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Profª Lilian Uchoa Carneiro RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS ARA0977 - NUTRIÇÃO E DIETÉTICA Na aula anterior... Recomendações de macronutrientes para a população saudável; Recomendações de ingestão diária (DRIs): EAR; RDA; AI; UL. Objetivos Determinar as recomendações de água e fibra para a população saudável; Empregar os indicadores relação das calorias não proteicas por grama de nitrogênio (kcal/g de N) e percentual proteico-calórico (NDPcal) para avaliação do valor proteico da dieta. Recomendação de água Importante para controle da temperatura corporal, meio para reações bioquímicas e enzimáticas, veículo de transporte de substâncias (nutrientes, fármacos, etc); 30 a 35 mL/kg/dia (adultos); Exemplo: P = 80 kg Recomendação de água = 2,4 a 2,8 L de água/dia 30 x 80 = 2400 mL ou 2,4 L de água/dia 35 x 80 = 2800 mL ou 2,8 L de água/dia Recomendação de fibra Classe de compostos de origem vegetal constituída sobretudo de polissacarídeos e substâncias associadas que, quando ingeridas não sofrem hidrólise, digestão e absorção no TGI de humanos; Mínimo de 25 g/dia para reduzir risco de DCNTs; Alimentos-fonte: cereais integrais, leguminosas, frutas, verduras e legumes. Proteínas na Dieta A proteína é considerada o maior componente funcional e estrutural de todas as células do organismo. Enzimas, cabelos, unhas, albumina sérica, colágeno e uma série de substâncias biológicas são proteínas. Proteínas na Dieta Proteínas são macromoléculas compostas de cadeias longas de aminoácidos unidos por ligações peptídicas (polímeros de aminoácidos) Essa carga de aminoácidos tem a capacidade de sintetizar substâncias importantes ao longo da vida, sendo fundamental salvaguardar a quantidade de proteínas da dieta por ser um nutriente nobre e se relacionar com o comprometimento de crescimento e catabolismo proteico. A adequação de NDPcal dentro de uma dieta serve para salvaguardar a quantidade de proteína. Qualidade da Proteína A capacidade de sintetizar todas as proteínas necessárias ao organismo depende da disponibilidade de todos os aminoácidos necessários A qualidade de uma proteína dietética é dependente da sua composição de aminoácidos e biodisponibilidade dos mesmos. Vários métodos têm sido utilizados para avaliar a qualidade das proteínas com base em uma ou em ambas as propriedades. Qualidade da Proteína AAs essenciais e AAs não essenciais O valor biológico de uma proteína pode ser aferido pelo perfil do AA essencial comparado com as necessidades do ser humano. O AA essencial em menor concentração em comparado com a necessidade humana é o aminoácido limitante. Qualidade da Proteína Avaliar conteúdo de AAs essenciais e não essenciais e compará-la com um padrão ou uma proteína cujo valor biológico seja conhecido é uma maneira de definir a qualidade de uma proteína dietética. O escore ou cômputo químico baseia-se na determinação da concentração de aminoácidos e é dado pela relação: Qualidade da Proteína Quantidade; Qualidade; Biodisponibilidade. Qualidade da Proteína NDPcal% - Net Dietary Protein Calorie (Percentual calórico de proteína dietética líquida) Relação das calorias não proteicas por gramas de Nitrogênio (cal/g de N) Avaliação da qualidade proteica de cardápios Em termos gerais, há dois grandes objetivos a serem alcançados utilizando-se os dados provenientes da análise proteica: Avaliar a proteína para fins da regulação da venda de produtos alimentícios a consumidores, como por exemplo, a venda de leites artificiais para lactentes; Avaliar a qualidade proteica de cardápios. Análise da qualidade da proteína, com ênfase na análise de cardápios NDPcal% NDPcal% - Net Dietary Protein Calorie (Percentual calórico de proteína dietética líquida) NDPcal% representa o percentual de proteína líquida (utilizável) sobre o VET de uma dieta/refeição NDPcal% leva em conta a proteína utilizável: Aquela que vai realmente fazer parte do aporte metabólico e dentro da quantidade de proteína ingerida parte dela não pode ser destinada para fins metabólicos mesmo estando na adequação. NDPcal% Proteína Bruta – total de proteína em gramas Proteína Líquida – quantidade de proteínas utilizável pelo organismo Utilização da avaliação do NDPcal% Dentro do planejamento dietético individual realizado pelo nutricionista, o profissional já calcula o aporte proteico dentro das recomendações (AVB x BVB). No caso de indústrias que exigem através de contrato o cálculo de NDPcal%, este controle deve ser feito. Isso se dá muitas vezes entre empresas e empregadores que estão trabalhando para um público grande. Esse cálculo é feito geralmente nas grandes refeições, mas pode ser feito para o cardápio todo caso seja necessário. NDPcal% - cálculo NDPcal% = NPcal x 100 Valor calórico total NPcal = NPU x 4 NPU = proteína bruta (g) x fator de utilização proteica NPU (Utilização da proteína líquida) NPU corresponde à relação entre a quantidade de nitrogênio retido no organismo sob o nitrogênio ingerido. O NPU sempre está relacionado ao fator de utilização proteica para saber o quanto fica retido (proteína líquida). NPU = proteína bruta (g) x fator de utilização proteica Fator de utilização proteica Proteína animal 0,7 Proteínas das leguminosas 0,6 Proteínas dos cereais 0,5 Frutas e hortaliças não têm fator de utilização proteica porque possuem pouca quantidade de proteínas e estas são incompletas no que diz respeito a aminoácidos essenciais e por isso não entram no cômputo de NDPcal%. NPU - cálculo Exemplo: 100 g de arroz – 2,4 g de proteína bruta NPU = proteína bruta (g) x fator de utilização proteica NPU = 2,4 x 0,5 NPU = 1,2 g de proteína líquida Fator de utilização proteica Proteína animal 0,7 Proteínas das leguminosas 0,6 Proteínas dos cereais 0,5 NPU - cálculo Exemplo: 100 g de feijão – 4,8 g de proteína bruta NPU = proteína bruta (g) x fator de utilização proteica NPU = 4,8 x 0,6 NPU = 2,9 g de proteína líquida Fator de utilização proteica Proteína animal 0,7 Proteínas das leguminosas 0,6 Proteínas dos cereais 0,5 NPU - cálculo Para calcular o NPU de um prato complexo (bolinho de bacalhau, por exemplo): 1. Identificar os ingredientes que possuem o fator de utilização proteica – cereais, produtos de origem animal e leguminosas; 2. Verificar o quanto de proteína bruta tem em cada um desses ingredientes e após, multiplica-los pelo devido fator de utilização proteica; 3. Somar todos os valores de proteína líquida e o total será inserido nas fórmulas seguintes até chegar ao valor do NPDcal (%). NPcal (Valor calórico da proteína utilizável) Exemplo: 100 g de arroz – 1,2 g de proteína líquida 100 g de feijão – 2,9 g de proteína líquida NPcal arroz = NPU x 4 NPcal = 1,2 x 4 NPcal = 4,8 kcal NPcal feijão = NPU x 4 NPcal = 2,9 x 4 NPcal = 11,6 kcal NPcal total = 4,8 + 11,6 NPcal total = 16,4 kcal NDPcal% É a porcentagem de calorias totais da refeição/dieta que é oferecida sob a forma das proteínas líquidas. NDPcal% = NPcal x 100 Valor calórico total Valor de adequação = 6 a 10% NDPcal% O valor do fator da adequação da proteína dessa refeição deve estar de acordo com o valor energético da mesma para saber o valor biológico dessa proteína. Segundo a OMS, a faixa recomendada do NDPcal% é entre 6 e 10%. Valores abaixo de 6% indicam o risco de consumo deficiente de aminoácidos essenciais, e valores maiores do que 10% são considerados desnecessários fisiologicamente. NDPcal% abaixo de 6%: o valor de NPU está baixo e tem pouca proteína de boa qualidade nessa refeição e o VET está alto. NDPcal% alto: NPU está alto e o VET está baixo. NDPcal% - cálculo Exemplo – VET = 1584 kcal 120 g de bife bovino – 34,5 g de proteína bruta 100 g de arroz – 2,4 g de proteína bruta 50 g de feijão – 2,4 g de proteína bruta NDPcal% - cálculo Exemplo – VET = 1584 kcal 120 g de bife bovino – 34,5 g de proteína bruta 100 g de arroz – 2,4 g de proteína bruta 50 g defeijão – 2,4 g de proteína bruta NPcal = 26,79 x 4 NPcal = 107,16 kcal NPU total = 26,79 g NPU bife = 34,5 x 0,7 NPU bife = 24,15 g de proteína líquida NPU arroz = 2,4 x 0,5 NPU arroz = 1,2 g de proteína líquida NPU feijão = 2,4 x 0,6 NPU feijão = 1,44 g de proteína líquida NDPcal% = 107 x 100 1584 NDPcal% = 6,7% - Adequado Vamos exercitar? Calculo o NDPcal% desta refeição e classifique (adequado ou inadequado) Alimento Quantidade Suco de laranja 200 mL Café com açúcar 50 mL Leite 100 mL Açúcar 10 g Pão francês 50 g Manteiga 10 g Ovo mexido 50 g Mamão 100 g Vamos exercitar? Alimento Quantidade Calorias (kcal) Carboidratos (g) Proteínas (g) Lipídios (g) Suco de laranja 200 mL 116,09 26,2 1,2 0,8 Café com açúcar 50 mL 70,0 17,5 - - Leite 100 mL 61,0 4,9 3,6 3,0 Açúcar 10 g 40,0 10,0 - - Pão francês 50 g 134,5 28,7 4,65 0,1 Manteiga 10 g 73,3 0,04 0,06 8,1 Ovo mexido 50 g 97,5 0,41 6,46 7,77 Mamão 100 g 36,0 8,3 0,5 0,1 Total 570 628,39 96,05 16,47 19,87 Vamos exercitar? 1) Cálculo do NPU: multiplicar a quantidade de proteínas pelo fator de utilização proteica. 2) Cálculo do NPcal = NPU total x 4. Vamos exercitar? 1) Cálculo do NPU: multiplicar a quantidade de proteínas pelo fator de correção. Leite: 3,60 x 0,7 = 2,52 g de proteína líquida Pão francês: 4,65 x 0,5 = 2,32 g de proteína líquida Manteiga: 0,06 x 0,7 = 0,04 g de proteína líquida Ovo mexido: 6,46 x 0,7 = 4,5 g de proteína líquida NPU total = 2,52 + 2,32 + 0,04 + 4,52 NPU total = 9,4 g de proteína líquida 2) Cálculo do NPcal = NPU total x 4. NPcal = 9,4 x 4 NPcal = 37,6 kcal Vamos exercitar? 3) Cálculo do NDPcal%: Dividir o calor de NPcal da refeição ou cardápio pelo VET da refeição/cardápio e multiplicar por 100. 4) Interpretar o resultado: Vamos exercitar? 3) Cálculo do NDPcal%: Dividir o calor de NPcal da refeição ou cardápio pelo VET da refeição/cardápio e multiplicar por 100. NDPcal % = 37,6/628,39 x 100 = 5,98% 4) Interpretar o resultado: Esse resultado, ainda que próximo ao valor de adequação mínimo está abaixo dele. Isso pode estar acontecendo porque o valor de NPU está baixo e tem pouca proteína de boa qualidade nessa refeição e o VET está alto. Calorias não proteicas/g de N Para garantir a metabolização adequada das proteínas ingeridas, a dieta deve conter uma quantidade adequada de calorias não proteicas (lipídios e carboidratos) por grama de nitrogênio. Método muito usual para avaliação de adequação no atendimento as necessidades nutricionais de indivíduos enfermos; Também permite avaliação qualitativa de planos alimentares prescritos. Calorias não proteicas/g de N - cálculo Relação menor que 120 Kcal/g de N indica que a dieta não contém energia suficiente para garantir a metabolização das proteínas nas suas funções específicas, assim haverá o desvio de proteínas para o fornecimento de energia e/ou que a dieta contém um teor proteico baixo. Relação acima de 150kcal/g de N indica que a dieta contem teor proteico elevado. Em terapia nutricional: mínimo de 100 Kcal/g de N e máximo de 150 Kcal/g de N para pacientes sem disfunção orgânica. Calorias não proteicas/g de N - cálculo Dieta de 1.200 kcal; calorias não proteicas = 940 kcal; 65 g de proteína Calorias não proteicas/g de N - cálculo Dieta de 1.200 kcal; calorias não proteicas = 940 kcal; 65 g de proteína Teor de N da Dieta = Total de PTN da dieta (g) 6,25 Teor de N da Dieta = 65 = 10,4 g de N 6,25 Kcal/g N = Calorias não-proteicas da dieta Teor total de N da dieta Kcal/g N = 940 10,4 Kcal/g N = 90,38 Kcal/g N menor que 120, dieta não contém energia suficiente para garantir a metabolização a proteína em suas funções especificas, ou dieta contém baixo teor proteico Calorias não proteicas/g de N - cálculo Dieta de 2.200 kcal; calorias não proteicas = 1900 kcal; 75 g de proteína Calorias não proteicas/g de N - cálculo Dieta de 2.200 kcal; calorias não proteicas = 1900 kcal; 75 g de proteína Teor de N da Dieta = Total de PTN da dieta (g) 6,25 Teor de N da Dieta = 75 = 12 g de N 6,25 Kcal/g N = Calorias não-proteicas da dieta Teor total de N da dieta Kcal/g N = 1900 12 Kcal/g N = 158,3 kcal/g N Kcal/g N maior que 150, dieta contém energia suficiente para garantir a metabolização a proteína em suas funções especificas, ou dieta contém elevado teor proteico. Vamos exercitar? Dieta de 2.500 kcal; calorias não proteicas = 2100 kcal; 90 g de proteína Calorias não proteicas/g de N - cálculo Dieta de 2.500 kcal; calorias não proteicas = 2140 kcal; 90 g de proteína Teor de N da Dieta = Total de PTN da dieta (g) 6,25 Teor de N da Dieta = 90 = 14,4 g de N 6,25 Kcal/g N = Calorias não-proteicas da dieta Teor total de N da dieta Kcal/g N = 2140 14,4 Kcal/g N = 148,6 kcal/g N Kcal/g N maior que 150, dieta contém energia suficiente para garantir a metabolização a proteína em suas funções especificas e/ou dieta contém elevado teor proteico. Atividade avaliativa Aura 1. A ingestão de proteínas, de acordo com a recomendação, visa a formação, manutenção e reparação de tecidos e ainda participa de processos metabólicos e enzimáticos. Para garantir a metabolização adequada de proteínas ingeridas, a dieta deve conter uma quantidade adequada de calorias não proteicas (lipídios e carboidratos) por grama de Nitrogênio. Nesse sentido, determine as calorias não proteicas/g de N do seguinte planejamento dietético: 2240 kcal, 322,5 g de carboidratos, 80 g de proteínas e 70 g de lipídios. a) 175 b) 150 c) 28 d) 23 e) 190 Aprenda Mais Leia o artigo intitulado “Evolução e interpretação das recomendações nutricionais para os macronutrientes”. Disponível em: http://www.braspen.com.br/home/wp- content/uploads/2016/12/08-Evolu%C3%A7%C3%A3o-e-interpreta%C3%A7%C3%A3o- das-recomenda%C3%A7%C3%B5es.pdf - http://www.braspen.com.br/home/wp-content/uploads/2016/12/08-Evolu%C3%A7%C3%A3o-e-interpreta%C3%A7%C3%A3o-das-recomenda%C3%A7%C3%B5es.pdf Referências COZZOLINO, Silvia M. Franciscato. Biodisponibilidade de nutrientes. 5a. São Paulo: Mano le, 2016. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520451113/cfi/ 0!/4/2@100:0.00 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520451113/cfi/0!/4/2@100:0.00
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