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Gestão ambiental Texto Aula 1

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1 
 
Desafios para uma efetiva gestão ambiental no Brasil 
 
Vânia Mendes da Silva Novais 
Discente do curso de Geografia da UESB 
vaniamsnovais@gmail.com 
Resumo 
 
 As transformações ambientais causadas pela sociedade são quase tão antigas quanto a 
própria existência do homem. No entanto, foi a partir das décadas finais do século passado que os 
impactos ambientais tornaram-se mais intensos devido ao elevado crescimento demográfico e ao 
alto grau da aceleração tecnológica. A partir da década de 1970 surgiu uma maior preocupação 
por parte de governantes, organizações não governamentais e sociedade civil em se discutir e 
implementar políticas voltadas para planejamento e gestão ambiental em todo o mundo. O 
presente trabalho tem por objetivo a abordagem dos desafios que cercam as políticas de 
planejamento e gestão ambiental no Brasil. Para isso, torna-se de grande relevância tratar o 
processo histórico de formação do País, caracterizado pelo padrão dilapidador da conquista 
territorial que foi preponderante para disseminar uma cultura que perdura até a atualidade, onde 
os recursos naturais, devido a sua diversidade e grande quantidade, são vistos, equivocadamente, 
como inesgotáveis. A metodologia utilizada para concepção deste artigo foi revisão de literatura, 
tendo como referencial teórico os estudos realizados por Antônio Carlos Robert Moraes. Outros 
autores que tratam o tema dentro da mesma linha de abordagem também serviram como fonte de 
pesquisa e inspiração. 
 
Palavras-chave: impactos ambientais – recursos naturais – planejamento ambiental – gestão 
ambiental 
 
 
Introdução 
 
 Atualmente o discurso sobre a questão ambiental é pronunciado por 
representantes de vários segmentos. Governantes, trabalhadores de diversas áreas, 
empresários, ONGs e a sociedade civil de um modo geral, manifestam diariamente 
preocupação com os recursos naturais do País. 
 O desenvolvimento da técnica e da ciência, potencializado após a Revolução 
Industrial trouxe consigo melhoria de vida para muitas pessoas, todavia, esse crescimento 
tecnológico acarretou mudanças significativas para o meio ambiente. O aumento da 
população mundial e a busca desta por hábitos mais confortáveis de vida demandam um 
consumo cada vez maior de recursos naturais e de fontes de energia. 
 O consumo cada vez mais ilimitado de recursos finitos gera uma série de impactos 
negativos para o meio ambiente. Apesar da antiga existência desses impactos, apenas na 
década de 1970 começaram a surgir preocupações a nível mundial com os recursos 
2 
 
naturais. A Conferência de Estocolmo, na Suécia, foi o marco do início de um 
planejamento ambiental em todo o mundo. 
No Brasil o planejamento e a gestão ambiental tiveram suas bases formuladas no 
processo de redemocratização do país na década de 1980. A promulgação da Lei 
Nº 6. 938 que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente manifesta uma maior 
preocupação com os recursos ambientais do País. 
 O presente trabalho tem por objetivo fazer uma abordagem sobre as dificuldades 
existentes no Brasil para que ocorra uma gestão ambiental satisfatória. Para isso é de 
extrema importância o resgate histórico acerca dos moldes como ocorreu a formação 
territorial do País, que contribuiu para a disseminação de uma cultura dilapidadora dos 
recursos naturais. 
 
Formação territorial do Brasil 
 
 As transformações ambientais causadas pela sociedade são quase tão antigas 
quanto à própria existência do homem. No entanto, foi a partir das últimas décadas do 
século passado que os impactos ambientais tornaram-se mais intensos, devido ao 
elevado crescimento demográfico e ao alto grau de aceleração tecnológica, que demanda 
tanto recursos naturais em demasia, quanto alternativas para a eliminação de resíduos 
gerados em grandes quantidades, por conta do alto padrão de consumo experimentado 
pela sociedade contemporânea. 
 Apesar da antiga existência desses efeitos ambientais degradatórios a 
preocupação com suas consequências surgiu oficialmente em 1972, durante a Primeira 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 
Estocolmo, na Suécia, onde teve origem o Programa das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente (PNUMA). Desde então pode ser percebida uma maior preocupação por parte 
de governantes, das organizações não governamentais e da sociedade civil em se discutir 
e implementar políticas direcionadas a gestão ambiental no País. 
 A implementação de políticas públicas de caráter ambiental não constitui tarefa 
fácil. Inúmeros são os empecilhos para que a gestão ambiental no Brasil aconteça de 
forma efetiva. Um desses problemas reside em um processo cultural e histórico. É por 
isso que torna-se de fundamental relevância a abordagem, ainda que de forma breve, de 
3 
 
um resgate histórico sobre os moldes de como ocorreu a formação territorial do nosso 
País. 
 O Brasil, país de dimensões continentais, com cerca de 8,5 milhões de quilômetros 
quadrados de território, apresenta uma série de problemas sociais e políticos que são 
muitas vezes justificados, de forma equivocada, pela grande extensão territorial do País. 
No entanto, é de fundamental relevância buscar explicações históricas para tentar 
equacionar tais problemas do Brasil que teve sua gênese baseada na conquista de 
espaços. Nesse sentido, (MORAES, 1997, p. 13-14) afirma que: 
 
O Brasil teve por berço uma formação colonial, e isso significa que a motivação da 
conquista de espaços está na gênese do País. A apropriação de novos lugares, 
com suas populações, riquezas e recursos naturais, era o móvel básico da 
colonização. Isto imprime uma marca na sociedade gestada na colônia, uma 
sociedade que tinha na conquista territorial um forte elemento de identidade. Assim, 
uma ótica dilapidadora comanda o processo de instalação do colonizador, a qual se 
expressa num padrão extensivo (do ponto de vista do espaço) e intensivo (do ponto 
de vista dos recursos naturais) de uso do solo. Neste quadro, as populações 
(autóctones ou transplantadas) são vistas como apenas um meio de se retirar a 
riqueza natural. É esta – o valor contido nas terras americanas – que estimula a 
ação das metrópoles. 
 
 
O padrão dilapidador que caracterizou o processo de colonização deixou para nós 
cultura e hábitos degradatórios que perduram até os dias atuais. Nesse sentido, os 
recursos naturais, devido a sua diversidade e grande quantidade, são tidos, 
erroneamente, como inesgotáveis. 
Nos países marcados pela formação colonial, o Estado possui um papel de 
organizador e gestor do espaço. No caso do Brasil, a ocupação dos fundos territoriais não 
explorados foi meta fundamental dos governantes no processo de “construção do país”, 
que perdurou até a década de 1930. Nesse período, a dotação de equipamentos públicos 
e infra-estrutura foram de fundamental importância para proteger os fundos territoriais e 
garantir a integridade do território. No entanto, essas obras foram feitas sem levar em 
consideração seu passivo ambiental. 
 No bojo da globalização da economia mundial, que emerge após a Revolução 
Industrial, as metas de todos os Governos brasileiros a partir de Getúlio Vargas, são 
norteadas pela idéia de “modernização” (entendida enquanto o processo de assimilação 
progressiva da técnica na vida social). Trazer a modernidade para o Brasil passa a ser 
alvo do planejamento estatal. 
4 
 
A tentativa de modernizar o país, induzida pelo Estado, inicia-se na era Vargas, 
com a criação do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, cuja função é 
coletar informações para o planejamento estatal. Posteriormente, a construção de Brasília 
no governo de Juscelino Kubitschek foi sem dúvida o símbolo e a materialização do poder 
do Estado como produtor de espaços. Na década de 1970, no entanto, a crise e a 
recessãominimizaram a capacidade de intervenção estatal no território, sobretudo por 
conta do alto endividamento externo. Nos anos finais do século XX houve uma tentativa 
por parte do Estado em inserir o país dentro da lógica mundial do processo de 
globalização, que para (MORAES, 2002, p. 142): 
 
[...] A crise freia o próprio ritmo da expansão territorial. E as fronteiras virtuais de 
acumulação tornam-se mais atrativas que os investimentos materiais, envolvendo a 
economia brasileira pesadamente no circuito da circulação financeira. A valorização 
“fictícia” do capital comanda este novo momento, que tem como diretrizes o 
“mercado” e a “globalização”. Talvez seja esse o mote contemporâneo da velha 
maldição colonial: construir o país é agora globalizá-lo, como já foi no passado 
civilizá-lo e modernizá-lo. 
 
É possível perceber que a natureza do nosso país sempre foi considerada como 
riqueza a ser apropriada, sem que houvesse a mínima preocupação com a possibilidade 
de extenuação desses recursos. Em nome da modernização e posteriormente da inserção 
do país na economia global, o espaço foi priorizado em detrimento da população. As 
políticas públicas são quase sempre voltadas para o território e não para o povo. A 
construção de estradas, aeroportos, pontes, portos e viadutos são geralmente 
beneficiadas, ao passo que políticas sociais, como melhorias nos serviços de saúde e 
educação, por exemplo, são relegadas em segundo plano. 
É nesse contexto de supremacia do espaço em detrimento da população que se 
esboça e se consolida o quadro de políticas públicas ambientais no Brasil, que apesar de 
conter políticas de planejamento e gestão ambiental, dificilmente as coloca em prática, em 
decorrência da cultura de dilapidação dos recursos naturais em nome da idéia de 
progresso do País, idéia essa que infelizmente ainda encontra-se arraigada no 
pensamento tanto da sociedade de um modo geral, quanto dos representantes políticos 
do Brasil. 
 
 
5 
 
Planejamento e gestão ambiental no Brasil 
 
 O crescimento demográfico vertiginoso acompanhado do intenso processo de 
industrialização, além da mecanização da agricultura experimentada por todo o globo a 
partir das últimas décadas do Século XIX, trouxe para nós uma série de impactos 
ambientais negativos que atingiram não só os recursos naturais como também a 
sociedade de um modo geral. 
 Os impactos ambientais aumentaram, sobretudo, em decorrência do 
desenvolvimento de uma sociedade de consumo, onde os objetos não são produzidos e 
comercializados apenas com o intuito de satisfazer as necessidades básicas dos 
indivíduos. Os bens de consumo representam, hoje mais do que nunca, o poder aquisitivo 
e status, de parcela da população. A cada dia são lançados no mercado novos modelos 
de eletroeletrônicos, eletrodomésticos, automóveis etc. A mídia insere nas mentes da 
maioria das pessoas uma “pseudo-necessidade” de pertencer esses objetos que lhes 
promete uma melhoria na qualidade de vida. 
 Em contrapartida, o consumo cada vez mais desenfreado nos traz uma série de 
consequências ambientais danosas, a cada aparelho novo adquirido, o anterior precisa 
ser descartado. A velocidade com que são fabricados novos produtos é proporcional à 
rapidez com que são descartados, o que acarreta problemas relacionados à poluição 
atmosférica, aquática, sonora, visual etc. Isso sem se falar do gasto energético e com 
matérias-primas que são utilizados para a fabricação de produtos que poderiam durar 
décadas, mas que, no entanto, tem uma vida útil muito curta. A cada mercadoria nova que 
chega ao mercado as suas versões anteriores são vistas como obsoletas e levadas ao 
“lixo”, mesmo que estejam em perfeitas condições de uso. 
 De acordo com o artigo 1º da Resolução CONAMA 001/86, Impacto Ambiental é 
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente 
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas 
que direta ou indiretamente venham a afetar: a saúde, a segurança e o bem estar da 
população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e 
sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais (PEREIRA E 
OUTROS, 2001, p. 14,15). 
6 
 
 Ao passo que os impactos ambientais foram se intensificando, devido a esse novo 
paradigma social e econômico imposto. Foi alargada a preocupação com a natureza e 
também as manifestações pela defesa do meio ambiente que têm como uma de suas 
metas a necessidade de um planejamento ambiental. A Conferência das Nações Unidas 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro, a ECO-92, foi sem dúvida de 
grande relevância, pois durante esse evento foi criado o maior programa de planejamento 
ambiental que já se imaginou: a AGENDA 21; que pode ser definida como um instrumento 
de planejamento que visa a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases 
geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência 
econômica, nas escalas global, nacional, regional e local, com o intuito de melhorar a 
qualidade de vida do ser humano com a conservação e preservação ambiental. 
 Desse modo, entende-se por Planejamento Ambiental todo o esforço da civilização, 
na busca pela preservação e conservação dos recursos naturais de um território, com 
vistas à sua própria sobrevivência. Pode-se dizer que Planejamento Ambiental é todo o 
planejamento que parte do princípio da valoração e conservação das bases naturais de 
um dado território como base de auto-sustentação da vida e das interações que a 
mantém, ou seja, das relações ecossistêmicas (SOUZA e SILVA, 2010, p. 5). 
 Nos dias atuais o planejamento ambiental é apontado como um dos requisitos para 
desenvolvimento de um sistema de gestão ambiental. Segundo Floriano (2004, p. 6) 
planejamento ambiental, portanto, é a organização do trabalho de uma equipe para 
consecução de objetivos comuns, de forma que os impactos resultantes, que afetam 
negativamente o ambiente em que vivemos, sejam minimizados e que, os impactos 
positivos, sejam maximizados (SOUZA e SILVA, 2010, p. 5). 
 A Gestão Ambiental por sua vez, pode ser entendida como um processo contínuo 
de análise, tomada de decisão, organização e controle das atividades de 
desenvolvimento, tendo como principal objetivo a mitigação de impactos negativos sobre 
o meio ambiente, ou seja, a eliminação, redução ou prevenção de danos ambientais. A 
Gestão Ambiental envolve também a escolha coerente dos serviços públicos oferecidos à 
comunidade, criação de leis, normatização e a penalização para os responsáveis por 
danos causados a natureza. Além disso, a Gestão Ambiental entende as diferentes 
relações entre a sociedade e a natureza, sendo mediadora de possíveis conflitos de 
intenções. Para (MORAES, 1997, p. 29), a Gestão Ambiental: 
7 
 
 
 [...] qualifica a ação institucional do poder público no sentido de objetivar a política 
 nacional de meio ambiente. É assim uma ação pública empreendida por um 
 conjunto de agentes caracterizados na estrutura do aparelho de Estado, visando a 
 aplicação da política ambiental do País. Esta envolve diretrizes constitucionais (que 
 em grande parte respondem pela estrutura do setor) e orientações de governo 
 (responsáveis em ampla medida pelo funcionamento do sistema). A gestão implica, 
 pelo exposto, a institucionalização e implementação da política estatal. 
 
 
No Brasil a Gestão Ambiental teve suas bases formuladas no processo de 
redemocratização do País na década de 1980, todavia, as políticas ambientais não 
consideravam o sujeito social enquanto participante da gestão. Inclusive a própria 
instituição de políticas para o meio ambiente nasceu do poder tecnocrata e não do 
intercâmbio com a sociedade. 
 A política ambiental brasileira propriamente dita se desenvolveude forma tardia se 
comparada às demais políticas setoriais brasileiras, e basicamente em resposta às 
exigências do movimento internacional ambientalista. Moraes (1997, p. 143), divide a 
política ambiental do País em quatro fases. Ao observarmos a evolução dessa política 
percebemos que houve avanços significativos, mas ainda existem muitos desafios para 
que ela se efetive de fato. 
 No Brasil a composição de uma estrutura de planejamento e gestão ambiental 
começou a ser esboçada na primeira metade da década de 1970, com a criação da 
Secretaria Especial de Meio Ambiente da Presidência da República. Nessa primeira fase 
do setor, a maior preocupação era a tentativa de combate a poluição. 
 Na década seguinte foi promulgada a Lei Nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que 
dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente tendo como objetivo a preservação, 
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando a assegurar no 
País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança 
nacional e à proteção da dignidade da vida humana. 
Surgem, pois, a partir da Lei Nº 6.938, o SISNAMA – Sistema Nacional de Meio 
Ambiente que consiste em um conjunto articulado de órgãos, entidades, regras e práticas 
responsáveis pela proteção e pela melhoria da qualidade ambiental. Além de criar o 
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente com a finalidade de assessorar, 
estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o 
meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre 
8 
 
normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e 
essencial à sadia qualidade de vida. 
 Essa segunda fase da política ambiental no Brasil foi caracterizada também por 
priorizar ações de conservação e preservação de áreas ambientalmente relevantes a fim 
de garantir a proteção dos ecossistemas e suas diversidades biológicas, disciplinar à 
ocupação do solo, além de possibilitar o uso sustentável dos recursos naturais. 
 A criação do programa “Nossa Natureza” no governo de José Sarney, em 1988, 
caracteriza a terceira fase da política ambiental brasileira. Para executar o programa que 
estabelecia a Política de Desenvolvimento Sustentado foi criado o IBAMA – Instituto 
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis que visava combater o 
desmatamento. Inicialmente o IBAMA chegou a obter resultados favoráveis, no entanto a 
falta de recursos financeiros fez com que o instituto perdesse a sua eficácia no combate 
ao desflorestamento. 
 Para (MORAES, 1997, p. 144) a quarta fase da política ambiental no Brasil: 
 
 
[...] resgata a discussão econômica da questão ambiental e se preocupa bem mais 
com aspectos institucionais dos programas e projetos. A índole claramente 
descentralizante da Constituição Federal de 1988 anima muito tal preocupação, que 
entre outros componentes introduz o estilo de planejamento participativo, que 
encontrará muitas dificuldades para se realizar num país marcado por tradição de 
cultura política autoritária e centralizadora. Também a alta disparidade regional e 
local ainda imperante no país joga com tal intuito. 
 
 
 Atualmente o Brasil dispõe de uma legislação ambiental ampla e completa. As 
políticas de planejamento e gestão ambiental evoluíram de maneira satisfatória. Contudo, 
essas leis nem sempre são colocadas em prática. A impunidade ainda é uma 
característica marcante nos crimes ambientais. Os grandes empresários dos setores 
agroindustriais devastam a natureza em nome do “desenvolvimento do País”, possuindo, 
muitas vezes, respaldo governamental, pois muitos dos representantes políticos do Brasil 
temem uma estagnação econômica. Além disso, parte considerável dos nossos 
representantes políticos é também proprietária de latifúndios e/ou empresas e, 
consequentemente, exploram de forma equivocada os recursos naturais. 
Outros desafios para o equacionamento da problemática ambiental estão 
relacionados às dificuldades conceituais, epistemológicas e metodológicas acerca da 
questão. A incipiente participação da sociedade civil nas discussões referentes à 
9 
 
problemática ambiental e as constantes privatizações dos recursos naturais constituem 
outros entraves para que a política ambiental brasileira funcione de maneira satisfatória 
 
Desafios para uma efetiva gestão ambiental no Brasil 
 
A sociedade contemporânea apresenta hoje um dos seus maiores desafios. A 
mudança de paradigma a fim de se evitar o colapso ambiental que coloca em risco a 
sobrevivência do homem no planeta Terra. Isso exige um estudo mais apurado das 
relações entre a sociedade e a natureza, além do desenvolvimento de competências 
técnicas, científicas e políticas que tornem eficiente a ação humana em defesa do meio 
ambiente. 
Apesar do desejo de parte significativa da população em se tentar proteger os 
recursos naturais, uma série de obstáculos cercam o equacionamento da problemática 
ambiental em nosso País. Esses empecilhos vão desde um efetivo estudo sobre essa 
temática, passando pela falta de participação popular nas decisões políticas e o receio de 
grande parte dos governantes em colocar em prática políticas ambientais, fazer valer a 
legislação ambiental e dessa forma reduzir o crescimento econômico do País. 
As principais dificuldades para que haja um estudo mais apurado e 
consequentemente mais completo da problemática ambiental estão relacionadas à 
ausência de bases epistemológicas, conceituais e metodológicas mais sólidas. 
 O acompanhamento epistemológico é válido para qualquer domínio da ciência, 
tendo mais destaque aqueles que não se encaixam nos paradigmas tradicionais, como é 
o caso dos que tratam a questão ambiental. Outro problema para o estudo dessa temática 
é a ausência de uma mínima padronização da linguagem, os mesmos termos recebem 
conteúdos diferentes dependendo da formação profissional da pessoa que os emprega. 
Se pensarmos que a questão ambiental é tratada por profissionais de diversas áreas é 
possível perceber que essa dificuldade não deve ser deixada de lado. Em relação às 
dificuldades metodológicas, (MORAES, 1997, p. 47) afirma que: 
 
[...] Sabemos que há uma grande diversidade de métodos nas ciências 
contemporâneas,cada uma trazendo formas próprias de abordar a realidade, com 
visões distintas acerca da natureza, acerca da sociedade e acerca da relação 
sociedade-natureza. Não há apenas um método na ciência, e urge entender as 
possibilidades de cada um no equacionamento da temática ambiental. 
 
10 
 
 
 Mais de uma década já se passou desde que essa obra de Moraes foi publicada, 
todavia, suas palavras ainda são bem atuais. Ainda hoje a questão ambiental é cercada 
de dificuldades epistemológicas, conceituais e metodológicas, o que interfere de forma 
bastante negativa para o estudo da temática ambiental e equacionamento dos problemas 
relacionados à área em questão. 
 Outro problema que compromete o trato da questão ambiental no Brasil está 
relacionado ao papel das universidades, estas formam tanto profissionais voltados para a 
degradação e para prática dilapidadora, quanto interessados na conservação da 
qualidade ambiental. Apesar disso, a universidade se constitui em importante lócus de 
denúncia e conscientização. 
 As “posturas acadêmicas” mais comuns adotadas pelas universidades tratam de 
formas equivocadas a questão ambiental. A primeira dessas posturas é o naturalismo, 
que não considera a dimensão social nas questões ambientais e vê o homem como um 
“invasor” da natureza, já o tecnicismo, dilui as implicações políticas de seu manejo – como 
se as “soluções técnicas” não envolvessem decisões políticas, interesses, projetos e 
perspectivas conflitantes. A terceira postura trata-se do romantismo que permeia muitos 
discursos referentes à temática ambientale peca por uma excessiva politização, na 
maioria das vezes com fundamentações frágeis ou inadequadas (MORAES, 1997, p.53-
54). 
 Segundo a Constituição Federal de 1988 o meio ambiente é um bem público, não 
podendo ser passível de apropriação privada. Contudo, a apropriação de recursos 
naturais feita a priori pelos colonizadores e atualmente pelos capitalistas é característica 
marcante do Brasil. É importante lembrar que muitas vezes o Estado age com o intuito de 
mediar a ação dilapidadora no País. A concessão para devastar diversos biomas com o 
objetivo de fornecer pasto a animais de grandes fazendas, para o plantio de monoculturas 
destinadas à exportação, ou instalação de grandes parques industriais é cedida pelo 
poder público. A construção de infra-estrutura para o escoamento desses produtos 
também ilustra o papel do Estado enquanto facilitador do processo de degradação em 
que o nosso País está inserido. 
 Até mesmo as áreas destinadas à preservação ambiental – as APAs que 
constituem uma categoria de unidade de conservação, voltada para a proteção de 
riquezas naturais que estejam inseridas dentro de um contexto de ocupação humana, 
11 
 
tendo como principal objetivo a conservação de sítios de beleza cênica e a utilização 
racional dos recursos naturais, apesar de estarem de acordo com a legislação são muitas 
vezes utilizadas como forma de mercantilização da natureza, possibilitando a exploração 
do turismo, dificultando o ingresso da população local e estimulando à visita de turistas 
que dêem lucros para os exploradores destes locais. 
 A apropriação privada do meio ambiente e a mercantilização da natureza são 
apenas dois entre os inúmeros exemplos que demonstram o papel do Estado enquanto 
facilitador da degradação ambiental no País, este constitui outro desafio para a efetiva 
gestão ambiental no Brasil. 
 A legislação ambiental brasileira constitui o conjunto de normas jurídicas que se 
destinam a disciplinar a atividade humana para torná-la compatível com a proteção do 
meio ambiente. No Brasil, as leis voltadas para a conservação ambiental começaram a 
ser votadas a partir de 1981, com a lei que criou a Política Nacional do Meio Ambiente. 
Posteriormente, novas leis foram promulgadas, vindo a formar um sistema bastante 
completo de proteção ambiental e um dos mais avançados do mundo. Contudo, 
conhecendo a nossa realidade ambiental fica clara a diferença entre o que está escrito na 
lei e o que é efetivamente colocado em prática. A maioria das leis que trata a questão 
ambiental é cumprida parcialmente ou nem são cumpridas em alguns casos, o que 
dificulta a melhoria do quadro ambiental brasileiro. 
 Outro empecilho para o desenvolvimento de uma gestão ambiental satisfatória está 
relacionado a pouca participação social nas discussões acerca da problemática em 
questão. Os obstáculos à viabilização da emancipação política da sociedade para a 
participação na gestão ambiental são, dentre outros, a oposição do poder público e das 
elites em abrir mão do espaço que foi apropriado e o assistencialismo do governo. Não 
havendo participação da sociedade, as deliberações técnicas tornam-se afastadas da 
realidade local. 
Os discursos em nome do “desenvolvimento sustentável” também constituem outro 
impasse para uma possível resolução da problemática ambiental. A definição mais aceita 
para este tipo de desenvolvimento diz respeito ao “desenvolvimento capaz de suprir as 
necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as 
necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos 
para o futuro”. Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e 
12 
 
Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar 
dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. 
Quando se fala em “desenvolvimento sustentável” deve-se ter clara a noção de que 
uma verdadeira mudança de paradigma se impõe, inclusive superando o próprio 
significado literal e usual das palavras. Sem essa guinada radical, a expressão enfocada 
passa a fazer parte de um palavrório estéril que nada de revolucionário comporta e não 
pode contribuir efetivamente para a conformação de um novo modelo sócio – econômico 
voltado para princípios ecológicos de respeito a natureza (CABETTE, 2011, p. 3). 
 Portanto, é importante se ter em mente que o “desenvolvimento sustentável” não 
passará de uma utopia enquanto a sociedade mundial estiver inserida dentro de uma 
lógica capitalista, que na busca desenfreada pelo lucro não respeita os limites ambientais. 
Além disso, grande parte da população mundial, mesmo aqueles que se dizem 
“ambientalistas” experimentam um alto padrão de consumo, que retroalimenta o modelo 
econômico capitalista. 
 
Considerações finais 
 
Os problemas ambientais no Brasil são tão numerosos quanto complexos. Apesar 
de o País possuir uma das legislações ambientais mais avançadas do mundo, ainda hoje 
existe muitas carências no trato da questão ambiental. As políticas destinadas a essa 
área encontram muitas dificuldades para serem colocadas em prática. 
Observando o processo histórico em que o Brasil foi formado, é possível concluir 
que desde a sua gênese os representantes governamentais priorizaram políticas públicas 
para o território em detrimento de políticas voltadas para a melhoria de vida da população 
do País. O padrão dilapidador da conquista territorial também deixou profundas marcas, 
pois até hoje perdura na mente de muitas pessoas a ação degradatória, sendo que muitas 
delas crêem, erroneamente, que os recursos naturais são inesgotáveis. 
Além disso, o país foi por muito tempo marcado pela gestão centralizadora e 
autoritária, o que inibe a participação popular até os dias atuais e impede uma maior 
efetividade nas políticas públicas, o que seria fundamental para solucionar problemas 
ambientais no País. 
13 
 
As análises a respeito da questão ambiental ainda necessitam muito de estudos 
mais complexos. As próprias universidades ainda tratam a questão ambiental, muitas 
vezes, de forma equivocada. Uma série de estudantes e professores universitários aborda 
os problemas ambientais de forma bastante superficial. 
A sociedade contemporânea experimenta hoje um consumo exagerado, inclusive 
muitas das pessoas que se consideram ambientalistas apresentam um alto padrão de 
consumo, o que constitui grande impasse para a resolução dos problemas ambientais, 
pois a demanda por matérias-primas e fontes de energia é cada vez maior. Isso sem se 
falar da poluição do ar, da água, dos solos, sonora etc. que é gerada pelo consumo 
excessivo. 
 Outro equívoco em relação à temática ambiental gira em torno da idéia de 
“Desenvolvimento Sustentável”. Muitos políticos e grandes empresários afirmam que suas 
gestões caminham em busca deste tipo de desenvolvimento. Porém, a sustentabilidade 
só ocorrerá de fato quando houver uma maior conscientização e um cumprimento efetivo 
da legislação ambiental. 
É possível perceber que muitos são os entraves para que haja uma gestão 
ambiental satisfatória no Brasil. Não basta apenas ter leis, é preciso colocá-las em prática. 
A participação popular nas decisões públicas também é de fundamental importância, uma 
vez que, as deliberações técnicas tornam-se muito afastadas da realidade local quando a 
sociedade não tem conhecimento e nem participa das decisões públicas. 
 
Referências 
 
CABETTE, E. L. S. É sustentável a tese do desenvolvimento sustentável? Lorena-SP. 
Disponível em: <HTTP//: www.lo.unisal.br/sistemas/bioetica/arquivos/textoetica.doc > 
Acesso em Abril de 2011. 
 
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MORAES, A. C. R. Meio Ambiente e Ciências Humanas. 
2ªEd. São Paulo, Hucitec, 1997. 
 
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Ambientais. Lavras: UFLA/FAEPE, 2001. 
 
 
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SOUZA, T. C de. SILVA, E. V. da. Planejamento e gestão ambiental: análise integrada 
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Coimbra, Maio de 2010

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