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Conflito de Jurisdição

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Conflito de Jurisdição
É um fato que acontece quando dois ou mais juízes se consideram, contemporaneamente, competentes ou incompetentes para conhecerem o delito ocorrido. Este conflito também ocorrerá quando houver controvérsia sobre a unidade de juízo, junção ou separação de processos nos quesitos de conexão e continência, sendo necessária a solução judicial por meio de aplicação das regras procedimentais do processo penal e das normas constitucionais relativas a competência.
O conflito de jurisdição está presente nos artigos 113 a 117 do código de processo penal, em que, há divergências entre doutrinadores sobre o conflito de jurisdição e o conflito de competências, pois, segundo Nestor Távora o primeiro é quando há divergências entre órgãos de categorias distintas, sendo juiz estadual e outro federal, já o segundo se dá quando se firma entre juízes da mesma jurisdição. Para Guilherme Nucci o conflito de jurisdição é utilizado de maneira equivocada, pois dada expressão não se trata deste conflito, sendo inerente a qualquer magistrado tal expressão, em que, para ele é correta a utilização do conflito de competências. Já para Eugênio Pacelli o código trata como conflito de jurisdição tanto o de competências quanto o de conflito de jurisdições diferentes, em que, este conflito entre juízes de uma mesma jurisdição (juízes de direito) é normalmente utilizado para o conflito de competência (competência territorial), em se tratando de conflito entre jurisdição federal e estadual, entre militar e federal, ou entre estadual e eleitoral já se utilizou e ainda utiliza a expressão conflito de jurisdição, que para ele essas distinções não possuem qualquer utilidade prática.
Estes diferentes posicionamentos acima abordados, nada interfere no código de processo penal, pois o incidente será o mesmo, sendo conflito de jurisdição. Para a constituição brasileira a terminologia adotada será o conflito de competência independente da matéria que será nela utilizada.
O conflito poderá ser positivo quando dois ou mais órgãos do poder judiciário, melhor dizendo juízes, se julgam competentes para o mesmo processo e julgamento do fato delituoso. Será negativo quando autoridades judiciárias afirmarem-se incompetentes para o conhecimento da causa penal (art. 114, I, CPP).
Segundo a súmula 22 do STJ não irá ocorrer conflito de competência se já existir sentença com trânsito em julgado, decidida por um dos juízes conflitantes, já para a súmula 59, esta afirma, que não há conflito de competência entre tribunal de justiça e tribunal de alçada do mesmo estado-membro. As situações de conflito de competência foram pacificadas por meio destas súmulas, mas é importante frisar que a última súmula perdeu sua importância por meio da emenda constitucional 45.
É fundamental para solucionar e apreciar os conflitos de competência citar as principais regras da constituição federal, como órgão competente para tratar destas situações, não prejudicando as disposições constitucionais estaduais, sendo elas:
Compete ao STF julgar o conflito existente entre o STJ e quaisquer tribunais, entre os tribunais superiores, e entre estes e qualquer outro tribunal (art. 102, I, o, CF).
Segundo o art. 105, I, d, CF, caberá ao STJ julgar o conflito entre quaisquer tribunais, ressalvando a competência do STF, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados (TRF e juiz estadual), e entre juízes vinculados a tribunais diversos (juiz estadual e federal).
O TRF será competente para apreciar juízes federais da mesma região (art. 108, I, e, CF).
Ao tribunal de justiça será cabível a apreciação do conflito entre juízes estaduais de primeiro grau em que sejam a ele vinculados.
O STJ editou a súmula 348, que, atribuía competência a este em solucionar os conflitos de competência existentes entre o juizado especial federal e juízo federal, mesmo sendo da mesma seção judiciária, com o fundamento de que o juizado especial federal não possuía vínculo com o TRF, sendo, pois, o conflito firmado entre o juizado e juiz federal, ainda que da mesma seção, na qual seria caracterizado como juízos não vinculados ao tribunal, competindo ao STJ solucioná-los. Esta linha de raciocínio seria aplicada ao juizado estadual e magistrado do mesmo estado que ao invés do TJ, resvalaria na competência do Superior Tribunal de Justiça.
O Supremo Tribunal Federal foi contrário ao entendimento do STJ, sendo o conflito entre o juizado especial federal e juiz federal para a suprema corte seria dirimido pelo TRF, órgão que estariam afetos os magistrados. Estes posicionamentos divergentes acerca do assunto, gerou o cancelamento da súmula 348, e posteriormente ou consequentemente a edição pelo STJ de uma súmula substituta pacificando as discussões da matéria. Foi criada a súmula 428, coadudando-se ao entendimento dado pelo STF, sendo: ´´ Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária".
O processamento está descrito no art. 116 do código de processo penal, em que a argüição será feita por representação dos juízes em conflito ou a requerimento das partes, sendo possibilitado ao conflito negativo a suscitação nos próprio autos. Já no conflito positivo, o relator pode determinar que seja suspenso o processo, em seguida este mesmo relator requisita informações que serão dadas pelas autoridades do conflito nos prazos fixados por ele. Recebidas as informações, o relator, se não precisar instruir o feito, ouve o órgão do MP sendo a questão decidida na primeira seção, sendo as cópias desta enviadas para sua execução às autoridades competentes.
Contra a decisão que concluir pela incompetência do juízo em primeiro grau de jurisdição, caberá o recurso em sentido estrito, ex vi do art. 581, II, do CPP. Não havendo embargo será cabível o recurso em sentido estrito contra a decisão que julga a exceção, art. 581, III, CPP.
Não caberá recurso contra a decisão que rejeitar a exceção de incompetência, podendo ser impetrado o habeas corpus em caso de envolvimento de crime com pena privativa de liberdade, ou o mandado de segurança que não possuir pena privativa de liberdade, sendo estas medidas, sucedâneos recursais.
Em segunda instância, o acórdão que julgar conflito de competência estará sujeito ao recurso especial ou extraordinário previstos constitucionalmente.
Vale destacar o art. 117 do CPP que prevê ao STF o incidente da avocatória para restabelecer sua competência sempre que exercida por outro órgão jurisdicional. A constituição federal prevê outra forma (art. 102, I, CF), denominada de reclamação, que poderá também ser utilizada pelo STJ, sendo disciplinada na lei 8.038/90.

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