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CLINICA DE PEQUENOS

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FUNDAÇÃO D. ANDRÉ ARCOVERDE
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE VALENÇA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA DE VALENÇA
 
CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS I
 
Doenças Endócrinas - Parte II
 
Hipertireoidismo
 
É a enfermidade hormonal mais encontra em felinos, trata-se de um quadro clínico resultante da 
excessiva produção e secreção de tiroxina (T4) e triiodotironina (T4) pela glândula tireóide. Em 
consequência disso, o metabolismo passa a funcionar de forma acelerada o que pode levar ao 
mau funcionamento de diversos órgãos. Essa patologia ocorre em gatos entre 4 e 22 anos, sendo 
que 95% dos felinos tem mais de 10 anos de idade. 
 
Etiologia: Hiperplasia adenomatosa multinodular, adenoma tireoideo único (é raro, porém 
consegue se retirar o adenoma, carcinoma tireóideo (é uma neoplasia maligna, pode trazer outras 
consequências e é necessário retirar toda a glândula). 
 
Epidemiologia: Gatos acima de 8 anos. 
 Sem predileção racial e sexual. 
*Gatos acima de 7 anos fazer o check-up (perfil renal, perfil hepático e de hormônios tireoidianos). 
 
Sinais Clínicos: A maioria dos sinais clínicos ocorre devido a uma taxa metabólica basal 
acelerada, com aumento do consumo de oxigênio pelos tecidos. A apresentação clínica clássica 
inclui taquicardia, hiperatividade, emaciação progressiva, polifagia, diarréia, emes, poluiria e 
polidipsia. 
 A perda de peso é secundária ao aumento do metabolismo basal, que requer maior 
demanda calórica e acarreta uma ingestão maior de alimentos, levando a polifagia. O aumento da 
freqüência de defecação e a diarreia são secundários a hipermotilidade intestinal, à polifagia e à 
má absorção, sendo geralmente acompanhados. 
 O hipertireoidismo aumenta a taxa de filtração glomerular, podendo ocorrer poliúria e 
polidipsia, que mascaram uma insuficiência renal crônica (IRC) concomitante. 
 É necessário observar também o comportamento do gato, visto que devido a patologia, o 
mesmo pode se alterar, como por exemplo, o gato deitar em locais que não tem costume. Outros 
sinais: alterações na pelagem (se lambe mais ou menos), intolerância ao calor. 
EVOLUÇÃO: anorexia, letargia, fraqueza, pelo maior, regurgita mais (geralmente é nessa etapa é 
que o proprietário leva o animal ao MV). 
 
Diagnóstico: normalmente realizado usando-se a combinação dos sinais clínicos, palpação da 
tireoide, testes laboratoriais ou de imagem. 
 A alteração hematológica mais frequente é a eritrocitose. Essa alteração é ocasionada pelo 
elevado consumo de oxigênio e pelo estímulo B-adrenérgico sobre a medula óssea, elevando a 
eritropoese. Há também aumento da atividade das enzimas hepáticas (alanina-amino transferase, 
fosfatase alcalina e gama-glutamil transferase), que retornam para os valores de referência após o 
tratamento. Tal aumento ocorre provavelmente em decorrência da má nutrição, da insuficiência 
cardíaca congestiva, da anóxia hepática e do efeito tóxico direto dos hormônios tireoidianos no 
fígado. 
 A mensuração de T4 total comumente é a mais utilizada para confirmar o diagnóstico de 
hipertireoidismo. Quando o seu valor está aumentado, o resultado é extremamente específico para 
o diagnóstico da enfermidade. 
 
 
Marcos Vasconcelos 1 2017.1
Tratamento: Existe três opções de tratamento (uso de iodo radiotivo, fármacos antitireoidianos e 
procedimento cirúrgico). A terapia deve ser individualizada, levando em conta vários fatores, tais 
como idade, severidade da tireotoxicose, presença da doença concomitante, potenciais 
complicações, custo e aceitação do tratamento pelo proprietário. 
 No caso de tireoidectomia, deve se levar em conta se a etiologia é de carcinoma. Para a 
cirurgia, deve se ter protocolos cirúrgicos pré e pós bem estabelecidos (é necessário colocar o 
gato estável antes do procedimento). No pós cirúrgico, pode se ter como complicação 
hipocalcemia (paratohôrmonio fica na tireóide) e hipotireoidismo (o gato possui tecidos vestigiais 
que produzem hormônios). 
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: Metimazol (inibe a síntese de HT). 
2,5/VO/BID 2 semanas - aumentar para TID até T4 diminuir para 1 a 2 Mg/dL. 
*Pode se usar pré-cirúrgico. 
MANUTENÇÃO: Agrupar dose total para SID. Tem que dosar de tempos em tempos o hormônio. 
RESULTADO DO TRATAMENTO: O gato tem que ganhar peso, ficar mais calmo e parar de deitar 
em locais loucos. 
 
Diagnóstico diferencial: Diabetes e doença renal. 
 
Observação: Ficar atento as doenças renais e com o tratamento do hipertireoidismo. Talvez o gato 
tenha uma doença renal calma e a filtração com o hipertireoidismo está boa e com o tratamento a 
mesma vai diminuir, com isso a doença vai aparecer. É importante equilibrar o tratamento do 
hipertireoidismo com o da doença renal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marcos Vasconcelos 2 2017.1
Diabetes Mellitus
 
Diabetes mellitus é uma enfermidade que acomete o pâncreas endócrino de seres humanos e 
animais através da deficiência na produção relativa ou absoluta do hormônio insulina, que por sua 
vez é secretado pelas células beta. Atualmente, é a doença endócrina mais frequente na clínica 
de cães, tendo maior ocorrência em determinadas raças (poodle, yorkshire e labrador). 
 O DM pode ser classificado em: 
• Diabetes Mellitus Tipo 1 ou insulino-dependente: é uma doença auto-imune que destrói as 
células produtoras de insulina. É uma doença genética. É a forma mais comum em cães, que se 
apresentam com uma alta concentração basal de glicose sanguínea, incapazes de responder 
ao aumento da glicemia com a liberação de insulina, semelhante ao Diabetes tipo I em 
humanos. É um distúrbio relativamente específico envolvendo as células beta pancreáticas, e 
que resulta na redução dos níveis de insulina, e portante numa hiperglicemia sensível â 
insulina. 
• Diabetes Mellitus Tipo 2 ou não insulino dependente: Animais com alta concentração badala de 
glicose sangüínea e uma concentração basal de insulina normal ou elevada, liberação 
retardada endógena após estímulo com a glicose. Neste, existe a glicose e a insulina, porém as 
mesmas não conseguem se ligar no receptor e colocar a glicose para dentro. 
 
PÂNCREAS ENDÓCRINO 
 
REABSORÇÃO TUBULAR EXTRAPOLADA => GLICOSÚRIA => DIURESE OSMÓTICA => 
POLIÚRIA => POLIDPSIA => REDUÇÃO GLICOSE TECIDUAL => FALHA NO CENTRO DA 
SACIEDADE => PERDA DE PESO E OU POLIFAGIA. 
 
O DM em cães é bastante comum em cães de meia idade, fêmeas, machos 2:1 e nas raças 
poodle, labrador e yorkshire. 
 
A principal queixa do proprietário é que o animal come muito e não engorda. 
 
Diagnóstico: Presença dos 4p (poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso), cegueira súbita, 
doenças concomitantes e glicosúria e hiperglicemia. 
Diagnóstico Diferencial: Estresse em gatos, pós-prandial, HAC, acromegalia (gatos), diestro, 
feocromocitoma em cães, pancreatite, neoplasias do pâncreas endócrino, IRC, medicamentos, 
fluido e nutrição parental. 
 
Exames Complementares: Hemograma, função renal, função hepática, EAS com cultura, 
colesterol e triglicérides, ultrassonografia e testes hormonais. 
 
Tratamento: Insulinoterapia, dieta, identificar e controlar a resistência insulinica, manejo e em 
fêmeas a castração. 
Lembrar sempre de aplicar a insulina após a alimentação do animal. 
Com o fim dos sinais, é esperado o ganho de peso do animal e o controle da glicemia. 
A insulina é de uso humano e tem ação intermediária (10h). 
Em gatos usar insulina que mantém o pico constante. 
 
Monitoração: Sinais clínicos, avaliação semanal, glicemia (aplicações).
Marcos Vasconcelos 3 2017.1

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