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Resenha: WALTZ, Kenneth. Theory of International Politics. Cap. 5-6 [1979]

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Resenha: WALTZ, Kenneth. Theory of International Politics. Cap. 5-6, 1979
Por Raissa Januzzi Pessotti
No capítulo 5, em oposição a teorias reducionistas, Waltz propõe uma análise
teórica estrutural das relações político-internacionais, distinguindo entre variáveis
sistêmicas e a nível das unidades, e sua relação de influência. Para tanto, ele
primeiro explora o conceito de estrutura, sua definição e por fim, como ela afeta as
unidades.
Inicialmente, Waltz faz uma diferenciação tipológica optando pela utilização
do termo política internacional em detrimento a relações internacionais, pois
desconsidera o nível de análise das unidades. Para ele, um sistema é composto por
uma estrutura com unidades em interação, sendo a disposição dessas unidades a
principal propriedade do mesmo.
A primeira premissa proposta é a distinção entre variáveis no nível das
unidades e sistêmicas, abstraindo a primeira da relação com as demais unidades e
de seus atributos como ideologias, questões sociais e econômicas, e suas relações
(interações culturais, políticas e militares). Sendo considerada apenas, sua posição
estrutural, ou seja, a posição que ocupam frente às outras unidades.
O segundo ponto abordado são proposições sobre a estrutura, entendida
como uma abstração, cujo princípio ordenador é a anarquia ou a hierarquia, que por
sua vez, designa os diferentes arranjos das unidades justapostas. A estrutura
também é mais durável enquanto os comportamentos e interações variam. Portanto
as teorias desenvolvidas com noções estruturais para um campo (neste caso, o
político internacional), possuem aplicabilidade a outros (como a política doméstica),
com algumas modificações e desde que haja similaridade entre a disposição das
partes integrantes.
A terceira proposição é com relação à justaposição das unidades, cujo
resultado da interação dependerá da forma que são combinadas. O chamado efeito
estrutural é a influência ou constrangimento da estrutura sobre o comportamento
das unidades, que na sequência afetam o comportamento de outras unidades,
resultando na perpetuação de uma tipologia comportamental. Quando há alteração
na capacidade relativa das unidades, que por natureza exercem as mesmas funções,
que em última instância busca sobrevivência, há alteração na relação dentro do
sistema.
Por último, o autor reitera um princípio Realista, de que o Sistema
Internacional é de auto-ajuda, com a ausência de um a autoridade central, a
hierarquia é estabelecida pela relação entre as unidades. Nessa lógica, formam-se
pólos assimétricos de poder, que implica no alinhamento de unidades fortemente
inferiores para diminuir sua vulnerabilidade.
O autor então diferencia e caracteriza a nível sistêmico as unidades. O
princípio ordenador do sistema internacional é a anarquia, entendida como ausência
de poder central e a cuja noção de autoridade é expressa pelas capacidades das
unidades; as unidades egoístas podem cooperar limitadamente para responder à
noção de auto-ajuda; o sistema se mantém determinando padrões de
comportamento por meio de recompensas e punições; e a composição das
unidades do sistema é diferenciada entre big players e small players.
Já sobre as especificações das funções das unidades no sistema, elas são
semelhantes nas tarefas que enfrentam (basicamente a sobrevivência) e distintas
nas capacidades (os meios que podem empreender para isso); os principais atores
são os Estados soberanos; e só há mudanças no sistema quando há mudança na
distribuição das capacidades das unidades ou alteração no princípio organizador.
Por último, com relação às capacidades, Waltz, afirma que é um atributo sistêmico e
portanto os sistemas se distinguem de acordo com o número de grandes potências
e faz diferenciação entre uma aliança e um pólo de poder.
No capítulo 6, Waltz explora as características da anarquia e as expectativas
decorrentes e para isso compara os comportamentos e resultados dos domínios
anárquicos e hierárquicos.
Com relação à ocorrência de violência, o autor afirma que o contato gera
conflito e pode levar à violência, seja dentro dos Estados ou entre os Estados.
Embora o princípio ordenador da anarquia seja associado com a ocorrência de
guerra, o autor observa que a existência de governo central ou regulador não garante
a paz ou ausência de conflito. A estrutura interna dos Estados é hierarquizada e
1
mesmo assim observa-se a incidência de agressão para manutenção e ruptura do
poder ou exercer justiça.
Portanto, a situação de violência não pode constituir uma variável para
distinguir o internacional do nacional, mas sim a diferença entre as estruturas, ou
seja, o modo de resposta à possibilidade de uso da força. No âmbito interno, os
governos possuem monopólio legítimo do uso da força, utilizam recursos públicos
para inibir o uso particular da força, para que os cidadãos não precisem fazê-lo, logo,
o sistema político interno não é um sistema de auto-ajuda, diferentemente do
sistema internacional.
Já sobre as relações interdependência, Waltz faz duas distinções sobre o
significado político, correspondentes à lógica de que: se há organização formal, as
unidades tendem a se especializarem de acordo com seus próprios interesses, sem
necessidade de preocupação de sobrevivência, gerando um custo alto da quebra de
interdependência, sendo especialização o imperativo interno; e se há ausência de
organização formal o interesse internacional sobrepõem-se à ao nacional devido a
preocupação de manutenção da sobrevivência e portanto a dependência de
recursos externos é tida como ameaça à subsistência, não havendo tendência à
especialização.
Segundo o autor, a distinção entre o espaço nacional e internacional, repousa
nas diferentes estruturas de cada âmbito e em como as unidades definem seus
objetivos e meios para alcançá-los. No domínio anárquico: há cooperação entre
unidades semelhantes, que são funcionalmente similares, e no caso dos Estados,
diferem em capacidades que procuram manter certa independência; enquanto em
ambientes hierarquizados, as diferentes unidades interagem, sendo funcionalmente
distintas e tendem à especialização tornando-se estreitamente interdependentes.
Logo, o autor afirma que a estrutura limita a cooperação internacional, em
dois principais aspectos. No primeiro a preocupação com a sobrevivência
condiciona o comportamento em que prepondera o medo da força relativa em
detrimento ao ganho com a vantagem absoluta. Em sistema de auto-ajuda, a
condição de insegurança e de incerteza sobre as intenções dos outros, leva o temor
sobre a distribuição desigual dos produtos da cooperação e forma como ele pode
ser instrumentalizado como ameaça.
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No segundo, o receio de tornar-se dependente de outros pela atuação
cooperativa. Waltz admite que uma divisão do trabalho muito especializada entre os
Estados seria extremamente benéfica para todos. Entretanto, a ausência de
ambiente formalmente organizado, qualquer mudança na conjuntura pode levar
prejuízo à sobrevivência do Estado em situação de dependência. Portanto, estes
agindo em resposta aos constrangimentos da estrutura, empreendem esforços
imperialistas e busca por autonomia e auto-suficiência.
Sobre as estruturas e estratégias, o autor pontua a distância entre a
motivação e o resultado, porque a estrutura produz efeitos significativos nesse
processo e demanda ajustes de estratégias. Ou seja, se a estrutura encoraja
comportamentos e penaliza outros, agir em prol de interesses próprios pode
produzir feitos coletivamente indesejados, porém agir autonomamente, pode trazer
prejuízo próprio e não altera a estrutura.
“Desde que deixemos a estrutura intocada não é possível que as mudanças
nas intenções e nas ações dos atores particulares produzam resultados desejáveis
ou evitem resultados indesejáveis” (p. 152). Diante disso, a mudança nas estruturas
configuram a única forma de remediar os efeitos estruturais. Mudanças de
ideologia, consciência, propósito não mudariama qualidade de vida internacional,
porque problemas globais não podem ser resolvidos pela lógica nacional.
Waltz também elenca qualidades da anarquia em detrimento à uma ordem
hierárquica, esta por sua vez têm custos de manutenção, implica na redução da
liberdade das unidades e aplicada no SI e para ser efetiva precisaria acumular muito
poder e ser capaz de proteger todas as unidades. Porém, quanto mais poder
acumula, torna-se objeto mais cobiçado de luta política por controle das unidades.
Enquanto na anarquia, com a utilização da força sempre possível e de forma livre
pelas unidades, fornece uma moderação das condições de concertação política
mínima para preservação das unidades e o uso privado da força não ameaça o SI.
Ainda sobre os princípios ordenadores de anarquia e hierarquia, o autor os
entende como opostos de um contínuo, que na prática não são absolutos, pois é
observável elementos de um tipo de domínio em outro apesar de limitados pelo tipo
de ordenador estrutural. No caso do SI, estão presentes elementos de hierarquia,
condicionados pela anarquia, que na prática limitam as possibilidades de
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cooperação. No entanto, em termos analíticos Waltz propõe a utilização de apenas
esses dois princípios em função da clareza e economia de conceitos, e estes vêm
sendo suficientes para explicar aspectos comportamentais sociais e políticos.
Waltz defende a potencialidade da teoria da balança de poder de explicar o SI,
respondendo às principais críticas sobre a teoria. Partindo da admissão de que as
relações internacionais são um campo específico; cujas regularidades sobre a
influência da estrutura na comportamento recorrente dos Estados foi identificada e
que pode ser explicada pela Realpolitik. No qual a teoria da balança surge como
produto explicativo de todos esses componentes, cumprindo sua função teórica
pois contém uma assunção não factual e possui utilidade e não sendo orientada a
explicar particularidades.
Para o autor, as críticas à teoria de balança de poder partem de suposições
errôneas, dentre elas, de que elementos internos possuem mérito explicativo sobre a
balança; da correspondência entre motivo e resultado e inferir uma regra a partir
disso como condição para manutenção do sistema. “A teoria da balança de poder é
uma teoria sobre os resultados produzidos pelas ações descoordenadas dos
estados” (p. 170), conjecturando sobre interesses e motivações dos estados sem
prover explicações. Portanto não deve ser confundida com teorias de política
externa ou para explicar políticas particulares dos Estados.
Por fim, quanto a veracidade da teoria da balança de poder, o autor defende
que pode ser testada de diversas formas, mas como uma teoria estrutural ela nos
leva “a esperar que os estados se comportem de formas que resultem na formação
de balanças” (p. 174), por mais que os elementos internos não levem ao
comportamento particular que priorize o equilíbrio do sistema, ou que os Estados
tenham por motivação a balança, a socialização no sistema (a estrutura) leva ao
resultado esperado de balança de poder, porque o poder é um meio e não um fim, o
objetivo último do Estado é sua segurança.
É notável o esforço de Waltz em esclarecer as limitações dos principais
aspectos da teoria neorrealista e reiterar seu potencial explicativo, mas como ele
mesmo afirma a teoria de balança de poder trata-se de uma teoria generalista, são
muitas abstrações necessárias para sustentá-la na lógica de causa e efeito.
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Portanto limita-se a explicar situações bastante específicas das relações dos
Estados no Sistema Internacional.
Apesar da inegável importância das contribuições teóricas de Waltz para o
campo das Relações Internacionais, ainda trata-se de uma teoria formulada por um
homem branco, em situação de privilégios e inserido em determinado período
histórico, então não contempla diversas particularidades como a pluralidade de
atores relevantes, a questão das capacidades resumidas em poder militar, ou a
própria lógica da sobrevivência como fim último, passa a ser sobrepujada por outras
lógicas.
Assim como as contribuições de Waltz podem ser entendidas como
refinamentos adaptativos de pressupostos de teorias Realistas Clássicas a novas
conjunturas, o autor fornece ferramentas que são importantes per si, mas que
também serão mais refinadas posteriormente com realismos ofensivos e
defensivos, por exemplo. Como toda teoria, a balança de poder, pode ser
questionável, refutável, assim como as assunções primárias de que parte o autor.
Mas o ponto fundamental consiste na compreensão da teoria como uma das várias
lentes de observação das relações internacionais.
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