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1 CICLO DE KREBS BIOQUÍMICA II Profa. Dra. Jane Marlei Boeira Roteiro da aula 3. Descarboxilação oxidativa do piruvato 4. Ciclo de Krebs: Sequência de reações 5. Regulação do Ciclo de Krebs 6. Reações relacionadas ao Ciclo de Krebs 1. Introdução 2. Visão geral do Ciclo de Krebs Um pouco de história... Em 1937 Hans Krebs propôs o Ciclo do Ácido Tricarboxílico (Nobel de Fisiologia ou Medicina – 1953) 1. Introdução Um pouco de história... Em 1948 Albert Lehninger descobriu que o Ciclo de Krebs ocorre na matriz mitocondrial (eucariotos) Ciclo do Ácido Cítrico Ácidos GraxosAminoácidos Glicogênio Glicose Piruvato Acetil-CoA Glicólise 1. Introdução Procariotos: Glicólise citosol (s/ mitocôndrias) CK membrana plasmática Eucariotos: Glicólise citosol CK mitocôndria (matriz) Características do Ciclo de Krebs Localização do Sistema Enzimático 2 Matriz Mitocondrial (eucariotos) Características do Ciclo de Krebs Localização do Sistema Enzimático Mitocôndria O Ciclo do Ácido Cítrico (Ciclo de Krebs ou Ciclo do Ácido Tricarboxílico), assim nomeado devido ao produto da 1ª reação (Citrato) É uma rota central para recuperação de energia a partir de vários combustíveis metabólicos Sua principal função é recuperar energia a partir dos ácidos graxos; também fornece reagentes para várias rotas biossintéticas Características do Ciclo de Krebs Uma volta completa no ciclo produz 2 CO2, 3NADH, 1 FADH2 e um GTP Piruvato derivado da glicose é dividido em CO2 e Acetil- CoA (fragmento de 2C) que entra no Ciclo para oxidação Características do Ciclo de Krebs É o centro comum do metabolismo dos carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos Importância do Ciclo de Krebs Importância do Ciclo de Krebs Produção de Acetil-CoA pelos Nutrientes 1º Estágio do Catabolismo Celular: 3 Degradação da Acetil-CoA pelo Ciclo de Krebs Importância do Ciclo de Krebs 2º Estágio do Catabolismo Celular: Formação de ATP Importância do Ciclo de Krebs 3º Estágio do Catabolismo Celular: Acetil-CoA A acetil-CoA doa 8 elétrons e 2 C para o Ciclo de Krebs Fontes da Acetil-CoA Precursores Gerais Glicogênio Glicose Piruvato Triacilglicerol Proteína AminoácidosÁcidos Graxos Acetil-CoA Glicogenólise Glicólise Lipólise b-Oxidação Proteólise Desaminação e Oxidação Corpos cetônicos Etanol É um ciclo metabólico, pois o oxaloacetato, que inicia a via metabólica, sofre transformações e é regenerado no final do ciclo NADH e FADH2 produzidos são os doadores de elétrons p/ a CTE acoplada ao O2. Devido a esta conexão, o Ciclo de Krebs é considerado parte do metabolismo aeróbico. Características do Ciclo de Krebs Amido Triacil gliceróis Proteínas Aminoácidos Glicose Ácidos Graxos Acetil-CoA Acetoacetil- CoA Glicose Lipídios Proteínas Aminoácidos Glicídios Ciclo de Krebs Características do Ciclo de Krebs O Ciclo de Krebs é um Processo Anfibólico 4 Visão geral do Ciclo de Krebs Ciclo do Ácido Cítrico NADH NADH NADH NADH FADH2 GTP Síntese da Acetilcoenzima A (Acetil-CoA) a partir da descarboxilação do Piruvato Descarboxilação Oxidativa do Piruvato É uma ponte entre a via glicolítica e o ciclo de Krebs Descarboxilação do Piruvato forma acetil-CoA, com liberação de CO2 Piruvato Complexo piruvato desidrogenase (E1 + E2 + E3) Acetil-CoA Piruvato- desidrogenase (E1) Enzimas do Complexo Coenzimas Vitaminas da Coenzima Di-hidrolipoil- transacetilase (E2) Diidrolipoil- desidrogenase (E3) Tiamina Pirofosfato(TPP) Ác. Lipóico, HS-CoA FAD, NAD B1 Ácido pantotênico Riboflavina(B2), Niacina(B3) 5 Piruvato- desidrogenase Diidrolipoil- transacetilase Diidrolipoil- desidrogenase Piruvato perde CO2 e é formado HETPP O grupo Hidroxietil é trasferido para o ác lipóico e oxidado p/ formar acetil diidrolipoamida O grupo acetil é transferido p/ CoA 1 2 3 HETPP= Hidroxietil-Tiamina Pirofosfato Mecanismo do Complexo Piruvato Desidrogenase Diidrolipoamida é reoxidada por NAD+ 4 Controle da descarboxilação do piruvato Piruvato Acetil-CoA (+) Piruvato ADP Acetil-CoA/HS-CoA NADH/NAD+ (-) Avitaminose B1 (beribéri) Deficiência de Vit. B1 Deficiência de TPP Aumento da conc. de Piruvato e Ác. Lático no sangue Inibição da 1a fase da descarboxilação do Piruvato Reações do Ciclo de Krebs Seqüência de Substratos 1 2a 2b 3a 3b Acetil-CoA Oxalacetato Citrato Cis-aconitato Isocitrato Oxalosuccinato -cetoglutarato Succinil-CoA 4 5 6 7 8 Succinato Fumarato Malato 6 Reações do Ciclo de Krebs O Ciclo de Krebs inicia com a condensação da acetil-CoA, de 2C, (resultante da descarboxilação do piruvato, oxidação dos ácidos graxos, carboidratos e aminoáciodos) com o oxaloacetato (4C), formando o citrato (6 C) Esta reação é irreversível Reação 1: A citrato sintase catalisa a condensação da acetil-CoA com oxalacetato Reações do Ciclo de Krebs Reação 2: O citrato sofre uma isomerização a isocitrato, tendo como intermediário o cis- aconitato. Ocorre em 2 etapas: são reações reversíveis e mediadas pela mesma enzima (aconitase). Reações do Ciclo de Krebs Ocorre uma desidratação do citrato, seguida de reidratação do intermediário cis-aconitato formado 2a 2b Reações do Ciclo de Krebs A aconitase contém um grupo 4Fe-4S; O centro de Fe-S atua tanto na ligação do substrato no sítio ativo, qto na catálise da adição ou remoção do grupo de água Reações do Ciclo de Krebs Reação 3: O isocitrato, por oxidação, forma oxalossuccinato (intermediário da reção) que, por descarboxilação, origina -cetoglutarato A primeira etapa é reversível e a segunda, irreversível Ambas são catalisadas pela mesma enzima (isocitrato desidrogenase). Reações do Ciclo de Krebs 7 3 Reações do Ciclo de Krebs Isocitrato- desidrogenase Isocitrato- desidrogenase 3a 3b Reações do Ciclo de Krebs Isocitrato Reação 4: O -cetogutarato por outra reação de descarboxilação oxidativa dá origem à succinil-CoA e CO2 Complexo - cetoglutarato desidrogenase Reações do Ciclo de Krebs Reação 5: succinil CoA por hidrólise libera succinato e HS-CoA; há uma fosforilação ao nível do substrato Succinil-CoA sintetase Reações do Ciclo de Krebs Reação 6: O succinato se oxida a fumarato Succinato desidrogenase Reações do Ciclo de Krebs A succinato desidrogenase, como a aconitase também é uma proteína Fe-S. É a única enzima do CK que se localiza na membrana interna da mitocôndria por se ligar diretamente à CTE, formando um elo entre o CK e a formação de ATP O FADH2 produzido não se dissocia da enzima Dois elétrons do FADH2 são transferidos diretamente ao centro Fe-S da enzima, que por sua vez passa os elétrons à Coenzima Q (CoQ) da CTE Reações do Ciclo de Krebs 8 Fumarase Reação 7: hidratação do fumarato para produzir malato Reações do Ciclo de Krebs Malato desidrogenase Reação 8: Oxidação do malato a oxalacetato Reações do Ciclo de Krebs Malonato, um análogo do succinato, é um potente inibidor competitivo da succinato desidrogenase Reações do Ciclo de Krebs Balanço Energético do Ciclo de Krebs 3 ATP 2 ATP 3 ATP 3 ATP CTE → NADH = 3 ATPs; FADH2 = 2 ATPs Fosforilação ao nível de substrato GTP=1 Balanço Energético do Ciclo de Krebs 3 NADH C.R. ~ 9 ATP C.R. ~ 2 ATP1 FADH2 1 Fosforilaçãoao nível do substrato 1 ATP TOTAL : ~ 12 ATP Observação: De acordo com a hipótese quimiosmótica, a síntese de ATP, na fosforilação oxidativa, acontece no complexo ATP sintase devido ao gradiente de prótons entre a matriz mitocondrial e o espaço intermembrana criado pelo sistema de transferência de elétrons. A quantidade de ATP formado por átomo de O2 consumido a partir de um NADH é de 2,5 e de um FADH2 1,5. No entanto a medida real, a partir de mitocôndrias isoladas é de aproximadamente 3 e 2, respectivamente, a partir do NADH e do FADH2. 9 Total de 38 ATPs 38 moléculas de ATP, em condições aeróbicas, são geradas a partir de uma molécula de glicose Regulação do Ciclo de Krebs Regulação do Ciclo de Krebs A capacidade do ciclo de Krebs de gerar energia é altamente regulada: Disponibilidade de substratos Necessidade de intermediários do ciclo Demanda de ATP e NADH (produto do ciclo) Capacidade das enzimas do ciclo Pontos de controle do CK Complexo piruvato desidrogenase Citrato sintase Isocitrato desidrogenase -cetoglutarato desidrogenase Pontos de controle do Ciclo de Krebs Três pontos de controle no ciclo e um fora do Ciclo: Complexo Piruvato-desidrogenase: ponto de regulação fora do Ciclo catalisa a reação do piruvato à acetil-CoA, necessária p/ a 1a reação inibida p/ ATP, NADH, acetil-CoA Citrato-sintase (1o sítio regulador do Ciclo) enzima alostérica inibida p/ ATP, NADH, Succinil-CoA e Citrato (produto) Isocitrato-desidrogenase (2o sítio regulador) inibida p/ ATP e NADH ADP e NAD+ são ativadores alostéricos da enzima Complexo -cetoglutarato-desidrogenase (3o sítio regulador) ATP, NADH e succinil-CoA são inibidores ADP e NAD+ são ativadores Pontos de controle do Ciclo de Krebs 10 Relação entre o estado metabólico de uma célula e as relações de ATP/ADP e de NADH/NAD+ Células em estado metabólico de repouso Necessitam e usam comparativamente pouca energia; Alto ATP, baixos níveis de ADP; implicam alto (ATP/ADP); Alto NADH, baixos níveis de NAD+: implicam alto (NADH/NAD+) Células em estado metabólico ativo Necessitam e usam mais energia do que as células em repouso; Baixo ATP, níveis de ADP altos: implicam em baixo (ATP/ADP); baixo NADH, altos níveis de NAD+: implicam em baixo (NADH/NAD+) Inibição do Ciclo de Krebs Inibição do Ciclo de Krebs Numerosos compostos podem inibir o Ciclo de Krebs. Três inibições são bem características: Fluoracetato Arsenito Ácido Malônico Fluoracetato O fluoracetato, uma substância que não é intrinsicamente tóxica, forma com o oxaloacetato, o fluorocitrato, numa reação catalisada pela citrato sintetase. O fluorocitrato é extremamente tóxico por inibir competitivamente a aconitase, resultando em acúmulo de citrato, inibindo o ciclo. É um típico exemplo de síntese letal. Síntese Letal Fluoracetato CH3-COOF + +H2O citrato sintetase Inibidor aconitase CO-COOH CH2-COOH oxaloacetato CH2-COOH CH2-COOH HO-C-COOH citrato F-CH2-COOH CH2-COOH HO-C-COOH Fluorcitrato Ácido Malônico (Malonato) A succinato desidrogenase é inibida competitivamente pelo ácido malônico FADox FADH2 succinato desidrogenase CH2-COOH CH2-COOH succinato COOH COOH malonato CH2 CH-COOH CH-COOH fumarato Inibição Competitiva 11 Arsenito Descarboxilação oxidativa do piruvato e do - cetoglutarato são etapas inibidas pelo arsenito (H2AsO3), que se combina com os grupos -SH do lipoato, uma das coenzimas das enzimas complexo piruvato desidrogenase e -cetoglutarato desidrogenase, respectivamente. Reações relacionadas ao Ciclo de Krebs Ácidos graxos de cadeia ímpar Ácidos graxos Funções anfibólicas do Ciclo de Krebs Relação do CK com Outras Vias A acetila-CoA tem origem na degradação de: glicose, ácidos graxos, glicerol e diversos aminoácidos O -cetoglutarato, fumarato, malato e oxaloacetato formam-se a partir de compostos de fora do CK, como aminoácidos e ác. graxos com no ímpar de carbonos. Glicídios Lipídios Aminoácidos Acetil-CoA Aspartato Oxaloacetato Histidina Prolina Hidroxiprolina Arginina Glutamato -cetoglutarato Isoleucina Metionina Valina Propionato Succinil-CoA Tirosina Fenilalanina Fumarato Oxaloacetato Aspartato Glicose Citrato Ácidos Graxos -cetoglutarato Glutamato Succinil-CoA Heme 12 Rotas que utilizam intermediários do CK São ditas reações catapleróticas (esvaziamento). São elas: Biossíntese da glicose (gliconeogênese) – utiliza oxaloacetato Síntese de ácidos graxos (citosol) – necessita de acetil-CoA Biossíntese de aminoácidos – utiliza - cetoglutarato e oxaloacetato como substratos Rotas que reabastecem o CK (Reações Anapleróticas) Em organismos aeróbicos, o CK é a principal fonte de energia livre; por isso, a função catabólica do ciclo não pode ser interrompida: intermediários que foram desviados devem ser reabastecidos Reação mais importante: Piruvato + CO2 + ATP + H2O → Oxaloacetato + ADP + Pi (1ª etapa da gliconeogênese) Vias anapleróticas do Cico de Krebs Reações Anapleróticas do Ciclo de Krebs Fígado, rins Coração, músc esqueletico Plantas sup., leveduras, bact. Amplamente distr em eucariotos e procariotos Tecidos/organismos Piruvato carboxilase PEP carboxilase PEP carboxilase Enzima málica Ciclo do Glioxilato Uma variante do CK p/ plantas e bactérias Plantas estocam carbono em sementes, na forma de óleo O ciclo do glioxilato permite as plantas usarem Acetil-CoA derivada da β-oxidação de Ác. Graxos p/ síntese de carboidratos Animais não podem fazer isto! Acetil-CoA é totalmente oxidada a CO2 Malato é usado na gliconeogênese Ciclo do Glioxilato Nas plantas, duas enzimas são responsáveis pela produção de glicose: isocitrato-liase e malato-sintase. A primeira cliva o isocitrato, produzindo glioxilato e succinato; A segunda, catalisa a reação do glioxilato com acetil-CoA, produzindo malato 13 Ciclo do Glioxilato Glioxissomo Citosol Mitocôndria Glioxissomo Mitocôndria Ciclo do Glioxilato Os vertebrados não possuem a isocitrato liase e a malato sintase, por isso não podem realizar a síntese da glicose a partir de lipídios Essas enzimas permitem a conversão do TAG das sementes em acetil-CoA e daí em glicose durante a germinação Organismos que não realizam o ciclo do glioxilato não podem converter Acetil-CoA em Glicose Ciclo do Glioxilato Referências CAMPBELL, M.K. Bioquímica. Editora ARTMED, POA, 2000. DEVLIN, T.M. Manual de Bioquímica com correlações clínicas.Ed. Edgar Blücher Ltda, S.P. 2008. LEHNINGER, L. A.; COX,N. Princípios de Bioquímica 2ª ed., Editora Savier, S.P. 2002 STRYER, L. Bioquímica. Guanabara Koogan, 2004 VOET, D.; JUDITH G; CHARLOTTE W. Fundamentos de Bioquímica. Ed. ArtMed, POA-RS, 2006.
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