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Departamento de Ciências Econômicas Teoria de Relações Internacionais - Prof(a): Fernanda Cimini 1º semestre de 2018 Alunos: Gabriel Pedro Moreira Damasceno Sabrina Ely Araújo Costa Thiago Lukashevich Meira FICHA DE LEITURA Texto WALTZ, Kenneth. Teoria das Relações Internacionais. Lisboa, Gradiva. p. 113-178. Pressupostos teóricos O capítulo inicia com o Waltz fazendo remissão aos capítulos anteriores, onde o mesmo demonstra que há dois métodos para se analisar as relações internacionais. O primeiro deles seria através de um método reducionista, nessa abordagem, o analista irá buscar desvendar o individual, o nacional. Adversamente há o método sistêmico, uma análise sistêmica envolve a análise de um todo. Waltz opta pela abordagem sistêmica, uma vez que, para ele, uma abordagem reducionista, onde uma parte revela um todo não é possível, em virtude das particularidades das relações de cada Estado. Assim, Waltz ainda acrescenta que as Relações Internacionais como ciência deve ser analisada separadamente, não se confundindo com outras ciências sociais ou econômicas, apesar da existência de interdisciplinaridade constante. Um sistema é composto por uma estrutura e por unidades em interação. Waltz propõe uma teoria realista estrutural, assim, o mesmo acredita que para se analisar as relações internacionais deve-se ignorar inicialmente a interação entre das unidades, focando na estrutura, que para ele, é a disposição destas unidades. Objetivos Refletir sobre as teorias que seguem o modelo sistêmico e indicar que as Relações Internacionais são um campo teórico próprio, bem como definir os paradigmas de sua teoria denominada Realismo Estrutural. A sua teoria procura descrever os fundamentos políticos relativos à estruturação da ordem internacional. Pergunta de pesquisa Waltz busca compreender as práticas através das quais os Estados interagem no sistema internacional. Conceitos Sistema: Composto por uma estrutura e por unidades em interação. Estrutura: A forma como as instituições políticas estão dispostas. Unidades: As instituições políticas que compõem um sistema. Estados: unidades semelhantes cujas interações formam a estrutura dos sistemas das relações internacionais. Departamento de Ciências Econômicas Teoria de Relações Internacionais - Prof(a): Fernanda Cimini 1º semestre de 2018 Alunos: Gabriel Pedro Moreira Damasceno Sabrina Ely Araújo Costa Thiago Lukashevich Meira Anarquia: Sistema de relação entre unidades onde elas estão dispostas horizontalmente, sem a presença de um governo central. Interdependência: um domínio organizado com relações de autoridade específicas estabelecidas. Suas unidades são livres para se especializarem, perseguindo individualmente seus objetivos, sem se preocuparem em desenvolver os meios de manutenção de sua identidade e preservação de segurança perante outros. Na interdependência as instituições dependem muito umas das outras devido às diferentes tarefas que desempenham e aos diferentes bens que produzem e trocam. Integração: A integração aproxima as partes de uma nação. Auto-ajuda: Em um sistema de auto-ajuda, cada unidade se esforça para arranjar meios de se proteger das outras unidades. A preocupação condiciona o comportamento das unidades. Em vez de mais bem-estar, a sua recompensa está na manutenção de sua autonomia. Tirania das pequenas decisões: O agregado de pequenas atitudes, tomadas visando o melhor individual de cada unidade em um sistema anárquico, geram efeitos negativos para todo o sistema. Uma solução para um efeito estrutural forte é uma mudança estrutural. Balança de poder: é uma teoria sobre os resultados produzidos pelas ações descoordenadas dos estados. A teoria faz assunções sobre os interesses e os motivos dos estados, em vez de os explicar. O que explica são os constrangimentos que confinam todos os estados. Desta forma, quanto maior é a participação do Estado na distribuição das capacidades no sistema internacional menores serão as possibilidades de ele ser constrangido. Argumento central É possível definir a área do conhecimento de relações internacionais como domínio do saber independente, com uma forma de abordagem própria que não é refém da economia ou da sociologia. O autor do texto prioriza a abordagem do Realismo Estrutural, definindo as qualidades de estrutura e como os Estados atuam quando submetidos à anarquia característica do sistema internacional. A balança de poder, como mecanismo atuante em um sistema anárquico, é capaz de gerar resultados positivos para todas os participantes desse sistema, apesar de ela se desenhar em torno das unidades maiores e mais capazes. A balança de poder teria um poder preditivo adequado para uma teoria que busca explicar o sistema internacional. Crítica à Como somente parte de um livro, o texto faz referências à capítulos anteriores em que o autor critica outras abordagens do sistema internacional. Departamento de Ciências Econômicas Teoria de Relações Internacionais - Prof(a): Fernanda Cimini 1º semestre de 2018 Alunos: Gabriel Pedro Moreira Damasceno Sabrina Ely Araújo Costa Thiago Lukashevich Meira Contudo, há críticas àqueles que buscam na teoria desenvolvida explicações de casos específicos que a teoria não tinha como objetivo explicar. Waltz também questiona os indivíduos que não avaliam o Realismo Estrutural pela sua utilidade, e sim se sua assunção teórica é factual. Contribuição O autor busca explicar de forma ampla e genérica como as relações internacionais se estruturam e, por meio do modelo desenvolvido, o Realismo Estrutural, prever como as unidades do sistema internacional (os Estados) podem agir de acordo com a estrutura em que eles se encontram. Análise empírica É importante notar que o autor busca fundamentar uma teoria, portanto não buscar analisar casos específicos, uma vez que a teoria deve ser capaz de explicar de forma suficientemente genérica todos os casos empíricos. O enfoque para testes da teoria é apresentado em capítulos mais adiante no livro. No entando, Waltz se utiliza várias vezes de exemplos originários da economia para argumentar que as ações individuais não são suficientes para explicar o conjunto, e que uma estrutura emerge do coletivo de indivíduos. Isso se dá na argumentação sobre a tirania das pequenas decisões, quando é usado o exemplo de condutores de carros individuais, buscando o melhor na sua decisão, acabam por gerar um efeito negativo para todos. Limitações Waltz busca apresentar uma teoria que está focada na interação e na relação dos Estados, tidos pelo autor como as principais unidades do sistema internacional. Esta abordagem limita a compreensão de outros atores do sistema internacional, tais como multinacionais, organizações internacionais e organizações internacionais não governamentais, além do papel do próprio indivíduo. Desenvolvimento de argumentos “Relação é usada para significar simultaneamente a interacção das unidades e as posições que elas ocupam uma face a outra” S. F. Nadel (1957, pp. 8-11). P. 114. “Quando descrevemos estrutura, estamos no domínio da gramática e da sintaxe, não da fala. Nós discernimos estrutura na ‘realidade concreta’ dos eventos sociais apenas pela virtude de termos primeiro estabelecido estrutura por abstracção da ‘realidade concreta” (Fortes, 1949, p. 56) – p. 115 “Um partido tem de ser dirigido, e aquele que melhor o dirigir, será provavelmente o seu melhor líder. A tarefa subordinada de legislar e de governar poder muito bem cairnas mãos de praticantes menos astutos.” (1880, III, p. 169; cf. I, p. 216) p.121. “Para Descobrirmos diferenças qualitativas entre os assuntos internos e externos temos de procurar um critério que não seja a ocorrência da violência. Departamento de Ciências Econômicas Teoria de Relações Internacionais - Prof(a): Fernanda Cimini 1º semestre de 2018 Alunos: Gabriel Pedro Moreira Damasceno Sabrina Ely Araújo Costa Thiago Lukashevich Meira A distinção entre os domínios da política nacional e internacional não se encontra no uso ou não uso da força, mas nas suas diferentes estruturas. (...) A diferença entre a política nacional e internacional reside não no uso da força, mas nos diferentes modos de organização para fazer alguma coisa em relação a esse uso. (...) Um sistema político interno não é um sistema de auto-ajuda. O sistema internacional é”. “Como pode ser construída uma teoria das relações internacionais? (...) primeiro, temos de imaginar as relações internacionais como um domínio específico; segundo, temos de descobrir algumas regularidades tipo-lei dentro dela; e terceiro, temos de desenvolver uma forma de explicar as regularidades observadas. (...) [A]s estruturas políticas são responsáveis por alguns aspectos recorrentes do comportamento dos estados para certos padrões repetidos e duradouros. Onde quer que os agentes e as agências se juntem pela força e pela competição e não pela autoridade e pela lei, esperamos encontrar tais comportamentos como resultados (...)” (WALTZ, p. 162-163). “(...) A teoria da balança de poder é uma teoria sobre os resultados produzidos pelas ações descoordenadas dos estados. A Teoria faz assunções sobre os interesses e os motivos dos estados, em vez de explicar. O que implica são os constrangimentos que confinam todos os estados. A percepção clara dos constrangimentos fornece muitas pistas para as reações esperadas dos estados, mas por si mesmo a teoria não pode explicar essas ações. Dependem não só dos constrangimentos internacionais mas também das características dos estados. (...) A teoria explica por que motivo uma certa similaridade de comportamento é esperada de estados similarmente situados. O comportamento esperado é similar mas não idêntico (...)” (WALTZ, p. 170).