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Universidade Estácio de Sá – Campus Resende
Disciplina: Direito Civil V (Direito de Família)
Prof.: Ciro Ferreira dos Santos
Aula 08 – REGIME DE BENS
1.    Conceituar os regimes de bens previstos no Código Civil.
 
2.    Compreender o alcance e os efeitos dos regimes de bens.
REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS (Regime Legal)
Até 25 de dezembro de 1977 o regime supletivo legal era a comunhão universal de bens, por motivos de ordem moral (se o casamento implica comunhão de vida, deve resultar dele a completa comunhão de patrimônio) e histórica (Ordenações do Reino), sistema que refletia a hierarquia existente na sociedade conjugal. 
 
Com o advento da Lei do Divórcio (26/12/77, Lei n. 6.515) o regime supletivo passou a ser a comunhão parcial, sistema mantido pelo art. 1.640, CC, por se considerar o mais adequado às modernas relações familiares e à nova percepção de igualdade entre os consortes, uma vez que não anula a individualidade e autonomia das pessoas casadas com relação ao seu patrimônio.
 
É regime que se caracteriza por criar três massas de bens: 
a) a massa particular da mulher; 
b) a massa particular do homem;
c) a massa comum. 
Portanto, estabelece: separação quanto aos bens presentes e comunicação (em regra) quanto aos futuros. Na definição de Silvio Rodrigues (2009, p. 178) “é aquele regime em que basicamente se excluem da comunhão os bens que os cônjuges possuem ao casar ou que venham a adquirir por causa anterior e alheia ao casamento, como as doações e sucessões; e em que entram na comunhão os bens adquiridos posteriormente, em regra, a título oneroso”.
Conceito 
É aquele que exclui da comunhão os bens que os consortes possuem ao casar ou venham a adquirir por causa anterior e alheia ao casamento, e que inclui na comunhão os bens adquiridos posteriormente).
Bens Incomunicáveis
Constituem o patrimônio pessoal da mulher ou do marido (art. 1.659 e 1.661 CC)
Os que cada cônjuge possuir ao casar e os que lhe sobrevierem na constância do casamento, por doação ou sucessão e os sub-rogados em seu lugar.
O adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges, em sub-rogação dos bens particulares.
As obrigações anteriores ao casamento.
As obrigações provenientes de ilícitos, salvo reversão em proveito do casal.
Os bens de uso pessoal, os livros e os instrumentos de profissão.
Os proventos do trabalho.
As pensões, meio-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Bens Comunicáveis 
Integram o patrimônio comum do casal (art. 1.660 CC)
Os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso.
Os adquiridos por fato eventual (jogo, aposta, rifa, etc)
Os adquiridos por doação, herança ou legado, em nome de ambos os cônjuges.
As benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge
Os rendimentos de exploração dos direitos patrimoniais
Os frutos dos bens comuns ou dos particulares de cada cônjuge percebidos na constância do casamento
Responsabilidade pelos débitos
Arts. 1.659, III, 1.663, § 1º, 1.666 e 1.664 CC)
Deve-se verificar antes verificar o regime de bens. Cada consorte responde pelas dívidas contraídas antes do casamento, à princípio.
Administração dos bens
Compete ao casal gerir os bens comuns e a cada consorte administrar os próprios bens, mas nada impede que se convencione em pacto antenupcial que ao marido caiba a administração dos bens particulares da mulher (art. 1.663, §§ 2º e 3º e 1.665 CC)
Regime da Comunhão Parcial – Dissolução do regime
Morte de um dos cônjuges
Separação Judicial
Divórcio
Nulidade ou anulação do casamento
REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS
O regime de comunhão universal de bens tem origem germânica e no vigente ordenamento brasileiro deve ser escolhido por pacto antenupcial. Por muito tempo, foi tido como o único regime que se coadunava com a comunhão plena de vida porque importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros e suas dívidas (art. 1.667, CC) constituindo uma só massa
Conceito
É aquele em que todos os bens dos cônjuges, presentes ou futuros, adquiridos antes ou depois do casamento, tornam-se comuns, constituindo uma só massa, tendo cada cônjuge o direito à metade ideal do patrimônio comum, havendo comunicação do ativo e do passivo, instaurando-se uma verdadeira sociedade.
Princípios do Regime da Comunhão Universal
a) Tudo que entra para o acervo de bens do casal fica subordinado à lei da comunhão
b) Torna-se comum tudo o que cada consorte adquire
c) Os cônjuges são meeiros
Bens Incomunicáveis
Art. 1.668, 1.848 e 1.669 CC, art. 39 da Lei 9.610/98, art. 1.046 CPC
Os bens doados ou herdados com cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar.
Os bens gravados de fideicomisso (*) e direito do herdeiro fideicomissário, antes da condição suspensiva.
As dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos e reverterem em benefício comum.
As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com cláusula de incomunicabilidade.
Os bens de uso pessoal, os livros e os instrumentos da profissão.
Os proventos do trabalho.
As pensões, meio-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Os bens de herança necessária a que impuser cláusula de incomunicabilidade.
Os direitos patrimoniais do autor. (São direitos advindos da criação de obras intelectual, sejam literárias, artísticas ou científicas)
 
( * ) Fideicomisso é instituto do direito das sucessões pelo qual um testador deixa herança para certa pessoa e impõe que, após certo tempo, certa condição ou após a morte dessa pessoa, a herança ou legado se transmite para terceiro.
Fideicomitente é o testador; fiduciário é o primeiro nomeado;fideicomissário é o substituto.
A vantagem do fideicomisso é deixar bens para quem ainda não existe.
No Brasil, conforme o art. 1.952 do Código Civil, só é possível instituir fideicomisso para beneficiar prole eventual, aquela pessoa ainda não concebida ao tempo da morte do testador.
 Esta característica, própria do instituto do fideicomisso é na verdade uma exceção à seguinte regra geral: são legitimadas para suceder as "pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão", conforme previsto no artigo 1.798, do Código Civil
Administração
Compete aos cônjuges administrar o patrimônio comum.
Extinção da Comunhão Universal
Morte de um dos cônjuges
Sentença de nulidade ou anulação do casamento
Separação Judicial
Divórcio
REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL DE AQUESTOS
O regime de participação final nos aquestos é novidade do Código Civil em vigor cuja origem remete aos países nórdicos (Suécia em especial) e estabelece uma ‘comunhão de destinos’ produzindo um deslocamento do foco do casamento para a preocupação com o crescimento patrimonial do conserte.
 
Destaca Eduardo de Oliveira Leite (2005, p. 349) que “a originalidade do regime de participação final nos aquestos, que é, ao mesmo tempo sua razão de ser, decorre da combinação, sabiamente dosada, da vontade comunitária da participação recíproca nos ganhos com a preocupação separatista da autonomia de gestão. É casamento de dois contrários que se observa durante o funcionamento do regime e após a sua dissolução”.
 
Embora seja um regime híbrido (separação total na constância e comunhão parcial na dissolução) ideal para cônjuges que exerçam atividades empresárias e cujo patrimônio seja significativo, é regime cuja liquidação é difícil (é necessário realizar uma reconstituição contábil de todo o patrimônio feita por rigoroso balanço contábil e financeiro) e que, portanto, está fadado a pouca utilização no Brasil.
Conceito
É aquele em que há formação de massas particulares incomunicáveis durante o casamento, mas que na dissolução da sociedade conjugal tornam-se comuns,pois cada cônjuge é credor da metade do que o outro adquiriu onerosamente na constância do matrimônio (art. 1.672 e 1.682 CC). É um regime misto, que na constância do casamento se assemelha ao regime da separação de bens, portando na dissolução da união conjugal se assemelha ao regime da comunhão parcial. 
Administração
Cada cônjuge administra os bens que possuía ao casar e os adquiridos gratuita ou onerosamente, na constância do matrimônio (art. 1.673, § único , 1.656 e 1.647, I CC)
Responsabilidade do passivo
Cada um responde por seus débitos, exceto se provar que reverteram em proveito do outro (art. 1.677, 1.678 e 1.686 CC)
Dissolução da sociedade conjugal
Provocam-na, a morte de um dos cônjuges, separação judicial ou divórcio
Apuração do montante dos aquestros (art. 1.674, 1.675, 1.676, 1.683, 1.684 e 1.685 CC)
REGIME DA SEPARAÇÃO DE BENS
Conceito
É aquele em que cada consorte conserva, com exclusividade, o domínio, a posse e a administração de seus bens presentes e futuros e a responsabilidade pelos débitos anteriores e posteriores ao casamento.
Espécies:
Convencional: (art. 1.687 CC)
a) Absoluta – se estabelecer a incomunicabilidade de todos os bens adquiridos antes e depois do casamento, inclusive frutos e rendimentos.
b) Relativa – se a separação se circunscrever apenas aos bens presentes, comunicando-se os futuros e rendimentos futuros.
Determinação de Lei (art. 1.641 CC) - Nesse caso, não há a necessidade de Pacto Antenupcial.
Nos casamentos celebrados com infração das causas suspensivas do art. 1.523 CC.
Pessoa maior de 70 anos (questionamento de Inconstitucionalidade)
Dependentes que casarem com suprimento judicial
Mantença da Família
Cabe ao casal (art. 1.688 CC) com os rendimentos de seus bens na proporção de seu valor, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.
Administração 
Cada consorte administrará o que lhe pertence, sendo que não dependerá da anuência do outro para alienar bens imóveis (art. 1.687 e 1.647, I). Porém, nada obsta a que, no pacto antenupcial, se estipule que caiba ao marido administrar os bens da mulher (art. 1.639 3 1.688 CC), caso em que a mulher passa a ter hipoteca legal sobre os imóveis do marido (art. 1.489, I CC). A mulher pode até constituir se marido como procurador (art. 1.652, II CC), para que ele administre seus bens.
Dissolução do regime
Com o término da sociedade conjugal por separação judicial cada consorte retira seu patrimônio, e, por morte de um deles, o sobrevivente entrega aos herdeiros do falecido a parte deste e, se houver bens comuns, os administrará até a partilha.
Caso Concreto
(XI Exame OAB) Álvaro e Lia se casaram no dia 10.05.2011, sob o regime de comunhão parcial de bens. Após dois anos de união e sem filhos em comum, resolveram se divorciar. Na constância do casamento, o casal adquiriu um apartamento avaliado em R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) onde residem. 
Considerando o caso narrado e as normas de direito, responda aos itens a seguir. 
a. Quais os requisitos legais para que Álvaro e Lia possam se divorciar administrativamente? Fundamente. 
b. Considerando que Álvaro tenha adquirido um tapete persa TabrizMahi de lã e seda sobre algodão, avaliado em R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), mas não reste demonstrada a data em que Álvaro efetuou a referida compra, será presumido como adquirido na constância do casamento? Fundamente. 
Gabarito (sugerido pela OAB): 
a.     Os requisitos para a realização do divorcio administrativo são: a) consenso sobre todas as questões que envolvem o divórcio; b) inexistência de filhos menores ou incapazes; c) disposição na escritura pública sobre a partilha dos bens comuns, a pensão alimentícia, bem como a retomada do nome usado anteriormente ao advento do casamento; d) lavratura da escritura pública por tabelião de notas; e e) assistência de advogado ou defensor público, nos termos do Art. 1124-A, caput e § 2o, ambos do Código de Processo Civil.
b.     Como Álvaro e Lia se casaram sob o regime de comunhão parcial de bens e não houve comprovação da data da aquisição do tapete persa (bem móvel), haverá presunção de que o bem foi adquirido na constância do casamento, nos termos do Art. 1.662, do CC. 
Questão objetiva 1
(Defensor Público RR 2013) Mara, na época com dezesseis anos de idade e autorizada por seus pais, casou com Jorge, à época com vinte e cinco anos de idade, não tendo os nubentes celebrado pacto antenupcial. No sexto mês de vigência do casamento, Mara apaixonou-se por uma amiga e com ela começou a se relacionar afetivamente. Nesse mesmo mês, desejando casar-se com essa amiga, Mara decidiu se separar do marido, saiu de casa levando seus objetos pessoais e ajuizou ação de divórcio com vistas a romper o vínculo conjugal. Na petição inicial da demanda, alegou não mais ser possível a reconciliação entre as partes e informou que o casal não teve filhos. Por outro lado, aduziu que os pais de Jorge, quando do casamento, doaram ao casal um bem imóvel. Além disso, durante o casamento, Jorge apostou e ganhou um prêmio de R$ 15.000.000,00 em uma loteria. Nesses termos, Mara pleiteou a decretação do divórcio do casal e a partilha dos bens amealhados pela entidade familiar. Considerando as disposições legais e constitucionais do casamento e de sua dissolução, assinale a opção correta relativamente à situação hipotética acima descrita.
a.     O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos. Dessa forma, o pedido de divórcio formulado por Mara não poderia ser acolhido, pois o casal não estava separado judicialmente por mais de um ano ou separado de fato há mais de dois anos.
b.     Tanto o bem imóvel quanto o prêmio lotérico entram na comunhão de bens do casal, sendo, portanto, bens passíveis de partilha.
c.      Tendo Mara se casado com autorização dos pais, vigora o regime de bens da separação obrigatória, não havendo, portanto, bens a partilhar.
d.     De acordo com entendimento do STJ, não é permitido o casamento entre pessoas do mesmo sexo, sendo possível, entretanto, o reconhecimento de relação de união estável homoafetiva. Assim, ainda que obtenha o divórcio, Mara não poderá contrair casamento com sua amiga.
e.     O Código Civil não permite o casamento do menor de dezoito anos de idade, ainda que com autorização dos pais. Dessa forma, em vez do divórcio, Mara deveria ter pleiteado a anulação de seu matrimônio com Jorge.
Gabarito: Letra "B" - art. 1660, CC
Questão objetiva 2
(TJPR 2013) Tendo em vista as disposições da lei civil com relação ao regime matrimonial de bens, assinale a alternativa INCORRETA: 
a.     O regime de bens entre os cônjuges, seja o legal seja o contratual, este estabelecido por meio do denominado pacto antenupcial, somente começa a vigorar desde a data do casamento. 
b.     Mesmo não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. 
c.      Nada interferindo no regime de bens, pode qualquer dos cônjuges, livremente, independente um da autorização do outro, reivindicar os bens comuns, sejam móveis sejam imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino. 
d.     Estabelecido o regime matrimonial de bens, por força de pacto antenupcial ou adoção do regime legal, não é possível, por conta da imutabilidade, a alteração posterior do regime matrimonial de bens.
Gabarito: Letra "D" - art. 1639, CC
_1033206012.doc

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