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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE ODONTOLOGIA ESPECIALIZAÇÃO EM DENTÍSTICA GISELLE MACHADO MOREIRA AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À FLEXÃO DE UMA RESINA COMPOSTA INDIRETA DE SEGUNDA GERAÇÃO Belém 2009 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE ODONTOLOGIA ESPECIALIZAÇÃO EM DENTÍSTICA GISELLE MACHADO MOREIRA AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À FLEXÃO DE UMA RESINA COMPOSTA INDIRETA DE SEGUNDA GERAÇÃO Belém 2009 GISELLE MACHADO MOREIRA AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À FLEXÃO DE UMA RESINA COMPOSTA INDIRETA DE SEGUNDA GERAÇÃO. Monografia apresentada a Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará para obtenção do título de especialista em Dentística. Orientadora: Profa. Drª. Eliane Bemerguy Alves Belém 2009 GISELLE MACHADO MOREIRA AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À FLEXÃO DE UMA RESINA COMPOSTA INDIRETA DE SEGUNDA GERAÇÃO. Monografia apresentada a Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará para obtenção do título de especialista em Dentística. Orientadora: Profa. Drª. Eliane Bemerguy Alves Banca Examinadora Prof. Prof. Prof. Belém 2009 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Matriz utilizada na confecção dos corpos-de-prova..............................................21 Figura 2 – Aparelho fotopolimerizador Visio Alpha 3M ESPE................................................22 Figura 3 – Bomba de vácuo Visio Beta da 3M ESPE.............................................................23 Figura 4 – Máquina de polimerização complementar por luz+vácuo Visio Beta da 3M ESPE......................................................................................................................................23 Figuras 5 e 6 – Máquina Universal EMIC 500........................................................................24 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Valores originais e médias da tensão máxima de flexão do grupo em dentina Sinfony (3M ESPE).................................................................................................................25 Tabela 2 – Valores originais e médias de tensão máxima de flexão do grupo em esmalte Sinfony (3M ESPE)................................................................................................................26 Tabela 3 - Valores originais e médias da tensão máxima de flexão do grupo em esmalte/ dentina Sinfony (3M ESPE)...................................................................................................27 Tabela 4 – Resumo descritivo das tensões máximas nos três grupos experimentais...........28 Tabela 5 – Análise de variância um critério, com nível de significância α=5%.....................29 Tabela 6 – Resultado do teste t em pares.............................................................................30 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Análise descritiva da tensão máxima dos corpos-de-prova em dentina Sinfony (3M ESPE)..............................................................................................................................26 Gráfico 2 – Análise descritiva da tensão máxima dos corpos-de-prova em esmalte Sinfony (3M ESPE)..............................................................................................................................27 Gráfico 3 – Análise descritiva da tensão máxima dos corpos-de-prova em esmalte/dentina Sinfony (3M ESPE).................................................................................................................28 Gráfico 4 – Análise de variância - comparação entre médias................................................29 RESUMO O presente trabalho teve como objetivo avaliar in vitro a resistência à flexão da resina composta para laboratório Sinfony (3M/ESPE), comparando a formulação para esmalte, com a para dentina e associação das duas formulações(esmalte/dentina), submetida à pós- polimerização sobre luz e vácuo. Trinta corpos-de-prova foram confeccionados em uma matriz de forma retangular com dimensões de 2mm de largura, 2mm de altura e 25mm de comprimento. Os corpos de prova foram distribuídos em três grupos (n=10): G1- resina composta para esmalte; G2- resina composta para dentinae G3- porcões similares de resina composta para esmalte e para dentina.O material foi inserido na matriz em incrementos de 1mm. Cada incremento foi fotopolimerizado por 15 segundos com o aparelho fotopolimerizador Visio Alpha – 3M ESPE, com intensidade de 400mW/cm2. A pós- polimerização foi realizada na máquina de polimerização complementar por luz + vácuo Visio Beta, da 3M ESPE, com intensidade de 470mw/cm2, seguindo o programa P1 indicado pelo fabricante, que consistia em pré-polimerização de 1 minuto somente com luz, e posterior polimerização à luz + vácuo por 14 minutos. Os resultados foram submetidos à análise estatística pelo método ANOVA (análise de variância) e, em seguida, pelo Teste t em pares. Foi registrada diferença estatisticamente significante apenas entre o grupo formado por esmalte / dentina (G3) quando comparado com o grupo confeccionado com resina para esmalte.(G1). Não houve diferença estatisticamente significante entre as demais interações. O grupo G3 com 74,72MPa alcançou o maior valor de resistência a flexão seguido por G2=67,86 e G1=66,13. ABSTRACT The present work had as objective to evaluate in vitro the flexural strenght of the composed resin for Sinfony laboratory (3M/ESPE), comparing the formularization for enamel, with the one for dentine and association of the two formularizations (enamel/dentine), submitted to the one after polymerization on light and vacuum. Thirty body-of-test had been confectioned in a matrix of rectangular form with dimensions of 2mm of width, 2mm of height and 25mm of length. The test bodies had been distributed in three groups (n=10): G1- composed resin for enamel; G2- composed resin for dentine G3- similar portions of composed resin for enamel and dentine. The material was inserted in the matrix in increments of 1mm. Each increment was fotopolimerizated for 15 seconds with the fotopolimerizater device Visio Alpha - 3M ESPE, with intensity of 400mW/cm2. The after-polymerization was carried through in the machine of complementary polymerization for light + empty Visio Beta, of 3M ESPE, with intensity of 470mw/cm2, following the program P1 indicated for the manufacturer, who only consisted of daily pay-polymerization of 1 minute with light, and posterior polymerization to the light + empty per 14 minutes. The results had been submitted to the analysis statistics for method ANOVA (variance analysis) e, after that, for Test t in pairs. Dentine (G3) when compared with the group confectioned with resin for enamel was registered statistical significant difference only enters the group formed for enamel/. (G1). It did not have statistical significant difference enters the too much interactions. The G3 group with 74,72MPa reached the biggest value of flexural strenght followed for G2=67,86 and G1=66,13. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................102 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................................12 3 PROPOSIÇÃO....................................................................................................................19 4 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................................20 4.1 Material.............................................................................................................................20 4.1.1 Características do material............................................................................................20 4.2 Métodos............................................................................................................................21 4.2.1 Confecção dos corpos-de-prova...................................................................................21 4.2.2 Distribuição dos grupos experimentais..........................................................................22 4.2.3 Pós-polimerização ........................................................................................................23 4.2.4.Armazenamento dos corpos-de-prova..........................................................................24 4.2.5 Teste de resistência à flexão.........................................................................................24 4.3 Análise estatística.............................................................................................................24 5 RESULTADOS....................................................................................................................25 6 DISCUSSÃO.......................................................................................................................32 7 CONCLUSÃO......................................................................................................................35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................36 10 1 INTRODUÇÃO Uma característica na odontologia atual é a procura do paciente por restaurações estéticas ou da cor dos dentes. Cabe ao profissional informá-lo acerca dos materiais disponíveis, considerando aspectos como extensão da cavidade, profundidade, abertura vestíbulo-lingual e assim, em conjunto, optar pela melhor formar de restauração. Com o advento e evolução dos materiais adesivos e o surgimento de várias opções neste campo, muito se tem obtido no que diz respeito a esta exigência, através do uso das restaurações diretas e indiretas de resina composta. Existem no mercado atual diversas resinas laboratoriais, que apresentam partículas cerâmicas incorporadas à sua composição química, sendo chamadas de cerômeros. Os cerômeros são sistemas de polímeros com carga cerâmica, unindo as vantagens das porcelanas odontológicas e das resinas compostas em único material; possuem características próprias como alta resistência ao desgaste e módulo flexural, estabilidade de cor, possibilidade de reparo e polimento intra-bucal, bem como excelente estética. As restaurações indiretas apresentam como principal vantagem, a diminuição da infiltração marginal, controlada em função da contração de polimerização do material ocorrer fora da cavidade, fato esse que possibilita a confecção de margens satisfatoriamente seladas. A polimerização realizada em laboratório garante uma grande conversão dos monômeros podendo chegar até 80% em algumas resinas (KAKABOURA et al., 2003). Esses materiais têm apresentado grande utilização, sendo indicados para inlays, onlays, coroas totais, recobrimento de subestruturas metálicas e, quando reforçados por fibras, para pequenas próteses fixas. Estudos clínicos têm demonstrado resultados satisfatórios em médio prazo, ensejando a continuidade de sua indicação para restaurações indiretas superiores. A constante inovação da industria odontológica no que diz respeito a produção de novas formulações de resinas compostas sejam para uso direto ou 11 indireto, impulsiona a pesquisa para a permanente e necessária avaliação destes novos materiais. Entre as propriedades mecânicas utilizadas comumente nestas avaliações podemos enfatizar a importância da resistência à flexão pelo importante papel na predição do comportamento clínico dos materiais, pois nestes ensaios são geradas tensões complexas que combinam cisalhamento, compressão e tração simulando de certa forma as tensões geradas no processo mastigatório. Segundo Rocha, 2006, o teste de resistência flexural é considerado o mais sensível para detecção de alterações estruturais tênues de materiais. Clinicamente isto é importante por que as restaurações de resina composta podem ser submetidas a um estresse flexural considerável, tanto em dentes anteriores quanto em dentes posteriores. A pós-polimerização é uma condição que aumenta a resistência flexural do material e permite um melhor controle da contração de polimerização (Rocha, 2006). O aquecimento pós-polimerização das restaurações de resina composta vem sendo largamente utilizado, pois tem demonstrado o aumento do grau de conversão das duplas ligações da matriz resinosa, e também, na melhora das propriedades físicas, tais como dureza e resistência à tração diametral, resistência flexural, tenacidade à fratura e aumento de estabilidade de cor (Rocha, 2006). 12 2 REVISÃO DE LITERATURA A busca em satisfazer as exigências da sociedade contemporânea fez a Odontologia sofrer diversas transformações que consolidaram a crescente preferência por materiais estéticos. Aliado a este aspecto, o desenvolvimento tecnológico e científico na área restauradora promove a cada dia o surgimento de materiais com maior capacidade de união à estrutura dental remanescente, gerando menor necessidade de desgaste e aproximando-se das condições ideais em termos funcionais e estéticos (Soares et al., 2003). Segundo Blanck, 2000, o interesse por restaurações estéticas não é um fato recente, tendo sido relatada a introdução de inlays em cerâmica na Odontologia em 1882, antes mesmo do amálgama. Dias de Souza et. al., 2003 relata que historicamente os materiais estéticos começaram a ser desenvolvidos em 1871 com o cimento de silicato e somente em 1937 as resinas acrílicas passaram a ser estudadas dentro da Odontologia, sendo associadas a restaurações metálicas indiretas em 1945. Porém, muitas limitações eram observadas como baixa resistência ao desgaste, alto coeficiente de expansão térmico-linear, excessiva contração volumétrica durante a polimerização e estética deficiente, o que fez com que houvesse a redução da aplicação clínica desse material. O surgimento da resina composta, em 1963, e sua associação ao uso do condicionamento ácido, aumentou a possibilidade de aplicação clínica desse material, dando início a uma fase de valorização estética na Odontologia. A partir dessa época, surgiram no mercado muitas marcas comerciais de resinas compostas quimicamente ativadas e, sendo compósitos macroparticulados, algumas limitações foram observadas, dentre as quais se destacavam a instabilidade de cor e a baixa resistência ao desgaste, além de alta sensibilidade pós-operatória que ocorriam em função do tamanho das partículas de carga. Por esse motivo as resinas compostas sofreram modificação em sua composição, passando a ser ativadas por luz visível, o que melhorou suas propriedades mecânicas e estéticas (Dias de Souza et. al., 2003). 13 Com a crescente procura por materiais estéticos, a aplicação destes em restaurações posteriores tornou-se cada vez mais comum, levando a resina composta a uma fase de aprimoramento em sua composição, garantindo sua utilização com segurançaem restaurações diretas. Porém, ainda assim, devido as limitações destes materiais em função de suas características e propriedades, seu emprego era crítico em situações de grande destruição onde a exigência de reconstrução era maior (Hirata et al., 2000). Com o objetivo de diminuir as limitações do uso de compósitos em dentes posteriores, duas propostas foram lançadas como alternativas: a primeira utilizava a técnica de polimerização por incremento, que procurava reduzir a contração de polimerização, mas não melhorava as propriedades mecânicas; a segunda alternativa, proposta inicialmente por James & Yarovesky (1983), seria a realização de restaurações indiretas (Dias de Souza et al., 2003). Houve a necessidade do desenvolvimento de novos materiais, os quais tiveram suas propriedades físicas melhoradas pela incorporação de alta quantidade de carga e inclusão de monômeros multifuncionais com mais sítios de ligação, aumentaram as cadeias de polimerização com cura por calor, pressão e ambientes livres de oxigênio, apresentavam uma maior resistência (Hirata et al., 2000). Surgidas no início da década de 1980, as resinas compostas indiretas microparticuladas de primeira geração (Dentacolor [Kulzer], Isosit N [Ivoclar], Visio- Gem [ESPE]) aumentaram as possibilidades de indicação de material restaurador para dentes anteriores e posteriores. No entanto, devido a algumas desvantagens, como resistência flexural inadequada, fraturas de margens e cúspides, desgaste oclusal, instabilidade de cor e tipo de carga (microparticulada), continuou-se a busca por um material que solucionasse, ou ao menos minimizasse, essas características desfavoráveis (Gomes et al., 2001 e Silva e Souza Jr. et al., 2004) Em meados da década de 1990 foram desenvolvidas as resinas laboratoriais de segunda geração, assim classificadas por Touati et al., 1996). Além dessa classificação, na literatura podem ser encontradas diferentes denominações para esse mesmo material, como polímeros de vidro (polyglass), polividros, porcelanas de vidros poliméricos, polycerams, cristais poliméricos e cerômeros – polímeros 14 otimizados por cerâmica (originado do inglês ceromer – ceramic optimized polymer) (Gomes, 2004). Essas resinas indiretas são conhecidas por unir algumas vantagens das porcelanas e das resinas compostas sem apresentar suas limitações inerentes (Carneiro, 2006). Esses materiais têm apresentado uma utilização crescente, tendo indicação para onlays, inlays, coroas totais, recobrimento de subestrutura metálica e, quando reforçadas por fibras, para pequenas próteses fixas (Bottino et. al., 2001). Gouvêa et al., 2007 descrevem em seu trabalho os cerômeros ou resinas laboratoriais como adaptações da resina para uso direto, que tiveram aumento na quantidade de cargas inorgânicas, melhorando, assim, as características mecânicas desses materiais. Para Garcia et al., 2006, a tecnologia cerâmica e as pesquisas com polímeros levaram à incorporação de partículas de vidro e metacrilato multifuncionais nas composições das resinas, criando então as resinas indiretas de nova geração denominadas cerômeros (CERamic Optimized polyMER), que apresentam alta densidade de partículas cerâmicas inorgânicas em comparação resinosa. Segundo Conceição et al., 2000, algumas das melhorias apresentadas por esses sistemas são: incorporação de maior quantidade de partículas inorgânicas com menor tamanho, o emprego de novas matrizes orgânicas poliméricas em substituição ao tradicional BIS-GMA, o uso de diversos métodos de polimerização complementar e a adição de componentes cerâmicos. As resinas indiretas de segunda geração são resinas compostas de partículas cerâmicas, com porcentagem entre 60 a 70% em volume, com média de resistência flexural entre 120 a 160MPa e módulo de elasticidade de no mínimo 8.500MPa (Touati, 1996). O aumento na quantidade de partículas inorgânicas, assim como a diminuição do tamanho para, em média, 0,04 a 1µm (Hirata et al., 2000), além de alterações no formato e composições dessas partículas, resultou em melhoras significativas nas características mecânicas dessas resinas indiretas. Segundo Silva e Souza Jr. et. al., 2004, percebeu-se claramente a intenção de aumentar a quantidade de carga, justamente para tornar o material menos 15 resiliente (mais rígido) e mais resistente ao desgaste. Um produto que surgiu mais no final dos anos 80 foi o Herculab, da Kerr. Esse material era bem parecido com o Herculite XRV, da mesma companhia; no entanto, apresentava mais opções de cores e caracterizações, além de acessórios necessários para o trabalho em modelos, como espaçadores, isolantes etc. Este foi, na verdade, um ponto de transição dos materiais chamados de primeira geração para os de segunda geração, os quais são caracterizados por apresentarem partículas híbridas em alta densidade. A maior parte dos sistemas atuais, de segunda geração, tem até 85%, em peso, de carga, alguns deles apresentam modificação também na matriz orgânica para assegurar um grau de conversão maior, e contam com métodos de polimerização adicionais, como calor, pressão, nitrogênio etc. A diferença na forma de polimerização (polimerização adicional secundária) reflete uma cura mais completa, apresentando-se mais efetiva por atingir um maior grau de conversão dos monômeros, otimizando suas propriedades físicas e mecânicas (Hirata et. al., 2000; Dias de Souza et. al., 2003). Esses monômeros apresentam 4 a 6 sítios para ligação durante a polimerização, possibilitando assim a formação de ligações cruzadas entre as cadeias poliméricas. O produto final polimerizado consiste em uma estrutura macromolecular complexa e irreversível, como uma rede tridimensional, de densidade superficial elevada e propriedades mecânicas similares às dos dentes. Quanto mais regular e compacta a rede polimérica, maior é a força de atração intermolecular e melhores são as características mecânica do material. Isto é alcançado através da incorporação de monômeros multifuncionais, mas o grau de conversão em polímeros é de grande importância e por isso o processo de polimerização é feito, além da luz - catalisador principal da reação em todos os sistemas de resina disponíveis - por calor e pressão (Gomes et. al., 2002; Gomes et. al., 2004). Conforme Dickerson,1991, a taxa de conversão para as restaurações fotoativadas é de 55% a 65% e, quando há polimerização adicional por calor, a 125°C, o grau de conversão alcança de 80% a 85%. Qu ando se acrescenta à luz e ao calor também pressão, a conversão pode atingir 98% (Bottino et. al., 2001; Scherrer, et. al., 2003). Com o emprego de resinas indiretas de segunda geração, houve redução da contração de polimerização, aumento da resistência flexural, resistência à abrasão e 16 resistência à fratura, juntamente com um aumento da estabilidade de cor por parte do material, apresentando excelentes resultados clínicos ( Miara, 1998, Tanove, et al., 2000 e Kukrer, et al., 2004). A melhora na composição e forma de polimerização para as resinas compostas de laboratório, denominadas pelos fabricantes resinas de segunda geração ou cerômeros, também apresenta baixo custo em relação às cerâmicas, além de técnica mais simplificada e eficiente. Quando utilizadas em restaurações parciais, essas resinas resultam numa estética similar à das cerâmicas. A longevidade clínica dos materiais estéticos compostos é considerada favorável. São também considerados superiores em várias propriedades clínicas, como baixa resiliência e alta tensão flexural (ref. 12). De acordo com Touati & Aidan, 1997, as restaurações indiretas permitem a obtenção de melhores resultados clínicos em relação ao contato proximal, morfologia oclusal e boa adaptação marginal, com menor contração de polimerização dos agentes cimentantesresinosos. Segundo Ellakwa et. al., 2003, a polimerização secundária aumenta a conversão da resina composta indireta e com isso melhora sua resistência, porém, devido à conversão quase total, não resta carbono livre para uma reação de adesão química com o cimento resinoso, sendo necessário um tratamento na superfície interna da restauração com a intenção de melhorar a ligação micromecânica antes da cimentação definitiva da peça com cimento resinoso dual. A ligação química se dá através da reação dos monômeros do cimento resinoso com as duplas ligações não reagidas de polímeros presentes na superfície da inlay, que apresenta redução significante de ligações duplas livres quando é feita a polimerização adicional, o que compromete muito a adesão. Por isso é aconselhável que se faça um tratamento mecânico que promova melhor aderência (Peutzfeldt, 2001). O advento de um material que favorecesse a estética juntamente com a resistência do mesmo às forças oclusais,fez com que algumas exigências pudessem ser possibilitadas quanto a sua aplicação clínica, como a confecção de restaurações posteriores. 17 .A utilização de material restaurador na região posterior deve ser criteriosa, pois o elemento restaurado expõe-se às tensões por seu antagonista em função da carga mastigatória. Willems et. al., 2003, ao classificarem compósitos para uso posterior, concluíram que os mais indicados são aqueles formados por partículas ultrafinas compactadas, devido sua rugosidade de superfície, conteúdo de carga, dureza superficial e resistência à compressão comparável ao conjunto dentina-esmalte. Para Chávez & Hoeppner, 1998, para que uma resina indireta tenha um desempenho clínico satisfatório, é necessário uma elevada resistência flexural, acima de 120MPa. Carneiro, 2006 em sua dissertação de mestrado cita Sinhoretti et al., 2000 e diz que a resistência à flexão é também conhecida como resistência transversa, resistência transversal ou módulo de ruptura. O teste mecânico reflete a somatória de todos os tipos de tensões agindo simultaneamente sobre a amostra e tem sido escolhido para o estudo dos materiais restauradores, por mostrar-se mais eficiente na detecção de alterações mecânicas na estrutura do material por resultar em forças mais complexas do que o teste de resistência à compressão. Segundo Chitchumnong et al., 1989, a resistência à flexão é uma propriedade mecânica selecionada pela Organização Internacional de Estandardização (ISO), para classificar os materiais restauradores resinosos. Ela tem sido indicada por ser o teste mais detalhado e mais sensível às mudanças sutis em materiais do que a força de compressão ou teste de dureza. Esse teste pode ser conduzido, aplicando-se carga em três ou quatro pontos. A diferença fundamental está na localização do momento de máximo dobramento e do máximo estresse das fibras axiais do corpo- de-prova, que no caso do teste de três pontos ocorre diretamente abaixo do ponto de carga, enquanto que no teste de quatro pontos, ela é espalhada sobre a área entre os pontos de aplicação da carga. Quando uma carga compressiva é aplicada sobre o corpo-de- prova, ocorre o dobramento, acarretando em diminuição da dimensão linear no topo da superfície (tensão de compressão) e aumento na base (tensão de tração) Sinhoretti et al., 2000. Carneiro, 2006 relata que a resistência à flexão pode ser avaliada por dois tipos diferentes de ensaio de flexão: usando o teste flexural ISO 4049 (IFT) ou o 18 teste mini-flexural (MFT). A diferença entre eles está no tamanho do espécime a ser avaliado (25x2x2mm no IFT e 12x2x2mm no MFT). Estudos realizados para avaliar as propriedades dos materiais resinosos utilizam o ensaio de três pontos, que parece uma opção que segue melhor a literatura, sendo inclusive recomendado para testes de resistência à flexão de resinas indiretas (ISO 4049:2000). 19 3 PROPOSIÇÃO. O objetivo deste estudo foi avaliar in vitro a resistência à flexão de uma resina composta laboratorial quando submetida à pós- polimerização sobre luz e vácuo e comparar as seguintes apresentações: 1- resina composta para esmalte. 2- resina composta para dentina e 3- quantidades similares de resina composta para esmalte e dentina. 20 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Material 4.1.1 Características do material O material utilizado no presente trabalho foi a resina Sinfony, da 3M ESPE, que é um compósito micro-híbrido de uso indireto desenvolvido para aplicação em camadas, de consistência fluida e que é indicado para a confecção de inlay/onlay, coroa unitária pura, prótese fixa até 3 elementos com reforço de fibra de vidro, prótese sobre implante e caracterização em dentes de estoque. Segundo os fabricantes, a resina Sinfony tem como vantagens: excelente estética/translucidez; resistência à fratura; fácil acabamento e polimento; redução de 40% no acúmulo de placa; menor solubilidade; técnica de aplicação semelhante à da porcelana; polimerização final a vácuo, que resulta em maior dureza e retenção de polimento; estabilidade de cor e longevidade comprovadas, dentre outras. Este material apresenta 50% em volume de carga inorgânica e tem em sua composição principal as seguintes substâncias: UDMA, HEMA e 10-30%(octahidro-4,7- metano-1H-indenediil) bis(metileno)diacrilato), Vidro de estrôncio-alumínio borosilicato, óxido de silício, silano e fotoiniciadores. No quadro abaixo, informações da resina indireta utilizada: Material Cor/ Lote Validade Fabricante Sinfony Esmalte EA2/345515 ABR/2012 3M /ESPE Sinfony Dentina DA2/ 344331 ABR/2012 3M/ESPE 4.2 Método 4.2.1-Confecção dos corpos Para efetivação do teste, foram confeccionados 30 (trinta) corpos uma matriz de forma retangular, medindo internamente 2,0mm de largura, 2,0mm de altura e 25mm de comprimento ( Figura 1). O material foi inserido na matriz em incrementos de 1,0mm. Cada incremento foi fotopolimerizado por 15 segundos com o aparelho fotopolimerizador Visio Alp lâmina de vidro lisa e polida foi colocada na base e na parte superior da matriz, com o objetivo de comprimir o material e deixar as extremidades planas e lisas. Entre o material e a lâmina de vidro foi interposta uma matriz de poliéster, que era trocada a cada cinco corpos de prova para evitar perda de transparência que interferisse na passagem de luz. Fig. 1 – Confecção dos corpos-de-prova: Para efetivação do teste, foram confeccionados 30 (trinta) corpos retangular, medindo internamente 2,0mm de largura, 2,0mm de altura e 25mm de comprimento ( Figura 1). O material foi inserido na matriz em incrementos de 1,0mm. Cada incremento foi fotopolimerizado por 15 segundos com o aparelho fotopolimerizador Visio Alpha – 3M ESPE, que apresenta 400mW/cm lâmina de vidro lisa e polida foi colocada na base e na parte superior da matriz, com o objetivo de comprimir o material e deixar as extremidades planas e lisas. Entre o material e interposta uma matriz de poliéster, que era trocada a cada cinco corpos de prova para evitar perda de transparência que interferisse na passagem de luz. Matriz utilizada na confecção dos corpos 21 Para efetivação do teste, foram confeccionados 30 (trinta) corpos-de-prova utilizando retangular, medindo internamente 2,0mm de largura, 2,0mm de altura e 25mm de comprimento ( Figura 1). O material foi inserido na matriz em incrementos de 1,0mm. Cada incremento foi fotopolimerizado por 15 segundoscom o aparelho 3M ESPE, que apresenta 400mW/cm2 (Figura 2). Uma lâmina de vidro lisa e polida foi colocada na base e na parte superior da matriz, com o objetivo de comprimir o material e deixar as extremidades planas e lisas. Entre o material e interposta uma matriz de poliéster, que era trocada a cada cinco corpos de prova para evitar perda de transparência que interferisse na passagem de luz. Matriz utilizada na confecção dos corpos-de-prova. Fig. 2 – 4.2.2 Distribuição dos Grupos Experimentais Os 30 corpos-de-prova foram divididos em 3 grupos contendo 10 amostras em cada grupo, assim distribuídos: Grupo 1- confeccionado apenas com cerômero para esmalte Grupo 2- confeccionado apenas com cerômero para dentina Grupo 3- confeccionado com uma camada de 1,0mm de cerômero para dentina e uma camada superior de 1,0mm com cerômero para esm – Aparelho fotopolimerizador Visio Alpha 3M ESPE 4.2.2 Distribuição dos Grupos Experimentais prova foram divididos em 3 grupos contendo 10 amostras em cada confeccionado apenas com cerômero para esmalte confeccionado apenas com cerômero para dentina confeccionado com uma camada de 1,0mm de cerômero para dentina e uma camada superior de 1,0mm com cerômero para esmalte. 22 Aparelho fotopolimerizador Visio Alpha 3M ESPE prova foram divididos em 3 grupos contendo 10 amostras em cada confeccionado com uma camada de 1,0mm de cerômero para dentina e 4.2.3- Pós- Polimerização Cada corpo-de-prova foi submetido à pós polimerização complementar por luz + vácuo Visio Beta, da 3M ESPE apresenta intensidade de 470mw/cm que consistia em pré-polimerização de 1 minuto somente com luz, e posterior polimerização à luz + vácuo por 14 minutos. Fig. 3 Fig. 4 - Máquina de polimerização complementar por luz + vácuo Visio Beta, da 3M ESPE. Polimerização prova foi submetido à pós- polimerização em uma máquina de polimerização complementar por luz + vácuo Visio Beta, da 3M ESPE apresenta intensidade de 470mw/cm2, seguindo o programa P1 indicado pelo fabricante, polimerização de 1 minuto somente com luz, e posterior polimerização à luz + vácuo por 14 minutos. Fig. 3 – Bomba de vácuo Visio Beta da 3M ESPE polimerização complementar por luz + vácuo Visio Beta, da 3M 23 polimerização em uma máquina de polimerização complementar por luz + vácuo Visio Beta, da 3M ESPE (Figuras 3 e 4), que indicado pelo fabricante, polimerização de 1 minuto somente com luz, e posterior polimerização polimerização complementar por luz + vácuo Visio Beta, da 3M 4.2.4- Armazenamento dos corpos Os corpos-de-prova foram armazenados em frascos contendo água destilada em total ausência de luz em estufa biológica a 37 a realização do ensaio mecânico. 4.2.5-Teste de resistência à flexão O teste foi realizado em uma máquina universal EMIC 500 (Figuras 5 e 6). A velocidade empregada foi de 0,5mm/min, com uma célula de carga com capacidade de 50kgf. A carga e o ponto de fratura foram registrados em um programa de computador acoplado ao equipamento que forneceu os resultados e as curvas correspondentes. Figs.5 e 6 4.3 Análise estatística Os resultados foram submetidos à análise estatística pelo método ANOVA (análise de variância) e, em seguida, pelo Teste t em pares. Armazenamento dos corpos-de-prova prova foram armazenados em frascos contendo água destilada em total ausência de luz em estufa biológica a 37˚C durante 72 horas, onde p a realização do ensaio mecânico. Teste de resistência à flexão. O teste foi realizado em uma máquina universal EMIC 500 (Figuras 5 e 6). A velocidade empregada foi de 0,5mm/min, com uma célula de carga com capacidade de a e o ponto de fratura foram registrados em um programa de computador acoplado ao equipamento que forneceu os resultados e as curvas correspondentes. Figs.5 e 6 – Máquina universal EMIC 500 4.3 Análise estatística oram submetidos à análise estatística pelo método ANOVA (análise de variância) e, em seguida, pelo Teste t em pares. 24 prova foram armazenados em frascos contendo água destilada em ˚C durante 72 horas, onde permaneceram até O teste foi realizado em uma máquina universal EMIC 500 (Figuras 5 e 6). A velocidade empregada foi de 0,5mm/min, com uma célula de carga com capacidade de a e o ponto de fratura foram registrados em um programa de computador acoplado ao equipamento que forneceu os resultados e as curvas correspondentes. oram submetidos à análise estatística pelo método ANOVA (análise 25 5 RESULTADOS: Os valores originais e a média, em Mpa, do teste de flexão, estão descritos nas tabelas de 1 a 4, e mostram a força e tensão máxima sobre os corpos-de-prova no momento da fratura, bem como a análise descritiva dos três grupos, nos gráficos de 1 a 3. Tabela 1. Valores originais e médias da tensão máxima de flexão nos corpos-de-prova em dentina Sinfony (3M/ESPE) Corpo-de-prova Tensão máx. (Mpa) CP 1 54.25 CP 2 81.38 CP 3 65.88 CP 4 67.81 CP 5 75.56 CP 6 80.73 CP 7 70.4 CP 8 60.71 CP 9 62.65 CP 10 59.42 MÉDIA 67,879 Gráfico 1. Análise descritiva da tensão máxima dos corpos (3M/ESPE) Tabela 2. Valores originais e médias da tensão máxima de flexão do grupo em esmalte Sinfony (3M/ESPE) Corpo Análise descritiva da tensão máxima dos corpos-de-prova em dentina Sinfony Valores originais e médias da tensão máxima de flexão do grupo em esmalte Corpo-de-prova Tensão máx. (Mpa) CP 1 63.94 CP 2 74.27 CP 3 62.65 CP 4 71.04 CP 5 74.92 CP 6 66.52 CP 7 62 CP 8 58.77 CP 9 66.52 CP 10 60.71 MÉDIA 66.134 26 prova em dentina Sinfony Valores originais e médias da tensão máxima de flexão do grupo em esmalte Tensão máx. (Mpa) Gráfico 2. Análise descritiva da tensão máxima do grupo em esmalte Sinfony (3M/ESPE) Tabela 3. Valores originais e médias da tensão máxima de flexão do grupo em esmalte/dentina Sinfony (3M/ESPE) Corpo Análise descritiva da tensão máxima do grupo em esmalte Sinfony (3M/ESPE) Valores originais e médias da tensão máxima de flexão do grupo em esmalte/dentina Sinfony (3M/ESPE) Corpo-de-prova Tensão máx. (Mpa) CP 1 83.96 CP 2 64.58 CP 3 79.44 CP 4 67.17 CP 5 77.5 CP 6 76.21 CP 7 64.58 CP 8 72.33 CP 9 78.15 CP 10 83.31 MÉDIA 74.723 27 Análise descritiva da tensão máxima do grupo em esmalte Sinfony (3M/ESPE) Valores originais e médias da tensão máxima de flexão do grupo em Tensão máx. (Mpa) Gráfico 3. Análise descritiva da tensão máxima dos corpos Sinfony (3M/ESPE) Tabela 4– Resumo descritivo das Tensões Máximas nos três grupos experimentais Média Dentina 67,879 Esmalte 66,134 Esmalte/Dentina 74,723 As médias dos testes foram comparadas entre si e submetidas à análise de variância (ANOVA) para determinar se existia diferença estatística entre elas. Os resultados estão expostos no Gráfico 4 e Tabela 5. Análise descritiva da tensão máxima dos corpos-de-prova em esmalte/dentina Resumo descritivo das Tensões Máximas nos três grupos experimentais Desvio- Padrão Q1 Q2 Q3 Mínimo 9,145 61,195 66,845 74,270 54,25 5,632 62,162 65,230 69,910 58,77 7,238 6,846 76,855 79,117 64,58 As médias dos testes foram comparadas entre si e submetidas à análise de variância (ANOVA) para determinar se existia diferença estatísticaentre elas. Os resultados estão Gráfico 4 e Tabela 5. 28 prova em esmalte/dentina Resumo descritivo das Tensões Máximas nos três grupos experimentais Mínimo Máximo Amplitude 54,25 81,38 27,125 58,77 74,92 16,15 64,58 83,96 19,38 As médias dos testes foram comparadas entre si e submetidas à análise de variância (ANOVA) para determinar se existia diferença estatística entre elas. Os resultados estão Gráfico 4. Análise de variância Tabela 5. Análise de Variância FONTES DE VARIAÇÃO Tratamentos De acordo com essa análise, ao nível de significância de 5% e associado a 2 (tratamentos) e 27 (erro) graus de liberdade encontra 3.69, rejeita-se ao nível de significância de 5%, a hipótese de que as médias das tensões máximas são iguais (os materiais não têm em média a mesma tensão máxima). Como 0,016 <0,05, rejeita-se a hipótese nula Análise de variância - comparação entre médias. Análise de Variância um critério, com nivel de significância α=5%. FONTES DE VARIAÇÃO GL SQ QM 2 412.2 206.1 3.69 De acordo com essa análise, ao nível de significância de 5% e associado a 2 (tratamentos) e 27 (erro) graus de liberdade encontra-se o valor Fcrit. se ao nível de significância de 5%, a hipótese de que as médias das tensões máximas são iguais (os materiais não têm em média a mesma tensão máxima). Como se a hipótese nula. 29 α=5%. F p 3.69 0.038 De acordo com essa análise, ao nível de significância de 5% e associado a 2 . = 3.35. Como Fcalc. = se ao nível de significância de 5%, a hipótese de que as médias das tensões máximas são iguais (os materiais não têm em média a mesma tensão máxima). Como o p= 30 De acordo com a análise estatística pelo Teste t, obteve-se os seguintes resultados: Dentina X Esmalte. O t calculado igual a 0,5138, com p > 0,05, ou seja, a diferença observada não é estatisticamente significativa, aceitando a hipótese de nulidade. Deduz-se que não houve alteração nas tensões máximas quando comparado dentina com o esmalte. A análise de variância constatou que houve diferença entre as amostras, portanto foi necessário realizar o Test t, para comparar as amostras entre si, em pares, para detectar qual a amostra que apresentou menor resistência à compressão. Os resultados do teste estão descritos na tabela 6. Tabela 6. Resultado do Teste t em pares Pares Diferença Desvio-Padrão Intervalo de Confiança de 95% t Graus de Líber dade P_Valor (Bilateral) Inferior Superior Dentina X Esmalte 1,745 7,595 -5,3911 8,8811 0,5138 18 0,6137 Dentina X Esmalte/Dentina -6,844 8,247 -14,593 0,9052 -1,8556 18 0,0799 Esmalte X Esmalte/Dentina -8,589 6,485 -14,682 -2,4959 -2,9616 18 0,0083 31 Dentina X Esmalte/Dentina O t calculado é igual a -1,8556, com p > 0,05, ou seja, a diferença observada não é estatisticamente significativa, aceitando-se a hipótese de nulidade e rejeitando-se a alternativa. Deduz-se que não houve alteração nas tensões máximas quando comparado dentina com a mistura esmalte/dentina. Esmalte X Esmalte/Dentina O t calculado é igual a -2,9616, com p < 0,05, ou seja, a diferença observada é estatisticamente significativa, rejeitando-se a hipótese de nulidade e aceitando-se a alternativa. Como o valor de t é negativo, deduz-se que a tensão máxima com Esmalte é bem inferior àquela obtida com a mistura Esmalte/Dentina. 32 6 DISCUSSÃO O teste realizado no presente trabalho procurou avaliar a resistência à flexão da resina composta indireta (cerômero) Sinfony (3M-ESPE). O teste mecânico reflete a somatória de todos os tipos de tensões agindo simultaneamente sobre a amostra e tem sido escolhido para o estudo dos materiais restauradores, por mostrar-se mais eficiente na detecção de alterações mecânicas na estrutura do material por resultar em forças mais complexas do que o teste de resistência à compressão. Porém, vale ressaltar que o controle das variáveis envolvidas no processo de pesquisa é diferente da prática clínica, o que pode diferir no resultado clínico final. Heckert et al. (2008), descrevem o material SINFONY, da 3M ESPE,, como uma resina composta indireta que contém dois tipos de carga: macro partícula (vidro de estrôncio-alumínio-borosilicato com partículas de diâmetro médio de 0,5-0,7 µm; 40% em peso) e micropartícula (sílica pirogênica; 5% em peso). O sistema apresenta uma mistura de monômeros alifáticos e cicloafiláticos, que permitem o alcance de excelentes propriedades, tais como resistência à flexão e ao desgaste; enquanto que, simultaneamente, retém uma tenacidade satisfatória e, portanto, uma alta resistência ao impacto. O teste de resistência à flexão obedece aos parâmetros previstos pela ISO 4049 e estabelece a confecção de corpos-de-prova em forma retangular com dimensões de 25x2x2mm, as quais, segundo Carneiro, 2006, excedem o diâmetro da janela de saída de luz das unidades de fotopolimerização convencionais. Segundo alguns autores, a compensação é feita pela superposição de aplicação de luz, variando a posição e conseguintemente, alcançando toda a dimensão do corpo- 33 de-prova. Porém, Palin et al., 2005, relataram estudos que questionaram esse procedimento por resultar em um aumento de densidade de energia de luz na região em que foi aplicada, finalizando em uma polimerização não homogênea. A armazenagem dos corpos-de-prova em frascos contendo água destilada em total ausência de luz, em estufa biológica a 37˚C, durante 72 horas, é vital na análise da resistência final do material, já que a fadiga nas restaurações é influenciada pelo ataque corrosivo de água à temperatura de 37°C e por forças mastigatórias cíclicas (Lohbauer et al., 2003). Lohbauer et al., 2003, ao realizar uma análise fractográfica da propagação da fratura na resina composta, após a realização de teste de flexão, utilizando microscopia eletrônica de varredura, observou que a mesma ocorreu principalmente na adesão das partículas inorgânicas e matriz resinosa. Resultado achado também por Hummel et al., em 2005. Carneiro, 2006, em sua tese de mestrado cita Göhring et al., 2005 e diz que ao avaliarem a ação da variação de temperatura em corpos-de-prova de resina composta indireta durante a termociclagem, observaram que este teste pode causar mais que alterações superficiais e ressaltaram que o fato da estocagem em água, com ou sem termociclagem, causou diminuição da resistência flexural das resinas indiretas testadas, independentemente do conteúdo de carga ou da composição da matriz resinosa. O desenvolvimento de estresse advindo da contração de polimerização pode causar maior deflexão na superfície não aderida e conseqüentemente levar à fraturas e falhas no interior do material, o que na verdade é parcialmente correto, 34 visto que a contração de polimerização não se totaliza imediatamente após a ativação da luz, apenas 70 a 80%. Esses valores podem passar para aproximadamente 93%, após 5 minutos da polimerização, assim como a obtenção de adequadas propriedades mecânicas do material (Carneiro, 2006). Souza et al. (2005) constataram em seu trabalho que as resinas compostas de composição microparticulada são mais frágeis e propensas às fraturas que as de composição micro-híbrida. A resina Sinfony (3M ESPE) é de composição micro- híbrida, com tamanho e quantidade de partículas maiores, o que melhora a resistência ao desgaste do compósito e diminui a contração de polimerização. Segundo Rocha, 2006, em sua dissertação de mestrado, todas as resinas compostas testadas testadas quantoa sua resistência flexural, obtiveram valores mais elevados quando submetidas ao aquecimento pós-polimerização. Eliades, Vougiouklakis e Caputo, 1987, observaram que por meio do aquecimento pós-polimerização, a alta temperatura permite maior mobilidade monomérica, diminuindo a viscosidade do material. Rocha, 2006, em sua dissertação de mestrado cita Bagis e Rueggeberg,2000 que relataram que o aquecimento pós-polimerização permite uma diminuição dos monômeros que seriam lixiviados pela saliva, existindo a possibilidade destes monômeros fazerem ligação covalente à rede polimérica já estabelecida, levando a um aumento da mesma. 35 7. CONCLUSÃO De acordo com a metodologia empregada neste estudo e com base na análise estatística dos resultados, pôde-se concluir que: 1- A resistência à flexão da formulação dentina não mostrou alteração nas tensões máximas quando comparado com o esmalte, 2- Não houve alteração nas tensões máximas quando comparado dentina com a mistura esmalte/dentina. 3- A comparação entre a formulação de esmalte com a mistura esmalte/dentina mostrou diferença de resistência flexural estatisticamente significante sendo que a tensão máxima do material específico para esmalte foi bem inferior àquela obtida com a mistura esmalte/dentina. 4- A composição esmalte/dentina apresentou resistência flexural numericamente superior a de dentina seguida pelo formulação para esmalte. 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1-BAGIS, Y.H.; RUEGGEBERG, F.A. The effect of post-cure heating on residual, unreacted monomer in a commercial resin composite. Dent Mater 2000; 16: 244-7. 2-BLANK, J.T. 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