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Primeira e segunda aula de Constitucional III

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DIREITO CONSTITUCIONAL III 
 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
Mundo do “ser” e do “dever ser” 
No mundo do “ser” há um antecedente que se liga, obrigatoriamente, a uma 
consequência. De modo que, ocorrendo o antecedente, por uma junção de 
fatores químicos e/ou biológicos, fatalmente, ocorrerá um consequente. São 
regras postadas de forma horizontal, pois todas elas se encontram na mesma 
categoria, pelo simples fato de não haver hierarquia entre elas. Podendo, 
assim, concluir que as leis do mundo do “ser” são imodificáveis, pelo fato de 
que giram na órbita das ciências naturais, onde a ocorrência de um fato está 
ligada a uma ocorrência, um determinado resultado uma consequência 
conforme dito anteriormente – caso não haja nenhuma interferência externa. 
Mais ou menos como a ideia de que para toda ação ocorrerá uma reação. 
 
Já as ciências sociais e jurídicas fazem parte do mundo do “dever ser”, onde 
existem várias regras, dentre as quais se encontram incluídas as regras do 
Direito. Contudo, essas regras são postadas de forma vertical, pelo fato de 
haver hierarquia entre as mesmas. Isso, tendo em vista que, naquilo que diz 
respeito ao nosso estudo, é importante ressaltar a ideia de que, em nosso 
ordenamento jurídico, há, de acordo com o que já aprenderam até o presente 
momento, um documento dito magno que se sobre põe aos demais. 
 
Nesse diapasão, a Constituição Federal se encontra no topo dessa “pirâmide”, 
de forma que não deve haver, dentro do sistema jurídico brasileiro, documento 
legislativo que se ache em desacordo com a mesma. Pois, caso ocorra a 
suspeita da mencionada situação, será, o respectivo documento, passivo de 
controle de constitucionalidade, com a finalidade de retirá-lo do sistema jurídico 
pátrio no confirme-se a sua situação de antinomia com a Constituição Federal 
brasileira de 1988. 
 
 
 
Sistema de normas 
Para garantir a racionalidade da ordem jurídica, tem-se na Teoria pura do 
Direito a noção de norma hipotética fundamental, no sentido de primeira norma 
transcendental. É uma norma suposta, vale dizer, não é editada por um ato de 
autoridade, não possui um conteúdo, é uma exigência lógica, apenas uma 
ficção que sustenta o fundamento de validade da ordem jurídica, evitando uma 
regressão ao infinito ou a discussão política sobre a legitimidade do poder 
originário. À norma hipotética fundamental, que é suposta, segue-se a primeira 
norma posta, que, no caso do Brasil, corresponde ao conjunto normativo da 
Constituição Federal. 
 
A primeira norma posta e as demais que lhe sucedem derivam de atos de 
vontade do poder soberano, e esse poder deve garantir a efetividade da ordem 
normativa. Vale dizer, a norma é válida se for editada pela autoridade 
competente e possuir um mínimo de eficácia. A validade da norma repousa na 
competência normativa de seu editor, que é conferida por outra norma e assim, 
sucessivamente, numa série finita que culmina na norma fundamental. Essa 
estrutura possibilita ao jurista organizar o sistema dinâmico de normas 
relacionando-as a partir de regras de competência, bem como de 
procedimentos reguladores da produção normativa. A mesma estrutura 
possibilita organizar o sistema estático, relacionando as normas a partir de 
seus conteúdos. A norma emanada de quem possui competência para editá-
la deve manter conteúdo compatível com a norma que lhe é imediatamente 
superior. Ou seja, seu fundamento de validade. 
 
Assim, uma norma sempre se fundamenta em outra que lhe é superior, no que 
diz respeito tanto à competência quanto ao conteúdo. Uma das tarefas do 
jurista consiste em elaborar o encadeamento hierárquico de normas, mediante 
proposições, tanto na perspectiva do sistema dinâmico quanto na do sistema 
estático. Nessa estrutura, uma norma vale não porque é justa, mas porque está 
em conformidade com uma norma superior na qual se fundamenta. Todo o 
universo normativo vale e é legítimo em função dessa hierarquia, ou seja, em 
função desse encadeamento lógico. Da norma fundamental não se pode exigir 
que seja justa. Mesmo uma norma fundamental considerada injusta valida e 
legitima o direito que dela decorre. 
 
Nesse sentido, o Direito é uma ordem jurídica coativa, um conjunto de normas 
que prescrevem sanções. A conduta contrária à norma é considerada ilícita e a 
conduta em conformidade com a norma é considerada um dever jurídico. O 
Estado se confunde com o Direito porque nessa estrutura ele nada mais é do 
que o conjunto das normas que estabelece competência e prescreve sanções 
de forma organizada. Onde, na parte mais alta, de encontra a Constituição, 
documento legislativo em que todas as demais normas devem obediência. 
 
O que é controlar a constitucionalidade? 
Significa indagar, perguntar a respeito da compatibilidade ou incompatibilidade 
de um determinado documento legislativo com relação à Constituição Federal 
brasileira. Ou seja, se a norma infraconstitucional está ou não adequada à 
norma constitucional, se se encaixa formal e/ou materialmente na mesma 
sintonia da Constituição. O que ocorre com o objetivo de garantir a 
supremacia do Documento Magno pátrio, corolário do princípio da 
supremacia constitucional, pois não podem conviver documentos legislativos 
em desconformidade com o documento maior, pois tal fato traria prejuízos 
àqueles que se encontram sob a égide da lei dita inconstitucional. Uma 
condição derivada do período denominado como constitucionalismo, que 
privilegiou as Constituições escritas, ou seja, positivadas. 
 
Em suma, o controle de constitucionalidade consiste numa atividade de 
verificação da conformidade ou adequação da lei ou ato do poder público 
com a Constituição. De modo a denotar o princípio da supremacia da 
Constituição como um dos principais pressupostos, balizadores da existência 
desse controle. Isso, pois há, ainda, outro pressuposto que é a rigidez 
constitucional. Esta, que se coaduna com os conceitos de 
inconstitucionalidade formal e material. Visto que, é a rigidez que confere, à 
norma constitucional, o status de norma jurídica suprema, em razão de a 
Constituição brasileira de 1988 possuir um processo legislativo, para a 
sua alteração, muito mais dificultoso que aqueles utilizados para a 
modificação e criação de demais normas infraconstitucionais. 
 
Enfim, a rigidez e a supremacia constitucional constituem pressupostos 
indeclináveis do controle de constitucionalidade, de forma que inexistirá este 
último, caso, de mesmo modo, inexista aquele. Pois, o Controle de 
constitucionalidade é peculiar às Constituições rígidas como é a atual Carta 
Magna brasileira de 1988. 
 
Princípio da Supremacia da constituição 
• Supremacia formal – decorre do poder constituinte originário, ilimitado 
juridicamente. Existindo, ainda, outras leis que decorrem do poder constituído 
legislativo. 
 
• Supremacia material – por ser o documento mais importante que há no 
Estado, nela as matérias tratadas são as mais importantes. 
 
Ferdinand Lassale (Social democrata, nascido na Alemanha): As 
constituições sempre estiveram presentes nos Estados e sempre estarão 
presentes. O constitucionalismo que surgiu em 1789 é que teve o objetivo de 
dar aos Estados um documento escrito (“folha de papel”). Onde os fatores reais 
de poder eram as questões mais importantes para a Constituição. 
 
Nas duas primeiras constituições escritas, a Americana de 1787 e em 1891 a 
Francesa, as matérias mais importantes naquele período eram os direitos e 
garantias fundamentais, a organização do Estado e a divisão orgânica de 
Montesquieu. Enquanto, atualmente temos a ordem econômica, os direitos 
sociais, os objetivosdo Estado. 
 
CLASSIFICAÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. 
QUANTO AO MOMENTO DE SUA ELABORAÇÃO: 
1. Controle Preventivo de constitucionalidade 
Tem por objetivo o de impedir que a norma inacabada (Projeto de Lei), de 
antemão inconstitucional, adentre ao ordenamento jurídico, por ser 
incompatível com a Constituição. Ou seja, é o controle de 
constitucionalidade realizado durante o processo legislativo, antes 
mesmo de o projeto vire lei, bem como antes de o ato normativo ingressar 
no ordenamento jurídico. Para a maioria da doutrina um ato normativo 
ingressa no ordenamento no momento da sanção presidencial ou, na hipótese 
de veto, com a sua derrubada pelo Congresso Nacional. De modo, que essa 
modalidade de controle pode se manifestar em 03 (três) momentos, bem como 
ser realizado por quaisquer dos três Poderes: 
 
O CONTROLE PREVENTIVO PODE SER REALIZADO PELO: 
1) PODER LEGISLATIVO 
ÓRGÃOS DO PODER LEGISLATIVO QUE REALIZAM CONTROLE 
PREVENTIVO: 
a) O Presidente da Casa Legislativa: realiza controle preventivo quando 
devolve uma proposição ao autor alegando que atenta contra a Constituição. 
Desta decisão, cabe recurso ao Plenário contra esta decisão do Presidente da 
Casa. 
 
b) Comissão de Constituição e Justiça: exara parecer terminativo (põe fim 
ao processo legislativo) sobre a constitucionalidade ou não da proposição 
legislativa. Embora o parecer seja terminativo, não é absoluto, pois cabe 
recurso ao Plenário, manejado por um décimo dos membros da respectiva 
Casa Legislativa. 
 
c) Plenário da Casa Legislativa: como instância máxima de deliberação da 
Casa Legislativa, o Plenário estará realizando controle preventivo de 
constitucionalidade ao julgar recurso contra a decisão do Presidente da Casa, 
mencionada no item (a), ou quando aprecia recurso contra parecer da CCJ que 
afirma a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de determinada 
proposição (b). 
 
Obs. O mais conhecido é o realizado pela Comissão de Constituição e Justiça 
(CCJ) art. 58, §2º, CF/88; 
 
2) PELO PODER EXECUTIVO 
Por ser, a Lei, um ato normativo complexo, ou seja, é fruto da conjugação de 
vontades dos Poderes Legislativo e Executivo (art. 48 da CF/88), ao se 
encerrar o processo legislativo no Congresso Nacional, o projeto de lei (PL) 
aprovado é enviado ao Presidente da República para sanção ou veto (art. 
66 da CF/88). No que poderá o veto presidencial apresentar-se por duas linhas 
de fundamentação (art. 66, §1º, da CF/88): 
a) veto político: quando o projeto é contrário ao interesse público; 
b) veto jurídico: quando o projeto aprovado no Congresso atenta contra a 
Constituição. Isto é, quando é entendido como inconstitucional. 
 
Superação do veto (presunção relativa) 
Contudo, é importante que se entenda que o veto presidencial, no entanto, não 
goza de presunção absoluta, relativo, por poder ser derrubado pela maioria 
absoluta dos membros do Congresso Nacional. 
 
O veto é passível de controle judicial? 
Embora o tema seja controvertido, o STF decidiu, no julgamento da ADPF nº 1, 
que o veto não é passível de controle judicial. No julgamento da ADPF nº 45 o 
relator, Min. Celso de Melo, em decisão monocrática, chegou a aventar a 
possibilidade de controle judicial das razões do veto. Contudo, essa 
arguição não chegou a ser julgada pelo Plenário, de modo que a última 
decisão do STF sobre o assunto negou a possibilidade de 
questionamento judicial das razões do veto. 
 
Nesse sentido, tanto o veto político jurídico quanto o veto político são atos de 
natureza política e, portanto, não são passíveis de controle judicial. Eles 
revelam competências políticas, portanto, discricionárias, do presidente da 
república. Portanto, são impassíveis de controle judicial. Isso foi decidido na 
ADPF nº 1, que foi proposta em face de um veto imotivado do ex-prefeito do 
Rio de Janeiro. 
 
Corrente Doutrinária 
No entanto, existe outra corrente, capitaneada por Gustavo Binenbojm, que 
defende que só é passível de controle o veto jurídico, pois aqui são 
suscitados argumentos jurídicos passíveis de sindicabilidade. Sendo possível 
exercer o controle pela via difusa, por meio de mandado de segurança 
(frustração ao devido processo legislativo) ou através de ADPF (se encaixando 
dentro do conceito genérico de ato do poder público do artigo 1º da L9882). 
 
Contudo, judicialmente, prevalece o entendimento da insindicabilidade do veto, 
em uma atitude de autocontenção do STF, só podendo ele exercer controle 
jurisdicional preventivo nas hipóteses taxativas estabelecidas pela CR (Ex: 
quando houver PEC que tenda a abolir cláusula pétrea e quando o processo 
legislativo violar o processo legislativo expressamente definido na constituição). 
 
3) PELO PODER JUDICIÁRIO 
É importante o entendimento de que é essa uma hipótese excepcional, pois, 
em regra, o Judiciário atua apenas no controle repressivo de 
constitucionalidade. Contudo, excepcionalmente, pode realizar também 
controle preventivo de constitucionalidade. 
 
Isso ocorre na hipótese de violação ao devido processo legislativo 
previsto na Constituição. Quando será impetrado Mandado de segurança 
diretamente no STF. 
 
A ação de mandado de segurança apenas poderá ser impetrada por 
parlamentares, com o intuito de defender seu direito público subjetivo de 
somente participar de um processo legislativo hígido, ou seja, conforme aquilo 
que preceitua a Constituição Federal de 1988. 
 
CONTROLE REPRESSIVO DE CONSTITUCIONALIDADE (POSTERIOR) 
Repressivo é o controle que ocorre após a conclusão do ato normativo, 
estando este pronto e acabado. A lei, agora, não está apenas na iminência de 
violar a Constituição, mas já efetivamente causa uma lesão à Constituição. De 
modo que, enquanto no controle preventivo o objetivo é evitar que o ato 
normativo viole a Constituição antes mesmo de ficar pronto, no controle 
repressivo, por sua vez, o objetivo é expurgar o ato que está violando a 
Constituição. 
 
Assim, é modalidade de controle que tem o objetivo de expurgar a lei 
inconstitucional do ordenamento jurídico, pode ser realizado por órgão 
político, órgão jurisdicional (preponderante), bem como um órgão 
denominado por misto. Embora, no Brasil, o controle de constitucionalidade, 
na modalidade repressiva, EM REGRA, é exercido com preponderância pelo 
Poder Judiciário. 
 
Modalidades de controle repressivo existentes: 
• Político – O controle político é aquele exercido por órgão sem 
natureza jurisdicional. Quer dizer, não é um controle exercido pelo 
Poder Judiciário. É exercido pelo Legislativo ou por um órgão específico 
criado para o exercício do controle de constitucionalidade. Na verdade, 
o controle político é tido por exclusão. Ou seja, qualquer órgão que 
não tenha função jurisdicional e exerça controle de 
constitucionalidade, nesse caso esse controle será um controle 
político. Ou, ainda, cria-se um órgão que não faz parte de nenhum dos 
três poderes para a realização do controle de constitucionalidade. Ou 
seja, um órgão que não exerça jurisdição (França). 
 
• Misto – é aquele que conjuga o controle político com o controle 
jurisdicional (por exemplo, Suiça). Na Suiça, por exemplo, existem duas 
espécies de controle, o político e o jurisdicional. De modo que a Lei 
local é controlada por órgão jurisdicional e as Leis nacionais órgão 
político. 
 
• Jurisdicional – É aquele exercido pelos órgãos do Poder Judiciário. Ou 
seja, é a regra no Brasil. 
 
No Brasil, o controle repressivo, em regra, é realizado pelo poder judiciário. 
Logo, jurisdicional. Contudo, há, excepcionalmente, controle repressivo não 
judicial.EXCEÇÕES, NO BRASIL, À REGRA DO CONTROLE REPRESSIVO 
JUDICIAL. 
As exceções ocorrem quando o controle repressivo pode ser realizado por 
outros Poderes: 
1. Pelo Poder Legislativo (art. 49, V, CF/88): 
Em regra, como visto, o Poder Legislativo exerce controle de 
constitucionalidade em momento preventivo, por meio das Comissões de 
Constituição e Justiça, mas é possível também fazê-lo em momento posterior 
nas seguintes hipóteses. 
 
Leis delegadas (art. 68, CF/88) – É quando o presidente solicita autorização 
para legislar sobre determinada matéria e acaba por exorbitar o poder da 
delegação. Esta, que lhe é dada pelo Congresso Nacional por meio de 
Resolução (§ 2º, do artigo 68, CF 1988). 
 
Lei delegada (vide artigos 59, IV e 68 da Constituição brasileira de 1988) é um 
ato normativo elaborado pelo chefe do Poder Executivo no âmbito federal, com 
a solicitação ao Congresso Nacional (art. 68, caput, Constituição Federal 
1988), relatando o assunto que se irá legislar. O chefe do executivo solicita a 
autorização, e o poder legislativo fixa o conteúdo e os termos de seu exercício, 
tudo por meio de resolução legislativa. Depois de criada a lei pelo chefe do 
executivo, ela é remetida ao legislativo para avaliação e aprovação. 
Considerando que os limites foram respeitados e que a lei é conveniente, o 
legislativo a aprova, contudo, essa norma entra no sistema jurídico na 
qualidade de lei ordinária. As leis delegadas não admitem emendas. 
 
Algumas matérias não podem ser objeto de delegação, não podendo versar 
sobre atos de competência exclusiva do Congresso Nacional acerca de matéria 
reservada à lei complementar, nem a legislação sobre planos plurianuais, 
diretrizes orçamentárias e orçamentos, entre outros. 
 
2. Edição, pelo Executivo de Decreto autônomo que exorbita no seu poder 
de regulamentação (art. 49, V). O legislativo também poderá sustar esse 
Decreto que exorbitou o seu poder regulamentar de uma determinada lei. 
 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem 
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; 
(...) 
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar 
ou dos limites de delegação legislativa; 
 
A Emenda Constitucional no. 32/2001 possibilitou a introdução do decreto 
autônomo no ordenamento jurídico brasileiro na hipótese do art. 84, VI, da 
Constituição, ou seja, na hipótese de edição de decreto sobre organização e 
funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de 
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos e sobre extinção de 
funções ou cargos públicos, quando vagos. 
 
3. Medida provisória – sem os requisitos da urgência e relevância, quando o 
CN entenda inconstitucional essa medida. É repressivo, pois a MP, pelo fato 
de possuir a mesma força de lei, já está produzindo efeitos no mundo concreto 
(art. 62, CF/1988). 
 
4. Tribunal de Contas – Ainda sendo órgão que não exerce jurisdição pode 
apreciar no exercício de suas atribuições a constitucionalidade das leis e dos 
atos do poder público (súmula 347/STF)1. E, sobre a permanência desse 
 
1 Súmula 347 
O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos 
atos do Poder Público. 
Jurisprudência posterior ao enunciado 
● Controle de constitucionalidade e Tribunal de Contas 
"2. Descabe a atuação precária e efêmera afastando do cenário jurídico o que assentado pelo Tribunal 
de Contas da União. A questão alusiva à possibilidade de este último deixar de observar, ante a óptica 
da inconstitucionalidade, certo ato normativo há de ser apreciada em definitivo pelo Colegiado, 
prevalecendo, até aqui, porque não revogado, o Verbete nº 347 da Súmula do Supremo. De início, a 
atuação do Tribunal de Contas se fez considerado o arcabouço normativo constitucional." (MS 
31439 MC, Relator Ministro Marco Aurélio, Decisão Monocrática, julgamento em 19.7.2012, DJe de 
7.8.2012) 
posicionamento, há ainda discussões. Visto que há decisões no sentido do fim 
desse entendimento. 
 
PELO PODER EXECUTIVO 
*Pelo Poder Executivo (não é pacífico): há quem entenda que o chefe do 
Poder Executivo pode determinar aos órgãos da administração Publica não 
obedeça à lei entendida por ele como inconstitucional. Trata-se de hipótese 
prevista pela jurisprudência da Suprema Corte, referindo-se ao exercício do 
controle de constitucionalidade pelo Executivo através da não aplicação, por 
este Poder, de lei que repute maculada de inconstitucionalidade. 
 
Nesse caso, a lei ficaria ineficaz por opção do Executivo, que tem a 
possibilidade de descumprir um ato legislativo quando entender 
inconstitucional. Sendo importante que se diga que não há previsão 
constitucional para tanto, trata-se de construção jurisprudencial que, embora 
seja bastante polêmica, tem sido reconhecida pelos tribunais. 
 
 
"Assim, a declaração de inconstitucionalidade, pelo Tribunal de Contas da União, do art. 67 da Lei n° 
9.478/97, e do Decreto n° 2.745/98, obrigando a Petrobrás, consequentemente, a cumprir as exigências 
da Lei n° 8.666/93, parece estar em confronto com normas constitucionais, mormente as que traduzem 
o princípio da legalidade, as que delimitam as competências do TCU (art. 71), assim como aquelas que 
conformam o regime de exploração da atividade econômica do petróleo (art. 177). Não me impressiona 
o teor da Súmula n° 347 desta Corte, (...). A referida regra sumular foi aprovada na Sessão Plenária de 
13.12.1963, num contexto constitucional totalmente diferente do atual. Até o advento da Emenda 
Constitucional n° 16, de 1965, que introduziu em nosso sistema o controle abstrato de normas, admitia-
se como legítima a recusa, por parte de órgãos não-jurisdicionais, à aplicação da lei considerada 
inconstitucional. No entanto, é preciso levar em conta que o texto constitucional de 1988 introduziu 
uma mudança radical no nosso sistema de controle de constitucionalidade. Em escritos doutrinários, 
tenho enfatizado que a ampla legitimação conferida ao controle abstrato, com a inevitável possibilidade 
de se submeter qualquer questão constitucional ao Supremo Tribunal Federal, operou uma mudança 
substancial no modelo de controle de constitucionalidade até então vigente no Brasil. Parece quase 
intuitivo que, ao ampliar, de forma significativa, o círculo de entes e órgãos legitimados a provocar o 
Supremo Tribunal Federal, no processo de controle abstrato de normas, acabou o constituinte por 
restringir, de maneira radical, a amplitude do controle difuso de constitucionalidade. A amplitude do 
direito de propositura faz com que até mesmo pleitos tipicamente individuais sejam submetidos ao 
Supremo Tribunal Federal mediante ação direta de inconstitucionalidade. Assim, o processo de controle 
abstrato de normas cumpre entre nós uma dupla função: atua tanto como instrumento de defesa da 
ordem objetiva, quanto como instrumento de defesa de posições subjetivas. Assim, a própria evolução 
do sistema de controle de constitucionalidade no Brasil, verificada desde então, está a demonstrar a 
necessidade de se reavaliar a subsistência da Súmula 347 em face da ordem constitucional instaurada 
com a Constituição de 1988." (MS 25888 MC, Relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento em 
22.3.2006, DJ de 29.3.2006). 
 
Assim, seria possível admitir ao Poder Executivo, de forma excepcional e 
motivadamente, o exercício do controlede constitucionalidade pela não 
aplicação da lei. De fato, a constitucionalidade das leis decorre de uma 
presunção relativa, nao é absoluta. Enquanto o Judiciário não declarar que a lei 
é constitucional, caberia ao Executivo recusar o seu cumprimento. 
 
Contudo, a hipótese ainda é muito controversa e existem debates na doutrina 
sobre essa possibilidade não ser mais aceita após a Constituição Federal de 
1988. Há autores que alegam que, antes da CF/88, havia apenas um 
legitimado que poderia propor ação de inconstitucionalidade no STF, o 
Procurador-Geral da República, nesse caso se justificava que o Chefe do 
Executivo deixasse de cumprir um ato normativo, já que ele não dispunha de 
nenhum instrumento para questionar a sua inconstitucionalidade. 
 
Contudo, após o advento da Constituição Federal de 1988 essa legitimação foi 
ampliada para abranger também o Chefe do Executivo que, igualmente, pode 
propor ADI, ADC e ADPF, como veremos a seguir, não se justificando mais 
eventual descumprimento de lei sob o argumento de que é inconstitucional. 
Porém, o STF tem entendimentos posteriores a 1988 admitindo essa 
possibilidade: "Os Poderes Executivo e Legislativo, por sua chefia (...), 
podem tão só determinar aos seus órgãos subordinados que deixem de 
aplicar administrativamente as leis ou atos com força de lei que 
considerem inconstitucionais” (ADI MC221/DF, j. 29.03.90, Tribunal Pleno, 
Rel. Min. Moreira Alves). A rigor, nos enfrentamentos da questão após à CF/88, 
a questão principal não foi discutida, apenas deliberada incidentalmente. Mas 
apesar da polêmica, reconhece-se a recusa ao cumprimento da lei como 
possibilidade excepcionalíssima de controle repressivo pelo Executivo. 
 
Por fim, é importante o entendimento de que o Controle Repressivo 
jurisdicional no Brasil é denominado como MISTO, por adotar dois 
sistemas ou dois modelos (difuso e concentrado). 
• O difuso (ou americano) foi sistematizado em 1803 nos EUA. 
• O concentrado foi sistematizado em 1920 na Áustria (Hans Kelsen). 
 
ORIGENS DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE (Marbury v. 
Madison)2. 
O famoso caso Marbury v. Madison, julgado em 1803 pela Suprema Corte, o 
marco da criação do controle de constitucionalidade das leis. Eis a síntese 
desse célebre litígio: às vésperas do final de seu mandato, o Presidente John 
Adams nomeou vários correligionários, entre os quais William Marbury, 
para ocuparem cargos estratégicos no judiciário federal. Contudo, ao assumir o 
poder, o novo Presidente Thomas Jefferson ordenou ao Secretário James 
Madison que não concedesse a posse aos beneficiários. Inconformado, 
Marbury, com base em Lei de Judiciária de 1789 que outorgava, à 
Suprema Corte dos EUA, o poder de conceder mandados, impetrou ação, 
postulando a posse no cargo de juiz. 
 
Ao analisar o caso, a Suprema Corte negou o pedido de Marbury, sob a 
justificativa de que a citada Lei Judiciária de 1789 seria inconstitucional, por 
criar, para a Corte Suprema, uma competência não prevista na 
Constituição Federal americana, qual seja a outorga de poderes à 
Suprema Corte para conceder mandados. 
 
Evolução histórica do controle de constitucionalidade no Brasil 
1824 – não fez qualquer referência ao controle de constitucionalidade. Teve 
como fonte inspiradora o constitucionalismo inglês e a Constituição francesa 
que pregavam a supremacia do parlamento. Logo, o que o parlamento dizia 
não podia ser questionado por outro Poder. E adotava a teoria do Poder 
Moderador. 
 
1891 – é quando surge o sistema difuso, onde qualquer juiz ou tribunal diante 
de um caso concreto pode reconhecer a constitucionalidade. Teve como fonte 
a Constituição americana de 1787. 
 
 
2 https://franciscofalconi.wordpress.com/2011/02/05/origens-do-controle-de-
constitucionalidade-o-caso-marbury-v-madison/ 
1934 – inspirada na Constituição de weimar manteve o sistema difuso e 
trouxe uma inovação onde a inconstitucionalidade alegada pelos 
tribunais só poderia ser pela maioria absoluta dos votos de seus 
membros (reserva de plenário), Cria a ação direta de inconstitucionalidade 
interventiva e em caso de o Supremo reconhecer a inconstitucionalidade da lei, 
remeteria ao senado para que este suspendesse a vigência da lei (o atual 52, 
X, CF/88). 
 
1937 – inspirada na Constituição polonesa de 1935, manteve as 
características da Constituição de 1934. Contudo, inovou no sentido de 
reconhecida a inconstitucionalidade pelo Supremo, o Presidente da 
República poderia dizer o contrário em relação à mesma (característica 
ditatorial) 
 
1946 – volta a ter as características da Constituição de 1934 (democrática). 
Tendo recebido várias emendas a que nos vai interessar é a EC 16/65, que 
incorpora o controle concentrado importado da Áustria (Kelsen). 
 
As Constituições de 67 e 69 em nada inovaram no controle de 
constitucionalidade. 
 
1988 – Versa sobre o controle repressivo de constitucionalidade em regra 
jurisdicional misto (difuso e concentrado). 
 
O sistema concentrado se manifesta por meio de 05 ações: 
Ação direta de inconstitucionalidade (ADI ou ADI genérica); 
Ação direta de inconstitucionalidade por omissão; 
Ação declaratória de constitucionalidade; 
Ação direta de inconstitucionalidade interventiva (concreta); 
Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF). 
 
Concentrado não é sinônimo de abstrato. É assim chamado por ser 
concentrado em um único local, podendo ser abstrato ou concreto. 
 
Espécies de inconstitucionalidade: 
Inconstitucionalidade formal (ou orgânica/nomodinâmica): é aquela em 
que a lei ou ato normativo infraconstitucional viola o devido processo legislativo 
constitucional. 
 
Inconstitucionalidade material (nomoestática): é aquela em que a lei ou ato 
normativo infraconstitucional viola o conteúdo da Constituição. Ou seja, se vai 
contra as regras e princípios tratados pela constituição como, por exemplo, 
uma lei que desobedeça o princípio da isonomia ou, como outro exemplo, uma 
lei estadual que tenha matéria de competência local, ou seja, municipal. 
 
Inconstitucionalidade por ofensa ao decoro parlamentar (Pedro Lenza): é 
aquele relativo às leis resultantes de projetos do mensalão e mensalinho.

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