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SEXUALIDADE E DEFICIÊNCIA MENTAL: UM ESTUDO SOBRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO SEXUAL DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA MENTAL FRENTE AOS PRECONCEITOS DA SOCIEDADE

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�FACULDADE EFICAZ 
SEXUALIDADE E DEFICIÊNCIA MENTAL: UM ESTUDO SOBRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO SEXUAL DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA MENTAL FRENTE AOS PRECONCEITOS DA SOCIEDADE�
 PAREJA, Anizia Rette�
 
RESUMO: A sexualidade é uma dimensão nuclear do ser humano. O deficiente mental, assim como qualquer ser humano, tem necessidade de expressão da sua sexualidade, porém seu desejo é barrado pela família e sociedade pela maneira como ele a expressa, muitas vezes de forma inadequada e inoportuna. Essa forma de expressão acaba por produzir certo grau de constrangimento social e familiar que acaba produzindo uma repressão ao desejo exposto pelo portador, na tentativa de dessexualizar o mesmo. Ela repressão pode alterar o equilíbrio do deficiente, diminuindo as possibilidades de que ele tenha um desenvolvimento melhor e ainda pode acarretar angústia e agressividade. Quando orientada e encaminhada de forma coerente à sexualidade melhora o desenvolvimento afetivo e ainda contribui para o relacionamento interpessoal do indivíduo, aumentando sua autoestima e adequação à sociedade. Essa pesquisa procura contribuir para melhor compreensão da sexualidade do deficiente mental, colaborando assim com a família, escola e profissionais de saúde no sentido de transformar as manifestações de desejo sexual dos mesmos num evento menos repressor, mas precursor de uma melhoria na integração social desse indivíduo.
PALAVRAS-CHAVE: Deficiência Mental. Sexualidade. Desejo. Integração social 
RESUMEN: La sexualidad es una dimensión nuclear del ser humano y mentales, así como cualquier ser humano tiene la necesidad de expresión de su sexualidad, pero por cómo expresó su deseo es prohibido por la familia y la sociedada menudo indebidamente y inadecuado. Esta forma de expresión finalmente producir cierto grado de social y familiar verguenza que acaba de producir un deseo reprimido expuestos por el transportista, en un intento de dessexualizar el mismo. Esa represión podría cambiar el equilibrio de deficiente, reduciendo las posibilidades que tiene un mejor desarrollo y puede conducir a la ansiedad y la agresividad. Cuando orientada y reenvía coherentemente sexualidad mejora el desarrollo afectivo y todavía contribuye a la relación interpersonal del individuo, aumentando su autoestima y encaja en la sociedad. Esta investigación pretende contribuir a una mejor comprensión de la sexualidad de problemas mentales, colaborando con las familia, escuela y salud profesionales para transformar el deseo sexual de los menos represor de precursores, pero una mejora en la integración social del individuo.
PALABRAS-CLAVE: Mental deficiencia. Sexualidad. Espero. Integración social
INTRODUÇÃO
Este artigo tem por objetivo discutir a questão da sexualidade da pessoa com deficiência mental e suas implicações na relação com familiares, profissionais da saúde e educadores esclarecendo aos mesmos aspectos relacionados ao desejo sexual, mitos e preconceitos que permeiam o imaginário da sociedade e a necessidade de uma formação adequada daqueles que estarão em contato com esse indivíduo, já que os mesmos são vítimas de preconceito quanto a sua manifestação sexual. Dessa forma, espera-se que esses possam desfrutar de uma vida sexual e afetiva que lhes tragam benefícios e que, apesar de algumas limitações, ocorra uma socialização e realização que lhes permitam uma vida satisfatória.
Por entender-se que a sexualidade é uma dimensão nuclear de todo ser humano, e que a mesma está vinculada à intimidade, a afetividade, a uma maneira de sentir e exprimir-se, manifestando-se dessa forma em todas as relações afetivo-sexuais, verifica-se a importância de um estudo mais detalhado em busca de proporcionar informações que possam colaborar aos envolvidos com os portadores de deficiência mental alguns subsídios que possam colaborar para que os mesmos tenham uma vivência sexual mais adequada, sem repressões, podendo exercer com dignidade seus direitos de livre expressão da afetividade e sexualidade.
 	Segundo Girolamo (2002), a influência da sexualidade está presente em todos os aspectos da vida humana desde a concepção até a morte, manifestando-se em todas as fases da vida desde a infância, adolescência, fase adulta até a terceira idade não havendo distinção de raça cor, sexo e nem tampouco deficiência. A sexualidade não se refere apenas aos aspectos genitais, sendo essa dimensão apenas uma de suas formas de expressão, porém não a única.
O autor destaca que pelo fato da sexualidade não ser expressa apenas fisicamente, os deficientes mentais acabam encontrando muitas dificuldades e enfrentam muitos preconceitos, já que exercer a sexualidade demanda aspectos ligados à cognição e a tomada de decisões. Porém, a pessoa portadora de deficiência mental é um ser bio-psico-social em constante evolução, que como qualquer ser humano tem necessidade de expressar seus sentimentos de um modo particular e intransferível.
É comum depararmos com discursos equivocados sobre a sexualidade das pessoas portadoras de deficiência mental. Ideias tais como: que o comportamento inadequado das mesmas é resultado de uma educação errada, que a sexualidade deve ser tratada como um “problema”, e ainda que os portadores sejam pessoas assexuadas, permeiam o imaginário da sociedade, destaca o autor.
Dessa forma estamos diante de um quadro polêmico que exige um estudo mais aprofundado para que haja uma compreensão sobre os fatores que envolvem tal situação.
 Se tanto a sexualidade quanto a deficiência mental são assuntos extremamente polêmicos e difíceis de tratar, o que diríamos da junção sexualidade e deficiência mental?
Para tal entendimento, necessário se faz que família, educadores e instituições responsáveis por pessoas portadoras deficiência mental, compreendam que é necessário um estudo que envolva todos os aspectos concernentes à sexualidade, frisando que ela não acontece somente em um plano biológico, mas também psicológico sociocultural e histórico desse sujeito.
Maia (2006) destaca que tanto pessoas com deficiência mental ou não, crescem numa sociedade que pouco prioriza a educação sexual e quando essa existe, é de forma precária e inadequada, com mitos e preconceitos permeando essas informações. Ao se tratar de portadores de deficiência mental o quadro se acentua, porque as relações familiares e sociais são caracterizadas pelo isolamento e segregação, grande controle comportamental, aumentando a dependência e insegurança, o que limita o progresso social e crescimento pessoal.
A autora assegura que atualmente muito se tem discutido sobre inclusão dos portadores de deficiências em todas vertentes da sociedade, por isso aspectos ligados à sexualidade, amor e relacionamentos pessoais tem feito parte desse discurso, levando a sociedade a uma reflexão sobre a questão da repressão ao desejo e manifestação sexual dos mesmos. Enfatiza ainda que a falta de informação da família e educadores a respeito da vida sexual dos portadores de deficiência mental, faz com que erros sejam cometidos, estimulando o preconceito, aumentando a restrição à atividade sexual. Muitos indivíduos acatam de tal forma essa repressão, que se acreditam rejeitados, não se permitindo vivenciar relações afetivo-sexuais, introjetando preconceitos advindos de uma sociedade desprovida e deficiente de informação.
	Maia (2006 apud PINEL, 1999) acentua que a maioria das pessoas com deficiências, acredita ter um corpo fragmentado e degradante, o que as tornam mais vulneráveis a ataques violentos e abusos. Por isso, não é estranho que sejam pessoas com grande carência afetiva, dependência emocional, dificuldades em lutar por seus direitos sociais e vivenciarem positivamente sua vida afetiva e sexual. Quando se trata de deficiência mental, o quadro se agrava, já que segundo AssumpçãoJúnior (1998), a vivência afetiva e sexual depende muito do grau de cognição do indivíduo, das estratégias de aproximação e inteligência do mesmo. A partir da sua deficiência, tais mecanismos ficam prejudicados, dificultando a expressão adequada da conduta, variando conforme o grau de comprometimento mental, que se manifestam nas formas de total inexpressão sexual, ausência de relações interpessoais, conduta sexual inadequada, frustrada, relações afetivo-sexuais inespecíficas muitas vezes permeadas por relacionamentos homossexuais.
Por isso, a necessidade de que estudos, pesquisas e discussões sejam estimulados para que os esclarecimentos sejam cada vez maiores em torno desse assunto e os benefícios atinjam a população alvo de tais pesquisas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Aspectos sobre a deficiência mental
Não se pretende compreender a deficiência mental em sua totalidade apenas num artigo, porém é necessário que sejam abordados os principais aspectos que caracterizam o que atualmente é considerado deficiência mental.
	Segundo Maia (2006, p.13), o termo “deficiência” refere-se a “uma série de condições gerais que limitam biológica, psicológica ou socialmente a vida de uma pessoa ao longo de seu desenvolvimento, a despeito do diagnóstico, rótulo ou nome que se atribua a essa condição”.
Dentro das situações de deficiências, encontra-se a deficiência mental, que de acordo com Sprovieri e Assumpção Junior (2005, p. 24) “é um campo amplo e bastante variado que sofre influências do meio pelo qual foi estruturado”, constituindo-se assim uma entidade clínica difícil de ser precisada e delimitada.
Porém, Anderson (1981) apresenta alguns aspectos segundo a proposta da OMS (Organização Mundial da Saúde), de forma que caracteriza a deficiência mental num âmbito pessoal, familiar e social, decorrente sempre de uma deficiência biológico que acarreta incapacidade funcional, dessa forma o indivíduo demonstra um desempenho não esperado para sua idade, sexo ou agrupamento social, apresentando um “handicap” negativo, levando-o a sofrer socialmente devido condutas de exclusão por parte do seu ambiente social. Dessa forma, o autor apresenta:
Deficiência: diz respeito à anomalia de estrutura ou de aparência do corpo e do funcionamento de um órgão ou sistema, independente de sua causa, tratando-se em princípio de perturbação de tipo orgânico.
Incapacidade: reflete as consequências de uma deficiência no âmbito do rendimento funcional e da atividade do indivíduo, representado desse modo perturbação no plano pessoal.
Handicap: refere-se às limitações experimentadas pelo indivíduo em virtude da incapacidade, refletindo-se, por conseguinte em suas relações com o meio e em sua adaptação a este, demanda por cuidados e perda de produtividade e uma má integração social.
Tais características, acima citadas, deixam claro que além das perturbações orgânicas, há também aquelas de ordem social, trazendo como consequências às alterações no relacionamento do indivíduo portador com o mundo, inclusive nas relações de ordem pessoal como é o caso da afetividade e sexualidade.
A deficiência mental, portanto não pode ser entendida como uma moléstia apenas, mas sim um complexo de síndromes que trazem a incapacidade intelectual que para Krynski (1969), deve ser tratada em uma abordagem multidimensional que inclui dimensões biológicas, psicológicas e sociais.
Deficiência Mental e Sexualidade
Segundo Ribeiro (2001 p. 14), “a ideia de que o portador de deficiência mental possa ter desejos sexuais é algo incômodo para muitas pessoas, chegando mesmo a ser, repugnante, para alguns”. Essa é uma das questões que mais mexe com o imaginário tanto de familiares quanto de educadores, fazendo-os esquecerem de que a sexualidade não se restringe somente a atividade genital e sim uma forma íntima de manifestação de vida. Para autor, o desejo de amar e ser amado faz parte dessa manifestação de vida, o que deixa claro que os deficientes mentais também necessitam desse viver. 
Alguns mitos cercam o imaginário das pessoas em relação à sexualidade dos portadores de deficiências, entre eles Ribeiro (2001, p.15) destaca que:
Existe ainda a crença de que os deficientes mentais são seres assexuados. Tal mito surge pelo fato de não se acreditar que os deficientes mentais possam ter os mesmos desejos e capacidades dos não deficientes nesta área. A visão dos deficientes mentais como eternas crianças é uma atitude característica da repressão e negação da sexualidade impostas a estas pessoas. No entanto, muitos dos pais e profissionais que lidam com esta população não têm consciência de estarem atuando dessa forma. 
Outro mito, que o autor destaca como muito relevante, é a crença de que os deficientes mentais são hipersexuados no período da adolescência e fase adulta, o que dificulta a procura dos pais e profissionais por informações adequadas de como lidarem com essa população, pois temem que a obtenção de informação sexual possa acentuar a conduta promíscua. Tais mitos fazem com que as pessoas não percebam que as condutas inadequadas que possam surgir nesse terreno, são muito mais em função da falta de oportunidade de aprendizado e pelo fato de levarem uma vida isolada do contato com outros grupos da sociedade do que propriamente por serem instruídos quanto a sua sexualidade. Sobre tal situação, o autor comenta que:
Por outro lado, pode-se notar que uma fixação compulsiva em comportamentos sexuais por parte dos deficientes mentais poderia acontecer, não em função de sua deficiência propriamente dita, mas pelo fato de não encontrarem atividades sociais, nas quais possam obter prazer. Este tipo de fixação parece não ocorrer apenas na vida de adolescentes deficientes mentais, podendo também ser observada em adolescentes não deficientes que, diante de situações de conflito, podem apresentar distúrbios na conduta sexual, para sinalizar dificuldades que foram ou estão sendo vivenciadas em outras áreas. Parece que esta tendência de representar os adolescentes deficientes mentais como hipersexuados, pode advir do fato de muitas pessoas poderem projetar nos deficientes mentais sua sexualidade reprimida (RIBEIRO, 2001, p.17).
 	O autor destaca ainda que uma das maiores dificuldades, em nossa sociedade, quanto à aceitação de vida sexual para a população deficiente mental, deve-se a fatores tais como a questão da sexualidade ainda estar atrelada à reprodução e contar com influências muito profundas de aspectos ligados às religiões. Esses fatores fazem com que se esqueça de que a sexualidade não tem apenas componentes biológicos e reprodutivos, mas incorpora o sexo erótico, criativo, que busca simplesmente o prazer, ou seja, o sexo recreativo. Essa possibilidade gera uma confusão e conflito em relação ao manejo da sexualidade dos filhos e é comum entre pais de portadores de transtornos mentais, o desejo de que seus filhos nunca manifestem comportamentos sexuais. Esses pais precisam ser orientados e ajudados na elaboração de seus conflitos e medos em um espaço onde possam não só receber informações como também manifestar suas angústias e dúvidas.
	Segundo Gherpelli (1995), a sexualidade é construída sob três pilares fundamentais que incluem o potencial biológico, o processo de socialização do indivíduo e a sua capacidade psicoemocional. Dessa forma, deve existir uma dinâmica coerente entre esses pilares, já que a sexualidade não é somente um atributo biológico voltado apenas para a área genital, mas também deve ser compreendida socialmente e emocionalmente. Quando vista isoladamente, a sexualidade tem seu valor limitado, porém quando inserida nas circunstâncias da vida de uma pessoa, tem uma importante influência no desenvolvimento de cada ser humano. O autor enfatiza que:
A deficiência não é uma doença, é um estado consequente de diversos infortúnios que acarreta um comprometimento mental que poderá ser potencializado ou diminuído, conforme o posicionamento da sociedade. E por quem é formada a sociedade? O momento é deampliar a visão da sexualidade e compreender que nos portadores de deficiência mental ela é igualmente importante, embora se processe de forma diferente. (GHERPELLI, 1995, p.109).
Dessa forma, entende-se que a sexualidade da pessoa portadora de deficiência mental, está diretamente ligada à maior compreensão de suas reais necessidades e à diminuição dos preconceitos e indiretamente aos limites impostos pelo grau da deficiência.
PRINCIPAIS ASPECTOS PREOCUPANTES PARA FAMÍLIA E EDUCADORES
Masturbação 
	Como se sabe a masturbação faz parte da sexualidade de todas as pessoas e ocorre quando a criança ou adulto manipula seu órgão genital para a obtenção de prazer. Para Maia (2006) essa manifestação sexual não causa nenhum dano físico e faz parte do desenvolvimento sexual saudável. Não é diferente no caso da pessoa com deficiência mental e, segundo a autora, o que preocupa pais e educadores é o fato da mesma ter um comportamento muitas vezes inadequado quanto ao local mais apropriado e à frequência com que os mesmos recorrem a esse tipo de satisfação, algo compreensível, já que muitos deficientes mentais levam uma vida ociosa quanto ao trabalho ou lazer e recorrem à masturbação com mais frequência por se tratar de algo que lhes proporciona prazer e eles podem fazer por si mesmos. Sobre a prática da masturbação a estudiosa acrescenta ainda que:
Os deficientes mentais (mais comprometidos pela deficiência) nunca chegarão a efetivar uma relação sexual e por isso merecem gozar da única forma de expressão sexual 	que eles têm acesso, que é a masturbação. [...] A masturbação deve ser respeitada, desde que não ofenda a sensibilidade alheia, que seja em lugares discretos e reservados e que seja feita moderadamente. Problemas poderão ocorrer quando: eles não se masturbam de forma adequada e acabam se machucando, se masturbam em público ou se masturbam excessivamente. Nesse caso, outras atividades poderão ser oferecidas aos sujeitos para que eles descubram outras fontes de prazer e satisfação, sem puni-los ou verbalizar preocupações, evitando até mesmo mencionar que alguém viu o que eles estavam fazendo (MAIA, 2006, p. 124).
	
Para a autora, seja qual for a razão, não é a deficiência que leva à masturbação excessiva ou inadequada, mas sim a falta de orientação adequada desde a infância.
Situações de Risco
	Na visão de Glat (2004), a opinião da maioria dos profissionais é que os riscos e problemas sexuais que os jovens com deficiência sofrem são os mesmos dos jovens, ditos, normais. O que acontece é que eles são mais vulneráveis a estas situações, devido à já discutida dificuldade em obter e assimilar informações ou reconhecer situações de riscos. Não há diferença nas situações de riscos, mas sim na dificuldade de obter informações que estão ao alcance de todos. Aspectos como gravidez precoce, DST e AIDS, auso sexual, em como os meios de prevenção são desconhecidos da maioria daqueles portadores de deficiência mental, logo ficam mais expostos, relata a autora. As situações de riscos são agravadas pela sua imaturidade cronológica, carência afetiva e à dificuldade em perceber situações de risco e suas consequências, ficando dessa forma mais vulneráveis.
Namoros e relacionamentos afetivo-sexual
	Maia (2006) atribui uma grande dificuldade de convívio social e também de relações afetivas em portadores de deficiência mental exatamente porque a eles só são permitidos contatos com familiares, profissionais das instituições a que pertencem e também com pares também portadores de deficiência. São relações impostas, nas quais os mesmos não têm direito de escolher com quer se relacionar. Muitas delas são solitárias, participam de poucas atividades grupais fora do contexto em que convivem, e quando frequentam tendem apresentar dificuldades em desenvolver códigos e regras sociais. Crenças, desinformação e preconceitos são grandes impeditivos sociais e limitam a convivência, expressão e manifestações amorosas entre pessoas com deficiência mental e outras da sociedade, pois, nas palavras de Denari (1992, p.13), “concede-se à pessoa deficiente poucas oportunidades de convívio social, quer por uma velada proteção familiar, quer pelo sentimento de comiseração ou ainda, pelo descrédito a elas atribuído”.
	Belisário (2006) afirma que o desejo e as descobertas da sexualidade são indicadores de saúde, e quando o adolescente com deficiência começa sair conhecer pessoas, namorar e buscar uma vida sexual ativa a família começa perder o controle sobre as suas atividades, gerando assim um medo de que ele venha ser rejeitado ou até mesmo abusado sexualmente. No sentido de protegê-los, os pais começam tratá-los como eternas crianças, negando o direito de viverem a sua sexualidade.
	Tratando-se de relações afetivas mais sérias tais como casamento ou convivência comum, Glat (1989, p.131-132) salienta que,
A questão do casamento é bastante delicada, envolvendo até mesmo problemas jurídicos. Muitas pessoas com deficiência mental, por diversas razões, inclusive econômicas, são declaradas ‘interditadas’, ficando, portanto legalmente impedidas de casar. [...] A posição mais adequada parece ser a de que se de fato existe contra-indicação ou improbabilidade uma pessoa com deficiência uma pessoa com deficiência mental possa se casar, que isso seja debatido abertamente com ela. Inclusive, é importante não ter receio de discutir que eles não são ‘tão normais’ quanto quaisquer outros; que eles têm certas limitações que talvez os impeçam de realizar alguma de suas aspirações. 
	
METODOLOGIA
O presente trabalho utiliza o referencial da pesquisa bibliográfica, entendida como o ato de indagar e de buscar informações sobre determinado assunto, via um levantamento realizado em base de dados publicados sobre o assunto escolhido, com o objetivo de detectar o que existe de consenso ou de polêmico no estado da arte do tema em questão. Dessa forma, foi feito uma pesquisa das publicações na área de saúde através das Bibliotecas Virtuais, Revistas, Livros, Dissertações e Monografias.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
	A elaboração desse artigo constatou que ainda existe uma escassez de trabalhos sobre a sexualidade das pessoas portadoras de deficiência mental, o que nos leva a questionamentos como se isso não se deve ao fato de tal assunto ser revestido de certo preconceito pela sociedade.
Tal escassez nos habilita a sugerir novas pesquisas sobre o assunto, trazendo uma discussão mais ampla e consistente quanto ao que realmente é importante destacar diante de algo tão importante e que envolve tantas vidas. Como vimos nas opiniões de alguns autores mencionados, existe a possibilidade de mudanças, assim como uma grande necessidade das mesmas. A construção da sexualidade do deficiente mental, como vista nos textos, se dá de diferentes formas, sendo permeada por opiniões bem diversificadas, indo de um extremo a outro. Essas variações de pensamentos tanto dos educadores, familiares e a própria sociedade é o que tem construído o imaginário das relações interpessoais entre pessoas comuns e portadores de deficiências mentais. Dessa maneira, muitas vezes esses não são considerados seres humanos “completos” ou “normais”, sendo seus desejos ignorados ou tomados como um grande tabu.
	Felizmente nos deparamos com um material que nos mostrou um quadro em processo de mudança, e que essa questão tem começado despertar grande atenção em meios acadêmicos e clínicos-educacionais. Aspectos educacionais têm trazido à tona uma forma de informar a sociedade e aos familiares como lidar com as manifestações sexuais desses jovens, o que colabora de forma positiva na construção desse sujeito, de sua identidade e de seu autoconceito, já que esse é construído a partir do conhecimento de si mesmo e do corpo, dentro de uma dimensão de prazer.
	A política de inclusão social tem colaborado para que a discussão sobre sexualidade seja ampliada abrangendo as questões sobre como se dá o desenvolvimento sexual também dos portadores de deficiência.À medida que tais jovens venham sair do confinamento se duas casas e instituições especializadas, e passarem a conviver mais de perto com espaços educacionais e sociais comuns a todos, tornar-se-ão também mais abertos à experiências, o que os não isenta um cuidado especial devido às situações de risco que também estarão expostos. Porém os benefícios tendem serem maiores que os problemas que terão.
	É necessário que pais e educadores sintam-se a vontade para falar e cooperar com esses jovens sobre seu desenvolvimento sexual, métodos contraceptivos e também sobre a violência a que estão sujeitos.
	Dessa forma, a apresentação desse artigo procurou trazer à tona a continuidade dessa discussão, para que profissionais, pais e envolvidos com pessoas portadoras de deficiência mental possam procurar um embasamento maior visando cooperar para que a vida desses possas ser mais intensa e com o máximo de possibilidades afetivo-sexuais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A grande importância desse artigo está no fato de que procurou despertar o interessa dos leitores sobre o fator sexualidade dos portadores de deficiência mental Trouxe à tona um assunto polêmico, ainda pouco explorado e permeado por preconceitos advindos do núcleo familiar e social. 
Confirma a importância da vivência sexual das pessoas de forma geral, e atribui a essa vivência a responsabilidade de favorecer o desenvolvimento afetivo e social do deficiente mental, sua capacidade em estabelecer contatos interpessoais, resultando numa auto-estima e bem-estar que lhes tragam benefícios no processo de relacionamento com o mundo.
Para que os deficientes mentais possam usufruir de uma vida sexual mais satisfatória e permissiva, é necessário que se invista em educação, tanto familiar quanto nas instituições educadoras. Questões como inclusão social, liberdade de expressão, respeito e cidadania devem ser incluídos nos currículos escolares desde a mais tenra idade.
Também que se reflita na importância da adoção de métodos que visem atender os portadores de deficiências mentais de forma a uma educação que os alertem sobre a prevenção quanto à violência sexual, doenças sexualmente transmissíveis entre outras questões que nunca são abordadas, deduzindo que os mesmos não são capazes de assimilar.
Diante do exposto, urge uma reflexão e conscientização da sociedade como um todo, principalmente da equipe de saúde para aprender a aceitar o deficiente mental como um ser humano, possuidor de necessidades, desejos e direitos à busca do prazer, seja sentimental ou físico.
REFERÊNCIAS
ANDERSON, A. Simplesmente otro ser humano. Salud Mundial, janeiro de 1981, p. 6-7.
BELISÁRIO, F, FERREIRA, J. Sexualidade e Deficiência: superando preconceitos. Disponível em: < http://www.andi.org.br/noticias. Acessado em: 20/05/2011.
DENARI, F. E. Pensando o sexo. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v.2 nº1, 1992, pp.119-122.
GHERPELLI, M. H. B. V. Diferente, mas não desigual: a sexualidade no deficiente mental. 2. ed. São Paulo: Gente, 1995.
GLAT, R. Saúde Sexual, Deficiência & Juventude em Risco: Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Educação, Núcleo de Educação Inclusiva. Rio de Janeiro RJ – 2004.
_______ Somos iguais a vocês: depoimentos de mulheres com deficiência mental. Rio de Janeiro: Agir, 1989.
MAIA, A. C. Sexualidade e Deficiências. São Paulo. Ed. UNESP, 2006.
KRYNSKI, S. Deficiência Mental. São Paulo, Atheneu, 1969.
RIBEIRO, H. C. F. SEXUALIDADE E OS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA MENTAL. Revista Brasileira de Educação Especial, v.7, n.2, 2001 SP.
SPROVIERI, Maria Helena S.ASSUMPÇÃO JR. Francisco B. Deficiência Mental: sexualidade e família. Barueri, SP. Manole, 2005.
� Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental no Contexto Multidisciplinar, orientado pelo Prof. Me. Marcos Leandro - Faculdade Eficaz de Maringá/PR.
� Aluna do curso de Pós-Graduação em Saúde Mental no Contexto Multidisciplinar– Faculdade Eficaz de Maringá/ PR.

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