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Centro Universita´rio do Instituto Maua´ de Tecnologia Escola de Engenharia Maua´ EFB102 - Geometria Anal´ıtica e A´lgebra Linear Mo´dulo 02 Bases e Mudanc¸a de Base Prof. Vitor Alex Oliveira Alves Profa. Eloiza Gomes 28 de fevereiro de 2014 Suma´rio 1 Dependeˆncia e independeˆncia linear 2 1.1 Tratamento alge´brico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1.2 Interpretac¸a˜o geome´trica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2 Exerc´ıcios propostos 9 3 Bases 11 3.1 Propriedade fundamental das bases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 3.2 Adic¸a˜o e multiplicac¸a˜o por escalar usando coordenadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 4 Mudanc¸a de Base 16 5 Exerc´ıcios propostos 19 6 Refereˆncias 21 1 1 Dependeˆncia e independeˆncia linear No estudo da Geometria em espac¸os tridimensionais, frequentemente ocorrem situac¸o˜es de paralelismo (en- tre retas, planos ou entre retas e planos) e coplanaridade (entre retas ou entre retas e planos). O conceito de dependeˆncia linear e´ ferramenta importante para o tratamento alge´brico de tais situac¸o˜es. De fato, a quase totalidade dos livros que tratam do Ca´lculo Vetorial empregam a dependeˆncia linear e seu conceito complementar, a independeˆncia linear. Neste material, estes conceitos sera˜o abordados sob dois pontos de vista. O primeiro deles, estritamente alge´brico, estabelece as definic¸o˜es formais de dependeˆncia e independeˆncia linear, apresentando resultados importantes para a compreensa˜o dos problemas que sera˜o tra- tados durante o curso de Geometria Anal´ıtica. O segundo ponto de vista traz as interpretac¸o˜es geome´tricas associadas a` dependeˆncia e independeˆncia linear. E´ importante notar que as noc¸o˜es de dependeˆncia e independeˆncia linear sa˜o aplica´veis a conjuntos, sequeˆncias ou n-uplas de vetores do tipo {~u1, ~u2, · · · , ~un}. 1.1 Tratamento alge´brico Sejam o conjunto S = {~u1, ~u2, · · · , ~un} e os escalares λ1, λ2 · · ·λn ∈ R. Definic¸a˜o 1. O conjunto S e´ linearmente independente - ou, de forma abreviada, l.i. - se, e somente se, a u´nica combinac¸a˜o linear dos vetores de S que gera o vetor nulo ~0 e´ sua combinac¸a˜o linear trivial. A definic¸a˜o 1 implica em que S = {~u1, ~u2, · · · , ~un} e´ l.i. se, e somente se, λ1~u1 + λ2~u2 + · · ·+ λn~un = ~0 ⇒ λ1 = λ2 = · · · = λn = 0. (1) Definic¸a˜o 2. O conjunto S e´ linearmente dependente - ou l.d. - se, e somente se, S na˜o e´ linearmente independente. Ou seja, S e´ l.d. se, e somente se, ale´m da combinac¸a˜o linear trivial dos vetores de S, existe uma outra combinac¸a˜o linear que tambe´m gera o vetor nulo ~0. Equivalentemente, a definic¸a˜o 2 pode ser retratada na forma: S e´ l.d. ⇔ ∃λ1, λ2, · · · , λn na˜o todos nulos tais queλ1~u1 + λ2~u2 + · · ·+ λn~un = ~0. (2) A equac¸a˜o 2 pode ser reescrita como S e´ l.d. ⇔ λ1~u1 + λ2~u2 + · · ·+ λn~un = ~0 com λ21 + λ22 + · · ·+ λ2n 6= 0. (3) Exemplo 1. Seja S = {~0, ~u1, ~u2, · · · , ~un}. Uma vez que 1 ·~0 = ~0 e 0 · ~u1 + 0 · ~u2 + · · ·+ 0 · ~un = ~0, e´ poss´ıvel escrever 1 ·~0 + ~u1 + 0 · ~u2 + · · ·+ 0 · ~un = ~0. (4) A partir de (4), conclui-se que S e´ um conjunto l.d.. 2 � O exemplo 1 revela que: Todo conjunto de vetores que inclua o vetor nulo e´, necessariamente, um conjunto linearmente dependente. Exemplo 2. Considere ~u = 3~v. a) Escreva treˆs expresso˜es diferentes do vetor nulo ~0 como combinac¸a˜o linear de ~u e ~v. b) Repita o item anterior supondo que {~u,~v} e´ um conjunto l.i.. Para a al´ınea a, uma primeira expresa˜o va´lida e´ a combinac¸a˜o linear trivial: 0 · ~u + 0 · ~v = ~0. De ~u = 3~v, pode-se escrever 1~u + (−3)~v = ~u + (−~u) = ~0. Finalmente, multiplicando os dois membros da igualdade anterior por um escalar k arbitra´rio, obte´m-se infinitas novas expresso˜es do tipo k~u + (−3k)~v = k~u+ (−k~u) = ~0. E´ imposs´ıvel solucionar b. De acordo com a definic¸a˜o 1, so´ ha´ uma expressa˜o do vetor nulo como combinac¸a˜o linear de ~u e ~v: a combinac¸a˜o linear trivial 0 · ~u+ 0 · ~v = ~0. � Exemplo 3. Seja 2~u − √3~v = ~0. O conjunto S = {~u,~v} e´ l.d.. Considere o conjunto T = {~u,~v, ~w, ~z,~t}. Mostre que T e´ l.d. para quaisquer vetores ~w, ~z e ~t ∈ R3. De fato, e´ poss´ıvel escrever 2~u−√3~v + 0 · ~w+ 0 · ~z + 0 ·~t = ~0 e, portanto, T e´ um conjunto linearmente dependente, ∀ ~w, ~z e ~t ∈ R3. � O resultado do exemplo 3 pode ser generalizado, como visto a seguir. Teorema 3. Seja S = {~u1, ~u2, · · · , ~un} ⊂ T um conjunto linearmente dependente. Enta˜o, o conjunto T = {~u1, ~u2, · · · , ~un, ~un+1, ~un+2, · · · , ~un+m} e´ tambe´m linearmente dependente. Demonstrac¸a˜o. Por hipo´tese, existem escalares λ1, λ2, · · · , λn na˜o todos nulos e tais que λ1~u1 +λ2~u2 + · · ·+ λn~un = ~0. Enta˜o, para estes mesmos λ1, λ2, · · · , λn tem-se: λ1~u1 + λ2~u2 + · · ·+ λn~un + 0 · ~un+1 + 0 · ~un+2 + · · ·+ 0 · ~un+m = ~0, o que conclui a demonstrac¸a˜o. O teorema 3 pode ser enunciado de outra maneira: Seja S um subconjunto l.d. de um conjunto T. Enta˜o T e´, necessariamente, l.d.. Ale´m disso, o teorema 3 traz como consequeˆncia: Corola´rio 4. Seja T = {~u1, ~u2, · · · , ~up} um conjunto l.i.. Enta˜o, qualquer subconjunto (na˜o vazio) de T e´, necessariamente, l.i.. 3 Exemplo 4. Suponha que: 2~u− 3~v + 0 · ~w − ~z = ~0. (5) A equac¸a˜o (5) mostra que o conjunto {~u,~v, ~w, ~z} e´ l.d.. A partir de (5), pode-se escrever os vetores ~u, ~v e ~z como combinac¸o˜es lineares dos demais vetores: ~u = 32~v + 0 · ~w + 12~z ; ~v = 23~u+ 0 · ~w − 13~z ; ~z = 2~u+ 0 · ~w − 3~v. No entanto, (5) na˜o permite escrever o vetor ~w como combinac¸a˜o linear de ~u, ~v e ~z. � Exemplo 5. Prove que S = {~u,~v, ~w, ~z} e´ um conjunto l.d. se, e somente se, ao menos um de seus vetores e´ combinac¸a˜o linear dos demais. Demonstrac¸a˜o. Supondo S l.d., existem λ1, λ2, λ3 e λ4 na˜o todos nulos e tais que λ1~u+λ2~v+λ3 ~w+λ4~z = ~0. A partir desta relac¸a˜o, pode-se admitir (sem perda de generalidade) que λ3 6= 0. Enta˜o: ~w = ( −λ1 λ3 ) ~u+ ( −λ2 λ3 ) ~v + ( −λ4 λ3 ) ~z = λ′1~u+ λ′2~v + λ′4~z. Reciprocamente, se por hipo´tese ~w = α~u+ β~v + γ~z, e´ poss´ıvel escrever ~0 = α~u+ β~v + γ~z + (−1)~w. Isto revela que S = {~u,~v, ~w, ~z} e´ um conjunto l.d.. � Os conceitos envolvidos nos exemplos 4 e 5 podem ser generalizados, como mostrado a seguir. Teorema 5. Seja n > 2. O conjunto S = {~u1, ~u2, · · · , ~un} e´ linearmente dependente se, e somente se, ao menos um dentre ~u1, ~u2, · · · , ~un e´ combinac¸a˜o linear dos outros n− 1. Demonstrac¸a˜o. O racioc´ınio e´ dividido em dois passos: (⇒) Por hipo´tese, λ1~u1 + λ2~u2 + · · · + λj~uj + · · · + λn~un = ~0, em que existe ao menos um λj 6= 0, j ∈ {1, 2, · · · , n}. Logo, −λj~uj = λ1~u1 + · · · + λj−1~uj−1 + λj+1~uj+1 + · · · + λn~un. E, uma vez que λj 6= 0, resulta ~uj = ( −λ1 λj ) ~u1 + · · ·+ ( −λj−1 λj ) ~uj−1 + ( −λj+1 λj ) ~uj+1 + · · ·+ ( −λn λj ) ~un ⇒ ⇒ ~uj = λ′1~u1 + · · ·+ λ′j−1~uj−1 + λ′j+1~uj+1 + · · ·+ λ′n~un. (⇐) Reciprocamente, se ~uj = λ′1~u1 + · · ·+ λ′j−1~uj−1 + λ′j+1~uj+1 + · · ·+ λ′n~un, tem-se: λ′1~u1 + · · ·+ λ′j−1~uj−1 + (−1)~uj + λ′j+1~uj+1 + · · ·+ λ′n~un = ~0. E, como λ′j = −1 6= 0, a demonstrac¸a˜o esta´ completa. O teorema 5 tem uma consequeˆncia direta. 4 Corola´rio 6. Seja n > 2. O conjunto S = {~u1, ~u2, · · · , ~un} e´ linearmente independente se, e somente se, nenhum de seus vetores e´ combinac¸a˜o linear dos demais. O teorema a seguir tem grande importaˆncia no estabelecimento do conceito de bases, assunto a ser tratado em um pro´ximo cap´ıtulo. Teorema 7. Se S = {~u1, ~u2, · · · , ~un} ⊂ T e´ um conjunto l.i. e T = {~u1, ~u2, · · · , ~un, ~v} e´ umconjunto l.d., enta˜o ~v = α1~u1 + α2~u2 + · · ·+ αn~un, com α1, α2, · · · , αn u´nicos para cada ~v. Demonstrac¸a˜o. Por hipo´tese, existem λ1, λ2, · · · , λn, λn+1 na˜o todos nulos e tais que λ1~u1 + λ2~u2 + · · · + λn~un + λn+1~v = ~0. Nesta u´ltima relac¸a˜o, tem-se necessariamente λn+1 6= 0, pois do contra´rio o conjunto T seria l.i.. Enta˜o, pode-se escrever: −λn+1~v = λ1~u1 + λ2~u2 + · · ·+ λn~un ⇒ ~v = ( − λ1 λn+1 ) ~u1 + ( − λ2 λn+1 ) ~u2 + · · ·+ ( − λn λn+1 ) ~un e ~v = α1~u1 + α2~u2 + · · ·+ αn~un, em que αj = − λj λn+1 , j = 1, 2, · · · , n. Resta demonstrar a unicidade dos coeficientes αj . Para tanto, admite-se ~v = α ′ 1~u1 + α ′ 2~u2 + · · ·+ α′n~un. Por simples diferenc¸a, tem-se ~0 = ~v − ~v = (α1 − α′1)~u1 + (α2 − α′2)~u2 + · · · + (αn − α′n)~un. Uma vez que S = {~u1, ~u2, · · · , ~un} e´ um conjunto l.i., resulta αj − α′j = 0 ⇔ αj = α′j , com j = 1, 2, · · · , n. Observac¸a˜o 1. Conforme as definic¸o˜es 1 e 2, a dependeˆncia e independeˆncia linear sa˜o qualidades inerentes a um conjunto (ou sequeˆncia) de vetores, e na˜o aos pro´prios vetores. No entanto, no linguajar do dia a dia, e´ comum dizer “os vetores ~u e ~v sa˜o l.i.”e “os vetores ~u, ~v e ~w sa˜o l.d.”, ao inve´s de dizer, corretamente, “o conjunto {~u,~v} e´ l.i.”e “o conjunto {~u,~v, ~w} e´ l.d.”. Deve-se evitar, no entanto, que esse abuso de linguagem cause, por exemplo, o erro de concluir que “se ~u e´ l.i. e ~v e´ l.i., enta˜o os vetores ~u e ~v sa˜o l.i.”. De fato, isto nem sempre e´ verdade... Observac¸a˜o 2. Existe uma sutil diferenc¸a entre os teoremas 5 e 7. Por um lado, o teorema 5 garante que, se S = {~u1, ~u2, · · · , ~un} e´ l.d., enta˜o ao menos um dos vetores de S e´ combinac¸a˜o linear dos demais. No entanto, na˜o especifica qual, nem quantos. A seguir sa˜o listados alguns casos: • Seja S1 = {~u,~v} um conjunto l.i. e ~w ‖ ~v. Neste caso, S2 = {~u,~v, ~w} e´ l.d.. Tem-se enta˜o: ~w e´ combinac¸a˜o linear de ~u e ~v; ~v e´ combinac¸a˜o linear de ~v e ~w; mas ~u na˜o e´ combinac¸a˜o linear de ~v e ~w. • Seja ~w = ~0 e S1 = {~u,~v} um conjunto l.i.. Enta˜o S2 = {~u,~v, ~w} e´ l.d., ~w e´ combinac¸a˜o linear de ~u e ~v, mas ~u na˜o pode ser escrito como combinac¸a˜o de ~v e ~w. Finalmente, ~v na˜o e´ uma combinac¸a˜o de ~u e ~w. • Sejam ~u, ~v e ~w dois a dois l.i. e S2 = {~u,~v, ~w} e´ l.d.. Enta˜o, qualquer um dos treˆs vetores e´ combinac¸a˜o linear dos outros dois 1. 1Apo´s estudar a sec¸a˜o 1.2, procure representar geometricamente as treˆs situac¸o˜es aqui descritas. 5 Por outro lado, o teorema 7 - que aborda o caso particular em que S = {~u1, ~u2, · · · , ~un} e´ um con- junto l.i. - permite escrever ~v ∈ T = {~u1, ~u2, · · · , ~un, ~v} (conjunto l.d.) como combinac¸a˜o linear de ~u1, ~u2, · · · , ~un. Isto na˜o impede, entretanto, que ~u1 seja combinac¸a˜o dos demais, por exemplo. Exemplo 6. Sejam ~a = ~u+ ~w, ~b = 2~u+~v− ~w e ~c = ~v− 2~w. Prove que S1 = {~u,~v, ~w} e´ l.i. ⇔ S2 = {~a,~b,~c} e´ l.i.. Demonstrac¸a˜o. (⇒) Admite-se que S1 = {~u,~v, ~w} e´ l.i. e prova-se que S2 = {~a,~b,~c} e´ l.i.. Para tanto, e´ preciso mostrar que a u´nica combinac¸a˜o linear destes vetores capaz de gerar o vetor nulo e´ a combinac¸a˜o trivial, ou seja, α~a+ β~b+ γ~c = ~0 ⇔ α = β = γ = 0. A partir das expresso˜es fornecidas, tem-se: α~a+ β~b+ γ~c = α(~u+ ~w) + β(2~u+ ~v − ~w) + γ(~v − 2~w) = ~0. (6) Rearranjando os termos de (6): (α+ 2β)~u+ (β + γ)~v + (α− β − 2γ)~w = ~0. (7) Uma vez que, por hipo´tese, S1 = {~u,~v, ~w} e´ l.i., (7) implica em que: α+ 2β = 0 β + γ = 0 α− β − 2γ = 0 (8) O sistema linear homogeˆneo (8) so´ admite a soluc¸a˜o α = β = γ = 0 e, portanto, S2 = {~a,~b,~c} e´ um conjunto l.i.. (⇐) Reciprocamente, admite-se que S2 = {~a,~b,~c} e´ l.i. e prova-se que S1 = {~u,~v, ~w} e´ l.i. Para tanto, seja o sistema linear vetorial expresso em (9): ~a = ~u+ ~w ~b = 2~u+ ~v − ~w ~c = ~v − 2~w (9) A partir de (9), obte´m-se ~u = −~a+~b− ~c , ~v = 4~a− 2~b+ 3~c , ~w = 2~a−~b+ ~c. (10) Com base em (10), repete-se o procedimento aplicado em (⇒). A susbtituic¸a˜o de ~u, ~v e ~w por suas expresso˜es e agrupamento dos termos semelhantes leva a` α~u+ β~v + γ ~w = ~0 ⇒ (−α+ 4β + 2γ)~a+ (α− 2β − γ)~b+ (−α+ 3β + γ)~c = ~0. (11) Uma vez que S2 = {~a,~b,~c} e´ l.i., (11) implica em que: −α+ 4β + 2γ = 0 α− 2β − γ = 0 −α+ 3β + γ = 0 (12) A u´nica soluc¸a˜o do sistema linear homogeˆneo (12) e´ a soluc¸a˜o trivial α = β = γ = 0. Logo, S1 = {~u,~v, ~w} e´ l.i.. � 6 1.2 Interpretac¸a˜o geome´trica As definic¸o˜es 1 e 2 e os teoremas delas derivados acarretam as seguintes interpretac¸o˜es geome´tricas: i. S = {~v} e´ l.d. se ~v = ~0 e l.i. se ~v 6= ~0. ii. S = {~u,~v} e´ l.d. se ~u ‖ ~v. Caso contra´rio, S = {~u,~v} e´ l.i.. iii. S = {~u,~v, ~w} e´ l.d. se ~u, ~v e ~w sa˜o coplanares. Caso contra´rio, S = {~u,~v, ~w} e´ l.i.. iv. Se n > 4, qualquer conjunto de vetores {~u1, ~u2, · · · , ~un} e´ l.d.. Exemplo 7. Na figura 1, os vetores esta˜o representados nas arestas ou nas faces de um paralelep´ıpedo. a bc x y Figura 1: Vetores em um paralelep´ıpedo Verifique se os seguintes conjuntos de vetores sa˜o l.i. ou l.d. e justifique sua resposta. a) S1 = {~b,~c, ~y}. b) S2 = {~b, ~x, ~y}. c) S3 = {~a,~b, ~x, ~y}. d) S4 = {~a, ~w}, com ~w = ~x− ~a+~b. O conjunto S1 = {~b,~c, ~y} da al´ınea a e´ l.d., uma vez que os vetores ~b, ~c e ~y sa˜o coplanares (ou, equivalentemente, paralelos a um mesmo plano). Por outro lado, na al´ınea b, o conjunto S2 = {~b, ~x, ~y} e´ l.i.. De fato, os vetores ~b, ~x e ~y teˆm representantes em faces na˜o-paralelas do paralelep´ıpedo, ou seja, sa˜o na˜o coplanares. O conjunto S3 = {~a,~b, ~x, ~y} da al´ınea c e´ l.d., pois quatro vetores do espac¸o geome´trico tridimensional sa˜o sempre linearmente dependentes (vide al´ınea iv - interpretac¸o˜es geome´tricas). Finalmente, a inspec¸a˜o da figura 1 permite verificar que ~w = ~x − ~a + ~b = ~0. Desta forma, na al´ınea d, tem-se S4 = {~a, ~w} = {~a,~0}. Assim, S4 e´ um conjunto l.d., pois conte´m o vetor nulo ~0 (vide exemplo 1). � Exemplo 8. No tetraedro OABC da figura 2, determine m para que X = O + m(13 −→ OA − −−→OB + 12 −−→ OC) pertenc¸a ao plano ABC. A B C O X Figura 2: Tetraedro OABC Afirmar que X pertence ao plano ABC equivale a dizer que {−−→AX,−−→AB,−→AC} e´ l.d., ou seja, que a equac¸a˜o vetorial α −−→ AX + β −−→ AB + γ −→ AC = ~0 (13) admite soluc¸a˜o na˜o trivial. A estrate´gia de soluc¸a˜o consiste em exprimir os vetores em (13) como combinac¸o˜es lineares dos veto- res l.i. −→ OA, −−→ OB e −−→ OC. Assim: 7 −−→ AX = −→ AO + −−→ OX −−→ AX = −−→OA+m(13 −→ OA−−−→OB + 12 −−→ OC) = −−→ AX = (13m− 1) −→ OA−m−−→OB + 12m −−→ OC. (14) Tambe´m e´ poss´ıvel escrever: −−→ AB = −→ AO + −−→ OB = −−→OA+−−→OB, (15) −→ AC = −→ AO + −−→ OC = −−→OA+−−→OC. (16) Substituindo (14), (15) e (16) em (13), obte´m-se:[( 1 3 m− 1 ) α− β − γ ]−→ OA+ (−mα+ β)−−→OB + ( 1 2 mα+ γ )−−→ OC = ~0. (17) Uma vez que os vetores −→ OA, −−→ OB e −−→ OC sa˜o l.i., (17) equivale ao sistema linear ( 1 3m− 1 ) α− β − γ = 0 −mα+ β = 0 1 2mα+ γ = 0 (18) Toda soluc¸a˜o do sistema de equac¸o˜es lineares (18) e´, portanto, soluc¸a˜o de (13) e vice-versa. Desta maneira, afirmar que X pertence ao plano ABC equivale a dizer que (18) admite soluc¸a˜o na˜o nula. Existem, diversas maneiras de se verificar se tal fato e´ verdadeiro. Por, exemplo, aplicando a Teorema de Cramer, (18) admite soluc¸a˜o na˜o nula se, e somente se:∣∣∣∣∣∣∣ 1 3m− 1 −1 −1 −m 1 0 1 2m 0 1 ∣∣∣∣∣∣∣ = 0 (19) Solucinando (19), tem-se m = −6. � A seguir, sa˜o abordados casos particulares do teorema 7 (de interesse imediato ao curso). Proposic¸a˜o8. Se S = {~u,~v} e´ um conjunto l.i. de vetores do R2, enta˜o qualquer vetor ~x ∈ R2 e´ uma combinac¸a˜o linear u´nica de ~u e ~v. 8 Demonstrac¸a˜o. Sejam P , A e B pontos tais que ~u = −→ PA, ~v = −−→ PB e ~x = −−→ PC, como ilustra a figura 3. P DA u vE x B C Figura 3: O vetor ~x = α~u+ β~v As retas por C paralelas a PA e a PB determinam, respectiva- mente, os pontos D e E nas retas PA e PB. Uma vez que −→ PA e−−→ PD sa˜o paralelos e −→ PA e´ um vetor na˜o nulo, tem-se −−→ PD = α~u. De forma ana´loga, −−→ PE = β~v. Assim, ~x = −−→ PC = −−→ PD+ −−→ PE = α~u+β~v. Os argumentos descritos nesta demonstrac¸a˜o sa˜o tambe´m va´lidos para os casos em que C pertence a uma das retas PA e PB. Proposic¸a˜o 9. Se S = {~u,~v, ~w} e´ um conjunto l.i. de vetores do R3, enta˜o qualquer vetor ~x ∈ R3 e´ uma combinac¸a˜o linear u´nica de ~u, ~v e ~w. Demonstrac¸a˜o. Sejam P , A, B, C e D pontos tais que ~u = −→ PA, ~v = −−→ PB, ~w = −−→ PC e ~x = −−→ PD, como visto na figura 4. P ANu vBQ wC R Dx M Figura 4: O vetor ~x = α~u+ β~v + γ ~w • A reta paralela a PC por D determina o ponto M no plano PAB. • As retas por M paralelas a PA e a PB deter- minam, respectivamente, os pontos Q e N nas retas PB e PA. • O plano porD paralelo ao plano PAB determina o ponto R na reta PC. Como −→ PA e −−→ PN sa˜o paralelos e −→ PA na˜o e´ nulo, pode- se escrever −−→ PN = α~u. Analogamente, −−→ PQ = β~v e −→ PR = γ ~w. Portanto, ~x = −−→ PD = −−→ PN + −−→ PQ + −→ PR = α~u + β~v + γ ~w. Os argumentos utilizados sa˜o tambe´m va´lidos para os casos em que D pertence a uma das retas PA, PB, PC ou a um dos planos PAB, PAC, PBC (evidentemente, a figura 4 seria alterada). 2 Exerc´ıcios propostos E1. Seja o espac¸o geome´trico R3. O conjunto S = {~u,~v, ~w} e´ l.d.. Verifique se as afirmac¸o˜es a seguir sa˜o verdadeiras ou falsas. Justifique sua resposta. a) Necessariamente, um dos vetores de S e´ nulo. b) Se ~u 6= ~0, enta˜o ~v ‖ ~w. 9 c) Se ~u, ~v e ~w sa˜o na˜o nulos, enta˜o dois deles sa˜o paralelos. d) Existem treˆs planos paralelos e distintos, o primeiro contendo a origem e extremidade de um repre- sentante de ~u, o segundo contendo a origem e extremidade de um representante de ~v e o terceiro contendo a origem e extremidade de um representante de ~w. Respostas: a) F – basta que ~u, ~v e ~w sejam coplanares; b) F – novamente, basta que ~u, ~v e ~w sejam coplanares (a afirmac¸a˜o e´ verdadeira para o espac¸o geome´trico R2); c) F – novamente, coplanaridade de ~u, ~v e ~w (a afirmac¸a˜o e´ verdadeira para o espac¸o geome´trico R2); d) V. E2. Seja o espac¸o geome´trico R3. Julgue cada uma das afirmac¸o˜es a seguir como verdadeiras ou falsas. Justifique suas respostas. a) S1 = {~u,~v, ~w} e´ l.d. ⇒ S2 = {~u,~v} e´ l.d.. b) S1 = {~u,~v} e´ l.i. ⇒ S2 = {~u,~v, ~w} e´ l.i.. c) Se ~u, ~v e ~w sa˜o na˜o nulos, enta˜o S1 = {~u,~v, ~w} e´ l.d. ⇒ S2 = {2~u,−~v} e´ l.d.. d) S1 = {~u,~v, ~w} e´ l.i. ⇒ S2 = {~u,~v} e´ l.d.. e) Se S1 = {~u,~v, ~w} e´ l.d., enta˜o S2 = {~u,~v} tanto pode ser l.d. como l.i.. f) Se S1 = {~u,~v} e´ l.i., enta˜o S2 = {~u,~v, ~w} tanto pode ser l.d. como l.i.. Respostas: a) F – S2 na˜o e´, necessariamente, l.d.; b) F – se ~w for combinac¸a˜o linear de ~u e ~v, enta˜o S2 seria l.d.; c) F – S2 na˜o e´, necessariamente, l.d.; d) F – S2 na˜o e´, necessariamente, l.d.; e) V; f) V. E3. Sejam ~a = 2~u+ 4~v + ~w, ~b = −~u+ 12~v + 34 ~w e ~c = ~v + 12 ~w. Prove que S = {~a,~b,~c} e´ l.d., quaisquer que sejam os vetores ~u, ~v e ~w. E4. Prove que S1 = {~u,~v, ~w} e´ l.i ⇔ S2 = {~u+ ~v, ~u+ ~w, ~v + ~w} e´ l.i.. E5. Determine o valor dos paraˆmetros a e b, sabendo-se que {~u,~v} e´ l.i. e que (a−1)~u+ b~v = b~u− (a+ b)~v. Respostas: a = 23 e b = −13 . E6. Em cada caso exposto a seguir e´ descrita uma alterac¸a˜o efetuada na tripla l.i. {~u,~v, ~w}. A sequeˆncia obtida apo´s a alterac¸a˜o e´ tambe´m l.i.? Justifique sua resposta. a) Multiplica-se cada um dos treˆs vetores por um escalar α. b) Substitui-se cada um dos treˆs vetores pela soma dos outros dois. c) Soma-se a cada um dos treˆs vetores um mesmo vetor ~t. Respostas: a) Caso α 6= 0, a tripla permanece l.i., pois cada vetor da nova sequeˆncia e´ um mu´ltiplo dos vetores originais, na˜o alterando a condic¸a˜o de na˜o coplanaridade; Caso α = 0, a tripla sera´ claramente l.d.; b) A tripla permanece l.i. (fac¸a um esboc¸o da situac¸a˜o geome´trica). c) A tripla permanece l.i. caso α+ β + γ + 1 6= 1, sendo ~t = α~u+ β~v + γ ~w. E7. Sejam ~u, ~v, ~w e ~z vetores do espac¸o geome´trico R3. Construa esboc¸os de situac¸o˜es geome´tricas que ilustrem as seguintes situac¸o˜es: 10 a) {~u,~v, ~w} e´ um conjunto l.d., mas ~u, ~v e ~w sa˜o dois a dois l.i.. b) ~u, ~v e ~w sa˜o coplanares, mas ~w na˜o e´ combinac¸a˜o linear de ~u e ~v. c) {~u,~v, ~w, ~z} e´ um conjunto l.d., mas ~u, ~v, ~w e ~z sa˜o treˆs a treˆs l.i.. d) ~z na˜o e´ combinac¸a˜o linear de ~u, ~v e ~w. e) E´ poss´ıvel escrever ~z por duas (ou mais) combinac¸o˜es lineares distintas de ~u, ~v e ~w. f) Dentre os ternos escolhidos a partir de ~u, ~v, ~w e ~z, somente o terno {~u,~v, ~w} e´ um conjunto l.d.. E8. Usando apenas a definic¸a˜o de dependeˆncia linear, prove que se {~u,~v} e´ um conjunto l.d., enta˜o {~u,~v, ~w} e´ l.d., independentemente da escolha do vetor ~w. Interprete o resultado geometricamente. E9. Usando apenas a definic¸a˜o de dependeˆncia linear, mostre que se {~u,~v, ~w} e´ l.d., enta˜o {~u,~v, ~w, ~z} e´ um conjunto l.d.. Do ponto de vista geome´trico, isto implica que ~u, ~v, ~w e ~z sejam coplanares? Implica tambe´m que ~z seja combinac¸a˜o linear de ~u, ~v e ~w? 3 Bases Nesta sec¸a˜o sa˜o discutidos os conceitos de base e de coordenadas de um vetor em relac¸a˜o a uma base especificada. Tambe´m sa˜o abordadas a utilizac¸a˜o de coordenadas na soma de vetores, na multiplicac¸a˜o de escalares por vetor e na ana´lise da dependeˆncia linear de um conjunto de vetores. Definic¸a˜o 10. Uma dupla ordenada l.i. B = {~u1, ~u2} (ou seja, uma dupla de vetores na˜o paralelos) e´ dita uma base para o espac¸o geome´trico bidimensional R2. Os vetores ~u1 e ~u2 sa˜o o primeiro e o segundo vetores de B = {~u1, ~u2}. au v b p q Figura 5: (a) B1 = {~u,~v} e´ base do R2; (b) B2 = {~p, ~q} na˜o e´ base do R2 A figura 5 ilustra o conceito de bases para espac¸os geome´tricos bidimensionais: em (a), os vetores na˜o paralelos (l.i.) ~u e ~v constituem uma base para o R2; em (b), os vetores paralelos (l.d.) ~p e ~q na˜o podem ser empregados como vetores de bases para o espac¸o R2. Definic¸a˜o 11. Uma tripla ordenada l.i. B = {~u1, ~u2, ~u3} (ou seja, uma tripla de vetores na˜o coplanares) e´ dita uma base para o espac¸o geome´trico tridimensional R3. Os vetores ~u1, ~u2 e ~u3 sa˜o o primeiro, o segundo e o terceiro vetores de B = {~u1, ~u2, ~u3}. A figura 6 ilustra o conceito de bases para espac¸os geome´tricos tridimensionais. Nela, as retas s1, s2 e s3 sa˜o constru´ıdas com o intuito de evidenciar a coplanaridade dos vetores envolvidos. Em (a), os vetores na˜o coplanares (l.i.) ~u, ~v e ~w constituem uma base para o R3. Por outro lado, em (b), os vetores coplanares (l.d.) ~p, ~q e ~r na˜o podem ser empregados como vetores de bases para o R3. 11 b au v w pqr 1s 2 s 3s 1s 2s 3s Figura 6: (a) B1 = {~u,~v, ~w} e´ base do R3; (b) B2 = {~p, ~q, ~r} na˜o e´ base do R3 3.1 Propriedade fundamental das bases A seguir, sera´ discutida a propriedade fundamental das bases associadas aos espac¸os geome´tricos bidimen- sional R2 e tridimensional R3. Espac¸o geome´trico R2: Se B = {~u1, ~u2} e´ uma base do R2, enta˜o todo ~x ∈ R2 e´ expresso por uma e uma so´ combinac¸a˜o linear de ~u1 e ~u2. Desta maneira, existeme sa˜o u´nicos os nu´meros reais α e β tais que ~x = α~u1 + β~u2. Esta argumentac¸a˜o foi demonstrado anteriormente na proposic¸a˜o 8. Cada um dos escalares da dupla [α β]T e´ chamado coordenada de ~x em relac¸a˜o a` base B (ou, na base B). Assim, pre´-fixada uma base, a cada vetor do R2 fica associada univocamente uma dupla ordenada de escalares, chamada dupla de coordenadas de ~x em relac¸a˜o a` base B. Uma vez que se trata de uma dupla ordenada, a ordem dos escalares e´ de extrema importaˆncia. Desta maneira, quando se diz que α e β sa˜o as coordenadas de ~x na base B, fica subentendido que vale a igualdade ~x = α~u1 + β~u2 na qual α e´ o coeficiente do primeiro vetor da base B e β e´ o coeficiente do segundo. Fundamentando-se nessas considerac¸o˜es, adota-se a notac¸a˜o ~x = α~u1 + β~u2 = [ α β ] B = [α β]TB. (20) Exemplo 9. Na figura 7(a), ABEF e BCDE sa˜o quadrados congruentes no R2. Seja B = {~u,~v} uma base do R2 em que ~u = −→ AE e ~v = −→ AF . Deseja-se determinar as coordenadas dos vetores ~a = −−→ AB, ~b = −−→ AD e ~c = −−→ EC – figura 7(b) – na base B. Escrever ~a, ~b e ~c com relac¸a˜o a` base B significa representar estes vetores como combinac¸o˜es lineares de ~u e ~v e, posteriormente, associar os coeficientes de tais combinac¸o˜es a`s coordenadas dos respectivos vetores. Assim: ~a = −−→ AB = −→ AE + −−→ EB = ~u− ~v = [1 − 1]TB; ~b = −−→ AD = −→ AC + −−→ CD = 2 −−→ AB + −−→ CD = 2~a+ ~v = 2(~u− ~v) + ~v = 2~u− ~v = [2 − 1]TB; ~c = −−→ EC = −−→ FB = −→ FA+ −−→ AB = −~v + ~a = −~v + ~u− ~v = ~u− 2~v = [1 − 2]TB. 12 A AB BC C D DE EF F uv a b c a b Figura 7: (a) Os vetores da base B = {~u,~v}; (b) Os vetores ~a, ~b e ~c � Espac¸o geome´trico R3: Se B = {~u1, ~u2, ~u3} e´ uma base do R3, enta˜o cada ~x ∈ R3 e´ expresso por uma e uma so´ combinac¸a˜o linear de ~u1, ~u2 e ~u3. Em outras palavras, existem e sa˜o u´nicos os nu´meros reais α, β e γ tais que ~x = α~u1 + β~u2 + γ~u3. Este fato foi demonstrado anteriormente na proposic¸a˜o 9. Cada escalar da tripla [α β γ]T e´ chamado coordenada de ~x em relac¸a˜o a` base B (ou, na base B). Portanto, escolhida uma base, a cada vetor fica associada univocamente uma tripla ordenada de escalares, chamada tripla de coordenadas de ~x em relac¸a˜o a` base B. Como se trata de uma tripla ordenada, a ordem e´ de extrema importaˆncia. Assim, quando se diz que α, β e γ sa˜o as coordenadas de ~x na base B, fica subentendido que vale a igualdade ~x = α~u1 + β~u2 + γ~u3 na qual α e´ o coeficiente do primeiro vetor da base B, β e´ o coeficiente do segundo e γ e´ o coeficente do terceiro. A partir dessas considerac¸o˜es, adota-se a notac¸a˜o ~x = α~u1 + β~u2 + γ~u3 = αβ γ B = [α β γ]TB. (21) Exemplo 10. Na figura 8(a), ABCD e´ um tetraedro. Seja B = {~a,~b,~c} uma base do R3 em que ~a = −−→AB, ~b = −−→ AD e ~c = −→ AC. Deseja-se determinar as coordenadas dos vetores ~x = −−→ BC, ~y = −−→ DC e ~z = −→ AE (em que E e´ o ponto me´dio do segmento DC) na base B – vide figura 8(b). A AB B D D C C E a ba b c x y z Figura 8: (a) Os vetores da base B = {~a,~b,~c}; (b) Os vetores ~x, ~y e ~z 13 Como ja´ mencionado anteriormente, escrever ~x, ~y e ~z com relac¸a˜o a` base B significa representar estes vetores como combinac¸o˜es lineares de ~a, ~b e ~c. Posteriormente, associa-se os coeficientes de tais combinac¸o˜es a`s coordenadas dos respectivos vetores. Desta forma: ~x = −−→ BC = −−→ BA+ −→ AC = −~a+ ~c = [−1 0 1]TB; ~y = −−→ DC = −−→ DA+ −→ AC = −~b+ ~c = [0 − 1 1]TB; ~z = −→ AE = −−→ AD + −−→ DE = ~b+ 12 −−→ DC = ~b+ 12~y = ~b+ 12(−~b+ ~c) = 12~b+ 12~c = [0 12 12 ]TB. � Observac¸a˜o 1. Anteriormente, quando se estudou a descric¸a˜o de um vetor relativa a um sistema de coor- dendas cartesiano, afirmou-se que as coordenadas de um vetor sa˜o numericamente iguais a`s coordena- das do ponto extremidade deste vetor, desde que seu ponto origem esteja localizado na origem O do sistema de coordenadas. Esta definic¸a˜o e´ consistente com o conceito de base. Para justificar este fato, seja C2 = {~e1, ~e2} – com ~e1 = [1 0]T e ~e2 = [0 1]T – a base canoˆnica do espac¸o geome´trico R2. Assim, se ~x = −→ OA = [α β]T , tem-se A = (α, β) e, consequentemente, ~x = [α 0]T + [0 β]T+ = α~e1 + β~e2 = [α β] T C2 . Analogamente, seja C3 = {~e1, ~e2, ~e3} – com ~e1 = [1 0 0]T , ~e2 = [0 1 0]T e ~e3 = [0 0 1]T – a base canoˆnica do espac¸o geome´trico R3. Desta forma, se ~x = −→ OA = [α β γ]T , tem-se A = (α, β, γ) e, consequentemente, ~x = [α 0 0]T + [0 β 0]T + [0 0 γ]T = α~e1 + β~e2 + γ~e3 = [α β γ] T C3 . Em suma, ate´ o momento todos os vetores descritos neste curso possuem coordenadas referidas a`s bases canoˆnicas do R2 e R3. Observac¸a˜o 2. Em situac¸o˜es envolvendo va´rios vetores, a omissa˜o do ı´ndice que indica a base adotada pressupo˜e que todos estes vetores se referem a` mesma base. Ale´m disso, a na˜o ser quando houver menc¸a˜o em contra´rio, a base adotada para representac¸a˜o dos vetores sera´ a base canoˆnica do espac¸o geome´trico considerado. 3.2 Adic¸a˜o e multiplicac¸a˜o por escalar usando coordenadas Sejam B = {~u1, ~u2, ~u3} uma base do R3, λ ∈ R e os vetores ~x1 = [α1 β1 γ1]TB e ~x2 = [α2 β2 γ2]TB. E´ va´lida a proposic¸a˜o a seguir. Proposic¸a˜o 12. A adic¸a˜o de vetores e a multiplicac¸a˜o de vetores por escalar, quando se empregam coorde- nadas relativas a` base B, se da˜o segundo: a) ~x1 + ~x2 = [α1 β1 γ1] T B + [α2 β2 γ2] T B = [α1 + α2 β1 + β2 γ1 + γ2] T B; b) λ~x1 = λ · [α1 β1 γ1]TB = [λα1 λβ1 λγ1]TB. Demonstrac¸a˜o. Se B = {~u1, ~u2, ~u3} e´ uma base do R3, enta˜o: 14 a) E´ poss´ıvel escrever2 ~x1 + ~x2 = [α1 β1 γ1] T B + [α2 β2 γ2] T B = α1~u1 + β1~u2 + γ1~u3 + α2~u1 + β2~u2 + γ2~u3 = = (α1 + α2)~u1 + (β1 + β2)~u2 + (γ1 + γ2)~u3 = = [α1 + α2 β1 + β2 γ1 + γ2] T B. b) Analogamente, λ~x1 = λ[α1 β1 γ1] T B = λ(α1~u1 + β1~u2 + γ1~u3) = = (λα1)~u1 + (λβ1)~u2 + (λγ1)~u3 = = [λα1 λβ1 λγ1] T B. 4 Mudanc¸a de Base Na sec¸a˜o anterior foi demonstrado que qualquer dupla de vetores (na˜o nulos) na˜o paralelos constitui uma base para o espac¸o geome´trico R2. Como uma extensa˜o natural deste conceito, tem-se que qualquer tripla de vetores (na˜o nulos) na˜o coplanares constitui uma base para o espac¸o geome´trico R3. Em outras palavras, existem infinitas bases para um mesmo espac¸o geome´trico. Logo, uma vez que a descric¸a˜o das coordenadas de um vetor e´ u´nica para uma base escolhida, conclui-se que um mesmo vetor possui infinitas descric¸o˜es, uma para cada base poss´ıvel. Em diversas situac¸o˜es, torna-se vantajoso escrever os vetores envolvidos em determinado problema geome´trico em uma base diferente da base canoˆnica. O procedimento que converte as coordenadas de um vetor referidas a uma base original para outra base e´ conhecido mudanc¸a de base. No jarga˜o da A´lgebra Linear, a mudanc¸a de base e´ uma transformac¸a˜o linear, objeto de estudo posterior. Neste momento, este material se limita a apresentar o conceito de mudanc¸a de base por meio de alguns exemplos. Exemplo 11. Os vetores ~u, ~v e ~w ilustrados na figura 6(a) da˜o origem a` infinitas bases para o espac¸o R3. Como exemplo, sejam as bases B1 = {~w, ~u,~v}, B2 = {2~v, 3~u,−~w} e B3 = {12~u,~v, 2~w}. Assim, cada vetor ~x = α~u+ β~v + γ ~w pode ser escrito (de forma u´nica em cada base) como: ~x = [α β γ]TB = α~u+ β~v + γ ~w = γ ~w + α~u+ β~v = [γ α β] T B1 ; ~x = [α β γ]TB = α~u+ β~v + γ ~w = β 2 (2~v) + α 3 (3~u)− γ(−~w) = [ β 2 α 3 − γ ]T B2 ; ~x = [α β γ]TB = α~u+ β~v + γ ~w = 2α( 1 2~u) + β~v + γ 2 (2~w) = [ 2α β γ2 ]T B3 . � 2Nesta demonstrac¸a˜o,e´ essencial que as coordenadas dos vetores envolvidos se refiram a` mesma base B. 15 Exemplo 12. Sejam C2 = {~i,~j} e B = {~u,~v} bases do espac¸o geome´trico R2 em que ~u = [−1 2]T e ~v = [3 1]T (coordenadas referidas a` base canoˆnica C2)3. Deseja-se expressar as coordenadas dos vetores ~a = [4 6]TC2 e ~b = [−4 1]TC2 na base B. A figura 9 ilustra os vetores envolvidos. x y A BOD C u v a b Figura 9: Os vetores da base B em conjunto com ~a e ~b – os vetores da base canoˆnica C2 sa˜o omitidos em prol da clareza da figura A estrate´gia de mudanc¸a de base consiste em escrever os vetores ~a e ~b como com- binac¸o˜es lineares dos vetores da base B. Analiticamente: ~a = [ 4 6 ] C2 = 4~i+ 6~j = α~u+ β~v. (22) Em (22), substituem-se as coordenadas de ~u e ~v na base canoˆnica para escrever: ~a = [ 4 6 ] C2 = α [ −1 2 ] C2 + β [ 3 1 ] C2 (23) A relac¸a˜o (23) implica no sistema linear{ −α+ 3β = 4 2α+ β = 6 =⇒ [ −1 3 2 1 ] · [ α β ] B = [ 4 6 ] C2 (em notac¸a˜o matricial). (24) A soluc¸a˜o de (24) revela que α = 2 e β = 2. Assim, tem-se ~a = [4 6]TC2 = 4 ~i + 6~j = 2~u + 2~v = [2 2]TB. De forma ana´loga, escreve-se[ −4 1 ] C2 = −4~i+~j = γ~u+ δ~v = γ [ −1 2 ] C2 + δ [ 3 1 ] C2 = [ γ δ ] B . (25) A relac¸a˜o (25) implica no sistema linear{ −γ + 3δ = −4 2γ + δ = 1 =⇒ [ −1 3 2 1 ] · [ γ δ ] B = [ −4 1 ] C2 (em notac¸a˜o matricial). (26) A soluc¸a˜o de (26) mostra que γ = 1 e δ = −1. Logo, ~b = [−4 1]TC2 = −4~i +~j = −~u + ~v = [−1 1]TB. A figura 10 ilustra as construc¸o˜es geome´tricas que corroboram os resultados anal´ıticos aqui obtidos. 3De fato, se as coordenadas de ~u e ~v estivessem referidas a` base B, suas descric¸o˜es seriam ~u = [1 0]TB e ~v = [0 1] T B . 16 x y A BO C u v a x y A BOD C u v a b uv v E F a bDb v Figura 10: (a) As coordenadas de ~a na base B; (b) As coordenadas de ~b na base B � Exemplo 13. Na figura 11, os pontos M e N sa˜o os pontos me´dios dos lados DD′ e AB do paralelep´ıpedo ABCDA′B′C ′D′. Os pontos R e S sa˜o pontos de trissecc¸a˜o dos lados D′C ′ e BB′. Com base nesta figura, tem-se: −−→ DM = 12~v ; −−→ AN = 12~u ; −−→ D′R = 13 −−−→ D′C ′ = 13~u ; −→ BS = 13 −−→ BB′ = 13~v Pedem-se: a) Expressar ~n = −−→ MN , ~b = −−→ MB, ~s = −−→ MS, ~r = −−→ MR e ~z = −→ RS na base B = {~u,~v, ~w}. b) Mostrar, com argumentos geome´tricos, que B1 = {~n,~b, ~s} tambe´m e´ uma base do R3. c) Expressar ~r = −−→ MR e ~z = −→ RS na nova base B1. uv w A N B D n M D A b s r z R SB C C Figura 11: O paralelep´ıpedo ABCDA′B′C ′D′ A inspec¸a˜o da figura 11 permite expressar os vetores ~n = −−→ MN , ~b = −−→ MB, ~s = −−→ MS, ~r = −−→ MR e ~z = −→ RS na base B – al´ınea a: 17 ~n = −−→ MN = −−→ MD + −−→ DA+ −−→ AN = −12~v − ~w + 12~u = 12~u− 12~v − ~w = [ 1 2 − 12 − 1 ]T B ~b = −−→ MB = ~n+ −−→ NB = 12~u− 12~v − ~w + 12~u = ~u− 12~v − ~w = [ 1 − 12 − 1 ]T B ~s = −−→ MS = ~b+ 13~v = ~u− 12~v − ~w + 13~v = ~u− 16~v − ~w = [ 1 − 16 − 1 ]T B ~r = −−→ MR = −−−→ MD′ + −−→ D′R = 12~v + 1 3~u = 1 3~u+ 1 2~v + 0~w = [ 1 3 1 2 0 ]T B ~z = −→ RS = −~r + ~s = − [13 12 0]TB + [1 − 16 − 1]TB = [23 − 23 − 1]TB ou ainda, ~z = −→ RS = −−→ RC ′ + −−→ C ′B′ + −−→ B′S = 23~u− ~w − 23~v = 23~u− 23~v − ~w = [ 2 3 − 23 − 1 ]T B Com relac¸a˜o a al´ınea b, o conjunto B1 = {~n,~b, ~s} pode ser considerada como uma outra base do R3 porque os vetores ~n, ~b e ~s na˜o sa˜o coplanares. De fato, tais vetores esta˜o sobre arestas do tetraedro MNBS. Para a al´ınea c, deseja-se determinar escalares α, β e γ tais que ~z = (α, β, γ)B1 = α~n + β ~b + γ~s. O procedimento de mudanc¸a de base exige que todos os vetores envolvidos estejam escritos na base B = {~u,~v, ~w}. Assim:[ 2 3 − 2 3 − 1 ]T B = α [ 1 2 − 1 2 − 1 ]T B + β [ 1 − 1 2 − 1 ]T B + γ [ 1 − 1 6 − 1 ]T B (27) A equac¸a˜o (27) implica na construc¸a˜o do sistema linear: α 2 + β + γ = 2 3 −α2 − β2 − γ6 = −23 −α− β − γ = −1 (28) A soluc¸a˜o de (28) e´ α = 23 , β = 5 6 e γ = −12 . Logo, tem-se ~z = [23 − 23 − 1]TB = [23 56 − 12 ]TB. � 5 Exerc´ıcios propostos E1. Determinar os valores de k para os quais S = {~u = [k 0 1]T , ~v = [k 1 1]T , ~w = [k2 1 1]T } torna-se uma base para o espac¸o geome´trico R3. Respostas: k 6= 0 e k 6= 1. E2. Verificar, caso a caso, se Xi e´ uma base para os respectivos espac¸os geome´tricos. Justifique suas respostas. a) X1 = {[1 0 0]T , [0 1 0]T , [0 0 1]T } ∈ R3 b) X2 = {[1 1 1]T , [1 1 0]T , [1 0 0]T } ∈ R3 c) X3 = {[1 0 0]T , [0 1 0]T , [0 0 1]T , [1 1 1]T } ∈ R3 d) X4 = {[1 0]T , [0 1]T , [−2 1]T } ∈ R2 e) X5 = {[−1 2]T , [0 1]T } ∈ R2 f) X6 = {[1 − 4]T , [−3 12]T } ∈ R2 Respostas: X1, X2 e X5 sa˜o bases. 18 E3. Seja B = {~u1 = [1 0 1]T , ~u2 = [1 − 1 0]T , ~u3 = [0 1 − 2]T } uma base do R3. Expresse cada um dos vetores ~e1 = [1 0 0] T , ~e2 = [0 1 0] T e ~e3 = [0 0 1] T da base canoˆnica C = {~e1, ~e2, ~e3} do R3 na base B. Respostas: ~e1 = 1 3 [2 1 1] T B, ~e2 = 1 3 [2 − 2 1]TB e ~e3 = 13 [1 − 1 − 1]TB. E4. Dados ~u = [2 − 1 3]T , ~v = [1 − 1 2]T , ~w = [1 2 1]T , ~x = [1 4 − 3]T , ~y = [2 3 − 1]T , ~z = [0 − 1 2]T e ~t = [3 4 − 1]T . a) Mostre que B = {~u,~v, ~w} e´ uma base do R3. b) Determine quais os vetores dentre ~u, ~v, ~z e ~t que podem substituir ~w na base B originando uma nova base B′ do R3. Resposta: O vetor ~z deve substituir ~w para que B′ = {~u,~v, ~z} seja base do R3. E5. Seja o paralelep´ıpedo ABCDA′B′C ′D′ – figura 12 – no qual Q, R, S e T sa˜o os pontos me´dios dos lados em que se situam. uv w A R B D r QD A s t B C CS T z Figura 12: O paralelep´ıpedo ABCDA′B′C ′D′ Sendo ~u = −−→ AB, ~v = −−→ AA′, ~w = −−→ AD, ~r = −−→ QR, ~s = −→ QS e ~t = −→ QT : a) Expresse os vetores ~r, ~s e ~t na base B1 = {~u,~v, ~w} do R3. b) Mostre, algebricamente, que B2 = {~r,~s,~t} tambe´m e´ base do R3. c) Expresse ~z = −−→ QB′ nas bases B1 e B2. Respostas: a) ~r = [12 − 12 − 1]TB1 , ~s = [12 − 12 0]TB1 , ~t = [12 12 0]TB1 ; c) ~z = [1 12 − 1]TB1 = [1 − 12 32 ]TB2 . E6. Sejam os vetores ~z1 = 2~u−~v, ~z2 = ~u+~v e ~z3 = ~u−~v+ ~w, em que B = {~u,~v, ~w} e´ uma base do espac¸o geome´trico R3. a) Mostre que Z = {~z1, ~z2, ~z3} tambe´m e´ uma base do R3. b) Determine as coordenadas de ~b = [1 2 3]TB na base Z . c) Determine as coordenadas de ~z = [1 2 3]TZ na base B. Respostas: b) ~b = [−73 83 3]TZ ; c) ~z = [7 − 2 3]TB. 19 E7. Sejam B = {~u,~v, ~w} base do R3 e os vetores ~f1 = ~u− ~v + 2~w, ~f2 = 3~v − ~w e ~f3 = ~u+ ~w. a) Mostre que F = {~f1, ~f2, ~f3} e´ tambe´m uma base do R3. b) Expresse ~r = [3 2 1]TB na base F e ~s = [3 2 1] T F na base B. Respostas: b) ~r = [−2 0 5]TF ; ~s = [4 3 5]TB. E8. Sejam B = {~r,~s,~t} base do R3 e ~z = [1 − 2 3]TB. Pedem-se: a) Mostrar que B1 = {~u,~v, ~w} = {2~s,−~t, 3~r} tambe´m e´ uma base do R3. b) Expressar ~z na base B1. Resposta: b) ~z = [−1 − 3 13 ]TB1 . E9. Seja B = {~u,~v, ~w} uma base do R3. a) Mostre que o terno ordenado F = {~u, α~u + ~v, α~v + ~w} tambe´m e´ base do R3, independentemente do nu´mero real α escolhido. b) Deˆ as coordenadas de ~w na base F , em func¸a˜o do para˜metro α. Resposta: b) ~w = [α2 − α 1]T . E10. Sejam B = {~a,~b,~c} uma base do R3 e ~v = [α β γ]TB. Determine a relac¸a˜o entre os nu´meros reais α, β e γ para que B′ = {~a+ ~v,~b+ ~v,~c+ ~v} tambe´m seja base do R3. Resposta: 1 + α+ β + γ 6= 0.6 Refereˆncias • Camargo, I.; Boulos, P. Geometria Anal´ıtica - um tratamento vetorial, Sa˜o Paulo: Pearson - Prentice Hall, 3. ed., 2005. • Machado, T. C., Vetores e Geometria Anal´ıtica, Edic¸a˜o preliminar, 2005. 20
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