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1 NUTRIÇÃO E DIETÉTICA PROFA.: JANIZA MARQUES Graduação em Enfermagem Especialista em Enfermagem do Trabalho Especialista em Atenção Domiciliar Especialista em Gestão em Saúde (Cursando) 2 Por que estudar Nutrição e Dietética? Para quê??? Reconhecer o estado nutricional adequado; Diferenciar grupos alimentares; Compreender como os nutrientes são utilizados pelo corpo humano; Entender a importância de uma dieta para cada ciclo de vida; Identificar tipos de dieta, relacionadas às clínicas, assim como suas vias de administração e patologias; Aplicar cuidados de enfermagem na administração de nutrição enteral e parenteral. 1- ESTUDOS FUNDAMENTAIS DA ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS ANATÔMICOS PARA ATUAR NO FOCO DA NUTRIÇÃO O trato digestório e os órgãos anexos constituem o sistema digestório. O trato digestório é um tubo oco que se estende da cavidade bucal ao ânus, sendo também chamado de canal alimentar ou trato gastrintestinal. As estruturas do trato digestório incluem: Boca, Faringe, Esôfago, Estômago, Intestino Delgado, Intestino Grosso, Reto e Ânus. 3 O comprimento do trato gastrintestinal, medido no cadáver, é de cerca de 9 m. Na pessoa viva é menor porque os músculos ao longo das paredes dos órgãos do trato gastrintestinal mantêm o tônus. Os órgãos digestórios acessórios são os Dentes, a Língua, as Glândulas Salivares, o Fígado, Vesícula Biliar e o Pâncreas. Os dentes auxiliam no rompimento físico do alimento e a língua auxilia na mastigação e na deglutição. Os outros órgãos digestórios acessórios, nunca entram em contato direto com o alimento. Produzem ou armazenam secreções que passam para o trato gastrintestinal e auxiliam na decomposição química do alimento. O trato gastro intestinal é um tubo longo e sinuoso de 10 a 12 metros de comprimento desde a extremidade cefálica (cavidade oral) até a caudal (ânus). FUNÇÕES 1- Destina-se ao aproveitamento pelo organismo, de substâncias estranhas ditas alimentares, que asseguram a manutenção de seus processos vitais. 2- Transformação mecânica e química das macromoléculas alimentares ingeridas (proteínas, carboidratos, etc.) em moléculas de tamanhos e formas adequadas para serem absorvidas pelo intestino. 3- Transporte de alimentos digeridos, água e sais minerais da luz intestinal para os capilares sanguíneos da mucosa do intestino. 4- Eliminação de resíduos alimentares não digeridos e não absorvidos juntamente com restos de células descamadas da parte do trato gastro intestinal e substâncias secretadas na luz do intestino. Mastigação: Desintegração parcial dos alimentos, processo mecânico e químico. Deglutição: Condução dos alimentos através da faringe para o esôfago. Ingestão: Introdução do alimento no estômago. Digestão: Desdobramento do alimento em moléculas mais simples. 4 Absorção: Processo realizado pelos intestinos. Defecação: Eliminação de substâncias não digeridas do trato gastro intestinal. O trato gastro intestinal apresenta diversos segmentos que sucessivamente são: BOCA, FARINGE, ESÔFAGO, ESTÔMAGO, INTESTINO DELGADO, INTESTINO GROSSO, RETO e ÂNUS. Órgãos Anexos: GLÂNDULAS PARÓTIDAS GLÂNDULAS SUBMANDIBULARES GLÂNDULAS SUBLINGUAIS FÍGADO PÂNCREAS 5 BOCA A boca também referida como Cavidade Oral ou Bucal é formada pelas bochechas (formam as paredes laterais da face e são constituídas externamente por pele e internamente por mucosa), pelos palatos duro (parede superior) e mole (parede posterior) e pela língua (importante para o transporte de alimentos, sentido do gosto e fala). O palato mole se estende posteriormente na cavidade bucal como a úvula, que é uma estrutura com forma de letra V e que está suspensa na região superior e posterior da cavidade bucal. Limites da Cavidade Oral CAVIDADE BUCAL A cavidade da boca é onde o alimento é ingerido e preparado para a digestão no estômago e intestino delgado. O alimento é mastigado pelos dentes, e a saliva, proveniente das glândulas salivares, facilita a formação de um bolo alimentar controlável. A deglutição é iniciada voluntariamente na cavidade da boca. A fase voluntária do processo empurra o bolo da cavidade da boca para a faringe – a parte expandida do trato digestório – onde ocorra a fase automática da deglutição. 6 A cavidade da boca consiste em duas partes: o vestíbulo da boca e a cavidade própria da boca. O vestíbulo da boca é o espaço semelhante a uma fenda entre os dentes e a gengiva e os lábios e as bochechas. A cavidade própria da boca é o espaço entre os arcos dentais superior e inferior. É limitada lateral e anteriormente pelos arcos alveolares maxilares e mandibulares que alojam os dentes. O teto da cavidade da boca é formado pelo palato. Posteriormente, a cavidade da boca se comunica com a parte oral da faringe. Quando a boca está fechada e em repouso, a cavidade da boca é completamente ocupada pela língua. Dentes Os dentes são estruturas cônicas, duras, fixadas nos alvéolos da mandíbula e maxila que são usados na mastigação e na assistência à fala. Crianças têm 20 dentes decíduos (primários ou de leite). Adultos normalmente possuem 32 dentes secundários. Na época em que a criança está com 2 anos de idade, provavelmente já estará com um conjunto completo de 20 dentes de leite. Quando um adulto jovem já está com algo entre 17 e 24 anos de idade, geralmente está presente em sua boca um conjunto completo de 32 dentes permanentes. 7 DENTES PRIMÁRIOS E PERMANENTES DENTES PERMANENTES Língua A língua é o principal órgão do sentido do gosto e um importante órgão da fala, além de auxiliar na mastigação e deglutição dos alimentos. Localiza-se no soalho da boca, dentro da curva do corpo da mandíbula. A raiz é a parte posterior, por onde se liga ao osso hioide pelos músculos hioglosso e genioglosso e pela membrana glossioidea; à epiglote, por três pregas da mucosa; ao palato mole, pelos arcos palatoglossos, e a faringe, pelos músculos constritores superiores da faringe e pela mucosa. Faringe A faringe é um tubo que se estende da boca até o esôfago. 8 A faringe apresenta suas paredes muito espessas devido ao volume dos músculos que a revestem externamente, por dentro, o órgão é forrado pela mucosa faríngea, um epitélio liso, que facilita a rápida passagem do alimento. O movimento do alimento, da boca para o estômago, é realizado pelo ato da deglutição. A deglutição é facilitada pela saliva e muco e envolve a boca, a faringe e o esôfago. Quatro estágios da deglutição: Preparatória; fase intermediária entre o final da mastigação e o início da deglutição. Oral: Fase ainda voluntária e um pouco mais demorada que a anterior e “é caracterizada pela propulsão intraoral que determina um fluxo baixo de transporte sobre a própria superfície da língua”. No qual o bolo alimentar é passado para a parte oral da faringe. Faríngeo: passagem involuntária do bolo alimentar pela faringe para o esôfago. Esofágico: passagem involuntária do bolo alimentar pelo esôfago para o estômago. A faringe pode ainda ser dividida em três partes: nasal (Nasofaringe), oral (Orofaringe) e laríngea (Laringofaringe). A faringe comunica-se com as vias nasal, respiratória e digestória. O ato da deglutição normalmente direciona o alimento da garganta para o esôfago, um 9 longo tubo que se esvazia no estômago. Durante a deglutição,o alimento normalmente não pode entrar nas vias nasal e respiratória em razão do fechamento temporário das aberturas dessas vias. Assim durante a deglutição, o palato mole move-se em direção a abertura da parte nasal da faringe; a abertura da laringe é fechada quando a traqueia se move para cima e permite a uma prega de tecido, chamada de epiglote, cubra a entrada da via respiratória. 2- MECANISMOS DE ABSORÇÃO, DIGESTÃO E UTILIZAÇÃO DOS NUTRIENTES PELO ORGANISMO O Sistema Digestório (antes Sistema Digestivo ou Aparelho Digestivo) é formado por um conjunto de órgãos cuja função é transformar os alimentos, por meio de processos mecânicos e químicos. Componentes do Sistema Digestório O Sistema Digestório divide-se em: Tubo digestório (propriamente dito) e os Órgãos anexos. O tubo digestório (antes conhecido por tubo digestivo) divide-se em: alto, médio e baixo: Tubo digestório alto: boca, faringe e esôfago. Tubo digestório médio: estômago e intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo). Tubo digestório baixo: intestino grosso (ceco, cólon ascendente, transverso, descendente, a curva sigmoide e o reto). Órgãos anexos: glândulas salivares, dentes, língua, pâncreas, fígado e vesícula biliar. 10 Órgãos e anexos do Trato Digestório Alto BOCA A boca é a porta de entrada dos alimentos no tubo digestivo. Corresponde a uma cavidade forrada por mucosa, onde os alimentos são umidificados pela saliva, produzida pelas glândulas salivares. Com isso, durante a mastigação os alimentos passam primeiro pelo processo da digestão mecânica, ação dos dentes e da língua. Posteriormente, passam pela atividade enzimática da ptialina (amilase salivar). Sendo assim, na rápida passagem dos alimentos pela boca, a ptialina começa a atuar sobre o amido (encontrado na batata, farinha de trigo, arroz) transformando-o em moléculas menores de maltose. FARINGE A faringe é um tubo muscular membranoso, que se comunica com a boca, através do istmo da garganta e na outra extremidade com o esôfago. Para chegar ao esôfago, o alimento, depois de mastigado, percorre toda a faringe, que é um canal comum, para o sistema digestório e o sistema respiratório. No processo de deglutição, o palato mole é retraído para cima e a língua empurra o alimento para dentro da faringe, que se contrai voluntariamente e leva o alimento para o esôfago. Nesse momento a epiglote fecha o orifício de 11 comunicação com a laringe, impedindo a penetração do alimento nas vias respiratórias. ESÔFAGO O esôfago é um conduto musculoso, controlado pelo sistema nervoso autônomo. Assim, por meio de ondas de contrações, conhecidas como peristaltismo ou movimentos peristálticos, o conduto musculoso vai espremendo os alimentos e levando-os em direção ao estômago. Tubo Digestório Médio Formado pelo estômago e intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo). ESTÔMAGO O estômago é uma grande bolsa que se localiza no abdômen, responsável pela digestão das proteínas. A entrada do órgão recebe o nome de cárdia, porque fica muito próxima ao coração, separada dele somente pelo diafragma. 12 Possui uma pequena curvatura superior e uma grande curvatura inferior. A parte mais dilatada recebe o nome de "região fúndica", enquanto a parte final, uma região estreita, recebe o nome de "piloro". O simples movimento de mastigação dos alimentos já ativa a produção do ácido clorídrico no estômago. Contudo, é somente com a presença do alimento, de natureza proteica, que se inicia a produção do suco gástrico. Este suco é uma solução aquosa, composta de água, sais, enzimas e ácido clorídrico. A mucosa gástrica é recoberta por uma camada de muco, que a protege de agressões do suco gástrico, que é bastante corrosivo. Por isso, quando ocorre um desequilíbrio na proteção, o resultado é uma inflamação da mucosa (gastrite) ou o surgimento de feridas (úlcera gástrica). A pepsina é a enzima mais potente do suco gástrico sendo regulada pela ação de um hormônio, a gástrica. A gástrica é produzida no próprio estômago no momento que moléculas de proteínas dos alimentos entram em contato com a parede do órgão. Assim, a pepsina quebra as moléculas grandes de proteína e as transforma em moléculas menores. Estas são as proteoses e peptonas. Por fim, a digestão gástrica dura, em média, de duas a quatro horas. Nesse processo o estômago sofre contrações que forçam o alimento contra o piloro, que se abre e fecha, permitindo que, em pequenas porções, o quimo (massa branca e espumosa), chegue ao intestino delgado. 13 INTESTINO DELGADO O intestino delgado é revestido por uma mucosa enrugada que apresenta inúmeras projeções. Está localizado entre o estômago e o intestino grosso e tem a função de segregar as várias enzimas digestivas. Isto dá origem a moléculas pequenas e solúveis: a glicose, aminoácidos, glicerol, etc. O intestino delgado está dividido em três porções: o duodeno, o jejuno e o íleo. Assim, o duodeno é a primeira porção do intestino delgado a receber o quimo que vem do estômago, que ainda está muito ácido, sendo irritante à mucosa duodenal. Logo em seguida, o quimo é banhado pela bile. A bile é secretada pelo fígado e armazenada na vesícula biliar, contendo bicarbonato de sódio e sais biliares, que emulsificam os lipídios, fragmentando suas gotas em milhares de micro gotículas. Além disso, o quimo recebe também o suco pancreático, produzido no pâncreas, contendo enzimas, água e grande quantidade de bicarbonato de sódio, de maneira que favorece a neutralização do quimo. Assim, em pouco tempo, a “papa” alimentar do duodeno, vai-se tornando alcalina e gerando condições necessárias para ocorrer a digestão intraintestinal. Já o jejuno e o íleo é considerada a parte do intestino delgado onde o trânsito do bolo alimentar é rápido, ficando a maior parte do tempo vazio, durante o processo digestivo. 14 Por fim, ao longo do intestino delgado, depois que todos os nutrientes foram absorvidos, sobra uma pasta grossa, com detritos não assimilados e com bactérias, já fermentado, que segue para o intestino grosso. Tubo Digestório Baixo Formado pelo intestino grosso (ceco, cólon ascendente, transverso, descendente, a curva sigmoide e o reto). INTESTINO GROSSO O intestino grosso mede cerca de 1,5 m de comprimento e 6 cm de diâmetro. É local de absorção de água (tanto a ingerida quanto a das secreções digestivas), de armazenamento e de eliminação dos resíduos digestivos. Está dividido em três partes: o ceco, o cólon (que se subdivide em ascendente, transverso, descendente e a curva sigmoide) e reto. No ceco, a primeira porção do intestino grosso, os resíduos alimentares, já constituindo o “bolo fecal”, passam ao cólon ascendente, depois ao transverso e em seguida ao descendente. Nesta porção, o bolo fecal permanece estagnado por muitas horas, preenchendo as porções da curva sigmoide e do reto. O reto é a parte final do intestino grosso, que termina com o canal anal e o ânus, por onde são eliminadas as fezes. 15 Para facilitar a passagem do bolo fecal, as glândulas da mucosa do intestino grosso secretam muco a fim de lubrificar o bolo fecal, facilitando seu trânsito e sua eliminação. Note que as fibras vegetais não são digeridas nem absorvidas pelo sistema digestivo, passam por todo tubo digestivo e formam uma porcentagem significativa da massa fecal. Sendo portanto, importante incluir as fibras na alimentaçãopara auxiliar a formação das fezes. 3- NUTRIÇÃO, PREVENÇÃO E RECUPERAÇÃO DA SAÚDE A nutrição adequada é um dos fatores mais importantes para o tratamento e recuperação do paciente. Um dos efeitos da desnutrição é a perda de massa magra, que eleva o risco de infecção, diminui a cicatrização e aumenta o risco de mortalidade. Para evitar esse quadro, normalizar a síntese proteica, atingir o equilíbrio nitrogenado e, enfim, recuperar o estado nutricional do paciente, as equipes multidisciplinares recorrem à terapia nutricional. A nutrição adequada pode acelerar o processo de cura e aumentar consideravelmente o bem-estar do enfermo. A atuação deve levar em conta as necessidades e restrições de cada um. “O nutricionista clínico realiza uma consulta com os pacientes e orienta a alimentação com base nas recomendações médicas. Outra preocupação na atuação das equipes de nutrição é a interação medicamentosa. Cada quadro clínico exige uma alimentação específica para que não interfira no tratamento. 16 “Alguns alimentos podem interferir na ação de determinadas drogas e os profissionais estão preparados para garantir a segurança e eficácia do tratamento, A nutrição adequada pode alterar a incidência e a gravidade das coronariopatias, já que populações com diferentes dietas apresentaram variações na mortalidade cardiovascular, em estudos realizado nos EUA com quase 40.000 mulheres profissionais de saúde, que os mais altos consumos de vegetais e frutas (exceto batata) estavam associados ao risco mais baixo de Doença Cardiovascular, principalmente infarto. O consumo de vegetais, frutas e grãos integrais, confirmando a importância das fibras alimentares, antioxidantes e outras substâncias na prevenção e controle das Doenças Cardiovasculares. Recomenda-se ainda a manutenção de peso saudável, auxiliado pela atividade física regular e consumo moderado de gorduras (< 30%), evitando assim o consumo excessivo de calorias. Algumas sugestões para aproveitar ao máximo o valor nutritivo dos alimentos, em especial das frutas e verduras: Frutas e verduras devem ser consumidas bem frescas, pois os nutrientes vão se perdendo com o amadurecimento e com o tempo de armazenamento Evite bater esses alimentos no liquidificador para não perder algumas vitaminas, como a vitamina C Ao cozinhar as verduras, mantenha a tampa da panela fechada Não cozinhe demais os alimentos, principalmente os vegetais. Prefira cozinhar no vapor Aproveite a água que sobrou do cozimento para preparar outro prato, como sopas, cozidos ou sucos Não submeta nenhum alimento a temperaturas altas demais, prefira o fogo brando Conserve os alimentos de maneira adequada: em geladeira ou à temperatura ambiente, entre 20 e 27 C. 17 Prevenção Uma dieta equilibrada e saudável é a maior arma na prevenção da desnutrição. Ter uma alimentação rica em frutas, verduras e cereais integrais, bem como proteínas magras, ajuda no combate à desnutrição. Alimentos e bebidas ricos em gordura ou açúcar não são essenciais para a maioria das pessoas e só devem ser consumidos em pequenas quantidades. 4- ANÁLISE DAS VIAS CATABÓLICAS DE CARBOIDRATOS, LIPIDIOS E PROTEINAS Metabolismo é a soma de processos químicos e físicos que ocorrem dentro de um organismo vivo. O metabolismo divide-se em catabolismo (quebra de uma substância para obter energia) e anabolismo (capacidade que o organismo possui de transformar uma substância em outra que sirva para seu desenvolvimento e reparação). Etapas do metabolismo O metabolismo só ocorre no interior das células e pode ser dividido em duas etapas: o catabolismo e anabolismo. Catabolismo Catabolismo é um conjunto de reações enzimáticas de degradação, em que compostos orgânicos de alto peso molecular são convertidos em moléculas mais simples. Neste processo, ocorre liberação de energia, sendo uma parte conservada em moléculas de alta energia (ATP) e a outra dissipada na forma de calor. Exemplo: Quebra da glicose e de proteínas. 18 Anabolismo Anabolismo é um conjunto de reações enzimáticas de síntese, onde moléculas simples dão origem a compostos orgânicos de peso molecular mais alto. No processo há gasto de energia, que está armazenada na molécula de ATP. Exemplo: Síntese de proteínas a partir dos aminoácidos. Metabolismo Basal O metabolismo basal corresponde a quantidade mínima de energia necessária para o organismo em repouso manter suas atividades vitais no período de 24 horas. Cada indivíduo apresenta uma taxa de metabolismo basal, conforme o sexo, idade, peso, altura e atividades exercidas. Existem ainda os termos metabolismo rápido e metabolismo lento relacionados ao fato de emagrecer e engordar. O fato de metabolismo ser mais acelerado ou lento é influenciado por fatores genéticos e hábitos de vida de cada indivíduo. As pessoas com metabolismo acelerado tendem a gastar mais rápido as calorias, dificultando o ganho de peso. Enquanto isso, as pessoas com metabolismo lento tendem acumulam mais calorias, dificultando a perda de peso. Funções do Metabolismo As principais funções do metabolismo são: Obter energia química de moléculas combustíveis ou luz solar absorvida; Converter nutrientes exógenos em blocos construtivos (monômeros primários) ou precursores de componentes macromoleculares das células; 19 Formar e degradar as biomoléculas requeridas nas funções especializadas das células. Principais vias metabólicas do ser humano O metabolismo energético dos seres humanos ocorre através de uma complexa interação entre vários processos bioquímicos. Os principais são: Glicólise: Oxidação da glicose para obter ATP; Ciclo de Krebs: Oxidação do acetil-CoA para obter energia; Fosforilação oxidativa: Utilização da energia liberada na oxidação da glicose e do acetil-CoA para produzir ATP; Via das pentoses-fosfato: Síntese de pentoses e obtenção de poder redutor para reações anabólicas; Ciclo da uréia: Eliminação de NH4(amônia) sob formas menos tóxicas; Oxidação dos ácidos gordos: Transformação de ácidos gordos em acetil-CoA, para posterior utilização pelo ciclo de Krebs; Gliconeogênese: Síntese de glicose a partir de moléculas menores, para posterior utilização pelo cérebro. 5- VITAMINAS E MICRONUTRIENTES As vitaminas são compostos orgânicos não sintetizados pelo organismo, sendo incorporados através da alimentação. Elas são essenciais para o funcionamento de importantes processos bioquímicos do organismo, especialmente como catalisadoras de reações químicas. As principais fontes de vitaminas são as frutas, verduras, legumes, carne, leite, ovos e cereais. A carência parcial de vitaminas é chamada de hipovitaminose, enquanto que o excesso de ingestão de vitaminas é denominado hipervitaminose. Avitaminose é a carência extrema ou total de vitaminais. 20 Existem ainda as provitaminas, substâncias a partir das quais o organismo é capaz de sintetizar vitaminas. Por exemplo: carotenos (provitamina A) e esteróis (provitamina D). As vitaminas são encontradas em uma grande diversidade de alimentos Tipos As vitaminas são divididas em dois grupos, conforme a substância na qual se dissolvem: Vitaminas lipossolúveis: São as vitaminas solúveis em gordura e por isso podem ser armazenadas. Fazem parte deste grupo as vitaminas A, D, E e K. Vitaminas hidrossolúveis: São as vitaminas do complexo B e a vitamina C, solúveis em água. Elas não podem ser armazenadasno corpo, tornando raro os casos de hipervitaminose. Também são absorvidas e excretadas rapidamente. Vitaminas Lipossolúveis Vitamina A (Retinol/Beta-Caroteno) Funções: Crescimento e desenvolvimento dos tecidos; ação antioxidante; funções reprodutivas; integridade dos epitélios; importante para a visão. Fontes: Fígado, rim, nata, manteiga, leite integral, gema de ovo, queijo e peixes oleosos. Fontes de carotenos presentes na cenoura, abobrinha, batata doce, manga, melão, mamão, pimentão vermelho, brócolis, agrião, espinafre. Hipovitaminose: Queratinização das membranas de mucosas que revestem o trato respiratório, tubo digestivo e trato urinário. Queratinização da pele e do epitélio do olho. Alterações na pele, insônia, acne, pele seca com descamações, diminuição do paladar e apetite, cegueira noturna, úlceras na córnea, perda de apetite, inibição do crescimento, fadiga, anormalidades ósseas, perda de peso, aumento da incidência de infecções. Hipervitaminose: Dores nas articulações, afinamento de ossos longos, perda de cabelo e icterícia. 21 Vitamina D Funções: Absorção de cálcio e fósforo. Auxilia o crescimento e a resistência dos ossos, dentes, músculos e nervos; Fontes: Leite e derivados, margarinas e cereais enriquecidas, peixes gordos, ovos, levedo de cerveja. Hipovitaminose: Anormalidades ósseas, raquitismo, osteomalácia; Hipervitaminose: Hipercalemia, dor óssea, enfraquecimento, falhas no desenvolvimento, depósito de cálcio nos rins; Vitamina E (Tocoferol) Funções: Ação antioxidante, protege as células dos danos provocados pelos radicais livres, auxiliando na prevenção de doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Fontes: Óleos vegetais, nozes, amêndoa, avelã, gérmen de trigo, abacate, aveia, batata doce, vegetais verde-escuros. Hipovitaminose: Anemia hemolítica, distúrbios neurológicos, neuropatia periférica e miopatia esquelética. Hipervitaminose: Não existe toxicidade conhecida. Vitamina K Funções: Catalisar a síntese dos fatores de coagulação do sangue no fígado. A vitamina K atua na produção de protrombina, que combina com o cálcio para ajudar a produzir o efeito coagulante, além de ser necessária na manutenção da saúde dos ossos. Fontes: Vegetais verdes folhosos, fígado, feijão, ervilha e cenoura. Hipovitaminose: Tendência a hemorragias. Hipervitaminose: Dispnéia e Hiperbilirrubinemia. Vitaminas Hidrossolúveis Vitamina C Funções: Antioxidante, cicatrizante, atua no crescimento e manutenção dos tecidos corporais, incluindo matriz óssea, cartilagem, colágeno e tecido conjuntivo. Fontes alimentares: Frutas cítricas, frutas vermelhas, maçã, tomate, batata inglesa, batata doce, repolho, brócolis. 22 Hipovitaminose: Pontos hemorrágicos na pele e nos ossos, capilares fracos, articulações frágeis, dificuldade de cicatrização de feridas, sangramento de gengivas. Vitaminas do Complexo B As vitaminas do complexo B compreendem oito vitaminas, são elas: Tiamina (B1) Funções: Liberação de energia dos carboidratos, gorduras e álcool. Fontes: Gérmen de trigo, ervilha, levedura, cereais matinais fortificados, amendoim, fígado, batata, carne de porco e vaca, fígado, grãos, leguminosas. Hipovitaminose: Beribéri (dor e paralisia das extremidades, alterações cardiovasculares e edema), anorexia, indigestão, constipação, atonia gástrica, secreção insuficiente de ácido clorídrico, fadiga, apatia geral, enfraquecimento do músculo cardíaco, edema, insuficiência cardíaca e dor crônica no sistema músculoesquelético. Hipervitaminose: Pode interferir na absorção de outras vitaminas do complexo B. Riboflavina (B2) Funções: Disponibiliza a energia dos alimentos, crescimento em crianças, restauração e manutenção dos tecidos. Fontes: Iogurte, leite, queijo, fígado, rim, coração, gérmen de trigo, cereais matinais vitaminados, grãos, peixes oleosos, levedura, ovos, siri, amêndoa, semente de abóbora, vegetais. Hipovitaminose: Queilose (rachaduras nos cantos da boca), glossite (edema e vermelhidão da língua), visão turva, fotofobia, descamação da pele, dermatite seborréica. Niacina (B3) Funções: Necessária para a produção de energia nas células. Desempenha papel nas ações das enzimas no metabolismo dos ácidos graxos, respiração dos tecidos e eliminação de toxinas. Fontes: Carnes magras, fígado, peixes oleosos, amendoim, cereais matinais vitaminados, leite, queijo cogumelo, ervilha, vegetais folhosos verdes, ovos, alcachofra, batata, aspargos. Hipovitaminose: Fraqueza, pelagra, anorexia, indigestão, erupções na pele, confusão mental, apatia, desorientação, neurite. 23 Ácido Pantotênico (B5) Funções: Transformação da energia de gorduras, proteínas e carboidratos em substâncias essenciais como hormônios e ácidos graxos. Fontes: Fígado, rim, gema do ovo, leite, gérmen de trigo, amendoim, nozes, cereais integrais, abacate. Hipovitaminose: Doenças neurológicas, cefaleia, cãibras e náuseas. Piridoxina (B6) Funções: Desempenha papel no sistema nervoso central, participa no metabolismo dos lipídeos, na estrutura da fosforilase e no transporte de aminoácidos através da membrana celular. Fontes: Gérmen de trigo, batata, banana, vegetais crucíferos, castanhas, nozes, peixe, abacate, semente de gergelim. Hipovitaminose: Anomalias do sistema nervoso central, desordens da pele, anemia, irritabilidade e convulsões. Hipervitaminose: Ataxia e neuropatia sensorial. Biotina (B8) Funções: Produção de energia através dos alimentos, síntese de gorduras, excreção dos resíduos de proteínas. Fontes: Gema de ovo, fígado, rim, coração, tomate, levedura, aveia, feijão, soja, nozes, alcachofra, ervilha e cogumelo. Hipovitaminose: Alterações cutâneas. Folato (B9) - Ácido Fólico Funções: Atua como coenzima no metabolismo dos carboidratos, mantém a função do sistema imunológico, juntamente com a vitamina B12, está presente na síntese de DNA e RNA, além de participar na formação e maturação de células do sangue. Fontes: Vegetais folhosos verdes, fígado, beterraba, gérmen de trigo, cereais vitaminados, nozes, amendoim, grãos, leguminosas. Hipovitaminose: Anemia megaloblástica, lesões de mucosas, má formação do tubo neural, problemas de crescimento, transtornos gastrointestinais, alterações na morfologia nuclear celular. Cobalamina (B12) Funções: Atua como coenzima no metabolismo dos aminoácidos e na formação da porção heme da hemoglobina; essencial para a síntese de DNA e RNA; participa na formação de células vermelhas do sangue. Fontes: Alimentos de origem animal, fígado, rim, carne magra, leite, ovos, queijo, leveduras. 24 Hipovitaminose: Anemia perniciosa, anemia megaloblástica, distúrbios gastrointestinais. Nutrientes Os nutrientes são substâncias encontradas nos alimentos e que possuem funções específicas no organismo. Eles são essenciais para o funcionamento adequado do corpo humano. Os nutrientes podem ser encontrados em uma diversidade de alimentos e cada um possui uma função específica. Tipos de Nutrientes Os nutrientes podem ser do tipo energético, construtor ou regulador. Nutrientes energéticos Os nutrientes energéticos possuem como função fornecer energia as células. São exemplos de nutrientes energéticos os carboidratos e os lipídios. Carboidratos Os carboidratos são fontes de energia essenciais para o organismo. Eles podem ser encontrados no açúcar, mel, pães, arroz, milho e massas.Lipídios Os lipídios são uma importante reserva de energia, utilizada em momentos de necessidade. Participam da construção de membranas e na produção de hormônios. Além disso, funcionam como isolantes térmicos e auxiliam na absorção de algumas vitaminas. Os lipídios podem ser de origem vegetal ou animal. Podem ser encontrados em manteigas, toucinhos, carnes gordas e em sementes, como amendoim e soja. 25 Nutrientes construtores Os nutrientes construtores ou plásticos participam da constituição de enzimas, anticorpos e hormônios. São representados pelas proteínas. Proteínas As proteínas possuem diversas funções no organismo, destacam-se: fornecimento de energia, estruturação da célula, catalisador de funções biológicas, regulação de processo metabólicos, defesa e produção de hormônios. As proteínas podem ser encontradas em carnes, ovos, soja e feijão. Nutrientes reguladores Os nutrientes reguladores são necessários ao bom funcionamento do organismo, auxiliando na prevenção de doenças e no crescimento. São exemplos de nutrientes reguladores as vitaminas e sais minerais. Sais minerais Os sais minerais são substâncias inorgânicas essenciais para o bom funcionamento do corpo. Eles fornecem elementos químicos importantes ao organismo, como o ferro, fósforo, cálcio e enxofre. Do mesmo modo que as vitaminas, os sais minerais não são produzidos pelo organismo humano. Alimentação balanceada deverá conter diariamente cerca de: 55% de Carboidratos. 30% de lipídios. 15% de proteínas. 26 Vitaminas. Sais minerais. Fibras. 6- ALIMENTOS FUNCIONAIS Os alimentos funcionai tem ganhado cada vez mais espaço na alimentação brasileira, configurando um ramo alimentício que não para de crescer. O alimento funcional é aquele que oferece mais benefícios à saúde do que as funções nutricionais básicas, tendo funções específicas, como reduzir o risco de doenças degenerativas, entre outras. Para que a alimentação funcional tenha efeito ela precisa ser regular, incluir principalmente vegetais, frutas e cereais e excluir parcialmente carne bovina, por isso é aconselhada a consulta com nutricionistas. Segundo a ANVISA, estes são considerados todo os alimentos ou ingredientes que não contém apenas suas funções nutritivas básicas, mas também geram efeitos metabólicos e/ou fisiológicos positivos à saúde quando consumidos, desde que sejam seguros para consumo sem supervisão médica. Alguns efeitos benéficos destes alimentos são: efeitos anti-oxidantes, fortalecimento do sistema imunológico, prevenção ou recuperação de doenças específicas, melhoria de condições físicas ou mentais, redução da velocidade do envelhecimento. 27 Como são classificados os alimentos funcionais? Certamente você já ouviu falar sobre alimentos funcionais, seja na televisão, em alguma rede social ou até mesmo em uma conversa do dia-a-dia, mas quais alimentos são classificados como funcionais? Alguns exemplos são: azeite de oliva, alho, cebola, peixes, soja e grãos integrais, linhaça, leite fermentado, vinho e suco de uva integral, verduras de folhas verdes e crucíferas, entre tantos outros. Para facilitar o trato com tais produtos, classificam-se em 4 categorias: 1. Alimentos geneticamente modificados em algum nutriente para desempenhar alguma função fisiológica específica, com benefícios para a saúde; 2. Matérias-primas de origem vegetal; 3. Alimentos processados sem adição de ingredientes; 4. Alimentos processados com adição de ingredientes que, em alguns casos, classificam-se como fortificados ou enriquecidos e não como alimento funcional. Para facilitar seu entendimento sobre o assunto e ainda exemplificar alguns dos benefícios destes alimentos, e sua substância bioativa (principal substância que gera os benefícios citados, segue abaixo uma tabela com as informações citadas anteriormente: 28 Os benefícios que os alimentos funcionais oferecem para os consumidores são inegáveis e incontáveis e tais fatores explicam a demanda crescente por tais produtos. Caso você tenha interesse de ingressar nesse mercado e desenvolver um novo produto ou está enfrentando algumas dificuldades com seu produto, entre em contato com a CONAQ para que possamos oferecer o suporte necessário nesse momento. 29 7- TIPOS DE DIETAS EM AMBIENTE HOSPITALAR As dietas são elaboradas com o objetivo de atender às necessidades nutricionais, considerando-se o estado nutricional e fisiológico das pessoas e, em situações hospitalares, deve estar adequada ao estado clínico do paciente, além de proporcionar melhoria na sua qualidade de vida. As dietas de rotina compreendem as dietas nutricionalmente equilibradas que possibilitam a manutenção da saúde, sendo prescritas para aqueles que não necessitam de restrições ou modificações em sua composição. Podem sofrer modificações quanto à consistência, possibilitando melhor adaptação em períodos de maior dificuldade na aceitação alimentar ou em fases de transição relativamente curtas, adaptando-se a dieta às condições do indivíduo, como, por exemplo, nos períodos pós-operatórios. ● Dieta Geral: destinada a indivíduos que não necessitam de modificações em nutrientes e na consistência. Portanto, a dieta geral é a que inclui a maior gama de alimentos, ou seja, todos que são indicados em uma alimentação saudável. Consistência: Normal Fracionamento: 5 a 6 refeições (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche noturno). ● Dieta Branda: é uma dieta de transição para a dieta Geral, indicada para pacientes com problemas mecânicos na ingestão e/ou digestão dos alimentos, em situações pós-operatórias (fase de transição para a dieta geral), ou durante a recuperação após procedimentos invasivos (cateterismo ou angioplastia). Apresenta consistência mais macia, com fibras alimentares abrandadas pela cocção ou cozimento, o que facilita a digestão e evita traumas mecânicos. 30 Consistência: tecido conectivo e celular abrandado por cocção ou ação mecânica. Fracionamento: 5 a 6 refeições (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche noturno). Alimentos que devem ser evitados: especiarias e condimentos fortes como pimenta, pimenta do reino e outros; frituras. ● Dieta Pastosa: é indicada para pacientes que apresentam disfagias, dificuldades de mastigação e/ou alterações gastrintestinais, pacientes em pós- operatório ou em situações clínicas especiais. Nessa dieta, a consistência de todas as preparações e alimentos é pastosa ou cremosa firme, com a programação de alimentos moídos, liquificados e em forma de purê. Consistência: pastosa (alimentos sólidos, porém amaciados ou moídos, sob a forma de purês ou mingaus). Fracionamento: 5 a 6 refeições (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche noturno). ● Dieta Leve: destina-se a pacientes em situação pré ou pós-operatória (fase de transição), em situações cuja função gastrintestinal esteja alterada, para preparo de alguns exames, ou quando existe dificuldade de mastigação e/ou deglutição. Consistência: Semilíquida a pastosa (alimentos bem macios, como bolachas, sopas, purês e papas). Fracionamento: 5 a 6 refeições (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche noturno). 31 ● Dieta Líquida: é indicada para pacientes que apresentam alterações na mastigação, quando há restrição da função digestiva, problemas mecânicos no tratodigestivo, extração dentária, preparo de exames e no pré e pós-operatórios. Consistência: Líquida, baixo teor calórico e fácil absorção (alimentos são submetidos à cocção, liquidificados e peneirados). Fracionamento: 5 a 6 refeições (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche noturno). As dietas especiais são aquelas planejadas especificamente para alguma patologia e que sofrem modificações nas proporções entre os macronutrientes (ex. hipogordurosa, hipocalórica, hipoproteica) e/ou no teor de outros componentes (ex. hipocolesterolêmica, hipocalêmica, hipopurínica). ● Hipossódica: é indicada para o tratamento de pacientes que necessitam controlar o consumo de sódio devido à hipertensão (arterial ou pulmonar), ou insuficiência cardíaca, renal, hepática, edema ou outras patologias onde está restrição seria necessária. A dieta é restrita em sódio, cujas fontes são o sal de cozinha (cloreto de sódio), utilizado em preparações e alimentos que contenham sódio em sua composição 32 intrínseca e/ou adicionados de compostos à base de sódio, como os conservantes utilizados na indústria de alimentos embutidos ou enlatados. As preparações são produzidas no mesmo padrão da dieta geral, porém sem adição de sal. É entregue ao paciente um sache contendo 1g de sal nas grandes refeições (almoço e jantar). ● Hipogordurosas: são restritas em gorduras de adição, como óleo e azeite, e alimentos gordurosos, como manteiga e embutidos. Conforme o estado clínico do paciente, é indicado o consumo de alimentos desnatados, como iogurtes e leite. É indicada para pacientes com distúrbios pancreáticos, hepáticos, as vesícula biliar e pacientes com alterações no perfil lipídico; este último também em alguns casos associados à medicação. ● Hipoproteica: a quantidade de proteína é diminuída por meio da restrição dos alimentos fontes de proteína vegetal e animal, como leguminosas, carnes, leite e substitutos e ovos. São indicadas principalmente para portadores de doenças renais e gota. ● Hipocalêmica (pobre em potássio): é indicada para pacientes com doença renal ou alguma alteração nos níveis de potássio. A dieta apresenta restrição deste nutriente, e é constituída de alimentos cozidos, incluindo frutas, sucos e legumes. 33 ● Diabetes Mellitus: é indicada para pacientes diabéticos e para dietas hipocalóricas. Visa manter o nível de glicemia estável. Às vezes o paciente não é diabético, mas dependendo do estresse metabólico, estes níveis alteram, e muitas vezes já é padrão da UTI fazer o controle glicêmico através da glicemia capilar (dextro) para avaliar a necessidade do uso de insulinoterapia. Na dieta para diabetes deve-se evitar especialmente o consumo de açúcar simples e de alimentos ricos em farinha branca. Além disso, também é preciso reduzir o consumo de grandes quantidades de qualquer alimento rico em carboidrato, mesmo que sejam saudáveis, como frutas, arroz integral e aveia. Isso porque o excesso de carboidrato numa mesma refeição estimula o aumento da glicemia, levando ao descontrole da diabetes ● Dieta Laxativa: indicada para pacientes com dificuldade de evacuar. Esta dieta é necessária, pois há um aumento da ingestão de fibras o que colabora para o fluxo intestinal, juntamente com ingestão de líquidos. Pode-se incluir um suco laxativo composto por mamão, ameixa seca e suco de laranja. ● Dieta obstipante ou sem resíduos: indicada para pacientes com quadro de diarreia (três ou mais episódios de fezes líquidas, ou seja, para um controle do peristaltismo. Neste caso restringe-se o aporte de fibras, ofertando adoçante em substituição ao açúcar para minimizar as flatulências, substitui-se o leite por chá, evita-se servir saladas cruas e grãos. ● Dieta sem xantinas(estimulante): prescrita para pacientes que realizarão exames, como: cintilografia, MIBI e não podem consumir alimentos fontes de cafeína: café, chá, chocolate, refrigerante a base de cola. Nestes casos esses alimentos são substituídos por sucos ou leite puro. ● Dieta sem crus: indicada para pacientes que realizaram transplantes e devido à baixa imunidade não podem consumir alimentos crus, que possam sinalizar alguma evidência de contaminação, o que prejudicaria o processo de aceitação 34 de órgão transplantado. Por isso, todos os alimentos são cozidos, ou alimentos esterilizados ou pasteurizados. ● Dieta com restrição hídrica: destina-se a pacientes que necessitam de ingestão controlada de líquidos. Restringem-se líquidos de modo geral e preparações com alto teor de umidade. A distribuição do volume dos alimentos líquidos se dá de acordo com a aceitação do paciente. Considera-se o teor médio de umidade das frutas para incluí-las nas dietas conforme a aceitação e restrição hídrica individuais. Entende-se por Terapia Nutricional o conjunto de procedimentos terapêuticos que visam a manutenção ou recuperação do estado nutricional por meio da Nutrição Parenteral ou Enteral, realizados nos pacientes incapazes de satisfazer adequadamente suas necessidades nutricionais e metabólicas por via oral. Nutrição enteral é o nome que se dá a um tipo de tratamento destinado a indivíduos que não podem ou não conseguem se alimentar totalmente pela boca, a despeito de contarem com a integridade do aparelho digestivo. Assim, esses pacientes recebem a alimentação por meio de um tubo ou sonda flexível. Essa via alternativa de alimentação pode ser introduzida pelo nariz e posicionada no estômago (a sonda nasogástrica) ou no intestino delgado (a sonda nasoentérica). Também pode ser acoplada direto no abdômen com uma punção ou pequeno corte e direcionada ao estômago (gastrostomia) ou ao intestino (jejunostomia). Por conta disso, os alimentos são administrados em forma líquida para fornecer todos os nutrientes de modo similar ao que se obteria pelo consumo de comida — tanto em qualidade como em quantidade. A nutrição enteral visa, portanto, oferecer tudo de que uma pessoa necessita diariamente: carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais e água. O Ministério da Saúde define nutrição enteral como todo e qualquer “alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição definida ou estimada, especialmente formulada e 35 elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas.” Tal terapia é muito comum em hospitais, principalmente nas unidades de pacientes críticos ou que tenham passado por cirurgia, mas também é disponibilizada nas unidades clínicas. Hoje, muitos pacientes recebem alta do hospital e continuam com a nutrição enteral em casa. Essa opção tem a finalidade de proporcionar maior conforto e convívio familiar. Tudo para auxiliar na recuperação. Não é raro, porém, que essas pessoas saiam do ambiente hospitalar apenas com a prescrição das fórmulas a serem adquiridas. Desse modo, os pacientes ou seus cuidadores carecem de orientações e acompanhamento para alcançar os excelentes resultados que esse tratamento pode proporcionar. No Brasil, a Portaria 963 do Ministério da Saúde de maio de 2013 estabelece as diretrizes para a Atenção Domiciliar, representada pelo Programa Melhor em Casa, que se caracteriza por “ações de promoção àsaúde, prevenção e tratamento de doença e reabilitação prestadas em domicilio, com a garantia de continuidade de cuidados e integrada às redes de atenção à saúde…” Em 2015, o Ministério lançou o Caderno de Atenção Domiciliar – Cuidados em Terapia Nutricional, que tem por finalidade qualificar as equipes de saúde bem como os cuidadores e pacientes quanto aos cuidados com a alimentação para prover atenção integral a saúde dos indivíduos em seu domicílio. Fórmulas caseiras ou industrializadas? A dieta usada na nutrição enteral pode ser industrializada ou não. As fórmulas de nutrição enteral que não são industrializadas são chamadas de artesanais, pois são aquelas preparadas manualmente pelo próprio paciente ou cuidador por meio da liquidificação de alimentos in natura. Entretanto, muitos são os problemas relacionados a esse preparo, tais como contaminações 36 microbiológicas, falta de estabilidade, incerteza sobre a composição de nutrientes e sua absorção. As fórmulas de nutrição enteral industrializadas levam vantagem na medida em que apresentam estabilidade, composição nutricional e osmolaridade definidas e controle microbiológico. Isso permite que seu uso seja feito com maior segurança. O manejo da dieta enteral em casa não é fácil, principalmente quando em uso de nutrição enteral artesanal e, por isso, o paciente ou cuidador pode acabar desistindo dessa terapia, agravando o quadro clínico e nutricional. É importante lembrar que quando a nutrição enteral está de acordo com as necessidades do paciente e atende aos critérios de segurança alimentar tende a ocorrer uma redução no risco de complicações, internações e mortalidade. Você sabe a diferença entre nutrição enteral e parenteral? Pacientes hospitalizados apresentam grandes dificuldades para manter um estado nutricional adequado. Segundo a Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, cerca de 30% destes pacientes tornam-se desnutridos nas primeiras 48 horas de internação. Até o sétimo dia internado, esse percentual pode chegar a 45%, principalmente entre acometidos por infecções graves, traumatismos ou pacientes recém-operados. Na terapia nutricional, dietas para fins especiais são administradas através da boca, sonda nasal ou ostomias (estômago, intestinos), o que configura a chamada nutrição enteral (NE). Porém, quando a passagem do alimento pelo aparelho digestório não pode ser realizada, a terapia parenteral (TP/NP) apresenta-se como alternativa, utilizando a via intravenosa para administração do alimento em forma de solução especial parenteral. “A NUTRIÇÃO ENTERAL é composta por nutrientes que necessitam passar pelos processos de digestão e absorção para serem utilizados pelo organismo. Já a NUTRIÇÃO PARENTERAL contém nutrientes prontos para serem utilizados 37 pelo organismo. “Ambas possuem basicamente o mesmo objetivo, que é o de nutrir o paciente a fim de prevenir ou tratar casos de desnutrição e suas complicações”. A terapia nutricional e o tipo de administração são prescritos por médicos e nutricionistas de acordo com critérios como quadro clínico, idade, riscos de complicação e tempo previsto para a terapia. “Cabe ao profissional de saúde avaliar a melhor opção para cada paciente. A utilização da NP ou NE de forma apropriada se torna um importante instrumento para a recuperação do indivíduo”. A dieta parenteral ou enteral são métodos de alimentação para aqueles que estão com dificuldade ou impossibilitados temporária ou permanentemente de garantir uma nutrição adequada por via oral. Essa impossibilidade pode acontecer por diversas circunstâncias como: Disfagia: dificuldade na mastigação ou deglutição Odinofagia: dor ao mastigar ou deglutir Problemas no trato gastrointestinal: úlceras, tumores, hemorragias, esofagite, pós cirurgicos, entre outros Distúrbios neurológicos: como aqueles que podem afetar os processos de mastigação, deglutição ou digestão, condições de impossibilitam a consciência sobre a ação mecânica do ato de alimentar-se Baixa aceitação da dieta: principalmente em desnutridos ou com risco de desnutrição, como na anorexia, durante tratamento quimioterápicos, inapetência entre outros Outras condições específicas: impossibilidade de alimentação via oral por necessidade de intubação orotraqueal, sedação, retirada total ou parcial de órgão que participam do processo de alimentação e digestão, recomendação de não estimular o funcionamento intestinal, entre outros. 38 Cuidados com a administração de dieta enteral Administração da quantidade e composição correta das dietas enterais: A nutrição enteral deve ser orientada por um nutricionista, respeitando as necessidades individuais de cada pessoa quanto a necessidade calórica, composição nutricional, horários, quantidade e velocidade de administração da alimentação enteral, necessidade de suplementos alimentares, vitaminas e minerais. A infusão ou gotejamento da dieta (velocidade da administração) é definida pelos profissionais deve ser sempre respeitada; Como reduzir os riscos de contaminação envolvidos nos processos de manipulação, administração e armazenamento das dietas enterais; Na dieta enteral artesanal, utilize sempre alimentos frescos e não reutilize sobras alimentares no preparo. Verifique sempre o prazo de validade dos produtos industrializados e após aberto, verifique no rótulo a informação sobre “prazo ou tempo de validade após aberto” e “armazenamento após aberto”. É necessário sempre higienizar corretamente a embalagem ou alimentos (no caso da dieta enteral artesanal), utensílios e local de manipulação. O manipulador deve higienizar corretamente mãos e antebraços, utilizar roupas limpas, prender o cabelo e evitar manipular a dieta enteral quando estiver com gripes, resfriados ou doenças infectocontagiosas. Todo os equipamentos (sonda, equipos, frascos, seringas e bombas de infusão) devem ser higienizados respeitando as orientações recebidas pelos profissionais de saúde. Sempre que tiver dúvida, procure pelos profissionais de saúde envolvidos.
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