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ARTETERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA

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07/06/2016 ARTETERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA
http://raphaeldolagojudice.no.comunidades.net/arteterapia­familiar­sistemica 1/4
Seja bem vindo! Reflexões Arte terapêuticas EU SOU...
Arteterapia­Um jeito de se conhecer
ARTETERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA
Diego Velasquès
 
Terapia familiar e Arteterapia em uma abordagem sistêmica
Segundo o material didático “Atendimento Familiar”, Moura e Silva   ao citar Minuchim,
definem  a  família  como  um  sistema  onde  uma  parte  afeta  a    outra,  em  períodos  de
estabilidade e mudança com uma desigual distribuição de poderes.
Citando  Lehnen,  a  família  é  compreendida  como  um  sistema  aberto  que  possui  a
capacidade  de  transformação,  busca  novas  soluções  para  situações  diversas,  vivencia
padrões  recorrentes  e  previsíveis  que  refletem  as  tensões,  filiações,  hierarquias,  que
possuem um significado para os comportamentos e relacionamentos estabelecidos.
É  um  sistema  onde  ocorrem  alianças,  que  organizam  hierarquias,  define  caminhos  e
tomadas de decisões.
Ao  citar  Condioli,  Moura  e  Silva  coloca  como  função  da  terapia  familiar,  dentro  do
enquadramento sistêmico:
1. Melhorar a comunicação
2. Desenvolver autonomia
3. Desenvolver individualização
4. Descentralizar e flexibilizar
5. Reduzir conflitos interpessoais
6. Melhorar o desempenho individual.
Riley ao associar  o trabalho arteterapeutico no âmbito da terapia familiar no diz:
“Nós  vemos nossas  teorias  e  a  aplicação do  tratamento por meio das  produções de  arte
externalizada  dos  nossos  clientes.Nós  escutamos  a  linguagem  e  as  histórias  que  nossos
clientes  nos  contam.  Por  intermédio  dessa  dualidade  de  conhecimento,  criamos
conjuntamente significados alternativos para essas histórias. Confiamos nas  informações
silenciosas  fornecidas pelas  ilustrações  visuais  da narrativa,  que  informam sobre nossas
contribuições e observações. Esta combinação resulta na criação de visões alternativas da
história do cliente.” ( 1998, p. 11 ),
 
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O que é a arteterapia?
Arteterapia combina arte visual e
psicoterapia em um processo
criativo, usando a imagem criada
como uma base para a auto­
exploração e compreensão. A
análise de pensamentos e
sentimentos expressados em
imagens e quem sabe depois em
palavras. Através do uso da terapia
da arte, sentimentos e conflitos
internos podem ser projetadas em
forma visual. No ato criativo, o
conflito é re­experimentado,
resolvido e integrado.
­ O BC Art Therapy Association
07/06/2016 ARTETERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA
http://raphaeldolagojudice.no.comunidades.net/arteterapia­familiar­sistemica 2/4
Segundo a autora a arteterapia familiar contribuirá para que a família construa uma “visão
criativa e inovadora” de seus processos.
“O objetivo principal da terapia e da arte, é mudar uma percepção básica, de modo que a
pessoa veja de forma diferente. Com a introdução do novo ou do inesperado, é quebrado
um quadro de referência e a estrutura da realidade é harmonizada (RILEY, 1998 , p. 98)
Ainda,  segundo  a  autora,  quanto  mais  elementos  ou  dimensões­
visual,auditiva,sinestésica­ forem atendidas ou compuser a intervenção, mais efetivamente
ela possibilitará mudanças.
Dentro  do  método  arteterapêutico,  Riley  elenca  os  seguintes  aspectos  a  serem
considerados:
1. Ver a família como um sistema;
2. Usar conotação positiva;
3. Prescrever o sintoma
4. Utilizar metáforas;
5. Entender o ritual familiar;
6. Entender o duplo vínculo terapêutico;
7. Usar intervenções paradoxais;
8. Manter propriedades homeostáticas;
9. Terminar o tratamento;
Segundo Riley citando Goldenberg e Goldenberg:
“Uma  família  é  um  sistema  social  natural,  com  propriedades  totalmente  próprias  que
desenvolveu um conjunto de regras, é repletos de papéis nomeados e designados para seus
membros,  tem  uma  estrutura  de  poder  organizada,  tem  desenvolvido  formas  de
comunicação  abertas  e  intrincadas  e  tem  elaborado  formas  de  negociar  e  resolver
problemas que permitem que várias  tarefas sejam desempenhadas efetivamente.”  (1998,
p.18 )
 
Ao considerar a  família  como um sistema a autora nos coloca o  conceito de causalidade
circular.
A circularidade ocorre através do feedback constante.
 Na circularidade uma ação gera uma resposta, que gera a ação.
O grupo familiar não reconhece o padrão circular de seus comportamentos.
O  padrão  funciona  como  regra  para  manter  a  estabilidade  familiar  e  protegê­la  da
desintegração.
É função do terapeuta, reconhecer e particularizar o aspecto disfuncional deste padrão.
Para isso ele irá se ater aos processos que mantém a questão disfuncional, tendo uma visão
geral do sistema,observando a interação entre os membros.
Ao  sugerir  utilizar  a  conotação  positiva,  Riley  coloca  que  o  terapeuta  deve  exaltar  no
processo, o aspecto positivo da disposição da família em se expor, ao vivenciar o processo
terapêutico, enfatizando o desejo de todos no grupo de construir uma realidade melhor ,
mais sustentável e funcional.
A conotação positiva tem a função de acolhimento e suporte ao grupo ferido pelo dilema
paradoxal.
Segundo  a  autora  estas  mensagens  podem  ajudar  a  ressignificar  o  comportamento  do
grupo.
Troca­se  a  imagem de  um  grupo  inábil,  para  a  imagem de  um  grupo  disposto  e  que  se
apoia no processo de resolução de problemas.
A  prescrição  do  sintoma  é  um  ponto  crítico  do  processo  da  terapia,  pois  ela  tende  a
desestabilizar o grupo devido a polêmica que gera.
Segundo  a  autora  a  prescrição  deve  ser  breve,  concisa,  e  inaceitável  pela  família  para
promover o debate e a reflexão.
O terapeuta precisa falhar para que o método funcione.
Ao utilizar metáforas o terapeuta pode ser melhor compreendido pela família.
Referente  à  questão  da  compreensão  do  ritual  familiar,  Riley  nos  diz,  que  através  da
observação da vivencia deste ritual, o terapeuta tem a oportunidade de compreender uma
sequência de comportamentos em um conjunto estruturado de circunstâncias.
O  ritual  pode  ser  observado  diretamente  nas  propostas  arteterapeuticas  oferecidas  ao
grupo,  podendo muitas  vezes  ser  planejado  também para  neutralizar  o  padrão  usual  de
interação,  criando  a  possibilidade  dos  integrantes  abandonarem  os  estereótipos
designados  uns  aos  outros,  abrindo  espaço  para  a  família  passar  de  um  estágio  para  o
outro.
Ao utilizar as intervenções paradoxais o terapeuta falha intencionalmente.
Ao  observar  a  conexão  do  sintoma  com  a  função  para  qual  serve  dentro  do  grupo,  o
terapeuta  recomenda  à  família  que  continue  resolvendo  a  questão  da  forma  como
costumam fazer.
É sugerido a ampliação do sintoma dentro da regra que o sustenta, dando oportunidade
para  que  a  família  perceba  por  si  mesma  a  disfuncionalidade  do  padrão  relacional
DIÁRIO DE UM PROFESSOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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07/06/2016 ARTETERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA
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estabelecido.
Este processo pode ocorrer no ato da produção artística, ou através da imaginação ativa,
quando o terapeuta leva o grupo a se ver atuando dentro da amplificação do sintoma.
A  importância  de  compreender  o  duplo  vínculo  terapêutico  é  para  que  possamos
diferenciá­lo  do  duplo  vínculo  patogênico  e  utilizá­lo  como  recursos  interventivode 
mudança.
Riley,  ao  citar  Batson,  nos  diz  que  no  duplo  vínculo  patogênico  o  sujeito  recebe  uma
mensagem dupla de seus pares sendo desaprovado se faz ou se não faz.
No  duplo  vínculo  terapêutico  o  sujeito  se  encontra  na  mesma  situação,  mas  com  um
resultado  diferente:  se  muda  é  uma  escolha,  porém  se  não  promover  a  mudança  isso
também será uma escolha.
Segundo a autora, ao inserir a escolha no paradoxo terapêutico, o sintoma deixa de existir,
pois enquanto sintoma, ele não é uma escolha.
Ao  colocar  como  requisito  manter  as  funções  homeostáticas,  a  autora  nos  esclarece  a
importância  do  fortalecimento  do  grupo  e  da  melhora  no  processo  de  comunicação,
expondo  ao  grupo  como  estas  melhoras  tem  fortalecido  a  autonomia  na  resolução  de
problemas, permitindo uma flexibilização de papéis.
Por  fim,  terminar  o  tratamento  é  dar  ao  grupo  a  oportunidade  de  reconhecer  que  os
padrões de interação mudaram e se tornaram mais adaptativos.
Para  exemplificar  esta  proposta  defendida  por  Riley,  onde  ocorre  a  associação  entre
arteterapia e terapia familiar, citarei como exemplo uma proposta exposta pela autora: a
construção de um mural familiar.
A  proposta  arteterapeutica  é  de  que  o  grupo  familiar,  através  de  colagem  ou  pintura,
construa a rotina da família em um grande pedaço de papel, disposto em uma parede.
Segundo Riley, nesta proposta há a oportunidade para o terapeuta formular uma hipótese
sobre o sistema familiar e pensar sobre a intervenção.
É  na  observação  deste  ritual  familiar,  focado  na  construção  de  um  mural  onde  os
integrantes  deverão  trabalhar  juntos,  que  o  terapeuta  poderá  pensar  na  definição  do
problema, no exame do dilema da mudança e na formulação do tratamento.
Segundo  a  autora,  a  arteterapia  oferece  prazer  para  aliviar  o  medo,  de  forma  que  o
paradoxo possa ser substituído pelo relaxamento.
Ao citar Minuchin, Riley nos diz que a estrutura da família torna­se visível nas transações
comportamentais entre os membros.
Ainda segundo a autora, a arteterapia familiar prove tarefas que servem para tornar visível
o invisível.
No ato do ritual proposto, o terapeuta poderá observar a resistência ou a disponibilidade
do grupo.
Desta forma a experiência pode ajudar a testar a resistência às mudanças que favoreçam o
pensamento de novas estratégias.
Segundo  a  autora,  famílias  dispostas  atuam  bem  com  feedback,  buscando  e  aceitando
novas formas de ver uma questão conflituosa.
Famílias  resistentes  necessitam  de  acolhimento  e  intervenções  para  olhar  o  dilema
paradoxal em diferentes ângulos.
Na criação do mural familiar é possível traduzir o funcionamento do sistema em questão 
observando  a  disposição  e  a  dominância  espacial,  as  mensagens  verbais  e  não  verbais
expressas durante o processo.
A  proposta  permite  também  a  abertura  de  um  debate  sobre  o  processo  de  criação  e
produto materializado, considerando a atuação de cada membro, assim como a qualidade
do  relacionamento  estabelecido,  e  o modo  como  cada  integrante  dentro  do  grupo  veem
seus  papéis  e  revelam  suas  motivações  e  mensagens,  primeiro  no  processo  de  criar  e
depois associando a metáfora ao funcionamento do sistema familiar.
O  produto  expressivo  que  resulta  dos  esforços  do  grupo  familiar  dá  ao  arteterapeuta
caminhos adicionais para apreciar as mensagens subjacentes e as alianças ocultas dentro
do sistema.
Segundo  Sara  Pain,  em  seu  livro  “Os  fundamentos  da Arteterapia”­  editora  vozes,2009,
p.12,  na  arteterapia  “  (...)  a  atividade  artística  transforma­se  assim  em  representação
dramática da intenção criativa do sujeito. É nessa duplicidade que encontramos a eficácia
terapêutica desta modalidade clínica.”
Na produção artística encontramos o drama familiar.
Em  seu  livro  “100  jogos  para  grupos:uma  abordagem  psicodramática  para
empresa,escolas  e  clinicas”.  São  Paulo,  Editora  Àgora,1996,  Yozo  nos  diz  sobre  o  jogo
dramático:
O jogo dramático leva o indivíduo a soltar­se, liberar sua espontaneidade e criatividade, ou
seja, é um meio de desentorpecer o corpo e a mente dos condicionamentos da vida atual,
não permitindo a massificação dentro das conservas culturais. Além disso, é preciso que
esteja em um campo relaxado para  jogar, pois crescem as possibilidades de relações que
permitem ao individuo alcançar uma solução de seus conflitos, isto é, havendo ampliação
do campo relaxado, diminui o ponto fixo de tensão. O indivíduo em campo tenso impede
esta ampliação de resposta. (1996, p.18)
07/06/2016 ARTETERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA
http://raphaeldolagojudice.no.comunidades.net/arteterapia­familiar­sistemica 4/4
 
Devemos sempre ter em mente, que na maioria das vezes os terapeutas são procurados em
momentos de tensão e desequilíbrio vivenciado pelos seus clientes.
Quando um grupo  familiar chega ao setting arteterapeutico muitas vezes se encontra no
limite  da  desintegração  onde  imperam  as  fantasias  de  culpa,  perda,  incompreensão  e
desrespeito.
Cabe  ao  terapeuta  criar  um  campo  relaxado  para  que  os  integrantes  possam  jogar  e  no
jogo­ seja ele através de atividades artísticas de movimento, dramatização ou mesmo de
criação visual­ vivenciar o drama familiar de forma mais suportável.
 Ao  criar  a disponibilidade para o  jogo,  para o  lúdico,  aos poucos  é possível  construir  a
aliança  terapêutica,  e  sem dúvida  a  arte  é  um  caminho para  a  construção  deste  campo,
devido ao seu aspecto lúdico.
Por  outro  lado  este  mesmo  aspecto  lúdico  pode  funcionar  como  algo  ameaçador,
principalmente quando nos deparamos com sistemas rígidos.
Mais uma vez a arte pode ser um caminho interessante, ao criar um espaço de metáforas,
dando a possibilidade ao grupo de se expor através da contemplação e produção artística,
reconhecendo habilidades e preferências estéticas de cada integrante.
E no ato da apreciação, seja dos grandes nomes da arte, ou da produção de cada integrante
que pode ser inserida a intervenção que propõe ressignificar o dilema paradoxal.
Pain  ( 2009, p.  19  ),  sobre o setting arteterapêutico nos diz que este  ,  “(...) apresenta­se
como um espaço de tolerância, recebe a todos sem reserva”.
É principalmente por estes aspectos, de relaxamento e vivencia metafórica que acredito ser
eficaz e significativa a proposta de Shirley Riley de associar o processo terapêutico familiar
à  arteterapia  criando­se  um  novo  ramo  desta  disciplina  terapêutica  que  é  a  arteterapia
familiar.
Penso  ser  um  recurso  para  tornar  suportável,  aquilo  que  muitas  vezes  pode  ser
insuportável para o grupo..
Através da arteterapia é possível ressignificar o funcionamento do sistema, através do ato
criativo, oferecendo novos olhares sobres as questões conflituosas, como na construção de
um mosaico ou de um caleidoscópio.
Em seu livro, Riley apresenta além de outros aspectos teóricos relevantes para o trabalho
da  terapia  familiar,  estudos  de  caso  onde  o  método  é  aplicado,  de  forma  didática  e
esclarecedora, ficando a sugestão de uma ótima leitura para os interessados na área.
 
Raphael  do  Lago  Júdice  é  Pedagogo,  com  formação  em  Psicoterapia  Holística  e
especialização em Arteterapia ,Psicmotricidade Clínica e Relacional e Terapia Familiar.
 
  Referências:
PAIN,Sara “Os fundamentos da Arterapia”, Rio de Janeiro,Editora Vozes,2009
OLIVEIRA  ,Juliandrey  ;  SILVADO,Moura Rogério  de Moraes  “  Atendimento  Familiar”,
Unileya editora
RILEY, Shirley “Arteterapia para Famílias:abordagens integrativas” Summus Editorial,
1998
YOZO, Ronaldo Yudi  k.  “100  jogos  para  grupos:uma abordagem psicodramática  para
empresa,escolas e clinicas”. São Paulo, Editora àgora,1996.

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