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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ - PSICOLOGIA Faculdade Estácio de Sá – Campus Ilha do Governador - RJ Disciplina: Top. Esp. Em PSI e Prev. e Pro. De Saúde II Professora: Ana Lúcia Aluno: Aniel Cabral Reymão – 201502397811 LIVRO “OS ATRASADOS NÃO EXISTEM” (Anny Cordié) RESUMO – CAPÍTULO 1 IMPACTO DO DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA NAS DOENÇAS E NAS NEUROSES Como assunto inicial o do capítulo sobre o há uma associação quanto ao impacto do desenvolvimento da ciência nas doenças suas implicações nas neuroses. A autora reproduz a patologia específica de doenças por época. Relatam-se doenças representativas que surgiram, sobre homem (ser humano) que com avanços científicos da medicina, medicamentosamente deu conta de umas, conseguiu extinguir epidemias, porém, diversas outras doenças surgiram, desbancando o conhecimento limitado das ciências médicas, remetendo que a morte, devido a certas doenças, continua sendo inevitável. Há uma alusão as descobertas significativas da medicina em seus avanços, que veementemente surpreendem com as técnicas de exploração ao corpo, pesquisas genéticas reveladoras, e diversas descobertas que norteiam o saber sobre o corpo humano, como uma decifração de mistérios antes desconhecidos, em uma total translucidação. Se abrange quanto aos distúrbios não detectáveis pela vias habituais de pesquisa, de aspectos biológicos, químicos, radiológicos, dentre outros, incapazes de os diagnosticar, tornando estes distúrbios suspeitos. O que não pode ser visto, entende-se por não ser nada, deixando de se estar doença ou de se ser possuidor de doença. Quando profissionais da medicina não diagnosticam uma doença ao paciente queixoso, há assim o entendimento que neste caso a queixa seja fruto da imaginação. As neuroses não fazem parte do repertório de doenças que os profissionais da medicina estejam inseridos em tratar, mesmo que parte expressiva de seus clientes a apresentem esta patologia, onde há relutância dos médicos em mencionar a histeria em seus encaminhamentos quando este se faz necessário, ocorrendo certo pudor no emprego da letra “H” no documento, como se a correção da histeria viesse a de certa forma denegrir a imagem do cliente. Há o questionamento quanto ao curso de medicina e a visão de que haver certa dificuldade em lidar com o que não se pode diagnosticar, como uma espécie de possível enganação. O exame médico trata isso com a fala de simulação, inautenticidade, comportamento histriônico, teatralismo, dentre outros termos pejorados, que demonstram desconfiança e o temor por se sentirem incapazes de diagnosticar algo do qual a sua ciência médico científica não seja capaz de lidar, pelo fato de não serem capazes de compreenderem, admitirem e aceitarem as peculiaridades dos conflitos psíquicos do inconsciente. É como se as mais complexas investigações da medicina e todo o conhecimento científico não fossem suficientes para elucidar questões que escapam de quaisquer explicações dentro da lógica de entendimento médico. O questionamento é contínuo, incessante e desafiam as habilidades médicas para qualquer resultado que se atenha ao inóculo para visão médica. Não há o se discutir quanto os conhecimentos da medicina, que cada vez mais avançados e embasados em conhecimentos científicos norteiam o saber sobre as características biomédicas do homem, porém, ainda sim a medicina não possui aspectos embasados na ciência para atender as patologias da histeria, transferindo esta responsabilidade. O texto menciona Charcot como uma metáfora a tais questionamentos sobre o que se torna empírico a medicina, não havendo o que se questionar ou duvidar quanto a maneira que a medicina em si lida com a histeria. Se menciona os transes do animismo, os acessos catalépticos, as crises letárgicas, como base de estudos de observações. Sobre Freud como médico observador de tais fenômenos, e importante decifrador de diversas destas observações. A medicina contemporânea e clássica, tenta na verdade recuperar os aspectos da patologia que lhes escapa ao entendimento. O que a medicina não explica acaba sendo rotulado pelos próprios pacientes com nomenclaturas para suas queixas, tais como colapso, crise de nervos, mal estar, depressão, dentre outros, e os somatizam. Salienta-se os progressos que a medicina teve durante os tempos quanto suas terminologias que sofreram transformações e ao quanto a mudança na natureza dos distúrbios. O surgimento de uma novas patologias, com vertentes somáticas. Relaciona sobre a pessoas portadoras de doenças somáticas e a passividade da cura de alguma pela psicanálise. Não há uma fronteira que venha a separar histerias e fenômenos psicossomáticos, o que é uma indefinição. O estresse aparece como uma espécie de reintrodução física para a histeria como uma forma de permitir a medicina de retomar tal fenômeno. A histeria passou a ser discutida pela medicina, onde ocorre a descoberta da origem da neurose no sujeito e não na sociedade em si, diferente dos entendimentos anteriores. Ocorreram modificações na forma de expressar o sofrimento com expectativas de melhor entendimento. A controvérsia do ouvinte, no caso o médico, de conhecimento subjetivo a doença, implica no risco da repetição da doença indefinidamente, uma vez que a doença não é de caráter corporal, ocorrendo assim deslocamentos de sintomas. Quando pacientes queixosos encontram-se diante de psicanalistas, estes podem ouvi-los além das queixas, após o esgotamentos dos recursos da medicina. Da mesma forma que a medicina se modificou quanto a visão dos sintomas das neuroses, a sociedade com isso fez nascer uma nova patologia, que se manifestou no fracasso escolar. Ambos produzidos por uma mudança social. Seria uma síntese que envolve diretamente histeria e medicina, fracasso e avanço tecnológico das sociedades. Testes intelectuais inadequados, medições erradas da inteligência, onerações pela prática errada de processos inadequados tanto na histeria quanto no fracasso escolar. FRACASSO ESCOLAR E SOCIEDADE MODERNA Sendo recente como diagnóstico o fracasso escolar só passa a ser combatido no fim do século XIX, pelas necessidades de mudanças nas sociedades. A exigência na evolução da sociedade moderna que ocasionou o distúrbio, dada a cobrança pelo predomínio do poder e sucesso social atribuído. Cristalização do distúrbio pela pressão social a cada pessoa da sociedade e do seu conceito histórico. Citação a Jules Ferry e o estabelecimento a instrução laica e obrigatória em 1880, juntando ricos e pobres na educação, igualdade para todos, supressão de classes sociais, limites do curso escolar, certificações de estudo, onde crianças pobres tinham a conclusão do ensino básico e crianças ricas continuavam a complementar os estudos, onde se podiam dividir funções de trabalho por níveis de escolaridade quanto aos cargos. Somente crianças burguesas tinham acesso aos estudos que lhes davam possibilidades de escolhas profissionais, uma vez que são pagos, principalmente medicina e direito. Ideais republicanos primavam pela construção da liberdade e visavam a repressão as distinções de classes para a educação, o que era uma tradução do entendimento jurídico das necessidades econômicas da época. Citada como marco a revolução industrial e os avanços tecnológicos, contribuíram para as mudanças da sociedade. A necessidade de buscar outras formas de trabalho pela substituição do trabalho humano pelo o de máquinas. Início da era do proletariado. Reformulações no modo de ensino, padronizações escolares, metas de ensino e suas perspectivas. Abertura de chances acadêmicas a todos, porém a cultura da época para a classe média ainda tornava esta questão difícil. Faz menção ao estudo religioso e vocacional. Até início do século XX a sociedade era hierarquizada tendo cada cidadão local definido. O analfabetismo não era sinônimo de exclusão social. DO PROLETÁRIO AO ESTUDANTE Mudanças na sociedade se iniciaram ao final do século XIX exponencialmente. A sociedade passou por grandes transformações, tais como, diminuição doscamponeses, modificações de modernização para aumento da rentabilidade agrícola, informatização nos meios de produção em diversas áreas para acompanha o crescimento econômico. Diversos acontecimentos na indústria geraram desconfortos, iniciando uma crise social. A obrigatoriedade de cursos administrativos para empresários artesãos e diminuição de pequenos ofícios lucrativos. Agravação no desemprego dificultando o acesso de quem possuía pouca formação escolar. Após a era do estudo surgiu a do proletariado, iniciando uma decadência na ralação de igualdade escolar, onde as aspirações de Jules Ferry não se concretizaram, pois os estudos se dividiram pela qualidade do ensino, fatores que que determinavam capacidades e incapacidades para se galgar níveis de instruções altos. Ocorre quebra na estrutura dos velhos esquemas da herança cultural, onde esta ruptura implicou em conflitos de gerações, propriamente gerados pelo fracasso escolar. Algumas projeções estrondosas de crianças de famílias modestas geraram rejeições e em casos desprezo familiar, onde isso trouxe a certos sujeitos vestígios para toda vida, tais como o desgosto, a vergonha, questionamentos sobre o seu eu, remetendo ao existencialismo. Com a ruptura nos conceitos familiares e o crescimento da pobre pelos que tinha pouca ou nenhuma formação de estudo, como fracassados escolares, tornou tais cidadãos excluídos em uma sociedade denominada consumista. A falta de estudo se torna o fracasso de vida no novo contexto social. QUE SIGNIFICADO DAR AO TERMO “FRACASSO”? O fracasso nesta época tornou-se julgamento de valores, de uma espécie de rotulação social, onde a visão do que é ideal é passado como apresentação de valores do que é aceitável como condição de construção pessoal, fazendo do homem produto de identificações sucessivas na formação da personalidade. Os ideais passaram se serem divididos por meio sociocultural familiar, e de contexto a grupos culturais por regiões, variando as culturas. Mostra que valores em julgados certos numa cultura podem ser mal vistos em outras culturas, onde o capitalismo não se reconhecia em todas as culturas. Houve uma espécie de valorização aos que de certa forma combatiam e desprezavam a morte em seus diversos aspectos, sendo este enfrentamento mais valorizado do que a própria qualificação intelectual de um indivíduo, contemplando este modelo de comportamento. Os bens eram a forma de riqueza reconhecida e o poder na idade e intelectualidade. Haviam divisões de conceitos passados dentro do meio familiar pelas gerações, tanto das famílias nobres e pobres, havendo diferença nestas culturas. Amostras destas culturas se descrevem em obras literárias de artistas da época, onde os valores e conceitos de valores que todos desejavam possuir quanto a bens, sucesso, riquezas, dentre outras coisas que viessem a elevar valores de status desejáveis. POR QUE FALAR EM FRACASSO DE VIDA A PROPÓSITO DO FRACASSO ESCOLAR? Havia um importante questionamento sobre a importância da escolaridade na vida de toda a sociedade de um modo geral, e subsequentemente, as motivações que levaram a essa famigerada cobrança para se alcançar padrões desejáveis, transmitindo o estudo como garantia de sucesso, respeito, possibilidade de adquirir bens, e o alcance da satisfação pessoal e consequentemente da felicidade. O fracasso escolar se resumia em renunciar o sucesso e lançar o sujeito a extrema pobreza. Neste contexto de domínio social aparecem amostras de pontos sensíveis que seriam a origem de uma espécie de rejeição escolar por alguns sujeitos, rejeição esta assumida e escolhida livremente, que em um contexto amplo e generalizado se ligam a conflitos inconscientes, dentre diferentes tipos de identificações de tais sujeitos. Passa-se a observar amostras de estudos com indivíduos que passavam por conflitos, que se apresentavam presentes no EGO e no SUPEREGO, que respectivamente traziam ligados a si modelos sociais e a sua herança edipiana. Aparecendo os principais conceitos conforme os estudos de Freud. O ego tem por origem identificações com a identidade do sujeito, quanto ao que entende por conceitos de valores morais, religiosos e outros que norteiem uma auto construção, que se apresentam na idade da infância na construção da personalidade. Conflitos entre este processo de identificação podem ocorrer na adolescência, não sendo uma regra, podendo estes conflitos serem causadores de determinadas inibições, se tendo a partir disto, o recalcamento e com isso as neuroses. A autora demostra por exemplo o caso de uma criança órfã, um menino, que por ter passado por uma espécie de abandono no início da vida quando vivia com uma primeira família adotiva, gerando com isso certo retardo intelectual e de cognições comunicativas. Houve em um dado momento o início de terapia quando já vivia com uma segunda família, mostrando sequelas deste abandono e falta de interações sociais da primeira família. Foi constatado que a criança somente pôde observar as coisas ao seu redor, o cotidiano da primeira, tendo em suas recordações mais marcantes músicas de rock. Esta criança passou a ter paixão pelo rock ao crescer, querendo até se tornar um astro do rock. Por apresentar rejeição pelos estudos, passou a gerar rejeição pelos novos pais adotivos, o que os desagradava. Esta rejeição ocorreu por razão dos pais adotivos quererem inserir na criança o gosto pelos estudos, o que seria o ideal do ego familiar, que privilegiava o lado intelectual, e com isso entrava em conflito com o anseio da criança, o tornando um estranho na família por esta rejeição. A terapia mostrou um processo de consequências dolorosas pelos quais a criança passou vivenciando a rejeições. A autora com este exemplo pôde salientar sobre o fenômeno de parrada de pensamentos, que são reflexos da inibição, que são fontes dos fracassos e de determinados bloqueios, sendo nesta literatura em específica a relação da inibição intelectual, referente as citações de Freud. Rio de Janeiro, 20 de Abril de 2018. _______________________________________ Aniel Cabral Reymão – Matrícula 201502397811