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DIREITO CIVIL SUCESSÕES – PARTE II
Sumário:
1 Deserdação
2 Herança Jacente e herança Vacante
3 Petição de Herança 
4 Sucessão Testamentária
5 Codicílos 
6 Cláusulas Testamentárias
SLIDES 10 – Deserdação
	Conceito
- É penalidade imposta pelo autor da herança ao herdeiro necessário, mediante justificativa em cláusula testamentária, visando alijá-lo da sucessão em decorrência da prática de ato moralmente censurável e autorizada por lei nos arts. 1.814, 1.961, 1.962 e 1.963.
CC, Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos da sucessão.
	Hipóteses
CC, Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I - que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
CC, Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes:
I - ofensa física;
II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;
IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade.
CC, Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos ascendentes pelos descendentes:
I - ofensa física;
II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da neta;
IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade.
	Requisitos
1) A deserdação só pode ser feita por testamento e o testador deve descrever as causas.
CC, Art. 1.964. Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser ordenada em testamento.
2) Só haverá exclusão de herdeiro por deserdação se declarado por sentença.
	Procedimento para exclusão
Declaração por sentença.
- A ação será movida por quem tenha interesse na deserdação.
CC, Art. 1.965. Ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação, incumbe provar a veracidade da causa alegada pelo testador.
Parágrafo único. O direito de provar a causa da deserdação extingue-se no prazo de quatro anos, a contar da data da abertura do testamento.
	Efeitos
1) Os descendentes do deserdado sucedem como se ele morto fosse, com efeito retroativo à data da abertura da sucessão.
CC, Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.
2) Os atos de administração e as alienações anteriores à sentença de deserdação são válidos, efeito ex nunc. 
CC, Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos.
3) O deserdado é considerado possuir de má-fé em relação aos demais herdeiros e obrigado a devolver os frutos e rendimento da herança, com efeito retroativo. 
CC, Art. 1.817. 
Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles.
4) O pai deserdado não tem direito ao usufruto dos bens dos filhos nem pode administrá-los. Tampouco tem direito à sucessão eventual desses bens.
CC, Art. 1.816. 
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.
5) Se o deserdado é casado, a exclusão alcança o cônjuge se o regime de casamento for o de comunhão total de bens, ficando o cônjuge privado de sua metade no quinhão hereditário.
	Reabilitação
Pode ser concedido perdão ao deserdado somente em novo testamento.
CC, Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico.
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária.
SLIDES 11 - Herança Jacente e Herança Vacante
	Conceito
- A herança jacente é a herança sem dono atual.
- A jacência é uma fase do processo que conduz à declaração de vacância da herança.
- Depois de declarada vacante a herança é transmitida ao patrimônio público.
	Natureza Jurídica
-É uma universalidade de direitos, sem personalidade jurídica.
- É dotada de capacidade processual para acionar e ser acionada em juízo, sendo representada pelo seu curador.
	Hipóteses
1) Quando falece alguém sem deixar testamento ou herdeiros legítimos;
2) Quando todos os herdeiros renunciam à herança;
3) Quando o herdeiro ainda não se encontrar em condições de se tornar titular do patrimônio, como no caso de herdeiro já concebido e não nascido;
4) Quando se aguarda a formação ou constituição da pessoa jurídica que receberá os bens;
5) Quando não comparecer herdeiro para requerer o inventário até 30 dias depois de passar em julgado a sentença que determinar a abertura da sucessão provisória do ausente;
6) Quando todos os herdeiros forem excluídos da sucessão.
Procedimento
1) Arrecadação dos bens.
CPC, Art. 738. Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz, em cuja comarca tiver domicílio o falecido, procederá imediatamente à arrecadação dos respectivos bens.
CPC, Art. 739. A herança jacente ficará sob a guarda, a conservação e a administração de um curador até a respectiva entrega ao sucessor legalmente habilitado, ou até a declaração de vacância; 
CPC, Art. 739. § 1.º Incumbe ao curador:
I - representar a herança em juízo ou fora dele, com intervenção do órgão do Ministério Público
II - ter em boa guarda e conservação os bens arrecadados e promover a arrecadação de outros porventura existentes;
III - executar as medidas conservatórias dos direitos da herança;
IV - apresentar mensalmente ao juiz um balancete da receita e da despesa;
V - prestar contas ao final de sua gestão.
CPC. Art. 740.  O juiz ordenará que o oficial de justiça, acompanhado do escrivão ou do chefe de secretaria e do curador, arrole os bens e descreva-os em auto circunstanciado.
§ 1oNão podendo comparecer ao local, o juiz requisitará à autoridade policial que proceda à arrecadação e ao arrolamento dos bens, com 2 (duas) testemunhas, que assistirão às diligências.
§ 2oNão estando ainda nomeado o curador, o juiz designará depositário e lhe entregará os bens, mediante simples termo nos autos, depois de compromissado.
§ 3oDurante a arrecadação, o juiz ou a autoridade policial inquirirá os moradores da casa e da vizinhança sobre a qualificação do falecido, o paradeiro de seus sucessores e a existência de outros bens, lavrando-se de tudo auto de inquirição e informação.
§ 4oO juiz examinará reservadamente os papéis, as cartas missivas e os livros domésticos e, verificando que não apresentam interesse, mandará empacotá-los e lacrá-los para serem assim entregues aos sucessores do falecido ou queimados quando os bens forem declarados vacantes.
§ 5o Se constar ao juiz a existência de bens em outra comarca, mandará expedir carta precatória a fim de serem arrecadados.
§ 6oNão se fará a arrecadação, ou essa será suspensa, quando, iniciada, apresentarem-se para reclamar os bens o cônjuge ou companheiro, o herdeiro ou o testamenteiro notoriamente reconhecido e não houver oposição motivada do curador, de qualquer interessado,
do Ministério Público ou do representante da Fazenda Pública.
2) Publicação de edital e procura de herdeiros
CPC, Art. 741.  Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será publicado na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 3 (três) meses, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, por 3 (três) vezes com intervalos de 1 (um) mês, para que os sucessores do falecido venham a habilitar-se no prazo de 6 (seis) meses contado da primeira publicação.
§ 1oVerificada a existência de sucessor ou de testamenteiro em lugar certo, far-se-á a sua citação, sem prejuízo do edital.
§ 2oQuando o falecido for estrangeiro, será também comunicado o fato à autoridade consular.
§ 3oJulgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do testamenteiro ou provada a identidade do cônjuge ou companheiro, a arrecadação converter-se-á em inventário.
§ 4oOs credores da herança poderão habilitar-se como nos inventários ou propor a ação de cobrança.
CPC, Art. 1.156. Os bens com valor de afeição, como retratos, objetos de uso pessoal, livros e obras de arte, só serão alienados depois de declarada a vacância da herança
3) Declaração de vacância e transferência dos bens ao Poder Público
CPC, Art. 743. Passado 1 (um) ano da primeira publicação do edital e não havendo herdeiro habilitado nem habilitação pendente, será a herança declarada vacante.
§ 1oPendendo habilitação, a vacância será declarada pela mesma sentença que a julgar improcedente, aguardando-se, no caso de serem diversas as habilitações, o julgamento da última.
§ 2oTransitada em julgado a sentença que declarou a vacância, o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os credores só poderão reclamar o seu direito por ação direta.
CC, Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal.
Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão.
CC, Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante.
SLIDES 12 – PETIÇÃO DE HERANÇA
	Conceito
	É a ação que Compete ao herdeiro preterido (legítimo ou testamentário), para o fim de ser reconhecido o seu direito sucessório e obter, em consequência, a restituição da herança em todo ou em parte.
CC, Art. 1.824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua.
	Objetivos
Declaratório 
- Reconhecimento da qualidade de herdeiro.
Condenatório
- Recebimento dos bens devidos.
CC, Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, poderá compreender todos os bens hereditários.
	Petição de Herança XAção Reivindicatória
-Caberá ação reivindicatória se o autor pretende a restituição dos bens que se encontram na posse de outra pessoa estranha à sucessão, sem discutir sua condição de herdeiro.
Entendimento de Giselda Hironaka:
- A petição de herança cabe também nos casos em que alguém se apossa pura e simplesmente (e ilegalmente) da herança, ou de parte dela.
	Prazo
- 10 anos (art. 205 do CC), a partir da data da abertura da sucessão.
Súmula 149 do STF:
“É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança”.
	Decisão
Agravo de instrumento. investigação de paternidade. petição de herança. prescrição. inocorrência. indisponibilidade de bens. limitação.
O marco inicial da prescrição para o ajuizamento da ação de petição de herança é da sentença que reconhece a paternidade, pois enquanto não reconhecida a condição de herdeiro não existe legitimidade para a propositura da demanda. Precedentes jurisprudenciais.
Descabe indisponibilizar a totalidade dos bens do agravante (suposto irmão do agravado), recebidos por doação de seus pais, devendo o gravame limitar-se ao quinhão que terá direito o autor na hipótese de procedência da ação de investigação de paternidade.
Agravo de instrumento parcialmente provido. (TJRS, AC Nº 70071512644, Relatora: Sandra Brisolara Medeiros, Sétima Câmara Cível, J. 14/12/2016). 
A ação de investigação de paternidade é imprescritível, mas não o é a de petição de herança. É o que dispõe a Súmula 149 do Supremo Tribunal Federal.
O marco inicial do prazo prescricional é a abertura da sucessão, que ocorre com o óbito do autor da herança, sendo de vinte (20) anos, quando os fatos ocorreram sob a égide do Código Civil de 1916, nos termos do seu art. 177.
Ocorre, como visto, que a petição de herança é ação a ser proposta por herdeiro, de modo que, no caso concreto, enquanto não reconhecida a condição de filho do investigado e, consequentemente, de herdeiro dos bens por ele deixados, não poderia o autor-agravado pleitear a herança, não se cogitando, portanto, em prescrição no caso concreto.
O entendimento encontra amparo também no disposto no art. 189 do Código Civil, segundo o qual, a fluência do prazo prescricional, mais propriamente no tocante ao direito de ação, somente nasce para o titular quando “violado o direito”.
Nessa esteira, o recorrido somente terá direito a postular a herança se for confirmada a paternidade investigada na presente demanda.
	Posse de boa-fé e Frutos
CC, Art. 1.826. O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acervo, fixando-se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observado o disposto nos arts. 1.214 a 1.222.
Direitos do possuidor de boa-fé:
a) direito aos frutos percebidos (art. 1.214, CC)
b) direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las , quando o puder sem detrimento da coisa, podendo exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis (art. 1.219, CC);
c) ser indenizado das benfeitorias pelo valor atual (art. 1.222, CC);
d) não responderá pela perda ou deterioração da coisa a que não der causa (art. 1.217, CC).
Deveres do possuidor de boa-fé:
a) restituir os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé, depois de deduzidas as despesas de produção e custeio (art. 1.214, parágrafo único, CC);
b) restituir os frutos colhidos com antecipação (art. 1.214, parágrafo único, CC);
	Posse de má-fé e Frutos
Direitos do possuidor de má-fé :
a) ressarcimento das benfeitorias necessárias, sem direito de retenção ou de levantamento das voluptuárias (art. 1.220, CC), podendo o autor da ação optar entre o seu valor atual e o seu custo (art. 1.222, CC);
Deveres do possuidor de má-fé:
a) responderá por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé, descontando-se as despesas de produção e custeio (art. 1.216, CC);
b) responderá pela perda e deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do autor da ação de petição de herança (art. 1.218, CC).
PS: A boa-fé cessa com a citação do réu na ação de petição de herança e, a partir de então, devem ser aplicadas as regras referentes à má-fé (art. 1.826, CC).
	Herdeiro Aparente
É aquele que não tem a titularidade dos direitos sucessórios, mas se apresenta como tal.
Validade dos atos:
A norma protege a boa-fé do herdeiro e também daquele que realiza negócio com a pessoa que se apresenta como herdeira.
CC, Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens
alienados.
Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé.
SLIDES 13 – SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
	Conceito
- Considera-se testamento o ato revogável pelo qual alguém, de conformidade com a lei, dispõe, no todo ou em parte, do seu patrimônio, para depois de sua morte (art. 1.626 do CC de 1916). 
	Do Testamento
CC, Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte.
§ 1oA legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.
§ 2oSão válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado.
	Testamento Vital
Enunciado 528 – Arts. 1.729, parágrafo único, e 1.857: É válida a declaração de vontade expressa em documento autêntico, também chamado “testamento vital”, em que a pessoa estabelece disposições sobre o tipo de tratamento de saúde, ou não tratamento, que deseja no caso de se encontrar sem condições de manifestar a sua vontade.
	Do Testamento
CC, Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo.
- Exceção ao princípio da revogabilidade – reconhecimento de filho.
CC, Art. 1.859. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, contado o prazo da data do seu registro.
- Ação de abertura, registro e cumprimento do testamento. Arts. 735, § 1º, § 2º, e 736 do CPC.
	Características
1) NEGÓCIO JURÍDICO UNILATERAL 
2) ATO PERSONALÍSSIMO
3) ATO SOLENE 
4) ATO GRATUITO 
5) ATO REVOGÁVEL 
6) ATO CAUSA MORTIS 
	Capacidade
CC, Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento.
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.
Casos especiais: Os pródigos.
Os silvícolas.
Os surdos-mudos.
	Incapacidade
CC, Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade.
- Princípio do “tempus regit actum”.
	Formas
CC, Art. 1.862. São testamentos ordinários:
I - o público;
II - o cerrado;
III - o particular.
CC, Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo.
	Definições importantes
Testamento simultâneo. O testamento simultâneo ou de mão comum ocorre quando dois testadores, no mesmo ato, beneficiam, conjuntamente, terceira pessoa.
Testamento recíproco. No testamento recíproco, os testadores, em um só ato, beneficiam-se mutuamente, instituindo herdeiro o que sobreviver.
Testamento correspectivo. No testamento correspectivo, os testadores efetuam, em um mesmo instrumento, disposições testamentárias em retribuição de outras correspondentes.
	Testamento Público
CC, Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público:
I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com as declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos;
II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas testemunhas, a um só tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial;
CC, Art. 1.864.
III - ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião.
Parágrafo único. O testamento público pode ser escrito manualmente ou mecanicamente, bem como ser feito pela inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro de notas, desde que rubricadas todas as páginas pelo testador, se mais de uma.
CC, Art. 1.865. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias.
CC, Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas.
CC, Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento.
	Testamento Cerrado
CC, Art. 1.868. O testamento escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele assinado, será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal, observadas as seguintes formalidades:
I - que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas;
II - que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado;
CC, Art. 1.868. 
III - que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, e o leia, em seguida, ao testador e testemunhas;
IV - que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo testador.
Parágrafo único. O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seu subscritor numere e autentique, com a sua assinatura, todas as paginas.
CC, Art. 1.869. O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da última palavra do testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovado na presença das testemunhas; passando a cerrar e coser o instrumento aprovado.
Parágrafo único. Se não houver espaço na última folha do testamento, para início da aprovação, o tabelião aporá nele o seu sinal público, mencionando a circunstância no auto.
CC, Art. 1.870. Se o tabelião tiver escrito o testamento a rogo do testador, poderá, não obstante, aprová-lo.
CC, Art. 1.871. O testamento pode ser escrito em língua nacional ou estrangeira, pelo próprio testador, ou por outrem, a seu rogo.
CC, Art. 1.872. Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não possa ler.
CC, Art. 1.873. Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contanto que o escreva todo, e o assine de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas, escreva, na face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede.
CC, Art. 1.874. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o tabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entregue.
CC, Art. 1.875. Falecido o testador, o testamento será apresentado ao juiz, que o abrirá e o fará registrar, ordenando seja cumprido, se não achar vício externo que o torne eivado de nulidade ou suspeito de falsidade.
	Testamento Particular
CC, Art. 1.876. O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo mecânico.
§ 1oSe escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinado por quem o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever.
§ 2oSe elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco, devendo ser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três testemunhas, que o subscreverão.
CC, Art. 1.877. Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento, com citação dos herdeiros legítimos.
CC, Art. 1.878. Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da disposição, ou, ao menos, sobre a sua leitura perante elas, e se reconhecerem as próprias assinaturas, assim como a do testador, o testamento será confirmado.
Parágrafo único. Se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo menos uma delas o reconhecer, o testamento poderá ser confirmado, se, a critério do juiz, houver prova suficiente de sua veracidade.
CC, Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particular de próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz.
CC, Art. 1.880. O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas a compreendam.
SLIDES 14- CODICILOS
	Conceito
- Ato de última vontade
destinado às disposições de pequeno valor.
CC, Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e assinado, fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal.
Requisitos
- Ser feito por pessoa capaz de testar.
- Ser escrito, assinado e datado pelo autor. Admite-se a forma mecânica.
- Seguir todas as formalidades de um testamento público ou cerrado se o autor escolher fazer um codicilo público ou cerrado.
CC, Art. 1.885. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo modo que o testamento cerrado.
Espécies
1) COMPLEMENTAR
- Se o autor já tiver testamento, ambos os documentos serão válidos.
2) AUTÔNOMO
- Pode existir como disposição de vontade autônoma.
Revogação
1) EXPRESSA
- Quando é revogado por outro codicilo ou por testamento.
2) TÁCITA
- Quando o testamento posterior não confirmá-lo ou modificá-lo. 
CC, Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes revogam-se por atos iguais, e consideram-se revogados, se, havendo testamento posterior, de qualquer natureza, este os não confirmar ou modificar.
Execução 
O juiz nomeará uma pessoa que se encarregará do seu cumprimento.
CC, Art. 1.883. Pelo modo estabelecido no art. 1.881, poder-se-ão nomear ou substituir testamenteiros.
SLIDES 15 – CLÁUSULAS TESTAMENTÁRIAS
Regras de Interpretação
REGRA PRINCIPAL
CC, Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador.
É permitida a utilização de prova externa.
Cláusulas Permissivas
- Nomeação pura e simples.
- Nomeação sob condição.
- Nomeação com imposição de encargos.
- Disposição motivada.
- Disposição com cláusula de inalienabilidade.
- Disposição com cláusula de impenhorabilidade.
- Disposição com cláusula de incomunicabilidade.
- Nomeação a termo nas disposições fideicomissárias.
Cláusulas Restritivas
CC, Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.
§ 1oNão é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da legítima em outros de espécie diversa.
§ 2oMediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bens gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros
CC, Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade.
Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua alienação, por conveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros.

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