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A VARIANTE POPULAR E A CONQUISTA DE CLIENTES
Mesmo em determinado grupo que tem língua materna comum, cada falante se expressa de maneira idiossincrática, ou seja, apresenta particularidades de acordo, como por exemplo, com idade, nível socioeconômico e de escolaridade, local onde nasceu e profissão que exerce. Assim, a partir do texto que divulga a venda de tapioca e quebra-queixo é possível elaborar o perfil de quem o escreveu. 
O anúncio foi escrito por um homem de aproximadamente 65 anos, pois esse tipo de serviço tipográfico é realizado, geralmente, por pessoas do sexo masculino, o que é reforçado por exercer o trabalho de ambulante. O moço pertence à classe baixa, porque ele mesmo escreveu o texto, já que não tem condições financeiras de pagar a um profissional para fazer o serviço publicitário. Além disso, pode ser um aposentado que precisa continuar trabalhando para colaborar com as despesas da família. Mesmo assim, o vendedor demonstrou habilidade ao pintar letras grandes e com traços firmes, além de distribuir as palavras em duas cores distintas, preta e vermelha, a fim de chamar atenção do cliente que gosta de tapioca e quebra-queixo. Tais elementos são relevantes em textos do gênero publicitário que têm o objetivo de atingir o público consumidor por meio da divulgação de produtos. Outro aspecto que merece atenção é o fato de a tapioca ser preparada na hora. Esse é um diferencial em termos de concorrência de mercado. Já o salário que recebe obriga o ambulante a viver em periferia de onde se desloca com o carrinho, frequentemente, para lugares movimentados em busca de consumidores para seus produtos nordestinos. 
O texto pertence ao código verbal e foi escrito na variante popular, pelo baixo nível de escolaridade de quem escreveu, por isso apresenta alguns desvios em relação à norma culta. Primeiramente, há acento equivocado na palavra “tapióca”. Em segundo lugar, o autor flexionou os verbos “fazer” e “pedir” de forma inculta: “fazida na hora. Quem não pediu pida”. Deveria ser: “Feita na hora. Quem não pediu, peça”. E, por último, há erro ortográfico na escrita da palavra “quebra queicho” que deveria ser grafada assim: “quebra-queixo”. No entanto é importante destacar que, mesmo com os desvios em relação à gramática normativa, o anúncio foi escrito em língua portuguesa, por isso todos os falantes nativos conseguem compreendê-lo. E o mais importante: significa que houve comunicação.
Em conclusão, pode-se afirmar que é possível elaborar o perfil do falante a partir do que ele fala ou escreve. E não tem sentido manifestações de preconceito linguístico diante de pessoas de baixa escolaridade que tentam sobreviver de forma criativa. 
ATENÇÃO! Em negrito estão vários articuladores utilizados na “costura” do texto, ou seja, na coesão. E, destacadas em três cores distintas, estão palavras utilizadas para evitar repetição, mas que retomam a mesma informação. Nesse caso, funcionam como ANAFÓRICOS na construção da coesão/coerência textual. 
http://recebiporemail.com.br/wp-content/uploads/2010/07/placas-inteligentes-17.jpg

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