Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 2 REVISÃO ............................................................................................................................................... 3 SUJEITOS DO PROCESSO .............................................................................................................. 3 DAS PARTES E DOS PROCURADORES ....................................................................................... 3 Capacidade de ser parte ................................................................................................................. 3 Capacidade de estar em juízo ........................................................................................................ 3 Capacidade Postulatória ................................................................................................................. 4 Dos deveres das partes e dos procuradores ............................................................................... 5 Responsabilidade das partes por dano processual .................................................................... 7 Dos Honorários Advocatícios ......................................................................................................... 7 Da Gratuidade da Justiça ................................................................................................................ 8 Dos Procuradores ............................................................................................................................. 8 Litisconsórcio ................................................................................................................................... 10 Classificação ............................................................................................................................... 10 Intervenção de Terceiros ............................................................................................................... 12 A Assistência ............................................................................................................................... 12 A Denunciação da Lide.............................................................................................................. 13 O Chamamento ao Processo ................................................................................................... 13 Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica ............................................ 14 O Amicus Curiae ......................................................................................................................... 15 JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................ 17 REFERÊNCIA ..................................................................................................................................... 30 2 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br INTRODUÇÃO Caro(a) Aluno(a), A preparação para concursos públicos exige profissionalismo, métrica e inteligência. Cada minuto despendido deve ser bem gasto! Por isso, uma preparação direcionada, focada nos pontos com maior probabilidade de cobrança no seu certame, pode representar a diferença entre aprovação e reprovação. É fundamental “atacar” os pontos nucleares de cada matéria, com vistas à antecipação dos temas com maiores chances de cobrança em sua prova. Pensando nisso, elaboramos um material que vai ajudá-lo a revisar temas importantes que poderão ser cobrados em seu certame. Nos moldes do item 1.1 do edital, o Concurso Público de Provas e Títulos destina-se ao provimento do cargo de Juiz Federal Substituto, no âmbito da jurisdição do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que compreende as Seções Judiciárias dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Ademais, conforme dispõe o item 3.3, a Comissão deverá considerar, na avaliação das provas escritas, o raciocínio lógico, o conhecimento sobre o tema jurídico, a vinculação ao tema proposto, a utilização correta do idioma oficial e a capacidade de exposição. Com base nas últimas provas para Juiz Federal, percebe-se que alguns assuntos da disciplina Direito Processual Civil tiveram alta incidência, a exemplo do tema Sujeitos do Processo, presente no item 4.0 do edital do concurso vigente. Portanto, tendo em vista a relevância do conteúdo mencionado, é importante o aluno revisá-lo. Bons Estudos!!! 3 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br REVISÃO SUJEITOS DO PROCESSO DAS PARTES E DOS PROCURADORES O tema em estudo está disciplinado no Livro III (da Parte Geral), Título I, do CPC e inicia tratando da chamada “capacidade de ser parte” e, posteriormente, com “a capacidade de estar em juízo”, conhecida também como “legitimação processual”. Antes de tudo, insta salientar que a relação jurídico-processual é formada, pelo menos, por três sujeitos, quais sejam: autor, réu e juiz. ATENÇÃO: A Capacidade Processual é um pressuposto de validade do processo. Capacidade de ser parte Traduz a possibilidade de todo e qualquer indivíduo, capaz de ter direitos e obrigações na ordem civil, nos moldes do art. 1º do Código Civil, figurar como parte na via judicial, seja como autor (legitimidade ativa), seja como réu (legitimidade passiva). Nesse sentido, o art. 75 do CPC trata das pessoas jurídicas e dos entes despersonalizados que possuem a capacidade de ser parte. Este artigo merece atenciosa e exaustiva leitura. Capacidade de estar em juízo Conforme dispõe o art. 70, do CPC “Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo”, portanto, nem todo aquele que possui a capacidade de ser parte, possui a capacidade de estar em juízo. 4 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br ATENÇÃO: o art. 72, do CPC trata do Curador Especial, ou seja, o representante legal daquelas pessoas maiores e incapazes devido a um processo de interdição ou do deficiente, nos termos do art. 84, §1º, da Lei n. 13.146/2015. Mas, qual a consequência jurídica da falta de nomeação de curador especial? Se a ausência se referir à parte ou ao interveniente, como no caso do incapaz, estar- se-á diante da ausência de um dos pressupostos de validade do processo, a capacidade processual. O que acarretará a nulidade do processo, sendo, nesse caso, admitida a Ação Rescisória. Já quando se refere ao réu preso ou citado fictamente, haverá a nulidade do processo apenas se houver prejuízo ao réu. ATENÇÃO: Ressalte-se a importante matéria tratada no art. 73, do CPC, o qual diz respeito à integração da capacidade processual das pessoas casadas, pois há uma restrição na referida capacidade, sendo necessário o consentimento do outro (outorga uxória – quando decorrente da mulher; ou marital – quando decorrente do homem1) diante das demandas que versam sobre direitos reais imobiliários. Capacidade Postulatória No sistema processual civil brasileiro, os atos processuais devem ser praticados por aqueles que possuem a capacidade de postulação: advogados (públicos e privados), defensores públicos e membros do Ministério Público. Sobre o tema o art. 103, do CPC determina: Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.1GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado/ Marcus Vinicius Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. - 6. ed.- São Paulo: Saraiva, 2016, p. 200. 5 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal. ATENÇÃO: Conforme disciplina a Lei 9.099/95, nos juizados especiais cíveis, dispensa-se a presença de advogado nas causas em que o valor não ultrapasse 20 (vinte) salários mínimos. Entretanto, na via recursal, exige-se a presença de advogado. Dos deveres das partes e dos procuradores São deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo (art. 77, do CPC): I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de fundamento; III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa do direito; IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação; V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva; VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso. 6 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br § 1o Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à dignidade da justiça. § 2o A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta. § 3o Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no § 2o será inscrita como dívida ativa da União ou do Estado após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, e sua execução observará o procedimento da execução fiscal, revertendo-se aos fundos previstos no art. 97. § 4o A multa estabelecida no § 2o poderá ser fixada independentemente da incidência das previstas nos arts. 523, § 1o, e 536, §1º. § 5o Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa prevista no § 2o poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. § 6o Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério Público não se aplica o disposto nos §§ 2o a 5o, devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará. § 7o Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz determinará o restabelecimento do estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos autos até a purgação do atentado, sem prejuízo da aplicação do § 2o. § 8o O representante judicial da parte não pode ser compelido a cumprir decisão em seu lugar. 7 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br ATENÇÃO: A respeito dos deveres das partes, há de se frisar que o CPC/2015 incentiva a valorização e o respeito ao princípio da boa-fé objetiva, traduzido a partir de condutas éticas, honestas e leis. Responsabilidade das partes por dano processual Determina o art. 79, do CPC que aquele que atua no processo com má-fé responde por perdas e danos, seja ele autor, réu ou interveniente. Os casos em que são considerados litigantes de má-fé estão elencados no art. 80, do CPC, o qual é de Leitura OBRIGATÓRIA!! ATENÇÃO: De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má- fé a pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou. Ressalte-se, ainda, que quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má- fé, o juiz condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária. Além do mais, quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. Por fim, mencione-se que o valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos. Dos Honorários Advocatícios São três os tipos de honorários advocatícios: os convencionados, os arbitrados judicialmente e os de sucumbência. 8 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br a)Convencionais: são aqueles acordados entre o advogado e o seu cliente, podem ser fixados de acordo com a tabela de honorários ou em valor superior. b) Arbitrados Judicialmente: são direcionados ao juiz da causa, por meio de ação própria, o qual os estabelecerá, de modo que não os fixe em valor inferior ao da tabela de honorários. c) De Sucumbência: são os que a parte vencida no processo deve pagar a outra parte. Sobre o tema, a título de exemplo, o art. 82, §2º, do CPC dispõe “A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou.” Da Gratuidade da Justiça Com o advento do CPC de 2015, a Lei n. 1.060/50 (que regulava a gratuidade da justiça) foi revogada quase por inteira pelo art. 1.072, III, do CPC. Dessa forma, foram revogados os arts. 2°, 3°, 4°, 5°, 6°, 7°, ll, 12 e 17 da mencionada lei. Portanto, a gratuidade passou a ser disciplinada nos arts. 98 a 102, do CPC de 2015, os quais, saliente-se, merecem BASTANTE ATENÇÃO! Dos Procuradores Em linhas preliminares, insta salientar que a parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. Ademais, o advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente. No que tange à procuração, o art. 105 do CPC/2015 prevê: Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se 9 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica. § 1º A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma da lei. § 2º A procuração deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo. § 3º Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a procuração também deverá conter o nome dessa, seu número de registro na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo. § 4º Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio instrumento, a procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo, inclusive para o cumprimento de sentença. Devemos, ainda, analisar que, de acordo com o art. 107 do CPC, são direitos dos advogados: I - examinar, em cartório de fórum e secretaria de tribunal, mesmo sem procuração, autos de qualquer processo, independentemente da fase de tramitação,assegurados a obtenção de cópias e o registro de anotações, salvo na hipótese de segredo de justiça, nas quais apenas o advogado constituído terá acesso aos autos; II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo, pelo prazo de 5 (cinco) dias; III - retirar os autos do cartório ou da secretaria, pelo prazo legal, sempre que neles lhe couber falar por determinação do juiz, nos casos previstos em lei. 10 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Litisconsórcio É o fenômeno processual vislumbrado a partir da pluralidade de partes no polo ativo, no passivo ou em ambos os polos da demanda. Sua principal função no sistema processual brasileiro é a de garantir a economia/eficiência processual (nos moldes do art. 5º, LXXVIII, da CF/88 e art. 4º, do CPC/2015) e a harmonia dos julgados. Além disso, está disciplinado nos arts. 113 a 118, do Título II, do Livro III (da Parte Geral) do CPC/2015 Classificação ◘ Quanto à posição dos litisconsortes: a) Ativo: quando há a pluralidade de autores; b) Passivo: quando há a pluralidade de réus; c) Misto: pluralidade em ambos os polos. ◘ Quanto ao momento de sua formação: a) Inicial/Originário: ocorre no momento da propositura da petição inicial; b) Ulterior/Incidental: ocorre em momento posterior à propositura da demanda, isto é, ao longo do processo. ◘ Quanto à obrigatoriedade: a) Facultativo: quando decorre da própria vontade das partes. ATENÇÃO: O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, 11 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença (art. 113, §1º, do CPC/15) b) Necessário: quando é imposto por expressa disposição legal, ou melhor, quando oriunda da “natureza da relação jurídica controvertida”, conforme preceitua o art. 114. É o caso, por exemplo, do §1º, do art. 73, do CPC, já mencionado acima, bem como do §4º, do art. 903, que trata do pedido de invalidação da arrematação após a expedição da carta respectiva, caso em que o arrematante será litisconsorte necessário do executado, vejamos: Art. 903. [...] § 4º Após a expedição da carta de arrematação ou da ordem de entrega, a invalidação da arrematação poderá ser pleiteada por ação autônoma, em cujo processo o arrematante figurará como litisconsorte necessário. ATENÇÃO: Verifica-se, portanto, que a hipótese prevista no inciso I, do art. 113, do CPC trata-se de litisconsórcio necessário, pois, se entre dois ou mais indivíduos “houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide”, estes deverão litigar conjuntamente, salvo, expressa autorização legal em sentido contrário (como ocorre nos casos da legitimação extraordinária, prevista no art. 18, do CPC). Já as hipóteses previstas nos incisos II e III referem-se ao litisconsórcio facultativo. ATENÇÃO:A limitação realizada pelo juiz quanto ao número de litigantes, conforme visto em linhas anteriores, NÃO se aplica ao litisconsórcio necessário. ◘ Quanto às possíveis soluções: a) Simples: quando a decisão da causa pode ser distinta para cada litisconsorte; 12 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br b) Unitário: quando a decisão da causa deve ser uniforme para todos os litisconsortes. A esse respeito, dispõe o art. 116, do CPC “O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes.” ATENÇÃO: A doutrina acentua que é muito frequente que esses diversos critérios classificatórios combinem-se entre si, ensejando, por exemplo, litisconsórcios ativos, iniciais, facultativos e simples ou litisconsórcios passivos, ulteriores, necessários e unitários2. Intervenção de Terceiros Está disposta no Título III, do Livro III (da Parte Geral), do CPC/2015, corresponde ao ingresso de um terceiro, juridicamente interessado, no processo. Cinco são as modalidades de intervenção de terceiros: a assistência, a denunciação da lide, o chamamento ao processo, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e o amicus curiae, as quais estudaremos a seguir. ATENÇÃO: A intervenção de terceiro pode ser voluntária (quando o próprio terceiro a manifesta) ou provocada (quando a outra parte pede ao juiz que convoque o terceiro). A Assistência É a forma típica de intervenção, já que um terceiro ingressa em um processo no qual não figurava, com o fito de se beneficiar direta ou indiretamente deste. É sempre voluntária. Possui como pressuposto de validade a demonstração do interesse jurídico por parte do terceiro estranho ao processo. Vide Art. 119, do CPC. 2BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016/CassioScarpinella Bueno. - 2. ed. rev., atual. eampl. – São Paulo: Saraiva, 2016, p. 173. 13 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Existem duas famosas modalidades de assistência, vejamos: • Assistência Simples/Adesiva: ocorre quando o terceiro assiste um das partes para que ela obtenha uma sentença favorável, vide art. 121 do CPC. • Assistência Litisconsorcial: ocorre quando o terceiro busca satisfazer um interesse próprio, vide art. 124 do CPC. A Denunciação da Lide É a modalidade pela qual os denunciantes (autor e/ou réu), na mesma relação processual, postulam em face de um terceiro (denunciado), através do direito de regresso, no intuito deste ser responsabilizado pelos danos decorrentes de eventual decisão prejudicial. As hipóteses de cabimento da denunciação da lide estão dispostas no art. 125, do CPC/2015, o qual merece leitura exaustiva. A pergunta que se faz a respeito do tema é a seguinte: é possível a denunciação feita pelo denunciado? A resposta é no sentido positivo, trata-se da denominada “denunciação sucessiva”, regulada no §2º, do dispositivo legal acima referido, como se observa adiante: § 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma. O Chamamento ao Processo 14 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br É a modalidade pela qual há o chamamento por parte do réu (chamante) de terceiro (chamado) que, a partir de então passará a ser litisconsorte passivo, tendo em vista a sua responsabilidade e coobrigação frente ao autor da demanda. As hipóteses de admissibilidade do chamamento ao processo estão dispostas no art. 130, do CPC/2015, conforme se segue: Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. ATENÇÃO: Conforme acentua o art. 131, caput, do CPC, o chamamento ao processo é requerido pelo réu em contestação e a citação dos chamados “deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento”. Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica Trata-se de uma das novidades trazidas peloCPC de 2015 e está disciplinada nos artigos 133 a 137. É a possibilidade de se responsabilizar pessoas naturais por atos praticados por pessoas jurídicas. É cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença, bem como na execução fundada em título executivo extrajudicial, conforme dispõe o art. 134, do CPC. Por outra faceta, o Novo Código de Processo Civil, no §2º, do seu art. 133, igualmente, prevê a possibilidade de se responsabilizar as pessoas jurídicas por atos 15 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br praticados por pessoas naturais, é a chamada “desconsideração inversa da personalidade jurídica”, vejamos: Art. 133. [...] § 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica. Ademais, é instaurado a pedido da parte ou a requerimento do Ministério Público, nos moldes do art. 133, do CPC. Salvo requerimento na petição inicial, a instauração do incidente suspenderá o processo. Em relação ao procedimento, o art. 135, do CPC informa que uma vez instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para se manifestar e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.Ao final, concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória, se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno (art. 136, do CPC). Por último, saliente-se que acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente. O Amicus Curiae É a intervenção de um terceiro no processo (seja por iniciativa própria, por provocação de uma das partes ou, até mesmo, por determinação do magistrado) com o fito de auxiliar o juízo diante do proferimento de uma decisão que leve em conta os interesses dispersos na sociedade civil e no próprio Estado. Vem regulado no art. 138, do CPC, o qual preceitua: 16 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. 17 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br JURISPRUDÊNCIA (In) aplicabilidade no processo judicial eletrônico Direito Processual Civil Litisconsórcio Benefício do prazo em dobro Origem: STJ Ementa Oficial RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. ART. 191 DO CPC. PRAZO EM DOBRO. APLICAÇÃO AO PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO. OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. NECESSIDADE DE ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. INAPLICABILIDADE PREVISTA APENAS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 1. Trata-se de embargos monitórios, opostos por devedores solidários representados por diferentes advogados, que não foram conhecidos sob o fundamento da intempestividade, haja vista os autos tramitarem eletronicamente. 2. Em respeito ao princípio da legalidade e à legítima expectativa gerada pelo texto normativo vigente, enquanto não houver alteração legal, aplica-se aos processos eletrônicos o disposto no art. 191 do CPC. 3. O novo Código de Processo Civil, atento à necessidade de alteração legislativa, no parágrafo único do art. 229, ressalva a aplicação do prazo em dobro no processo eletrônico. 4. A inaplicabilidade do prazo em dobro para litisconsortes representados por diferentes procuradores em processo digital somente ocorrerá a partir da vigência do novo Código de Processo Civil. 5. Recurso especial provido. (REsp 1488590/PR, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/04/2015, DJe 23/04/2015) 18 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Juiz não pode extinguir ações individuais idênticas para que sejam repropostas em litisconsórcio Direito Processual Civil Litisconsórcio Outros temas Origem: STJ Ementa Oficial PROCESSUAL CIVIL. CONEXÃO. EXTINÇÃO DOS PROCESSOS PARA REUNIÃO EM GRUPOS DE 20 LITISCONSORTES. DESCABIMENTO. INTELIGÊNCIA DO ART. 105 CPC. FACULDADE DO JULGADOR POR CONVENIÊNCIA DA JURISDIÇÃO. 1. Cuida-se de Agravo Regimental em que a Fazenda Pública Municipal busca restabelecer decisão de primeiro grau que, reconhecendo a conexão entre mais de 70 ações individuais versando o mesmo tema, determinou a sua extinção para que as pretensões fossem deduzidas em ações coletivas formadas por grupos de 20 litisconsortes cada. 2. O art. 105 do CPC não tem comando suficiente para determinar - ou mesmo autorizar - a extinção do processo, conferindo ao magistrado apenas a faculdade de ordenar ao cartório a reunião das ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente. Precedentes do STJ. 3. Essa faculdade, todavia, não confere ao juiz o poder de condicionar o direito de ação da parte à prévia formação de um grupo determinado, especialmente considerando as implicações decorrentes do curso do lapso prescricional. Vulneração ao princípio do livre acesso à jurisdição. 4. O instituto da conexão não se confunde com o do litisconsórcio necessário, uma vez que este último decorre da natureza da relação jurídica ou da lei e, portanto, afeta a própria legitimidade processual, sendo, portanto, obrigatória a sua formação (art. 47 do CPC) cogência, que evidentemente não se compatibiliza com a facultatividade estampada no art. 105 do CPC ("pode ordenar"). 5. Agravo Regimental não provido. (AgRg no AREsp 410.980/SE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/02/2014, DJe 19/03/2014) 19 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Mesmo apresentada fora do prazo, a denunciação da lide feita pelo réu pode ser admitida se o denunciado comparece apenas para contestar o pedido do autor Direito Processual Civil Intervenção de terceiros Geral Origem: STJ Ementa Oficial RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO. INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS. COMPENSAÇÃO DE DANOS MORAIS. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. SEGURADORA. QUALIDADE DE DENUNCIADA. RECONHECIMENTO. LITISCONSÓRCIO. PRAZOS RECURSAIS EM DOBRO. ART. 191 DO CPC/73. DENUNCIAÇÃO. EXTEMPORANEIDADE. VÍCIO FORMAL. INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. O propósito recursal é determinar se: a) na hipótese dos autos, com a denunciação da lide, os prazos recursais devem contados em dobro; e b) o Tribunal de origem poderia ter declarado a extinção da denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo recorrente e a nulidade da lide secundária. 2. A denunciação da lide, em sua delimitação moderna, tem a função de adicionar ao processo uma nova lide conexa e, assim, atender ao princípio da economia dos atos processuais e evitar sentenças contraditórias. Consiste, por esse motivo, em mero ônus à parte que não a promove, impossibilitando-a de discutir, num mesmo processo, a obrigação do denunciado de ressarcimento dos prejuízos que venha a sofrer na hipótese de ser vencido na demanda principal. 3. A falta de denunciação da lide não acarreta a perda do direito de pleitear, em ação autônoma, o direito de regresso. 4. Feita a denunciação pelo réu, o denunciado pode aceitar a denunciação e contestar o pedido do autor, situação que o caracterizarácomo litisconsorte do denunciante, com a aplicação em dobro dos prazos recursais, e que acarretará a resolução do mérito da controvérsia secundária e o resultado prático de sujeitá-lo aos efeitos da sentença da causa principal. 20 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 5. O processo é instrumento para a realização do direito material, razão pela qual, se o denunciado reconhece sua condição de garantidor do eventual prejuízo, não há razões práticas para que se exija que, em virtude de defeitos meramente formais na articulação da denunciação da lide, o denunciante se veja obrigado a ajuizar uma ação autônoma de regresso em desfavor do denunciado. 6. Na presente hipótese, embora a denunciação da lide tenha sido formulada intempestivamente, a recorrida reconheceu, ainda que parcialmente, sua condição de garantidora. Portanto, ao reconhecer esse vício do oferecimento da denunciação da lide e anular todos os atos processuais praticados, o Tribunal de origem agiu em descompasso com os princípios da primazia do julgamento de mérito e da instrumentalidade das formas. 7. Recurso especial provido. (REsp 1637108/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/06/2017, DJe 12/06/2017) Chamamento ao processo e fornecimento de medicamento Direito Processual Civil Intervenção de terceiros Geral Origem: STJ Ementa Oficial PROCESSUAL CIVIL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. AÇÃO MOVIDA CONTRA O ESTADO. CHAMAMENTO DA UNIÃO AO PROCESSO. ART. 77, III, DO CPC. DESNECESSIDADE. Controvérsia submetida ao rito do art. 543-C do CPC 1. O chamamento ao processo da União com base no art. 77, III, do CPC, nas demandas propostas contra os demais entes federativos responsáveis para o fornecimento de medicamentos ou prestação de serviços de saúde, não é impositivo, mostrando-se inadequado opor obstáculo inútil à garantia fundamental do cidadão à saúde. 21 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Precedentes do STJ. 2. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal entende que "o recebimento de medicamentos pelo Estado é direito fundamental, podendo o requerente pleiteá-los de qualquer um dos entes federativos, desde que demonstrada sua necessidade e a impossibilidade de custeá-los com recursos próprios", e "o ente federativo deve se pautar no espírito de solidariedade para conferir efetividade ao direito garantido pela Constituição, e não criar entraves jurídicos para postergar a devida prestação jurisdicional", razão por que "o chamamento ao processo da União pelo Estado de Santa Catarina revela-se medida meramente protelatória que não traz nenhuma utilidade ao processo, além de atrasar a resolução do feito, revelando-se meio inconstitucional para evitar o acesso aos remédios necessários para o restabelecimento da saúde da recorrida" (RE 607.381 AgR, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 17.6.2011). Caso concreto 3. Na hipótese dos autos, o acórdão recorrido negou o chamamento ao processo da União, o que está em sintonia com o entendimento aqui fixado. 4. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 8/2008. (REsp 1203244/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/04/2014, DJe 17/06/2014) Não cabe a denunciação da lide prevista no art. 70, III, do CPC 1973 quando necessária análise de fato diverso Direito Processual Civil Intervenção de terceiros Geral Origem: STJ Ementa Oficial RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. DENUNCIAÇÃO DA LIDE (CPC, ART. 70, III) À SOCIEDADE DE ADVOGADOS QUE PATROCINOU ANTERIOR EXECUÇÃO ENTRE AS PARTES. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. ALEGAÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULA DE CONTRATO DE SERVIÇOS DE 22 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br ADVOCACIA. DESCABIMENTO. FUNDAMENTO NOVO ESTRANHO À LIDE PRINCIPAL. RECURSO DESPROVIDO. 1 - Nos termos do art. 70, III, do CPC, para que se defira a denunciação da lide, é necessário que o litisdenunciado esteja obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar a parte vencida, em ação regressiva, sendo vedado, ademais, introduzir-se fundamento novo no feito, estranho à lide principal. Precedentes. 2 - In casu, para admitir-se a denunciação da lide seria imperiosa a análise de fato novo, diverso daquele que deu ensejo à ação principal de reparação por danos morais, qual seja a demonstração, por parte da instituição financeira denunciante, de que a sociedade de advogados denunciada agira com falha no patrocínio de ação de execução, o que demandaria incursão em seara diversa da relativa à reparação por indevida negativação. 3 - A recorrente não fica impedida de ajuizar demanda regressiva autônoma em face da indevidamente denunciada para o exercício da pretensão de ressarcimento dos danos morais devidos à autora da ação principal, em caso de procedência desta ação. 4 - Recurso especial desprovido. (REsp 701.868/PR, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 11/02/2014, DJe 19/02/2014) Índices de juros e correção monetária aplicados para condenações contra a Fazenda Pública Direito Processual Civil Fazenda Pública em juízo Geral Origem: STJ Ementa Oficial PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SUBMISSÃO À REGRA PREVISTA NO ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 02/STJ. DISCUSSÃO SOBRE A APLICAÇÃO DO ART. 1º-F DA LEI 9.494/97 (COM REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.960/2009) ÀS CONDENAÇÕES IMPOSTAS À FAZENDA PÚBLICA. CASO CONCRETO QUE É RELATIVO A INDÉBITO TRIBUTÁRIO. " TESES JURÍDICAS FIXADAS. 23 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 1. Correção monetária: o art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pela Lei 11.960/2009), para fins de correção monetária, não é aplicável nas condenações judiciais impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza. 1.1Impossibilidade de fixação apriorística da taxa de correção monetária. No presente julgamento, o estabelecimento de índices que devem ser aplicados a título de correção monetária não implica pré-fixação (ou fixação apriorística) de taxa de atualização monetária. Do contrário, a decisão baseia-se em índices que, atualmente, refletem a correção monetária ocorrida no período correspondente. Nesse contexto, em relação às situações futuras, a aplicação dos índices em comento, sobretudo o INPC e o IPCA-E, é legítima enquanto tais índices sejam capazes de captar o fenômeno inflacionário. 1.2 Não cabimento de modulação dos efeitos da decisão. A modulação dos efeitos da decisão que declarou inconstitucional a atualização monetária dos débitos da Fazenda Pública com base no índice oficial de remuneração da caderneta de poupança, no âmbito do Supremo Tribunal Federal, objetivou reconhecer a validade dos precatórios expedidos ou pagos até 25 de março de 2015, impedindo, desse modo, a rediscussão do débito baseada na aplicação de índices diversos. Assim, mostra-se descabida a modulação em relação aos casos em que não ocorreu expedição ou pagamento de precatório. 2. Juros de mora: o art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pela Lei 11.960/2009), na parte em que estabelece a incidência de juros de mora nos débitos da Fazenda Pública com base no índice oficial de remuneração da caderneta de poupança, aplica- se às condenações impostas à Fazenda Pública, excepcionadas as condenações oriundas de relação jurídico-tributária. 3. Índices aplicáveisa depender da natureza da condenação. 3.1 Condenações judiciais de natureza administrativa em geral. As condenações judiciais de natureza administrativa em geral, sujeitam-se aos seguintes encargos: (a) até dezembro/2002: juros de mora de 0,5% ao mês; correção monetária de acordo com os índices previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal, com destaque para a incidência do IPCA-E a partir de janeiro/2001; (b) no período posterior à vigência do CC/2002 e anterior à vigência da Lei 11.960/2009: juros de mora correspondentes à taxa Selic, vedada a cumulação com qualquer outro 24 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br índice; (c) período posterior à vigência da Lei 11.960/2009: juros de mora segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança; correção monetária com base no IPCA-E. 3.1.1 Condenações judiciais referentes a servidores e empregados públicos. As condenações judiciais referentes a servidores e empregados públicos, sujeitam-se aos seguintes encargos: (a) até julho/2001: juros de mora: 1% ao mês (capitalização simples); correção monetária: índices previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal, com destaque para a incidência do IPCA-E a partir de janeiro/2001; (b) agosto/2001 a junho/2009: juros de mora: 0,5% ao mês; correção monetária: IPCA-E; (c) a partir de julho/2009: juros de mora: remuneração oficial da caderneta de poupança; correção monetária: IPCA-E. 3.1.2 Condenações judiciais referentes a desapropriações diretas e indiretas. No âmbito das condenações judiciais referentes a desapropriações diretas e indiretas existem regras específicas, no que concerne aos juros moratórios e compensatórios, razão pela qual não se justifica a incidência do art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pela Lei 11.960/2009), nem para compensação da mora nem para remuneração do capital. 3.2 Condenações judiciais de natureza previdenciária. As condenações impostas à Fazenda Pública de natureza previdenciária sujeitam-se à incidência do INPC, para fins de correção monetária, no que se refere ao período posterior à vigência da Lei 11.430/2006, que incluiu o art. 41-A na Lei 8.213/91. Quanto aos juros de mora, incidem segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança (art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei n. 11.960/2009). 3.3 Condenações judiciais de natureza tributária. A correção monetária e a taxa de juros de mora incidentes na repetição de indébitos tributários devem corresponder às utilizadas na cobrança de tributo pago em atraso. Não havendo disposição legal específica, os juros de mora são calculados à taxa de 1% ao mês (art. 161, § 1º, do CTN). Observada a regra isonômica e havendo previsão na legislação da entidade tributante, é legítima a utilização da taxa Selic, sendo vedada sua cumulação com quaisquer outros índices. 4. Preservação da coisa julgada. 25 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Não obstante os índices estabelecidos para atualização monetária e compensação da mora, de acordo com a natureza da condenação imposta à Fazenda Pública, cumpre ressalvar eventual coisa julgada que tenha determinado a aplicação de índices diversos, cuja constitucionalidade/legalidade há de ser aferida no caso concreto. " SOLUÇÃO DO CASO CONCRETO. 5. Em se tratando de dívida de natureza tributária, não é possível a incidência do art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pela Lei 11.960/2009) - nem para atualização monetária nem para compesação da mora -, razão pela qual não se justifica a reforma do acórdão recorrido. 6. Recurso especial não provido. Acórdão sujeito ao regime previsto no art. 1.036 e seguintes do CPC/2015, c/c o art. 256-N e seguintes do RISTJ. (REsp 1495146/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/02/2018, DJe 02/03/2018) Índices de juros e correção monetária aplicados para condenações contra a Fazenda Pública (decisão do STF) Direito Processual Civil Fazenda Pública em juízo Geral Origem: STF Ementa Oficial Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. REGIME DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS INCIDENTE SOBRE CONDENAÇÕES JUDICIAIS DA FAZENDA PÚBLICA. ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.960/09. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DA UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE DE REMUNERAÇÃO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO CRITÉRIO DE CORREÇÃO MONETÁRIA. VIOLAÇÃO AO DIREITO FUNDAMENTAL DE PROPRIEDADE (CRFB, ART. 5º, XXII). INADEQUAÇÃO MANIFESTA ENTRE MEIOS E FINS. INCONSTITUCIONALIDADE DA UTILIZAÇÃO DO RENDIMENTO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO ÍNDICE DEFINIDOR DOS JUROS MORATÓRIOS DE CONDENAÇÕES IMPOSTAS À FAZENDA PÚBLICA, QUANDO ORIUNDAS DE RELAÇÕES JURÍDICO-TRIBUTÁRIAS. DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA E VIOLAÇÃO À ISONOMIA ENTRE DEVEDOR 26 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br PÚBLICO E DEVEDOR PRIVADO (CRFB, ART. 5º, CAPUT). RECURSO EXTRAORDINÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O princípio constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º, caput), no seu núcleo essencial, revela que o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária, os quais devem observar os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remunera seu crédito; nas hipóteses de relação jurídica diversa da tributária, a fixação dos juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto legal supramencionado. 2. O direito fundamental de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII) repugna o disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, porquanto a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. 3. A correção monetária tem como escopo preservar o poder aquisitivo da moeda diante da sua desvalorização nominal provocada pela inflação. É que a moeda fiduciária, enquanto instrumento de troca, só tem valor na medida em que capaz de ser transformada em bens e serviços. A inflação, por representar o aumento persistente e generalizado do nível de preços, distorce, no tempo, a correspondência entre valores real e nominal (cf. MANKIW, N.G. Macroeconomia. Rio de Janeiro, LTC 2010, p. 94; DORNBUSH, R.; FISCHER, S. e STARTZ, R. Macroeconomia. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 2009, p. 10; BLANCHARD, O. Macroeconomia. São Paulo: Prentice Hall, 2006, p. 29). 4. A correção monetária e a inflação, posto fenômenos econômicos conexos, exigem, por imperativo de adequação lógica, que os instrumentos destinados a realizar a primeira sejam capazes de capturar a segunda, razão pela qual os índices de correção monetária devem consubstanciar autênticos índices de preços. 5. Recurso extraordinário parcialmente provido. (RE 870947, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 20/09/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-262 DIVULG 17-11-2017 PUBLIC 20-11-2017) Aplica-se às ações de improbidade administrativa o reexame necessário previsto no art. 19 da lei da ação popular 27 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Direito Processual Civil Fazenda Pública em juízo Geral Origem: STJ Ementa Oficial PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. REEXAME NECESSÁRIO. CABIMENTO. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA,DO ART. 19 DA LEI 4.717/1965. É FIRME O ENTENDIMENTO NO STJ DE QUE O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DEVE SER APLICADO SUBSIDIARIAMENTE À LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PRECEDENTES. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PROVIDOS. 1. Verifica-se que, no acórdão embargado, a Primeira Turma decidiu que não há falar em aplicação subsidiária do art. 19 da Lei 4.717/65, mormente por ser o reexame necessário instrumento de exceção no sistema processual. 2. Já o v. acórdão paradigma da Segunda Turma decidiu admitir o reexame necessário na Ação de Improbidade. 3. A jurisprudência do STJ se firmou no sentido de que o Código de Processo Civil deve ser aplicado subsidiariamente à Lei de Improbidade Administrativa. Nesse sentido: REsp 1.217.554/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 22/8/2013, e REsp 1.098.669/GO, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 12/11/2010. 4. Portanto, é cabível o reexame necessário na Ação de Improbidade Administrativa, nos termos do artigo 475 do CPC/1973. Nessa linha: REsp 1556576/PE, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 31/5/2016. 5. Ademais, por "aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65, as sentenças de improcedência de ação civil pública sujeitam-se indistintamente ao reexame necessário" (REsp 1.108.542/SC, Rel. Ministro Castro Meira, j. 19.5.2009, DJe 29.5.2009). Nesse sentido: AgRg no REsp 1219033/RJ, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 25/04/2011. 6. Ressalta-se, que não se desconhece que há decisões em sentido contrário. A propósito: REsp 1115586/DF, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, DJe 22/08/2016, e REsp 1220667/MG, Rel. 28 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 20/10/2014. 7. Diante do exposto, dou provimento aos Embargos de Divergência para que prevaleça a tese do v. acórdão paradigma de que é cabível o reexame necessário na Ação de Improbidade Administrativa, nos termos do artigo 475 do CPC/1973, e determino o retorno dos autos para o Tribunal de origem a fim de prosseguir no julgamento. (EREsp 1220667/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/05/2017, DJe 30/06/2017) Interpretação extensiva do art. 19, § 1º, I, da Lei nº 10.522/2002 Direito Processual Civil Fazenda Pública em juízo Geral Origem: STJ Ementa Oficial RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO N. 2/STJ. TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. SUCUMBÊNCIA DA FAZENDA PÚBLICA. APRESENTAÇÃO DE CONTESTAÇÃO PELA FAZENDA PÚBLICA. AUSÊNCIA DE INFLUÊNCIA NA DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. REQUERIMENTO PUGNANDO PELO RECONHECIMENTO DO PEDIDO. AFASTAMENTO DA CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NÃO INCIDÊNCIA DO ART. 19, § 1º, I, DA LEI 10.522/2002. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. As disposições do art. 19, § 1º, I, da Lei 10.522/2002 prevêem o afastamento da condenação em honorários advocatícios quando a Fazenda Nacional reconhecer expressamente a procedência do pedido, no prazo para resposta. 2. No caso, verifica-se que a Fazenda Nacional apresentou contestação (fls. 97/119) em 29.12.2014, suscitando a defesa da constitucionalidade do artigo 22, IV, da Lei 8.212/1991 e requerendo a suspensão da ação até o julgamento definitivo do Recurso Extraordinário n. 595.838 pelo Supremo Tribunal Federal, no qual se questiona a validade da contribuição previdenciária cobrada em desfavor das empresas 29 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br tomadoras de serviços prestados por cooperativas. Em ato contínuo, sem que houvesse pronunciamento nem da parte contrária nem do Juízo, a Fazenda Nacional apresentou, em 9.1.2015, petição reconhecendo a procedência do pedido e requerendo a desconsideração da peça contestatória. 3. Assim, impõe-se a interpretação extensiva do disposto no § 1º do art. 19 da Lei 10.522/2002 para abranger o presente caso, tendo em vista que o reconhecimento da procedência do pedido ocorreu em momento oportuno, a despeito da apresentação de contestação, a qual não foi capaz de gerar nenhum prejuízo para a parte contrária. 4. Recurso Especial provido. (REsp 1551780/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/08/2016, DJe 19/08/2016) 30 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br REFERÊNCIA BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Presidência da República, 1988. ______. Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo Civil. Brasília: Presidência da República, 2015. BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016/Cassio Scarpinella Bueno. - 2. ed. rev., atual. eampl. – São Paulo: Saraiva, 2016. DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento/Fredie Didier Jr. - 17. ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015. GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado/ Marcus Vinicius Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza.-6. ed.- São Paulo: Saraiva, 2016. THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum – vol. I/Humberto Theodoro Júnior. 56. ed. rev., atual. eampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015. Disponível em: https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia
Compartilhar