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CONTRATO DE COMPRA E VENDA – arts. 481 a 532 do CC 1. ORIGEM E EVOLUÇÃO ➢ A origem se dá com a criação da moeda/dinheiro o Antes prevalecia a troca de mercadorias ➢ Com o aumento da compra e venda diminui a necessidade de troca ➢ Evolução dos contratos: o Mudança do Estado Liberal para Estado Social ▪ Direito do consumidor ▪ Direito da concorrência ▪ Equilíbrio entre contratantes ▪ Direito à informação ▪ Direito de arrependimento ➢ Alteração dos contratos de compra e venda com a massificação contratual o Relação: vendedor-fornecedor X comprador-consumidor 2. CONCEITO: “A compra e venda é contrato bilateral, oneroso e consensual mediante o qual o vendedor assume a obrigação de transferir bem ou coisa alienável e de valor econômico ao comprador, que por sua vez assume a obrigação de pagar o preço determinado ou determinável em dinheiro.” (LÔBO, Paulo. Direiro Civil: Contratos. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 206) ➢ Coisa o Corpórea o Incorpórea ➢ É negócio jurídico bilateral, pois depende de 2 manifestações de vontades distintas o No Direito Brasileiro e Português: O termo “compra e venda” é oriundo do direito romano, significando a vontade de um comprar e outro de vender; o Direito Francês e Italiano: utiliza o termo “contrato de venda” o Vendas Internacionais: utiliza o termo “Contrato de Venda de Mercadorias” Em suma: “é um contrato bilateral no qual uma das partes (o vendedor) se compromete a transferir um objeto patrimonial ao patrimônio da outra parte (o comprador), em troca do qual esta promete o pagamento de uma soma e dinheiro”. (ENNERCCERUS, Ludwig. Derecho de obligaciones. Trad. B. P. Gonzales e J. Alguer. Barcelona: Bosch, 1996. V. 2, p. 19). ➢ Sistema Jurídico Brasileiro, com base no direito Romano: o Compra e Venda não transfere a propriedade da coisa, mas obriga uma das partes a transferir a coisa a outro; ➢ Sistema Jurídico Francês: o O contrato tem o poder de transferir o domínio da coisa ❖ Regra: contrato de execução instantânea o quando a prestação do comprador sucede à do vendedor) ❖ Exceção: contrato de execução continuada: contratos de fornecimento (água, luz, gás) o a prestação de dar o preço é correspondente ao consumo realizado em cada período medido Obs.: Não é considerado contrato de compra e venda o de fornecimento de serviços Obs.: Contrato de execução continuada X Contrato com preço determinado dividido em várias parcelas 3. CLASSIFICAÇÃO ➢ Contrato o Bilateral o Consensual o Oneroso o Comutativo o Não solene (regra) ▪ Exceção: direitos reais sobre imóveis 4. ELEMENTOS ESSENCIAIS DA COMPRA E VENDA: a) Consentimento b) Preço c) Coisa Obs.: se faltar qualquer um não é considerada compra e venda a) Consentimento ➢ Autonomia da vontade b) Preço ➢ Preço deve ser certo o Determinado o Determinável por ▪ 3º ▪ Taxa de mercado ▪ Índices ▪ Etc Obs.: nos contratos de venda a prestação a correção monetária não afeta a certeza, pois não é alteração do valor, mas sim a atualização do valor à época do pagamento ➢ Preço determinável no futuro normalmente em contratos de execução duradoura o Não é coisa futura, mas preço futuro o Nomeação de um 3º para a declaração do valor ▪ Pode ser nomeado no momento da celebração do contrato ou no futuro, no tempo e condições estabelecidos no contrato • Deve ser consensual a nomeação do 3º para não configurar nulidade do contrato o Fixação do preço ▪ Taxa de determinado mercado ▪ Bolsa de valores o Art. 488 ▪ Na omissão do preço no contrato prevalece o preço corrente nas vendas habituais do vendedor • Aceitação tácita de aceitação do preço corrente o Praticados no mercado ➢ Sem preço não há compra e venda o Pode ser troca ➢ Preço deve ser fixado entre as partes o Se arbitrado unicamente por uma das partes o contrato será considerado nulo ▪ Art. 122, CC ➢ Pagamento com dação o Doutrina entende que não perde a característica de compra e venda se parte menor do preço for paga em dação o Pode ser considerado contrato misto ➢ Preço: dinheiro nacional o Quando venda internacional admite-se moeda estrangeira ➢ Preço irrisório o Simulação de doação c) Coisa ➢ Art. 166, CC – nulidade do Negócio Jurídico o Objeto ▪ Ilícito • Ex.: venda de veículo com chassi adulterado ▪ Impossível • Ex.: venda de veículo que não é dono Obs.: venda de loteamento irregular tem julgados como objeto ilícito e impossível ▪ Indeterminável • Ex.: contrato desportivo com o termo “direitos econômicos” de forma geral ▪ Fora do comércio (ex.: cláusula de inalienabilidade) • Por força de lei o Ex.: arts. 496 e 497 • Se o bem deixou de existir antes da conclusão do contrato 5. VENDA AD CORPUS E AD MENSURAM Venda atual e futura ➢ Art. 481 e 482 o Coisa + preço ▪ Obrigação do vendedor de entregar a coisa e do comprador em pagar o preço • Em princípio – bem do vendedor • Exceção: venda de coisa alheia ➢ Coisa o Produto (direito do consumidor) ▪ Art. 3º, §1º, CDC o Objeto (código civil) ▪ Corpórea ou incorpórea ➢ Objetos materiais o Casa, computador, celular, etc ➢ Objetos imateriais o Direitos intelectuais, autorais ➢ Objeto específico ➢ Objeto genérico o 30 caixas de cerveja (sem dizer a marca) o 5 lotes de terreno, sem especificar qual ➢ Objeto presente ➢ Objeto futuro o Objeto Futuro Específico o Objeto Futuro Genérico ▪ Fabricado em série pelo fabricante • Risco do fabricante ➢ Compra e Venda de objeto futuro com cláusula resolutiva o Exonera o comprador de pagar se a coisa não existir ▪ Ex.: compra de bezerro quando ainda não nasceu 6. A RESPONSABILIDADE PELOS RISCOS NOS CONTRATOS DE COMPRA E VENDA ➢ Risco: perigo que recai sobre a coisa objeto da prestação, de perecer ou deteriorar-se por caso fortuito ou fora maior Art. 492, CC: Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador ➢ O vendedor assume o risco até a entrega da coisa, ou se o contrato estipula que o comprador assume o risco ➢ Perecimento do bem antes da entrega: comprador não precisa pagar o preço ➢ Perecimento parcial do bem antes da entrega: o comprador pagará o preço correspondente se lhe convier, e a coisa remanescente puder atender proporcionalmente às finalidades contratuais ➢ O risco se transfere ao comprador com a entrega da coisa, mesmo que não tenha havido a transferência de propriedade o Ex.: compra e venda com reserva de domínio ➢ Risco durante o transporte? o Em regra: do vendedor o Exceção: do comprador, desde que tenha exigido a entrega e remessa em local distinto do contrato, ou se ele próprio for o transportador ➢ Se o comprador paga antes da entrega da coisa o preço não pode ser responsabilizado pelos riscos – o vendedor deve cumprir com sua obrigação o Ex.: desvalorização da moeda ➢ Se há a tradição antes do pagamento o comprador permanece assumindo os riscos pelo preço até o dia do seu pagamento ➢ Art. 492, §1º, CC – tradição simbólica o Objeto já posto à disposição do comprador ▪ Risco do comprador 7. VENDA DE ASCENDENTE A ASCENDENTEArt. 496, CC – É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Parágrafo único – Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória. ➢ Regra do art. 496, CC serve para bens móveis e imóveis, nem impede a venda de descendente a ascendente ➢ Venda de avô a neto? o Se estiver na condição de herdeiro deve respeitar o art. 496 do CC ▪ Obs.: Maria Helena Diniz defende que a regra serve apenas para herdeiro direto, e portanto venda de avô para neto seria válida o A posição majoritária é de que serve a regra para qualquer descendente, mesmo que não de primeiro grau, com a finalidade de se evitar negócio jurídico simulado ➢ Visa o art. 496 do CC proteger a legítima dos descendentes ➢ No entanto há a possibilidade de o autor da herança deixar frações desiguais com a elaboração de testamento ➢ Forma da anuência: omissão do art. 496, CC o Utilização do art. 220, CC – a anuência deve ser realizada no próprio documento de alienação ➢ Herdeiro menor ou nascituro: nomeação judicial de curador ➢ Falta de anuência sem motivo justo: requerimento judicial para suprir o Verificação do motivo, se for imotivada há decisão judicial suprindo a anuência expressa do descendente ➢ Venda feita sem anuência o Nulo ou anulável? ▪ Negócio Jurídico anulável • Súmula 494, STF – a ação para anular a venda de ascendente a descendente, sem o consentimento dos demais, prescreve em vinte anos, contados da data do ato 8. AQUISIÇÃO DE BEM POR TUTOR, CURADOR, ADMINISTRADOR, EMPREGADO PÚBLICO, JUIZ, etc ➢ Art. 497, CC ➢ Proibição visa evitar o aproveitamento desleal o “Conflito entre o próprio interesse, o de fazer um bom negócio, e o interesse a elas confiado, de pugnar sempre pelo mais alto preço. Supõe-se então que, nessa contingência, optou pelo primeiro, o desejo de comprar mais barato, descurando-se, pois, do segundo e assim traindo a confiança das pessoas que haviam acreditando na sua diligência e honestidade” (Whashington de Barros Monteiro) ➢ A proibição é absoluta, ou seja, não poderá adquirir mesmo que pague o preço justo ➢ Mandatário ou Procurador pode comprar? o Não há vedação, portanto podem comprar 9. VENDA EM CONDOMÍNIO Art. 504, CC – “Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. Parágrafo único – Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários que a quiserem, depositando previamente o preço.” ➢ Efetivação da venda a terceiro: o For comunicada previamente aos demais condôminos o For dada preferência aos demais condôminos para aquisição da parte ideal, pelo mesmo valor que o estranho ofereceu o Os demais condôminos não exercerem a preferência dentro do prazo de 180 dias ➢ Se a coisa é divisível: possibilidade de venda a terceiro sem a anuência do condômino o Possibilidade de divisão do bem caso queiram Obs.: Herança é bem indivisível 10. VENDAS ESPECIAIS 10.1. Venda mediante amostra Art. 484, CC – “Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.” ➢ “Amostra é a reprodução integral da coisa vendida, com suas qualidades e características, apresentada em tamanho normal ou reduzido” (Carlos Roberto Gonçalves) ➢ Obrigações o vendedor: entregar a coisa igual à amostra o comprador: pagar o preço ➢ Se o vendedor não entregar a coisa igual à amostra considera-se inadimplemento – o comprador deve reclamar imediatamente sob pena de o silencia ser interpretado como tendo havido correta e definitiva entrega ➢ Precaução do comprador o Pedido de vistoria da mercadoria como medida preparatória para: ▪ ação de resolução contratual cumulada com perdas e danos; ou ▪ da ação para pedir abatimento do preço ➢ art. 484, § único, CC – “prevalece a amostra, o protótipo ou modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato” ➢ “A amostra ou modelo é o meio prático e eficiente de evitar minuciosa descrição das características e qualidades da mercadoria ofertada.” (Carlos Roberto Gonçalves) ➢ Direito à Informação 10.2. Contrato Estimatório (Venda em consignação) Arts. 534 a 537, CC ➢ Conceito: “é aquele em que uma pessoa (consignante) entrega bens móveis a outra (consignatária), ficando esta autorizada a vendê-los, obrigando-se a pagar um preço ajustado previamente, se não preferir restituir as coisas consignadas dentro do prazo ajustado”. (Carlos Roberto Gonçalves) ➢ Natureza Jurídica: o Compra e venda? Promessa de venda? Depósito? Mandato? ▪ Possui natureza jurídica própria ➢ Características: o Exige a entrega da coisa o Bem móvel o Obrigação de restituir ou pagar o preço no fim do contrato o Preço deve ser estimado no início do contrato o Possui prazo determinado o Transfere a posse ao consignatário 10.3. Contrato Eletrônico ou Contrato Telemático ➢ Natureza Jurídica o Contrato inominado? ➢ Trata-se de uma nova forma de celebração do contrato o É uma nova maneira de expressar a autonomia da vontade ➢ Fábio Ulhoa Coelho: “Com o comércio eletrônico, surge um novo canal de vendas, que, metaforicamente, foi equiparado a uma nova espécie de estabelecimento, que seria fisicamente inacessível: o consumidor ou adquirente devem manifestar a aceitação por meio da transmissão eletrônica de dados. Este novo canal de venda é o chamado estabelecimento virtual.” ➢ Segurança Jurídica? o Uniformização da legislação internacional? o Aplicação de princípios contratuais ▪ Boa-fé ▪ Função social ▪ Reciprocidade ▪ Etc 11. CLÁUSULAS ESPECIAIS NOS CONTRATOS DE COMPRA E VENDA 11.1. Retrovenda Arts. 505 a 508, CC ➢ CONCEITO: “A retrovenda é a cláusula especial do contrato de compra e venda, integrada pelos contratantes, mediante a qual se assegura o direito ao vendedor de comprar para si o imóvel vendido e sujeita o comprador ao dever de vende-la àquele, dentro do prazo fixado.” (Paulo Lôbo) ➢ NATUREZA JURÍDICA: Pacto Acessório o Se a cláusula for nula não afeta o contrato principal ➢ PRAZO PARA EXERCER O DIREITO: 3 anos (decadencial) ➢ É direito real e não direito real – o registro gera efeito erga omnes, sendo oponível a terceiros que adquiram o imóvel do comprador o Art. 507, CC ➢ REQUISITOS PARA RETROVENDA: o Compra e venda de coisa imóvel o Cláusula especial assegurando ao vendedor o direito de recomprar a coisa o Não ter função de garantia de crédito o Exercício do direito pelo vendedor, dentro do prazo o Restituição do preço recebido ao comprador o Transmissibilidade ➢ Não admite lucro, necessita de restituição dos valores e reembolso dos custos ➢ Simulação o Contrato de mútuo ▪ Venda simulada (escritura + registro) incluindo cláusula de retrovenda no prazo queseria de pagamento do empréstimo, sendo que se não pagar não terá restituído o imóvel ➢ Pluralidade de pessoas com o direito de retrovenda o Art. 508, CC 11.2. Venda a Contento ou Sujeita a Prova Arts. 509 a 512, CC ➢ CONCEITO: “A venda a contento é a que depende da manifestação do agrado do potencial comprador sobre a coisa que lhe foi entregue pelo vendedor.” (Paulo Lôbo) ➢ É utilizada mais comumente no ramo alimentício, bebidas e roupas sob medida ➢ A tradição não transfere o domínio, mas apenas a posse o A venda possui condição suspensiva ➢ A compra e venda só se aperfeiçoa com a manifestação do agrado do comprador ➢ Venda a contento X Venda com cláusula resolutiva o Na venda com cláusula resolutiva a venda se efetiva com a tradição, podendo ser resolvida com a manifestação do desagrado do comprador ➢ Prazo para manifestação o Pactuado entre as partes o Se não tiver expresso o vendedor pode notificar para que o comprador pague em prazo improrrogável ▪ Art. 512, CC ➢ A manifestação deve ser expressa 11.3. Preferência ou Preempção Arts. 513 a 520, CC ➢ CONCEITO: “No contrato de compra e venda, a preferência é a cláusula estipulada pelas partes contratantes mediante a qual fica assegurado ao vendedor o direito de adquirir a coisa quando o comprador pretende vendê-la a terceiro, pelo preço e condições que este oferecer.” (Paulo Lôbo) ➢ Preferência o Legal: venda em condomínio de bem indivisível o Convencional: preferência dos arts. 513 a 520, CC ➢ Retrovenda x Preferência RETROVENDA PREFERÊNCIA Arts. 505 a 508, CC Arts. 513 a 520, CC Bem imóvel Bem móvel ou imóvel O vendedor exige o cumprimento para readquirir o bem, independente da vontade do comprador O vendedor possui o direito de adquirir o bem no caso de o comprador decidir vender o bem Não há terceiro Igualdade com terceiros ➢ CARACTERISTICAS: o É personalíssimo: somente pode ser exercido pelo vendedor; ▪ Não pode ser transmitido a terceiro (inter vivos ou causa mortis) • Art. 520, CC o Pode ser utilizado diversos outros contratos (ex.: locação); o Pode ser exercido também em caso de dação em pagamento; o Bens móveis, imóveis, materiais e imateriais. ➢ PRAZO: art. 513, § único, CC (prazo decadencial) o Pode ser pactuado ▪ Bem móvel: máximo de 180 dias ▪ Bem imóvel: máximo 2 anos ➢ Passado o prazo o comprador poderá vender a quem desejar ➢ PRAZO PARA MANIFESTAR INTERESSE: art. 516, CC o Bem móvel: 3 dias o Bem imóvel: 60 dias ➢ FALTA DE NOTIFICAÇÃO PARA O DIREITO DE PREFERÊNCIA: art. 518, CC o Em caso de prejuízo responderá por perdas e danos, e o adquirente de má-fé responde solidariamente ➢ DIREITO DE PREFERÊNCIA A 2 OU MAIS PESSOAS o Compra e venda originária com 2 ou mais vendedores o Exercício de preferência a todos na totalidade do bem o Entendimento doutrinário: se os vendedores condôminos desejarem exercer o direito de preferência poderão readquirir cada um sua quota parte inicial ➢ RETROCESSÃO: art. 519, CC o Desapropriação que não teve o bem a utilização a que era destinada o O expropriado poderá exercer seu direito de preferência pelo preço atual da coisa o Preço atual? ▪ “Preço atual não significa preço do mercado, que flutua em razão de vários fatores, para mais ou para menos. Para os fins da norma, significa preço atualizado, aplicando-se índices oficiais e reconhecidos, a partir do valor da indenização paga e mais os prejuízos que porventura tenham decorrido da desapropriação e imissão de posse do expropriante. A solução de preço de mercado poderia redundar em enriquecimento sem causa do expropriado.” (Paulo Lobo) Obs.: não cabe retrocessão em caso de ter sido terreno expropriado com a finalidade de construção de escola e acabou por ser utilizado para construção de outro com finalidade pública também. Obs. 2: os tribunais não têm dado direito de retrocessão em caso de expropriação, sendo resolvido em perdas e danos. 11.4. Venda com Reserva de Domínio Arts. 521 a 528, CC ➢ CONCEITO: “A venda com reserva de domínio constitui modalidade especial de venda de coisa móvel, em que o vendedor tem a própria coisa vendida como garantia do recebimento do preço. Só a posse é transferida ao adquirente. A propriedade permanece com o alienante e só passa àquele após o recebimento integral do preço.” (Carlos Roberto Gonçalves) ➢ ELEMENTOS: o Compra e venda a crédito o Bem individualizado e infungível o Transferência de posse ao comprador o Pagamento do preço da forma estipulada, de forma parcelada o Obrigação do vendedor de transferir o domínio ao comprador assim que complete o pagamento do preço ➢ Venda com Reserva de Domínio x Alienação Fiduciária o Na alienação fiduciária há uma instituição financeira que intermedia a relação entre comprador e vendedor ➢ Risco pelo comprador a partir da transferência de posse o Art. 524, CC ➢ Inadimplência do comprador o Art. 526, CC – executar os valores pendentes; ou recuperar a posse da coisa vendida o Art. 527, CC – em recuperando a posse da coisa o vendedor poderá reter para si os valores de depreciação, despesas e o que mais devido, devolvendo o restante ao comprador 11.5. Venda sobre Documentos Arts. 529 a 532, CC ➢ Muito utilizado em compra e venda internacional, mas pode ser também no comércio nacional; ➢ Finalidade: maior agilidade ➢ Bens móveis ➢ Art. 529, CC – a tradição é substituída pela entrega do documento ➢ Com a entrega do documento: o Vendedor: pode exigir o preço o Comprador: pode exigir a entrega do produto ➢ Risco do perecimento pelo comprador 11.6. Pacto Comissório ➢ Cláusula que resolve o contrato caso o comprador deixe de cumprir suas obrigações no prazo estipulado ➢ Cláusula resolutiva 11.7. Pacto de Melhor Comprador ➢ Cláusula que estipula que a compra e venda será desfeita se dentro de um prazo não superior a 1 ano existir oferta superior à do comprador; ➢ Cláusula resolutiva ➢ Prazo decadencial PERMUTA – art. 533, CC ➢ CONCEITO: “A troca é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra, que não seja dinheiro”. (Clóvis Bevilácqua) ➢ OBJETO: o Móveis o Imóveis o Coisas futuras ▪ Ex.: permuta de um terreno por apartamentos do edifício que nele será construído pelo incorporador permutante ➢ Negócio Jurídico bilateral, oneroso e comutativo ➢ Solenidade como exceção ➢ Permuta com reposição parcial em dinheiro o Se o dinheiro representar mais da metade entende ser compra e venda ➢ Art. 533, CC o Divisão dos custos com o instrumento de troca o Anulabilidade de permuta entre ascendente e descendente quando os valores forem desiguais ➢ Se os valores forem iguais não precisa de anuência dos demais herdeiros o Se desiguais necessita de anuência – art. 496, CC ➢ Vício redibitório possibilita a resolução do contrato com o retorno dos bens a cada parte o Não há como ter abatimento do preço DOAÇÃO – arts. 538 a 564, CC ➢ CONCEITO: art. 538, CC o “Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.” ➢ SUJEITOS: o Doador▪ Capacidade jurídica o Donatário ▪ Capacidade jurídica ▪ Nascituro com representação – art. 542, CC ▪ Incapazes com representação – art. 543, CC ▪ Prole eventual de determinado casal – art. 546, CC ▪ Cônjuge com outorga uxória – art. 1647, IV, CC ▪ Pessoas jurídicas Obs.: Doação de cônjuge adultero – Art. 550, CC (Anulável pelo cônjuge ou por herdeiros necessários) ➢ CARACTERÍSTICAS: o Natureza contratual o Animus donandi – intenção de fazer uma liberalidade o Transferência do bem para o patrimônio do donatário o A aceitação do donatário ➢ CONTRATO o Unilateral – somente cria obrigação para uma das partes o Gratuito ▪ Pode ser oneroso se houver imposição o Formal – art. 541, CC ▪ Admite-se como não formal quando for bem móvel de pequeno valor – art. 541, § único, CC o Transferência de propriedade – a doação se opera com a entrega da coisa ▪ Art. 538, CC ➢ ACEITAÇÃO o Expressa o Tácita o Presumida ▪ Fixação de prazo para o donatário declarar aceitação: silêncio significa aceitação – art. 539, CC ▪ Doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa e o casamento se realiza – art. 546, CC ➢ RESTRIÇÕES o Parte Disponível ▪ Limitação a 50% do patrimônio • Art. 544, CC – doação de ascendente para descendente o Pode ser considerada como adiantamento de legítima o Subsistência ▪ Não se pode doar tudo o que tem • Deve-se resguardar o necessário à subsistência o Art. 548, CC o Insolvência – art. 158, CC ▪ Credores poderão requerer a anulação da doação se o doador for insolvente ➢ PRAZO DA DOAÇÃO: art. 545, CC ➢ DOAÇÃO É ATO INTER VIVOS ➢ OBJETO DA DOAÇÃO: objetos que esteja dentro do comércio o Bens móveis e imóveis o Materiais e imateriais o Consumíveis e inconsumíveis ➢ PROMESSA DE DOAÇÃO o Divergência da doutrina quanto à exigibilidade da promessa ▪ Inexigível – por ser mera liberalidade • Ex.: Caio Mário ▪ Exigível – por ser a liberalidade exercida no ato da promessa • Ex.: Washington de Barros Monteiro ➢ ESPÉCIES DE DOAÇÃO (principais) o Pura e Simples ou típica ▪ O doador não impõe nenhum encargo ao donatário ▪ É liberalidade pura ▪ Não subordina a sua eficácia a qualquer condição o Onerosa, modal, com encargo ou gravada ▪ O doador impõe ao donatário um dever • Ex.: doação feita a um município com a exigência que seja construída uma escola o Arts. 553, 555 e 562, CC o Condicional ▪ Doação com efeito suspensivo (“se”) • Ex.: darei um carro ao meu filho se meu filho terminar a faculdade o Com termo ▪ Tempo determinado • Propriedade resolúvel o Doação de um imóvel por tempo determinado, após aquele tempo passa a outro já indicado ou retorna ao doador o Com reversão ▪ Aquela que cessa com a morte do donatário • Art. 547, CC o É cláusula resolutiva ▪ Não transmite aos herdeiros do donatário, e sim retorna ao patrimônio do doador ➢ REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO o Art. 555, CC ▪ Inexecução do encargo ▪ Ingratidão • Art. 557, CC Obs.: O termo revogação é incorreto, deveria ser anulação, rescisão ou resolução Vícios do negócio jurídico: como negócio jurídico está sujeita aos vícios dos negócios jurídicos (erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores), bem como capacidade dos agentes, objeto e forma. ✓ Prazo de 01 ano para requerer a revogação ➢ São irrevogáveis o Art. 564, CC LOCAÇÃO DE COISA – arts. 565 a 578, CC ➢ ORIGEM – Direito Romano o LOCACIO CONDUCIO – locação ▪ Locatio conducio rerum – coisas; ▪ Locatio conductio operarum – serviços; ▪ Locatio conductio operis – obras, “empreitada” Obs.: o CC/16 disciplinava a locação da forma como o Direito Romano entendia ➢ Na atualidade há apenas LOCAÇÃO DE COISAS o Locatio conductio operarum foi substituído por Contrato de Prestação de Serviços o Locatio conductio operis foi substituído por Contrato de Empreitada ➢ CONCEITO o A locação de coisas é o contrato mediante o qual o locador entrega temporariamente uma coisa não fungível para o uso e gozo do locatário, mediante contraprestação pecuniária relativa a cada período de uso ajustado. o Art. 565, CC ▪ Limitação para bens infungíveis ➢ CARACTERÍSTICAS o Promessa do uso o Promessa da retribuição o Concordância sobre a duração ▪ Tempo determinado ou indeterminado ➢ SUJEITOS o Locador, senhorio ou arrendador ▪ Não precisa ser proprietário, mas precisa ter a posse • A transferência é de posse e não do domínio o Locatário, inquilino ou arrendatário ➢ NATUREZA JURÍDICA o Bilateral ▪ Gera obrigações recíprocas o Oneroso ▪ Se não houver pagamento será considerado comodato o Consensual ▪ Acordo das partes, que gera um crédito o Comutativo ▪ Prestações recíprocas certas e não aleatórias o Não solene ▪ Solene apenas quando a lei determinar • Se possuir garantia (fiança) deverá ser escrito o Trato sucessivo (execução continuada) ▪ Prestações periódicas • Não se extingue com o pagamento, pois este tem a função apenas de pagamento pelo período de locação ➢ ELEMENTOS DO CONTRATO DE LOCAÇÃO o Objeto o Preço o Consentimento OBJETO o Imóvel ▪ Imóveis urbanos residenciais ou comerciais – lei 8.245/91 (Lei do Inquilinato) ▪ Imóveis rurais – lei 4.504/64 (Estatuto da Terra) o Móvel ▪ Infungível: locação ▪ Fungível: mútuo Obs.: não pode ser objeto de locação bens consumíveis ➢ Locação sobre bem inalienável (cláusula de inalienabilidade) o Corpóreo o Incorpóreo ou direitos ▪ Patentes, marca, usufruto, etc Obs.: arrendamento mercantil de bens móveis (leasing) ➢ Locação de coisa inteira ou fracionada ➢ A locação abrange os acessórios, salvo disposição em contrário PREÇO – aluguel ou remuneração ➢ Se não houver preço é comodato ➢ Estipulação o Partes o Arbitramento ▪ Administrativo ▪ Judicial ▪ Imposto por ato governamental • Ex.: táxis ➢ O preço dever ser real, sob pena de incorrer em descaracterização do contrato ➢ Pagamento em dinheiro o Admissibilidade de ser misto ▪ Parte em dinheiro e parte em outra forma • Se não houver pagamento em dinheiro descaracterizará a locação e passará a ser contrato inominado ➢ Periodicidade o Semanalmente o Quinzenalmente o Mensalmente o Ou pago de uma vez durante todo o período do contrato ➢ Falta de pagamento o Execução dos valores ▪ Art. 784, III, CPC o Pedido de resolução ▪ Pedido de retomada da posse CONSENTIMENTO ➢ Forma o Expresso o Tácito ➢ Não precisa ser proprietário o Necessita da posse ▪ Locador usufrutuário ➢ Condômino não pode locar sozinho o Não pode locar parte PRAZO o Determinado ▪ Art. 571, CC o Indeterminado ➢ Art. 574, CC – prorrogação da locação ➢ Art. 575, CC – se notificado e não desocupar o locatário responderá por quaisquer riscos ➢ Art. 576, CC – alienação da coisa durante a locação o Locatário pode permanecer com a posse desde que o contrato seja com prazo determinadoe registrado no Registro de Títulos e Documentos o Se com prazo indeterminado ou não registrado poderá o adquirente notificar o locatário com prazo de 90 dias ➢ Morte do locador ou locatário o Prazo determinado: transferência aos herdeiros dos direitos e deveres do locador OBRIGAÇÕES DO LOCADOR E LOCATÁRIO SUBLOCAÇÃO E CESSÃO ➢ Cessão: depende do consentimento do locador o Há a desvinculação do locatário para o ingresso de terceiro na relação contratual ➢ Sublocação: é contrato de locação derivado, no qual o locatário se obriga a ceder o uso da coisa que locou para terceiro o O locatário continua sendo o mesmo o Há a transferência apenas do direito de uso EXTINÇÃO DA LOCAÇÃO ➢ Vencimento do prazo ➢ Distrato (mútuo acordo) ➢ Descumprimento contratual ➢ Falta de pagamento ➢ Morte do contratante sem sucessores ➢ Perecimento da coisa ➢ Por alienação sem cláusula de vigência nesse caso ➢ Pela desapropriação do Poder Público ➢ Pelo abandono da coisa por parte do locatário o Dependerá de decisão judicial para imissão na posse FIANÇA – arts. 818 – 839, CC ➢ As garantias podem ser : o Reais: aquelas que recaem sobre bens móveis e imóveis – penhor, hipoteca e anticrese; o Pessoais: aquela em que um terceiro garante a obrigação do devedor com seu patrimônio – aval e fiança. Obs.: Aval é garantia voltada a um título de crédito. ➢ CONCEITO o Art. 818, CC. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra. ➢ ESPÉCIES o Legal: a que decorre da lei. O CC, geralmente, usa o termo “caução” em lugar de “fiança”. Exemplos: ▪ Art. 1.280, CC. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente. ▪ Art. 1.400, CC. O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, os bens que receber, determinando o estado em que se acham, e dará caução, fidejussória ou real, se lha exigir o dono, de velar-lhes pela conservação, e entregá-los findo o usufruto. ▪ Art. 1.401, CC. O usufrutuário que não quiser ou não puder dar caução suficiente perderá o direito de administrar o usufruto; e, neste caso, os bens serão administrados pelo proprietário, que ficará obrigado, mediante caução, a entregar ao usufrutuário o rendimento deles, deduzidas as despesas de administração, entre as quais se incluirá a quantia fixada pelo juiz como remuneração do administrador. o Judicial: aquela que o juiz impõe a sua realização; o Convencional: a que é estabelecida por contrato. ➢ CONTRATO FORMAL: estipulada em cláusula no contrato principal ou em instrumento à parte. Não admite interpretação extensiva: na dúvida se interpreta a favor do fiador: o Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva. STJ Súmula nº 214 - 23/09/1998 - DJ 02.10.1998 Aditamento de Obrigações na Locação - Responsabilidade do Fiador O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu. ➢ CONSENTIMENTO: não é necessário por parte do devedor e necessário pelo credor o Art. 820, CC. Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do devedor ou contra a sua vontade. o Art. 825,CC. Quando alguém houver de oferecer fiador, o credor não pode ser obrigado a aceitá-lo se não for pessoa idônea, domiciliada no município onde tenha de prestar a fiança, e não possua bens suficientes para cumprir a obrigação. ➢ SUBSTITUIÇÃO: o Art. 826. Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o credor exigir que seja substituído. ➢ CLASSIFICAÇÃO: o Unilateral: só o fiador tem obrigação de pagar a dívida se o afiançado for insolvente, já que o credor não tem nenhum dever e o afiançado não é parte da fiança; o Gratuito: o fiador age por confiança e amizade com o afiançado, o fiador não busca vantagem patrimonial. Excepcionalmente é onerosa, como o caso da fiança bancária, que é remunerada; o Solene: não pode ser verbal, pois, na dúvida, o fiador deve ser beneficiado, portanto, é necessário o registro escrito; o Aleatório: envolve risco, álea; o Acessório: a fiança não existe por si só: depende de um principal, e se tal contrato for nulo, a fiança também o será; o Subordinado: há subordinação ao não pagamento da obrigação. ➢ EFEITOS: o Benefício de excussão ou de ordem: “este é o direito do fiador de primeiro ver executados os bens do afiançado (827, ex: se o inquilino não pagar o aluguel, o locador irá primeiro processá-lo para só depois executar os bens do fiador). No silêncio da fiança, existe o benefício de ordem, mas o fiador pode expressamente renunciar a essa vantagem por exigência do credor ou por amizade com o devedor (828, I e II)” (2). ▪ Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor. Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para solver o débito. ▪ Art. 828. Não aproveita este benefício ao fiador: I - se ele o renunciou expressamente; II - se se obrigou como principal pagador, ou devedor solidário; o Benefício de divisão: “nas dívidas elevadas, pode haver mais de um fiador para garanti-la, hipótese em que todos os fiadores estarão solidariamente obrigados pela dívida toda. Mas expressamente os co- fiadores podem estabelecer o benefício da divisão, pelo qual cada fiador só responderá por parte da dívida, afastando a solidariedade” (2). ▪ Art. 829. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem o benefício de divisão. Parágrafo único. Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente pela parte que, em proporção, lhe couber no pagamento. o Sub-rogação: se o fiador pagar a dívida ao credor, poderá depois regressar contra o afiançado (CC 831, 832, 346, III). ▪ Art. 831. O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub- rogado nos direitos do credor; mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota. ▪ Art. 832. O devedor responde também perante o fiador por todas as perdas e danos que este pagar, e pelos que sofrer em razão da fiança. ▪ Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. o Co-fiador: pode haver mais de um fiador; o Exoneração: é possível nos contratos com prazo indeterminado. ▪ Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor. o Sucessão: “se o fiador morrer, seus herdeiros respondem pela dívida do afiançado dentro dos limites da herança” (2). ▪ Art. 836. A obrigação do fiador passa aos herdeiros; mas a responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança. ➢ PERDAS E DANOS: o Art. 832. O devedor respondetambém perante o fiador por todas as perdas e danos que este pagar, e pelos que sofrer em razão da fiança. ➢ MODALIDADES: o Fiança da fiança ou subfiança: é uma forma de reforçar a garantia do credor. “Na fiança da fiança, há um contrato pelo qual o fiador do fiador se obriga para com o credor a satisfazer a dívida do fiador, caso este não há cumpra. Quer dizer: o fiador abonado ou afiançado está para o fiador do fiador como verdadeiro devedor principal para o credor” (3 – p. 735); o Retrofiança: é uma forma de reforçar a garantia do fiador. “A retrofiança, ao contrário, é um contrato realizado entre fiador e retrofiador, pelo qual este se obriga a garantir e assegurar o direito de regresso e reembolso daquele contra o devedor principal. Nessa relação jurídica, o devedor, por quem o retrofiador se obriga, é o mesmo devedor principal, e não o credor da obrigação principal, que não aparece na relação” (3 – p. 735). ➢ EXTINÇÃO: o Por vontade do fiador: nos casos de contrato por tempo indeterminado (CC art. 835); ▪ Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor. o Por denúncia: quando há falta de legitimidade do fiador (exemplo: CC1.647, III); ▪ Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: III - prestar fiança ou aval; o Pelo decurso do tempo: nos casos em que a fiança tenha prazo certo; o Concessão de moratória: (CC art. 838, I); ▪ Art. 838. O fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado: I - se, sem consentimento seu, o credor conceder moratória ao devedor; o “Pelo cumprimento da obrigação principal pelo devedor: hipótese em que a fiança se extingue sem produzir seus efeitos” (2); o Morte do fiador: “extingue a fiança, mas a obrigação passa aos seus herdeiros, limitada porém às forças da herança e aos débitos existentes até o momento do falecimento” (1 – p. 570). ▪ Art. 836. A obrigação do fiador passa aos herdeiros; mas a responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança. o Dação em pagamento: é possível. ▪ Art. 838. O fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado: III - se o credor, em pagamento da dívida, aceitar amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a perdê-lo por evicção. o Benefício de excussão ou de ordem ▪ Art. 839. Se for invocado o benefício da excussão e o devedor, retardando-se a execução, cair em insolvência, ficará exonerado o fiador que o invocou, se provar que os bens por ele indicados eram, ao tempo da penhora, suficientes para a solução da dívida afiançada. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS – arts. 593 a 609, CC ➢ CONCEITO: o art. 594, CC ➢ Atualmente a prestação de serviços encontra-se esvaziada, devido: o Direito do Trabalho: quando há habitualidade, dependência econômica e subordinação, há a caracterização da prestação de serviços no dir. do Trabalho; o Empreitada; o CC 2002: esvaziou muito o instituto, com a saída dos contratos de transporte e mandato. ➢ Hoje eles se referem mais a empresas de telecomunicações e profissionais liberais. ➢ ELEMENTOS: a) Objeto: b) Remuneração ou retribuição: CC arts. 594, 596 e 597. c) Prazo: ▪ máximo de 4 anos ▪ Possibilidade de renovação após o vencimento do período de 4 anos Obs.: Art. 599, CC – notificação para resolução do contrato ➢ CLASSIFICAÇÃO: o a) Bilateral ou sinalagmático: pois gera obrigações e deveres para ambos os contratantes; o b) Oneroso ou (redutíveis em dinheiro): aqueles dos quais ambas as partes visam obter vantagens ou benefícios patrimoniais, impondo-se encargos reciprocamente em benefício uma da outra. o c) Comutativos: as prestações de ambas as partes são de antemão conhecidas (certas e determinadas); o d) De duração continuada; o e) Consensual: se aperfeiçoa mediante acordo entre as partes o f) Não solene: não há taxatividade obrigando formalidade ➢ HABILITAÇÃO DO PRESTADOR: o Art. 606, CC ➢ EXTINÇÃO: o a) com a morte ▪ Art. 607, CC • A inclusão de “morte” das partes, ressalta o caráter personalíssimo (intuitu personae) do contrato. o b) Com justa causa: não há indenização do prestador; se paga o saldo em aberto, ressalvado ao prestador o direito a perdas e danos; o c) Sem justa causa: deve-se pagar 50% da remuneração do prazo restante (art. 603). ➢ ALICIAMENTO: o Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos. CONTRATO DE EMPREITADA – arts. 610 a 626, CC ➢ CONCEITO: “A empreitada é o contrato mediante o qual uma pessoa (dono da obra) pactua com outra (empreiteiro) a realização de uma obra, de acordo com as condições e preço que ajustarem.” (Paulo Lôbo) o Dono da obra ≠ proprietário ▪ A obra resultante apenas será transferida após a conclusão, por isso não pode ser considerado como proprietário ➢ Contrato de Empreitada x Contrato de Prestação de Serviços o Contrato de Prestação de Serviços: obrigação de meio o Contrato de Empreitada: obrigação de resultado (entrega da obra) ▪ O trabalho humano é o meio para chegar ao resultado • Não é personalíssimo, salvo se expresso (art. 626, CC) ➢ Exemplos de Contratos de Empreitada: o Edificação o Plantação o Reforma o Projeto o Protótipo o Desenho o Pintura o Móvel ➢ SUJEITOS: o Empreitante / dono da obra o Empreiteiro ➢ RESULTADO: Obra, que é todo resultado produzido pela atividade ou pelo trabalho, com a necessidade de ser o resultado favorável e eficaz o O recebimento presume o cumprimento da obrigação do empreiteiro ➢ PREÇO: é elemento essencial, pois se não existir será considerado mandato ou doação o Pode ser em dinheiro ou qualquer forma de remuneração (ex.: cota-parte da obra que irá se realizar) ➢ Preço Fixo ou Global ou Marché à forfait: obra fixada por preço invariável ➢ Preço Ad Mensuram (por medida): paga-se à medida que a obra vai sendo realizada ➢ Majoração ou Redução do Preço – art. 619 e 620, CC o A regra é que não haverá majoração do preço, salvo grandes modificações solicitadas pelo dono da obra o No caso de redução poderá o dono da obra solicitar se houver redução de 1/10 do preço dos materiais e mão-de-obra ➢ AUTONOMIA DA VONTADE DO EMPREITEIRO o Essencial para que seja contrato de empreitada ▪ Não há contrato de empreitada se o empreiteiro executa a obra sob a direção do dono da obra ▪ Os riscos são do empreiteiro, que é o devedor da obra ➢ É contrato, por regra, de obrigação indivisível, mas admite exceção o Ex.: contrato de empreitada para a construção de prédio que o dono da obra divide a construção por partes, com o mesmo empreiteiro, de acordo com suas disponibilidades financeiras, passando a ser a prestação divisível ➢ No mercadoimobiliário o Incorporação de Imóveis: contrato de empreitada + compra e venda De acordo com a Lei 4591/64 a incorporação imobiliária é a atividade exercida com o intuito de promover e realizar a construção para alienação de edificações compostas de unidades autônomas. ➢ Conteúdo do Contrato de Empreitada o Definição da obra a ser executada pelo empreiteiro o O tipo de empreitada ▪ Trabalho ▪ Trabalho + materiais o Preço e condições de pagamento o Prazos para execução da obra e de sua entrega o Recebimento pelo dono o Garantias oferecidas pelo empreiteiro, se houver o Direitos e deveres das partes o Penalidades pelo inadimplemento o Casos de resolução o Foro do contrato ➢ ESPÉCIES DE EMPREITADA o Empreitada de Lavor: atividade do empreiteiro na execução da obra a ser entregue o Empreitada Mista: atividade do empreiteiro + material próprio ou aquisição por sua conta ➢ Risco pelos materiais – arts. 611 a 613, CC o Lavor: dono da obra ▪ Empreiteiro: caso não comunique o dono da obra sobre os defeitos dos materiais o Mista: empreiteiro ➢ A entrega da obra transfere o risco para o dono da obra, mas com exceções ➢ CLASSIFICAÇÃO o Bilateral o Oneroso o Comutativo o Não solene o Consensual ➢ TEMPO E EXECUÇÃO DA OBRA o Previamente estipulado entre as partes para a entrega da obra o Pode haver alteração ▪ Aditamento contratual ▪ Caso fortuito ou força maior ➢ OBRIGAÇÕES o Empreiteiro ▪ Fornecer material de qualidade ▪ Executar a obra conforme projeto o Dono da obra ▪ Entregar o material ▪ Pagar o preço ▪ Receber a obra ➢ Solidez da Obra – art. 618, CC o Empreiteiro responsável por 5 anos ▪ Prazo: 180 dias para reclamar a contar do aparecimento do vício ➢ SUSPENSÃO DA OBRA o Pelo empreiteiro – arts. 624 e 625, CC o Pelo dono da obra – art. 623, CC ➢ EXTINÇÃO DO CONTRATO o Não se extingue pela morte das partes, salvo se expresso ▪ Art. 626, CC EMPRÉSTIMO ➢ CONCEITO: “Contrato pelo qual uma das partes entrega à outra coisa fungível ou infungível, com a obrigação de restituí-la”. (Carlos Roberto Gonçalves) ➢ ESPÉCIES: o Comodato: empréstimo de uso ▪ Coisa infungível o Mútuo: empréstimo de consumo ▪ Coisa fungível COMODATO – arts. 579 a 585, CC ➢ CONCEITO: o Art. 579, CC – O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto. ➢ ORIGEM: o Latim: commodum datum ▪ Coisa dada para cômodo e proveito daquele que recebe ➢ SUJEITOS o Comodante: sujeito ativo (aquele que entrega a coisa) o Comodatário: sujeito passivo (aquele que recebe a coisa) ✓ Não precisa ser proprietário para ser comodante, mas precisa ter a posse o Salvo vedação contratual ▪ Contrato de locação que veda transferência da posse a outro sem anuência do locador ➢ ELEMENTOS ESSENCIAIS o Gratuidade ▪ Comodato x Locação ▪ Comodato de apartamento com responsabilidade de pagamento de impostos e taxa condominial ▪ Se o empréstimo tiver contraprestação pecuniária será contrato inominado Obs.: contrato de comodato de equipamentos para venda exclusiva de produtos daquela marca (ex.: geladeira da coca-cola) não caracteriza remuneração ao comodato o Infungibilidade do objeto ▪ Restituição da mesma coisa ao término ▪ Pode ser objeto • Materiais • Imateriais, suscetíveis de uso e posse o Ex.: marca, patente de invenção, nome empresarial, etc o Tradição ▪ É contrato real, pois se aperfeiçoa com a tradição ▪ Posse: • Direta: comodatário • Indireta: comodante ▪ Proteção da posse: ambos, pois são possuidores • Art. 1197, CC o Temporalidade ▪ Comodato x Doação o Unilateral ▪ Obrigação apenas ao comodatário o Não solene ▪ Recomendável por escrito ➢ Art. 580, CC o Vedação de comodato se autorização judicial ▪ Tutores ▪ Curadores ▪ Administradores • Inventariante, • Testamenteiro • Depositário • Síndico de falência • etc ➢ Não há subcomodato o Contrato baseado na confiança ➢ PROMESSA DE COMODATO o Art. 579, CC impossibilita em razão da necessidade de tradição para realização ➢ DIREITOS DO COMODATÁRIO o Uso e gozo da coisa ➢ DEVERES DO COMODATÁRIO o Conservar a Coisa ▪ Deve conservar a coisa como se sua fosse ▪ Não pode alugar nem emprestar sem consentimento ▪ Benfeitorias • a princípio deveria ter direito à indenização das benfeitorias úteis e necessárias – art. 1219, CC o Jurisprudência: ▪ só poderá cobrar os gastos urgentes e necessários ▪ Mesmo que haja consentimento não há indenização para melhor uso e gozo do comodatário ▪ Art. 583, CC – deverá o comodatário dar preferência na preservação do bem em comodato que os de sua propriedade • Mesmo que em caso fortuito e força maior ▪ Responde pelos riscos • Dolo • Culpa ▪ Não responde • Caso fortuito • Força maior • Uso normal • Ação do tempo ▪ Art. 585, CC – solidariedade entre comodatários o Usar a coisa de forma adequada ▪ Se o contrato não estipular o uso deve se dar pela natureza da coisa • Ex.: se o automóvel é para uso em curtos trechos não poderá ser usado para viagens ▪ A conduta do comodatário deve respeitar a boa-fé – art. 422, CC • Caso contrário incide no art. 187, CC – ato ilícito o Restituir a coisa ▪ Hipóteses: • Fim do prazo estipulado • Término da necessidade para o uso o Empréstimo de trator para plantio, quando termina o plantio acaba a necessidade do empréstimo ▪ Negativa de restituição: Ação de Reintegração de Posse • Pode cumular com pagamento de aluguel arbitrado e responde pelo risco durante o atraso o Art. 582, CC • Aluguel é entendido como “perdas e danos” ▪ Art. 581, CC – exceção para comodante pedir a restituição antes do prazo • Necessidade imprevista e urgente o Reconhecimento do juiz ➢ OBRIGAÇÕES DO COMODANTE o Em regra não há obrigações, mas como exceções podem surgir ▪ Despesas extraordinárias e urgentes que excedam o uso comum da coisa ▪ Indenizar em caso de vício oculto que ele tinha conhecimento e dolosamente não preveniu o comendatário ▪ Receber a coisa no fim do prazo do comodato • Recusando: comodatário ajuíza ação de consignação em pagamento ➢ DIREITOS DO COMODANTE o Exigir ▪ Conservação da coisa ▪ Uso conforme sua destinação ▪ Que o comodatário efetue os gastos ordinários para conservação, uso e gozo ▪ Restituição findo o prazo ou presumido ▪ Arbitrar e cobrar aluguel como penalidade ➢ EXTINÇÃO DO COMODATO o Decurso do prazo ou pelo fim da necessidade o Resolução ▪ Descumprimento de obrigação do comodatário o Sentença ▪ Provada a necessidade imprevista e urgente do comodante o Morte do comodatário ▪ A regra é que o comodato é personalíssimo o Resilição unilateral ▪ Contrato indeterminado • Comodante notifica para comodatário devolver o objeto • Comodatário o restitui a coisa ▪ deposita judicialmente o Perecimento do objeto ▪ Culpa do comodatárioresponde por perdas e danos ▪ Notificado não devolve responde o comodatário ▪ Caso fortuito ou força maior: responde o comodatário • Exceção: art. 583, CC o Comodatário preferiu preservar seus objetos abandonando o do comodante MÚTUO – arts. 586 a 592, CC ➢ CONCEITO: empréstimo de coisa fungível pelo qual o mutuário obriga-se a restituir coisa de mesmo gênero, quantidade e qualidade o Art. 586, CC ➢ SUJEITOS: o Mutuante: proprietário que transfere a coisa o Mutuário: aquele que recebe a coisa ➢ Art. 587, CC – riscos por conta do mutuário – tradição o Há a transferência do domínio, e não apenas da posse ➢ O mutuário não devolve: o Mesmo bem ▪ Seria comodato o Outro bem ▪ Seria permuta o Quantia em dinheiro ▪ Seria compra e venda ➢ Deve devolver coisa da mesma espécie ➢ Bens fungíveis e consumíveis o Arts. 85 e 86, CC MÚTUO COMODATO Empréstimo de consumo Empréstimo de uso Coisas fungíveis Coisas infungíveis Mutuário não devolve a mesma coisa, mas sim da mesma espécie, qualidade e quantidade Obrigação do comodatário de devolver a mesma coisa no término do contrato Transferência do domínio Transferência da posse, sem domínio Permite alienação da coisa Não permite alienação da coisa ➢ CARACTERÍSTICAS o Contrato Real ▪ Aperfeiçoamento com a entrega da coisa com plena disposição o Contrato Gratuito: regra ▪ Mútuo Oneroso: Mútuo Feneratício • empréstimo de dinheiro com estipulação de juros o No CC/16 a onerosidade deveria ser expressa o No CC/02 – art. 591, CC o Contrato Unilateral ▪ Com a transferência ao mutuário não há mais obrigações ao mutuante o Contrato Não-solene o Contrato Temporário ▪ Se for perpétuo será doação • Art. 592, CC ➢ REQUISITOS SUBJETIVOS o Mutuante: proprietário e possuir capacidade o Mutuário: capacidade o Art. 588, CC - O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores. o Art. 589, CC - Cessa a disposição do artigo antecedente: ▪ I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente; • Autorização do representante ou assistente • Ratificação quando atinge maioridade ▪ II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais; • Alimentos no sentido amplo o Naturais: necessários para subsistência o Civis: condição social ▪ Educação ▪ Vestuário ▪ Assistência médica ▪ Etc ▪ III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; ▪ IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor; • Veda o enriquecimento sem causa ▪ V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente. • Art. 180, CC • Art. 1.691, CC ➢ MÚTUO BANCÁRIO o Código Civil x Código de Defesa do Consumidor ▪ O CDC incluiu expressamente as atividades bancárias e financeiras no conceito de serviço • Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. • § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. • § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. ▪ Súmula 297 do STJ – “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras” ➢ OBRIGAÇÕES o Mutuante: ▪ entregar a coisa ▪ vícios ou defeitos da coisa de que tinha conhecimento e não informou o mutuário o Mutuário: ▪ Restituir no prazo estipulado coisa na mesma quantidade e qualidade, ou pagar seu valor • O valor deve ser com base naquele de quando o mutuário recebeu o objeto CONTRATO DE DEPÓSITO – arts. 627 a 652, CC ➢ CONCEITO: “Depósito é o contrato em que uma das partes, nomeada depositário, recebe da outra, denominada depositante, uma coisa móvel, para guarda-la, com a obrigação de restituí-la na ocasião ajustada ou quando lhe for reclamada.” (Carlos Roberto Gonçalves) o Art. 627, CC ➢ CARACTERÍSTICAS o Guarda de coisa alheia ▪ Art. 640, CC – Não pode o depositário usar a coisa ▪ Em outros contratos a guarda de coisa é secundária: locação, comodato ▪ No depósito é elemento principal e fundamental ▪ Coisa entregue para ser transportada não configura contrato de depósito o Contrato Real ▪ Aperfeiçoa-se com a tradição ▪ Não é suficiente a manifestação da vontade o Objeto Móvel ▪ Expresso no artigo 627, CC ▪ Em outros países há a possibilidade de ter objeto imóvel • Ex.: Argentina ▪ Depósito Imobiliário • Possibilidade de depósito processual de um imóvel • Entendimento da doutrina mais moderna e jurisprudência de que é admissível depósito de bens imóveis o Temporalidade ▪ Gera a obrigação de restituir a coisa ▪ Pode o depositante reclamar pela devolução da coisa antes do prazo determinado, salvo o disposto no art. 633, CC o Gratuidade ▪ Mas pode convencionar pela onerosidade • Art. 628, CC o Unilateral ▪ Se for oneroso será bilateral Obs.: em caso de depósito oneroso pode haver a incidência das regras do CDC ➢ ESPÉCIES DE DEPÓSITO o Voluntário – arts. 627 a 646, CC ▪ “quando o depositante procedeu por sua livre vontade e conveniência, sem nenhuma pressão exterior ou dos fatos, e nas mesmas condições pôde fazer a escolha do depositário” (Cunha Gonçalves) ▪ Acordo de vontades • Princípio da autonomia da vontade • Consenso espontâneo ▪ Prova-se por escrito, mas não há formalidade para a celebração • art. 646, CC o ex.: recibos, comprovante de entrega da coisa, etc o Necessário ▪ “é aquele que o depositante, por imposição legal ou premido por circunstâncias imperiosas, realiza com pessoa não escolhida livremente” (Carlos Roberto Gonçalves) • Legal o Art. 647, I, CC • Miserável o Art. 647, II • Hospedeiro o Art. 649, CC ➢ OBRIGAÇÕES DO DEPOSITANTE o No ato da celebração do contrato ▪ Depósito • oneroso: o Pagar a remuneração convencionada ao depositário • Gratuito: o não há obrigações por ser unilateral o Durante o contrato ▪ Reembolsar a despesas • Necessárias (por lei) – ex.: alimentação do animal depositado • Úteis ou necessárias (contratualmente ajustado) – ex.: conservação do bem ▪ Indenizar o depositário pelos prejuízos • Ex.: vícios ou defeito da coisa que se tenham estendido a bens do depositário (animal doente que transmitiu doença aos demais) Obs.: direito de retenção até pagamento – art. 644, CC ➢ OBRIGAÇÕES DO DEPOSITÁRIO – art. 629, CC o Guarda de coisa alheia ▪ Deve guardar como se fosse sua a coisa ▪ Art. 640, CC – não pode o depositário utilizarda coisa, salvo autorização expressa o Conservar a coisa alheia ▪ Responde por culpa e dolo • Art. 642, CC – necessidade de prova de força maior • Estende-se à fortuito externo o Restituir a coisa com os seus frutos ▪ Prazos • Art. 633, CC o Art. 634, CC ➢ AÇÃO DE DEPÓSITO o Apenas no depósito contratual ▪ No depósito judicial não é necessário, pois já há uma ação em trâmite ➢ PRISÃO DO DEPOSITÁRIO INFIEL o Art. 652, CC o Art. 5º, LXVII, CF o Pacto de San José da Costa Rica ▪ Ninguém será preso por dívida, com a exceção de pensão alimentícia MANDATO – arts. 653 a 692, CC ➢ CONCEITO o “Mandato é encarregar outrem de praticar um ou mais atos por nossa conta e nosso nome, de modo que todos os efeitos dos atos praticados se liguem diretamente à nossa pessoa como se nós próprios os tivéssemos praticado”. (Roberto de Ruggiero) o Sinônimo de procuração ▪ Mandante / representado ▪ Mandatário / representante o Mandato ≠ Mandato Obs.: contrato de prestação de serviços de advogado = prestação de serviço + mandato ➢ CARACTERÍSTICAS o Personalíssimo o Consensual o Não solene ▪ Salvo nos casos determinados em lei (ex.: procuração) ▪ Art. 656, CC: mandato verbal ou tácito o Gratuito – regra o Unilateral – regra Obs.: se tiver remuneração será bilateral e oneroso ➢ QUEM PODE OUTORGAR MANDATO o Art. 654, CC o Art. 692, CC – procuração judicial ➢ QUEM PODE RECEBER MANDATO o Todos com capacidade o Menor relativamente incapaz – art. 666, CC ➢ ESPÉCIES o Tácito ou expresso ▪ Tácito: admissível nos casos em que a lei não exija ser expresso o Verbal ou escrito ▪ Verbal: admissível nos casos em que a lei não exija ser escrito o Gratuito ou oneroso o Judicial ou extrajudicial o Simples ou Empresário ▪ Empresário: atenção ao art. 966, CC o Geral ou Específico ▪ Específico: um ou mais negócios determinados ▪ Geral: todos os atos do mandante • Obs.: art. 661 só confere poderes de administração ➢ PLURALIDADE DE MANDATÁRIOS – art. 672 o Presunção de solidariedade ➢ SUBMANDATO OU SUBSTABELECIMENTO o Mandatário transfere poderes para 3º ▪ Com reserva ▪ Sem reserva ➢ ACEITAÇÃO DO MANDATO – art. 659, CC o Tácita o Expressa ➢ OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO o Agir em nome do mandante dentro dos poderes conferidos na procuração o Atuar com Diligência o Indenizar quando agir com culpa o Prestar contas ➢ OBRIGAÇÕES DO MANDANTE o Satisfazer as obrigações assumidas pelo mandatário o Adiantar as despesas necessárias à execução do mandato ➢ EXTINÇÃO DO MANDATO – art. 682, CC o Revogação ou renúncia ▪ Resilição unilateral • Ato do mandante: revogação • Ato do mandatário: renúncia ▪ Revogação total ou parcial o Morte ou interdição de uma das partes ▪ Obs.: art. 689, CC o Mudança de estado que inabilitem a execução ▪ Ex.: mudança de capacidade (outorgou era capaz e agora é incapaz) o Término do prazo ou pela conclusão do negócio SOCIEDADE CIVIL ➢ Art. 981,CC o Obrigam-se a: ▪ Contribuir com bens ou serviços o Finalidade: ▪ Atividade econômica ▪ Partilha dos resultados ➢ CONCEITO DE SOCIEDADE: Sociedade é, portanto, o contrato pelo qual duas ou mais pessoas se obrigam a conjugar seus esforços ou recursos para uma finalidade em comum, tendo como direito à partilha dos resultados. ➢ ELEMENTOS ESSENCIAIS o Contrato social o Duas ou mais pessoas o Affectio Societatis o Contribuição de cada sócio para criação do capital social o Atuação dos sócios para o fim comum o Participação nos resultados ▪ Positivo ▪ Negativo ➢ CLASSIFICAÇÕES o Empresária ou Civil ▪ Quanto ao fim que se propõem o Universais ou Particulares ▪ Quanto à extensão dos bens com os quais concorrem os sócios ➢ SOCIEDADE EMPRESÁRIA x SOCIEDADE CIVIL o Sociedade Empresária ▪ Art. 966, caput, CC • Exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços • Exceção: art. 966, § único, CC o Profissão intelectual, científica, literária ou artística ▪ Art. 982, CC – considera-se sociedade empresária aquela que exerce atividade de empresário, mediante registro ▪ Responsabilidade dos sócios depende da forma societária que se configurar o Sociedade Civil ▪ Capital e fim lucrativo não são elementos essenciais • Não há atividade mercantil como principal atividade • Pode ter fins econômicos ou não ▪ Pode se revestir das formas sociais dispostas no CC • Com a exceção da anônima ▪ Responsabilidade dos sócios • Obrigação entre os sócios: o contribuir para a formação do capital social; o evicção em caso de contribuição com bens ou créditos; o indenizar eventuais prejuízos; • Em relação a terceiros: o Se as obrigações forem celebradas por todos os sócios em conjunto, ou por algum deles com mandato, serão consideradas como dívidas da sociedade; o Se o débito for superior ao capital social ▪ Respondem os sócios proporcionalmente à sua participação • Insolvência de um dos sócios: o Divisão de sua parte aos demais sócios; • Os sócios não são solidários pelas dívidas sociais, nem os atos de um obrigam aos demais, salvo se houve proveito na sociedade ➢ DISSOLUÇÃO DAS SOCIEDADES CIVIS o Prazo estabelecido no contrato social o Extinção do capital social o Insolvência do sócio se tiver apenas 2 o Incapacidade se tiver apenas 2 o Morte se tiver apenas 2 ▪ Se tiver fins lucrativos não extingue o Renúncia se tiver apenas 2 o Distrato ➢ DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE o Liquidação ▪ Apuração do patrimônio social • Ativo e passivo CONTRATOS DE SEGURO – arts. 757 a 802, CC ➢ CONCEITO: “Considera-se contrato de seguro aquele pelo qual uma das partes, denominada segurador, se obriga, mediante o recebimento de um ‘prêmio’, a ‘garantir interesse legítimo’ da outra, intitulada segurado, ‘relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados’.” o Art. 757, CC ➢ SUJEITOS o Segurado o Segurador ▪ Necessita de autorização governamental ➢ CARACTERÍSTICAS o Bilateral ▪ Segurado: pagar o prêmio ▪ Segurador: efetuar o pagamento da indenização prevista no contrato o Oneroso o Aleatório: depende de fato eventual – sinistro o Risco: elemento essencial o Contrato de adesão ▪ Se aperfeiçoa com a aceitação do segurado às cláusulas estipuladas pelo segurador ➢ APÓLICE OU BILHETE DE SEGURO o Instrumento do contrato de seguro o Espécies: ▪ À ordem • Transmissível por endosso ▪ Ao portador • Transmissível por cessão civil de crédito Obs.: no seguro de vida não pode ser “ao portador” o Necessita conter ▪ Riscos assumidos ▪ Prazo ▪ Prêmio devido ▪ Quando for de morte • Nome do segurado e do beneficiário ➢ RISCO o Elemento essencial o Não pode dispor na apólice matéria contra ordem pública ▪ Art. 762, CC – impossibilidade de garantir risco provenientede dolo do segurado ➢ ESPÉCIES DE SEGURO o Seguros Sociais – Seguro Legal – obrigatório o Seguros Privados – Seguro Convencional – facultativo ▪ Terrestres ▪ Marítimos ▪ Aéreos o Seguros Individuais o Seguros Coletivos ➢ SEGURO MÚTUO o União de várias pessoas para assumir o risco inerentes às suas vidas ou aos seus bens, partilhando entre si os eventuais prejuízos. ▪ O conjunto das pessoas constitui pessoa jurídica ➢ SEGURO DE DANO o Art. 778, CC – valor da indenização não pode ser superior ao valor do prejuízo o O contrato de seguro não visa lucro ▪ Visa cobrir eventual prejuízo o Art. 782, CC – possibilidade de ter 2 contratos sobre o mesmo evento ▪ Necessidade de comunicar o interesse ao primeiro ➢ SEGURO DE PESSOA o Não tem caráter indenizatório o Valor depende da vontade das partes o Possibilidade de mais de um seguro o Espécies: ▪ Seguro de Vida • Morte do segurado: pagamento do prêmio a pessoas indicadas • Decurso do prazo: pagamento ao próprio segurado ou a quem indicar ▪ Seguro de Vida Coletivo • Art. 801, CC – pessoa jurídica estipulando seguro em favor daqueles que tiver vínculo
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