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Apostila 01 Bases biofisicas

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Bases biofísicas da eletroterapia Apostila 1 
 
1 Eletrotermofototerapia: Curso de formação básica. Prof. Cleber Luz | email: cleberluz@ufba.br | 
 
Bases Biofísicas dos agentes eletrofísicos 
 
Ao final deste capítulo você terá capacidade de: 
• Descrever os conceitos básicos relacionados à corrente elétrica; 
• Identificar e explicar os gráficos de intensidade x tempo; 
• Elaborar um raciocínio lógico e coerente sobre a passagem da corrente elétrica sobre os tecidos biológicos; 
 
Breve histórico sobre as correntes elétricas. 
O uso da corrente elétrica para alívio das dores e sintomas físicos 
foi verificado em relatos desde 2750 a.c. Desde então, marcos históricos 
delineiam os avanços ocorridos na eletroterapia em diversas civilizações. 
As descargas de peixes elétricos encontrados no mar mediterrâneo eram 
usadas pelos egípcios para minimizar as dores do corpo1. Em 200 a 130 
a.c., Galeno também recomendou a utilização deste peixe elétrico para 
reduzir o quadro álgico. Entre 10 e 54 a.c., um médico romano chamado 
Scribonius Largo utilizou o mesmo peixe para tratamento de demência. Em 
1789, Luigi Galvani experimentou uma corrente que produzia contração no 
músculo da perna de uma rã. A partir de então, iniciou-se a eletroterapia 
como ciência. Avanços importantes para a ciência começara, a surgir 
neste período. O cientista Hans Christian Oerstad, em 1820, descobriu a 
relação entre eletricidade e magnetismo. Ainda neste século, Michael 
Faraday descobriu que um campo magnético pode induzir uma corrente 
num fio condutor, sendo possível idealizar equipamentos que emitiam 
correntes elétricas no corpo humano2 (figura ao lado). 
Estas descobertas proporcionaram avanços importantes no uso da 
eletricidade. Uma vertente importante foi a aplicação das correntes 
elétricas para fins terapêuticos que começou a desenvolver no século XVIII 
com um pico de crescimento no final do século XX. 
 
Conceitos Importantes em Eletroterapia 
Corrente Elétrica 
Fluxo ordenado de elétrons que se produz quando existe uma diferença de potencial (DDP) entre os 
extremos de um condutor. Para que os elétrons se movimentem de um lado para o outro, é necessária uma força 
que os impulsionem. A essa força chamamos de Força eletromotriz (FEM), e ela ocorre quando em determinado 
material possui um dos pólos com falta e o outro com excesso de elétrons. Esta diferença de potencial é 
mensurada em Volt, mas como estamos falando de tecidos biológicos os campos elétricos atuam com 
milivoltagem (mV)3. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na figura não lado é possível ver o fluxo de 
elétrons em um metal e a movimentação dos íons 
numa solução salina. Este fluxo ocorre de um pólo a 
outro do material. Estes pólos foram 
convencionalmente denominados de negativo (-) e 
positivo (+)3,4. 
O fluxo de elétrons ocorre mais fácil em 
materiais que possuem apenas um ou dois elétrons de 
valência em sua última camada (Ex. metais). Estes 
materiais nós chamados de condutores. Mas, os 
materiais que possuem suas camadas de valência 
quase completas tendem a ser mais estáveis com 
poucos elétrons livres, sendo chamados de isolantes. 
Os nossos tecidos possuem característica 
condutores de isolantes, sendo considerado um 
estado intermediário denominado semicondutor. 
 
Pólo positivo 
(+) 
Pólo Negativo 
(-) 
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Lembrem-se que toda corrente elétrica se propaga no material através de movimentos ondulatórios. 
Considere o exemplo abaixo como uma oscilação elétrica em um determinado material. 
 
 
 
 
 
 
 
Resistência 
Dificuldade oferecida pelo condutor a passagem da corrente elétrica. Quanto maior a 
resistência, maior será o calor gerado pelo maior atrito entre os átomos. A unidade de medida 
é ohm (Ω). A resistência gera trabalho devido ao atrito imposto. Este atrito gera calor e quando 
isto ocorre chamamos de efeito joule. Portanto, o trabalho imposto pode ser quantificado em 
joule (J), mas como estamos falando de tecido biológico, a resistência oferecida por estes 
tecidos é mensurada em milijoule (mJ)3. 
A figura da lâmpada ao lado representa muito bem a resistência e o trabalho gerado pela passagem da 
corrente elétrica. O filamento de tungstênio no interior da lâmpada superaquece devido ao elevado atrito dos 
elétrons passando por este material. O calor gerando é tão intenso que permite a emissão de feixes luminosos. 
 
Frequência 
É uma característica dependente do tempo e é mensurada em Hertz (Hz). Ela refere-se à frequência 
com que os elétrons passam na corrente ou ao número de pulsos existentes durante um segundo. Como descrito 
anteriormente, podemos notar que as correntes terapêuticas são classificadas de acordo com sua faixa de 
frequência4. 
 
 
 
 
 
Largura de Pulso 
Corresponde ao tempo de passagem dos elétrons nos tecidos. Mensurado em milisegundos (ms) ou 
microssegundos (µs). Existe um conceito importante relacionado à largura de pulso, que é a cronaxia. Este 
termo corresponde à largura de pulso mínima capaz de evocar a estimulação de nervos, ou seja, só haverá 
potencial de ação se a largura de pulso da corrente aplicada for igual ou superior ao mínimo necessário para 
desencadear o estímulo5. 
 
 
 
 
Intervalo interpulso 
No exemplo 1 não há intervalo, mas no exemplo 2 há. Percebam que quanto maior for a distância do 
intervalo, menos pulso teremos. 
 
 
 
 
 
 
Intensidade 
Corresponde a quantidade de elétrons que passa por um condutor. Isto depende da largura e da 
amplitude do pulso. A quantidade do fluxo de elétrons ou intensidade da corrente corresponde a área sob o pulso 
elétrico. A intensidade é mensurada em ampere (A). Entretanto, como estamos falando de tecidos biológicos, 
utilizaremos miliamperagem (mA) ou microamperagem (µA)3. 
Verifiquem que no exemplo 1 a área sob o pulso é menor quando comparado a área sob o pulso do 
exemplo 2. Isto significa que houve aumento da intensidade. 
 
 
 
 
 
 
1 segundo 
Duração do pulso 
Fase positiva (+) 
Fase Negativa (-) 
Exemplo 1 
Exemplo 2 
Intervalo interpulso 
Exemplo 1 Exemplo 2 
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Formato do Pulso 
A carga de cada fase pode variar, gerando formato de onda distinto para cada corrente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Representação gráfica das correntes 
Conforme dito anteriormente, cada corrente elétrica pode ser representada por um gráfico, através desta 
imagem é possível identificar as principais características biofísicas das correntes como, intensidade, largura de 
pulso e o formato do pulso. O eixo vertical representa a intensidade ou amplitude expressa em miliampere (mA) 
e a linha horizontal expressa o tempo em milissegundos (mS)3–5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Classificação das correntes 
 
a) Corrente Contínua: 
Quando a corrente é unidirecional, ou seja, seus elétrons se deslocam 
numa única direção (isto ocorre quando um gerador pode manter os extremos de 
um circuito carregados negativo e outro positivo) seu gráfico possui apenas uma 
fase e possui efeitos polares. 
 
b) Corrente Alternada: 
Quando a corrente é bidirecional, ou seja, seus elétrons ora se deslocam 
numa direção ora em outra (isto acontece quando um gerador de corrente 
alternada origina uma troca contínua de polaridade nos extremos de um circuito), 
seu gráfico possui duas fases (positiva e negativa) e nãopossui efeitos polares. 
 
mA 
mS 
Altura do pulso = 
amplitude 
Largura do 
pulso (mS) 
Intervalo entre os 
pulsos (mS) 
Frequência = quantidade de pulsos em 1 segundo 
Onda retangular: 
• Tempo de subida e descida instantâneo 
 
 
Onda triangular: 
• Tempo de subida e descida gradual 
 
 
Onda trapezoidal: 
• Tempo de subida e descida gradual com tempo de sustentação 
 
 
Onda quadrada: 
• Tempo de subida e descida instantâneo. 
 
Onda senoidal: 
• Tempo de subida e descida gradual. 
 
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Descrição qualitativa das correntes 
As correntes diretas podem ser descritas quanto a sua classificação, pulsação e formato do pulso. 
Baseado nestes conceitos descrevam as correntes abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
_ 
 
Já as correntes alternadas possuem mais características além das que já foram descritas para as 
correntes diretas. A principal diferença entre ambas é que a alternada possui a fase negativa: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao compararmos a fase (+) com a (-) podemos verificar se as mesmas são simétricas ou não. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Outra possibilidade de análise nas correntes alternadas é o balanceamento das correntes, ou seja, a 
alturas das fases (+) e (-). 
 
 
 
 
 
 
E 
 
Pulsada 
Descrição qualitativa da Corrente 
Corrente Monofásica 
ou Direta 
Corrente Bifásica 
ou Alternada 
Não Pulsada Pulsada Não Pulsada 
 FORMA DO PULSO 
Simétrica Assimétrica Simétrica Assimétrica 
Equi- 
librada 
Desequi- 
librada 
Equi- 
librada 
Desequi- 
librada 
_____________________
_____________________
____________________ 
Fase positiva (+) 
Fase negativa (-) 
assimétrico simétrico 
balanceado 
desbalanceado 
_____________________
_____________________
____________________ 
_____________________
_____________________
____________________ 
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Em resumo; 
 
MODULAÇÃO DAS CORRENTES 
Corresponde a qualquer alteração que se faz na corrente original com o objetivo de eliminar o 
efeito da acomodação. Pode ocorrer devido a variações na largura de pulso, amplitude e frequência da 
corrente5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Classificação quanto à frequencia 
Existem diversos tipos de correntes terapêuticas, sendo que estas são classificadas de acordo com a 
sua faixa de frequência. Podemos dizer que as correntes são divididas em: 
1. Eletroterapia de Baixa Freqüência: 1 a 1000 Hz 
• Corrente Galvânica; 
• Correntes Diadinâmicas; 
• Correntes Ultra-excitantes; 
• Correntes Exponenciais; 
• FES; 
• TENS; 
• Microcorrentes 
 
2. Eletroterapia de Média Freqüência: 1000 Hz a 100.000Hz 
• Correntes Interferenciais; 
• Corrente australiana; 
• Corrente Russa. 
 
3. Eletroterapia de Alta Freqüência: Acima de 100.000 Hz 
• Diatermia por Ondas Curtas – DOC; 
• Diatermia por Microondas – DMO. 
 
 
 
 
 
Referências bibliográficas: 
1. Basford JR. A historical perspective of the popular use of electric and magnetic therapy. Archives of 
Physical Medicine and Rehabilitation 2001; 82: 1261–1269. 
2. Bussel B. History of electrical stimulation in rehabilitation medicine. Ann Phys Rehabil Med 2015; 58: 198–
200. 
3. Robertson V. Eletroterapia Explicada: Princípios e Prática. 4°. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 
4. Karen W. Hayes Roger M. Nelson Dean P. Currier. Eleteroterapia Clínica. Barueri: Manole, 2003. 
5. Kitchen S. Eletroterapia - Prática Baseada em Evidências. 11°. Barueri: Manole, 2003. 
DICA: QUANTO MAIOR A FREQUÊNCIA, MELHOR ATINGIRÁ OS TECIDOS PROFUNDOS. 
Modulação quanto a frequência Modulação quanto a Amplitude 
Modulação quanto a Largura de 
Pulso 
Pouca penetração na 
derme 
Penetra mais na derme 
Alto poder de 
penetração na derme

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