Outra possibilidade de decisão interlocutória de mérito está prevista artigo 356 do Código de processo civil que prevê o chamado julgamento antecipado parcial de mérito. Este se dará por meio de decisão interlocutória, é passível de agravo de instrumento e caso não haja recurso transitará em julgado, adquirindo a imutabilidade e a indiscutibilidade, características da coisa julgada material, ou seja, esta decisão também será passível de ação rescisória.
A natureza jurídica da ação rescisória é de ação constitutiva negativa, portanto, quando a mesma é julgada procedente, tem-se uma sentença desconstitutiva. Atribui-se o caráter de ação desconstitutiva pois, nesta ação é possível realizar dois pedidos, o da desconstituição da coisa julgada, o chamado juízo rescindens, e o rejulgamento da causa, juízo rescissorium. Assim é considerada desconstitutiva baseada no possibilidade do primeiro pedido.
A ação rescisória é um procedimento especial que comporta três juízos, o de admissibilidade, o de anulação e o de rejulgamento. Quando configurado seus pressupostos sua cumulação é obrigatória e seu pedido deve ser formulado e expresso neste sentido. Em princípio, esta ação busca rescindir de forma mediata e indireta as decisões que apesar de nulas transitaram em julgado, e portanto estão alcançadas pela proteção coisa julgada.
O artigo 967 do Código de Processo Civil elenca os legitimados para propor a ação rescisória.A ação rescisória é de competência originária do segundo grau de jurisdição, e portanto a demanda é intentada diretamente nos tribunais de segundo grau, com exceção dos casos em que a competência cabe originariamente aos tribunais superiores. Com exceção das decisões transitadas em julgado no primeiro grau de jurisdição, cuja ação rescisória para rescindir tal sentença deverá ser ajuizada no tribunal de justiça, define-se a competência para ação rescisória conforme o ultimo grau de jurisdição que se pronunciou sobre o mérito da causa cuja sentença pretende-se rescindir.
3. SUCEDÂNEOS RECURSAIS: 
São instrumentos processuais que geralmente possuem caráter de recursos, ou seja, serve como um recurso, entretanto não são, pois possuem natureza jurídica diferente. Os recurso possuem natureza de incidente, eles ocorrem dentro de um processo já em curso. Já os sucedâneos não são incidentais, eles possuem autonomia. Os Sucedâneos podem ser: Mandado de Segurança; Suspensão de Segurança; Reclamação; Reconsideração; Reexame Necessário (recurso de ofício);Correição Parcial;Representação no CNJ; Outras Ações Autônomas. 
 Mandado de Segurança (contra ato de juiz): A natureza jurídica do mandado de segurança é de ação constitucional, ou ação mandamental, ou seja, visa a expedição de uma ordem para cessar um ato. Tem portanto natureza de ação. E é considerado ação de conhecimento pela doutrina moderna. A corrente clássica classificava o MS como pertencente a outro gênero. Entretanto é uma ação de conhecimento de rito especial (previsto na Lei 12.016/09). Para caber o MS precisa haver um ato de autoridade vindo de uma pessoa pública, que cause lesão ou ameaça de lesão. Desta maneira terá o MS repressivo e preventivo respectivamente. Deve haver uma violação de direito liquido e certo, entretanto não amparado por outra garantia (o MS tem cabimento residual, ou seja, quando não couber habeas corpus ou habeas data). 
Suspensão de Segurança: Não tem natureza recursal. Tem natureza jurídica de incidente processual em uma ação de MS e estendido pra a ação popular, ou para ação civil pública ou ainda para outras decisões proferidas conta o poder público. Vide art. 15 da Lei 12.016/09. A SS é cabível quando houver um grande perigo de lesão e assim suspende o efeito da decisão. Pode renovar a SS para o STJ ou STF, dependendo da matéria, ou seja, se for matéria federal ou constitucional respectivamente. Vide súm. 626 do STF.
  
Reclamação: Tem natureza jurídica de ação de competência originária de tribunal. Cabe especialmente para preservação da autoridade ou da competência de um tribunal (todos os tribunais admitem a reclamação). Vide arts. 105, I, "f" e 102, I, "e" da CF/88. (vide também § 3º do art. 103-A da CF). Areclamação específica para o STF está regulamentada pela Lei 11.417/06, art. 7º.
Reconsideração: A reconsideração não suspende ou interrompe prazo recursal. As sentenças, como regra, não admitem reconsideração. Excepcionalmente poderá pedir reconsideração (que pode até pedir na peça de algum recurso) em três casos: se for uma sentença do 267, I do CPC (sentença de indeferimento da petição inicial); se for uma sentença proferida pelo 285-A do CPC (que autoriza a sentença de improcedência sem a citação do réu) e, por fim, nas sentenças proferidas com base no ECA (na jurisdição do ECA), art. 198 do ECA. Assim o juiz poderá retratar-se. No caso de decisões interlocutórias, a regra é que sempre caberá a retratação, pois o juiz não esgotou sua função jurisdicional (o processo continua). É possível encontrar a retratação nos arts. 523, §2º e parágrafo único do 527 do CPC. Não existe previsão legal sobre a reconsideração.
Reexame Necessário: Não é recurso e é sucedâneo recursal porque faz as vezes de recurso, pois o tribunal pode modificar ou rever a decisão, o efeito devolutivo é amplo. Já foi chamado de “recurso de ofício”, mas este termo é incabível, pois é um absurdo dizer que um juiz interpõe recurso de sua própria decisão. Não é recurso, pois é instituto do art. 475 do CPC (não está no capítulo dos recursos), além do mais a lei diz que é uma condição de eficácia de determinadas sentenças (algumas sentenças, pra que tenham efeito, obrigatoriamente precisam passar pelo reexame necessário). Ocorre em sentença proferida contra pessoa de direito público (os quatro entes federativos, autarquias e federações, mas não se aplica o RN às empresas públicas e mistas) ou sentença que julga procedente embargos à execução fiscal (neste caso em que a Fazenda Pública é parte vencida no processo). Assim submete-se a decisão ao RN, mesmo que ninguém recorra, para que o tribunal confirme a sentença.O RN não admite a reformatio in pejus. Existem duas situações em que o RN é dispensado:1) condenação de até sessenta salários mínimos (o potencial lesivo é mínimo) e2) quando a sentença estiver fundamentada em súm. do STF, em súm. de tribunal superior (STJ) ou em decisão do plenário do STF. Nestes casos, dispensa-se o RN.
Correição Parcial: “Correição” é medida perante a corregedoria e tem natureza de medida disciplinar administrativa. Não é recurso. É medida perante o corregedor, é um meio em que a parte poderá denunciar o juiz na corregedoria. É “parcial”, porque haverá a correição de um único fato, ou um problema específico. A CP tem sido admitida quando juiz esteja causando tumulto processual (ela não discute mérito) ou quando ele extrapola seus poderes (ex.: processo fica concluso para sentença 10 anos).
Representação do CNJ: É também na mesma linha da Correição Parcial, ou seja, tem função disciplinar. Só que a denúncia é feita perante o CNJ. Vide Art. 103, b, III, CF.
Outras Ações Autônomas: Existem ações que possuem também este caráter recursal, como a ação rescisória, anulatória ou embargos de terceiro, mas haverão textos específicos para cada um destes institutos.  
4. RECURSOS EM ESPÉCIE
4.1. APELACÃO 
A apelação é o recurso que cabe contra sentença, definida como o pronunciamento que, proferido com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. Cabe contra qualquer tipo de sentença: que julga processo de conhecimento (condenatório, constitutivo ou declaratório; de jurisdição contenciosa ou voluntária) e que extingue as execuções. Serve tanto para as sentenças definitivas, em que há resolução de mérito, quanto para as extintivas. Há algumas poucas exceções. Na Lei de Execução Fiscal, contra a sentença que julga os embargos de pequeno valor, o recurso cabível é o de embargos infringentes. Da sentença que decreta a falência, cabe agravo de instrumento, e não apelação.
Há dois tipos de decisões interlocutórias no processo: aquelas que constam do rol do art. 1.015 e seu parágrafo único, contra as quais pode ser interposto agravo de instrumento no prazo de 15 dias, sob pena de preclusão (são as interlocutórias recorríveis em separado); e aquelas, não constantes do rol, que não autorizam a interposição de agravo de instrumento (são as interlocutórias não recorríveis em separado) e que não se sujeitam à preclusão. A reapreciação dessas decisões pode ser postulada como preliminar de apelação ou nas contrarrazões. Só então, se não forem suscitadas nesse momento, é que se tornarão preclusas, não podendo mais ser rediscutidas. 
Não é possível apelar apenas para impugnar as decisões interlocutórias proferidas no curso do processo. Mas, como preliminar nas razões ou nas contrarrazões, é possível ao prejudicado pedir a reapreciação das decisões interlocutórias não preclusas. A apelação pode ser apresentada pela parte que foi prejudicada pela decisão interlocutória anterior, ou por seu adversário. Caso o apelante pretenda que o tribunal reexamine a questão agravada, deve suscitá-la como preliminar, nas razões de apelação; caso seja o apelado quem pretenda o reexame, deverá suscitá-la nas contrarrazões. Imagine-se que, no curso do processo, o autor postulou ao juiz prova pericial, e ele a negou. Na sentença, o juiz pode julgar improcedente o pedido do autor, ou procedente, apesar de não realizada a perícia. No primeiro caso, ele apelará e, nas razões, pedirá que o tribunal, preliminarmente, reexamine a decisão que indeferiu a perícia. 
Caberá ao tribunal, antes de julgar o mérito da apelação, reexaminar a decisão interlocutória impugnada: se a mantiver, examinará a impugnação à sentença; se a reformar, o processo retroagirá à fase de perícia, para que seja realizada, e todos os atos subsequentes, incluindo a sentença, ficarão prejudicados. O processo retornará à fase em que foi proferida a decisão agravada. Como a sentença fica prejudicada, o tribunal também considerará prejudicada a apelação. Se o autor sair-se vencedor, o réu apelará, postulando a alteração da sentença; o autor apelado, por temer que, sem a perícia, o tribunal dê provimento ao recurso, poderá pedir, em contrarrazões, que examine preliminarmente a questão da prova pericial. Caso verifique que a sentença não se sustenta, por falta da prova requerida, o tribunal, em vez de reformá-la, reformará a decisão interlocutória e determinará a realização da perícia, ficando prejudicados os atos processuais subsequentes, incluindo a sentença e a apelação. Se isso for feito nas contrarrazões, o apelante será intimado para manifestar-se sobre a questão, no prazo de 15 dias (art. 1.009, § 2º). 
 Requisitos de admissibilidade: O conhecimento da apelação está condicionado ao preenchimento dos requisitos gerais de admissibilidade. O prazo para a interposição é de quinze dias, observado o disposto nos arts. 180, 183 e 229 do CPC. Pode ser feita por fax, nos termos da Lei n. 9.800, de 26 de maio de 1999. Em cinco dias, deverá ser apresentado o original. O apelante deve recolher o preparo, observadas as disposições da Lei Estadual de Custas. Sob o aspecto formal, deverão ser observadas as exigências do art. 1.010: ser interposta no juízo a quo por petição, acompanhada das respectivas razões. A petição é endereçada ao juiz da causa, e não ao Tribunal. As razões, no entanto, são dirigidas ao Tribunal, pois competirá a ele examiná-las. O recurso deverá conter os nomes e a qualificação das partes. Na verdade, a qualificação só será necessária em caso de recurso de terceiro prejudicado, pois, nos demais, já deverá constar dos autos, sendo desnecessário repeti-la. Deverá ainda apresentar a exposição do fato e do direito e as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade, com o pedido de nova decisão. As razões devem acompanhar o recurso no ato de interposição, não podendo ser apresentadas posteriormente.
A apelação tem efeito devolutivo,suspensivo, regressivo, translativo e expansivo. 
Processamento da apelação: Pode ser dividido em duas etapas: perante o órgãoa quo, e nos tribunais. Ela é interposta originariamente no juízo de origem que, oportunamente, determinará a remessa dos autos ao tribunal, para exame do recurso. A) Processamento da apelação em primeira instância Ela será interposta em quinze dias e apenas processada perante o juízo a quo, que não fará nenhum juízo de admissibilidade. O processamento do recurso não poderá ser indeferido pelo juízo a quo, ainda que se verifique o não preenchimento de algum dos requisitos de admissibilidade. Como não cabe ao juiz receber ou indeferir a apelação, também não cabe a ele atribuir-lhe efeitos, já que eles decorrem de lei. Como regra, já foi visto, a apelação terá efeito suspensivo, salvo as hipóteses do art. 1.012, § 1º. Se a parte tentar promover o cumprimento provisório de sentença, pendente apelação provida de efeito suspensivo, o juiz o indeferirá. Apresentada a apelação, o juiz determinará a intimação do adversário para as contrarrazões, no prazo de 15 dias. Caso nas contrarrazões o apelado postule ao tribunal o reexame de alguma decisão interlocutória proferida no curso do processo, e que não se tornou preclusa, porque não suscetível de agravo de instrumento (art. 1.009, § 1º), o juízo intimará o apelante para sobre ela se manifestar, no prazo de 15 dias, ficando assim assegurada, em relação a ele, a observância do contraditório. Após o cumprimento dessas formalidades, os autos serão remetidos ao Tribunal, a quem caberá receber ou não o recurso, verificando o preenchimento dos requisitos de admissibilidade. B) Processamento da apelação no Tribunal: 
Os autos serão registrados, distribuídos de acordo com o regimento interno e encaminhados ao relator, que, em 30 dias, depois de elaborar o voto, os devolverá à Secretaria, com o relatório (CPC, art. 931), apontando os principais pontos controvertidos que são objeto do recurso. Será marcada data para o julgamento, no qual haverá a participação de três juízes. Qualquer um poderá, durante o julgamento, pedir vista dos autos, se ainda não se sentir habilitado a proferir imediatamente o seu voto, observando-se as regras e os prazos do art. 940 do CPC. Só será marcada data para o julgamento se o relator não tomar uma das providências do art. 932, III, IV e V, do CPC, não admitindo recurso, negando-lhe provimento ou dando-lhe provimento, preenchidos os requisitos indicados na lei, em decisão monocrática. Se ele o fizer, da sua decisão caberá agravo interno, no prazo de 15 dias, nos termos do art. 1.021 e ss. O art. 938, § 1º, do CPC autoriza o tribunal, em caso de vício sanável, a determinar a realização ou renovação de ato processual, no próprio tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, intimandos e as partes; depois que a diligência for cumprida, o julgamento prosseguirá. O relator também poderá determinar a conversão do julgamento em diligência, para produção de prova considerada necessária. A prova será realizada no tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, decidindo-se o recurso após a conclusão da instrução (art. 938, § 2º).
 No julgamento votarão três juízes, e o resultado será colhido por maioria. Mas há alguns cuidados a serem tomados. As questões referentes à admissibilidade do recurso devem ser votadas em primeiro lugar. Se houver mais de uma questão, cada qual deve ser votada separadamente, sob pena de falseamento do resultado. Também cada um dos fundamentos do recurso deve ser votado separadamente. Sobre o tema, ver Capítulo 1, item 3.2, supra. Depois de proferidos os votos, será anunciado o resultado e redigido o acórdão, pelo relator ou, se ele for vencido, pelo juiz que proferiu o primeiro voto vencedor. 
 Processamento da apelação em caso de improcedência de plano (art. 285-A) Quando o juiz, antes de citar o réu, julga o pedido totalmente improcedente, nas hipóteses do art. 332, a apelação do autor terá algumas peculiaridades. Apresentado o recurso, o juiz terá o prazo de cinco dias para retratar-se. Se o fizer, a sentença ficará sem efeito, e o réu será citado para oferecer contestação. Se não, antes de determinar a subida do recurso, mandará que o réu seja citado, para apresentar as suas contrarrazões. Depois, será determinada a remessa dos autos ao Tribunal (a respeito do processamento no Tribunal, ver Livro VII, Capítulo 2, item 1.5.2.4). APEL
4.2. AGRAVO DE INSTRUMENTO
O agravo de instrumento cabe, em primeira instância, contra as decisões interlocutórias que versarem sobre as matérias enumeradas no art. 1.015, I a XIII e parágrafo único, do CPC. São decisões aqueles pronunciamentos de cunho decisório que não põem fim ao processo ou à fase cognitiva do processo de conhecimento. Cabe agravo de instrumento contra as interlocutórias recorríveis em separado, que precluirão caso o agravo de instrumento não seja interposto no prazo. O legislador cuidou de especificá-las no art. 1.015. As decisões que versarem sobre matéria indicada nesse artigo não poderão ser impugnadas como preliminar de apelação ou nas contrarrazões, mas deverão ser atacadas, em caso de inconformismo, por agravo de instrumento, sob pena de preclusão.
 É requisito de admissibilidade do agravo de instrumento que a decisão interlocutória contra a qual ele foi interposto verse sobre matéria constante do rol legal, que indica, de forma objetiva, quais as decisões recorríveis. O agravo de instrumento caberá contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I — tutelas provisórias; II — mérito do processo: são as decisões interlocutórias em que o juiz profere o julgamento antecipado parcial do mérito, previsto no art. 356 do CPC; III — rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV — incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V — rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI — exibição ou posse de documento ou coisa; VII — exclusão de litisconsorte; VIII — rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;; IX — admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X — concessão, modificação ou revogação de efeito suspensivo aos embargos à execução; XI — redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º; XII — conversão da ação individual em ação coletiva: esse inciso foi vetado, em consonância com o veto do art. 333 do CPC; XIII — outros casos expressamente referidos em lei: a lei pode criar outros casos de cabimento de agravo de instrumento. São exemplos o que pode ser interposto contra sentença declaratória de falência e contra as decisões proferidas em execução penal. 
O parágrafo único do art. 1.015 deixa ainda expresso o cabimento do agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, das proferidas em processo de execução e no processo de inventário. O rol, como já mencionado, é taxativo. Afora as hipóteses acima mencionadas, não cabe recurso, devendo o interessado proceder na forma do art. 1.009, § 1º, do CPC
O agravo de instrumento é o único recurso interposto diretamente perante o órgão ad quem, para apreciação imediata. Como o processo ainda corre no órgão a quo, para que a questão possa ser levada ao órgão superior é preciso formar um instrumento, contendo cópias daquilo que é importante. Ele será interposto por escrito diretamente no órgão ad quem, no prazo de quinze dias. 
 O agravo de instrumento será distribuído, sendo escolhido um relator, que deverá tomar as providências enumeradas no art. 932 do CPC, podendo até mesmo, em decisão monocrática, não conhecer do recurso, dar ou negar-lhe provimento. Da decisão monocrática do relator, caberá o agravo interno, previsto no art. 1.021 do CPC. Cabe ainda ao relator decidir se defere ou não efeito suspensivo ou ativo (antecipação de tutela da pretensão recursal), também cabendo agravo interno dessa decisão. O relator deferirá esses efeitos quando for relevante a fundamentação e houver risco de lesão grave e de difícil reparação. É preciso ainda que haja requerimento do agravante, não cabendo ao relator concedê-lo de ofício. Cumpriráao relator determinar, ainda, que o agravado seja intimado para apresentar as contrarrazões, no prazo de quinze dias. Ao fazê-lo, poderá juntar as peças que entenda relevantes para a apreciação do recurso.
 A intimação será feita na forma do art. 1.019, II, do CPC. Por fim, o relator deverá abrir vista ao Ministério Público, nos casos em que ele intervenha, para que se manifeste em quinze dias. Em seguida, pedirá dia para julgamento, em prazo não superior a um mês da intimação do agravado (CPC, art. 1.020). O agravo de instrumento é julgado por três juízes, por maioria de votos. Permite retratação pelo juiz que proferiu a decisão. 
3. AGRAVO INTERNO
É aquele que cabe contra as decisões monocráticas do relator. Nos termos do art. 932 do CPC, o relator de qualquer recurso tem uma série de incumbências, cabendo-lhe, entre outras coisas, dirigir e ordenar o processo no tribunal, apreciar o pedido de tutela provisória, não conhecer de recurso inadmissível e dar ou negar provimento ao recurso, nos casos previstos nos incisos III, IV e V. Das decisões monocráticas do relator, quaisquer que sejam elas, tanto as relativas ao processamento quanto ao julgamento do recurso, cabe agravo interno para o órgão colegiado. 
Deve ser interposto no prazo de quinze dias, e o agravado será intimado para manifestar-se sobre o recurso no mesmo prazo. Em seguida, pode o relator exercer o juízo de retratação. Se não o fizer, o recurso será examinado pela mesma turma julgadora ou órgão colegiado a quem caberia o julgamento do recurso no qual foi proferida a decisão monocrática do relator, sendo vedado a ele limitar-se a reprodução dos fundamentos da decisão agravada, para julgar improcedente o agravo interno. Se for considerado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o tribunal condenará o agravante ao pagamento de multa, que pode variar de 1% a 5% do valor corrigido da causa, que reverterá em favor do agravado.
4. EMBARGOS DE DECLARACÃO 
Os embargos de declaração é o recurso (art. 994 do CPC) que tem por finalidade aclarar ou integrar qualquer tipo de decisão judicial que padeça dos vícios de omissão, obscuridade ou contradição. Servem ainda para corrigir-lhe eventuais erros materiais. Sua função precípua é sanar esses vícios da decisão. Não se trata de recurso que tenha por fim reformá-la ou anulá-la (embora o acolhimento dos embargos possa eventualmente resultar na sua modificação), mas aclará-la e sanar as suas contradições, omissões ou erros materiais. Cabem embargos de declaração contra todo tipo de decisão judicial: interlocutórias, sentenças e acórdãos, proferidos em qualquer grau de jurisdição. Cabem ainda em todo tipo de processo, de conhecimento ou de execução, de jurisdição contenciosa ou voluntária. 
Ao apresentar o recurso, o embargante deverá apontar em que consiste o vício que ele queira ver corrigido. Os embargos de declaração serão opostos no prazo de cinco dias, por qualquer dos legitimados previstos no art. 996 do CPC, a contar da data em que as partes são intimadas da decisão. Não há recolhimento de preparo.
 A sua apresentação interrompe o prazo para apresentação de outros recursos, tanto para quem os interpôs como para os demais litigantes, ainda que o recurso não seja admitido. Mas, se forem interpostos de má-fé, o embargante ficará sujeito à multa. Não são dotados de efeito suspensivo. Os embargos de declaração têm efeito translativo, devolutivo. Ao examiná-los, o julgador poderá conhecer de ofício de matérias de ordem pública, ainda que estas não sejam objeto dos embargos.
 O julgador fará um juízo de admissibilidade; se não preenchidos os requisitos, não conhecerá do recurso. Se o conhecer, passará a julgar o mérito, dando-lhe ou negando-lhe provimento, conforme constate ou não a existência dos vícios apontados. Ao dar provimento aos embargos de declaração, o juiz deve afastar os vícios de que a decisão padece: se há contradição ou obscuridade, prestará os esclarecimentos necessários; se há omissão, deve saná-la, examinando o que não fora apreciado antes; se há erro material, deve corrigi-lo. Não há óbice a que, contra a decisão prolatada nos embargos, sejam opostos novos embargos de declaração, para apontar qualquer dos vícios mencionados pela lei. O único limite é o do art. 1.026, § 4º. Apresentados os embargos, e colhidas as contrarrazões quando necessário, o juiz terá prazo de cinco dias para julgá-los. Quando os embargos de declaração forem opostos contra acórdão, a sua decisão também será colegiada. Quando opostos contra decisão monocrática do relator, serão decididos monocraticamente.
5. RECURSO ESPECIAL
É o meio processual para contestar, perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma decisão judicial proferida por Tribunal Estadual ou Tribunal Regional Federal, nas hipóteses do artigo 105, inciso III, da Constituição da República Federativa do Brasil, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; (Alterado pela Emenda Constitucional 45 de 2004) c) der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. É importante ter conhecimento do teor da súmula 126, do STJ que diz: "É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário".
A finalidade deste recurso é a defesa do direito objetivo federal, não o direito subjetivo dos litigantes. O REsp tem apenas o efeito devolutivo. Para se agregar efeito suspensivo a este recurso é necessário o ajuizamento de uma ação cautelar inominada no Superior Tribunal de Justiça (hipótese de cautelar incidental). Dessa forma, considerando precisamente o recurso, este apenas devolve ao Poder Judiciário a apreciação da matéria recorrida, mas não suspende a execução da decisão impugnada (execução provisória).
6. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Recurso extraordinário 
É o meio pelo qual se impugna perante o Supremo Tribunal Federal uma decisão judicial proferida por um tribunal estadual ou federal, ou por uma Turma recursal de um juizado especial, sob a alegação de contrariedade direta e frontal ao sistema normativo estabelecido na Constituição da República.
 
O RE é cabível quando se alegar que a decisão de tribunal recorrido (a quo) contrariar dispositivo da Constituição do Brasil; declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição; julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Se o caso admita e exija a interposição simultânea do Recurso Extraordinário e o Recurso Especial, ambos deverão ser entregues aos respectivos órgãos competentes dentro do mesmo prazo recursal, que é de 15 dias, sendo que serão julgados autonomamente. Será julgado, em regra, primeiro o Recurso Especial, para que depois, caso não tenha sido prejudicado, seja julgado o Recurso Extraordinário.
Outro requisito de admissibilidade do RE é a Repercussão Geral demonstrada no art. 102, III, § 3º incluída na Constituição de 1988 pela emenda constitucional 45 de 2004 e art. 543-A do CPC, onde para ser admitido o RE a parte deverá demonstrar a relevância jurídica, política, social ou econômica que ultrapassem os interesses subjetivos da causa.
O objetivo do recurso extraordinário é a uniformidade da interpretação das normas constitucionais objetivas, não a defesa do interesse subjetivo dos litigantes. A espécie possui apenas o efeito devolutivo naturalmente. Em casos excepcionais, para se agregar o efeito suspensivo, que faz sustar a execução definitiva, é necessário o ajuizamento de uma ação cautelar no Supremo 
Fontes estudadas: 
-Direito processual civil esquematizado® / Marcus Vinicius Rios Gonçalves ; coordenador Pedro Lenza. – 6. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado®)1. Processo civil 2. Processo civil - Brasil I. Lenza, Pedro. II. Título. III. Série. 15-09037 CDU-347.9
-Didier Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: o processo civil nos tribunais, recursos,ações de competência originária de tribunal e querela nullitatis, incidentes de competência originária de tribunal / Fredie Didier Jr., Leonardo Carneiro da Cunha — 13. ed. refornn. — Salvador: Ed. JusPodivm, 2016.
Conclusão:
Por meio desse trabalho, pudemos concluir que a reclamação e os incidentes de demandas repetitivas e de assunção de competência tem como finalidade, acima de tudo, a uniformização da jurisprudência e formação de precedentes a fim de que as decisões sejam julgadas de forma igual e o cidadão não fique a mercê de julgados instáveis baseados na opinião pessoal de determinado julgador. A argüição de inconstitucionalidade é forma de controle difuso de constitucionalidade, respeitando, acima de tudo, a reserva de plenário visto que uma norma não pode ser julgada inconstitucional sem o voto da maioria e respeitando a supremacia da nossa carta magna brasileira. Por fim, os recursos conferem as partes a possibilidade de reexame das decisões julgadas. A existência de um sistema recursal adequado atende ao princípio da pluralidade de graus de jurisdição e aos ideais de justiça, pois basta que o juiz saiba que a sua sentença pode ser reexaminada por um tribunal superior para que ela seja mais cuidadosa e mais justa.

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