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Contratos Conceito clássico: negócio jurídico bilateral ou plurilateral que visa a constituição, modificação ou extinção de direitos de caráter patrimonial. Sinalagmático: reciprocidade de direitos e obrigações. Conceito constitucional: negócio jurídico subjetivo (porque envolve vontade) nucleado na solidariedade constitucional destinada a produção de efeitos jurídicos não somente entre as partes, mas perante terceiros. Ex: contrato de adesão Parte ativa: proponente, ofertante, policitante Parte passiva: aceitante, oblato Princípios contratuais: Princípio da autonomia privada: Poder que os particulares tem de regular, pelo exercício de sua própria vontade, as relações que participam, estabelecendo-lhe o conteúdo e a respectiva disciplina jurídica. Atualmente sofre limitação pelo dirigismo contratual. Dirigismo contratual: fenômeno pelo qual o Estado intervém nas relações privadas através do seu poder de legislar para evitar ou prevenir lesão contratual ex: art 425 e 426 CC Princípio da função social do contrato: ( art 421, cláusula geral maior pois deriva do art. 170, III, CF) Segundo Caio Mário, serve para limitar a autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com o interesse social e este deva prevalecer, ainda que essa limitação possa atingir a própria liberdade de não contratar. Princípio da boa-fé objetiva: é preciso ater-se mais à intenção do que ao sentido literal da linguagem dever de respeito, informar a outra parte sobre o conteúdo do negócio, de agir conforme a confiança depositada, lealdade e probidade, agir com honestidade, razoabilidade, equidade, boa razão... art. 422 (função de integração) art. 113 (função de interpretação) art. 187 (função de controle) Princípio da relatividade dos efeitos do contrato: O contrato vincula apenas as partes contratantes, só as partes ficam obrigadas a cumprir o objeto do contrato. Exceções: estipulação em favor de terceiro (arts. 436 a 438, CC): a convenção beneficia quem não participa da avença, comuns nos seguros de vida promessa de fato de terceiro (obrigações personalíssimas, como prometer levar um cantor de renome a uma determinada casa de espetáculos sem a devida concordância, respondendo por perdas e danos por não ocorrer a prometida apresentação) consumidor bystander: são aqueles que até um certo momento eram apenas espectadores e passaram à condição de consumidores equiparados quando vítimas de um acidente de consumo Princípio da obrigatoriedade Tem por fundamentos a necessidade de segurança nos negócios (que deixaria de existir se os contratantes pudessem não cumprir a palavra empenhada) e a intangibilidade do contrato (decorrente da convicção de que o acordo de vontades faz lei entre as partes, não podendo ser alterado nem pelo juiz) O novo código civil mitigou o pacta sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos) trazendo dentro de si a cláusula rebus sic stantibus (presente a situação imprevista, o contrato deve ser ajustado à nova realidade) – art. 478. Formas de extinção contratual: distrato/resilição bilateral: bilateral, amigável, mediante acordo resilição unilateral: por motivo anterior à formação do contrato resolução: motivos posteriores à formação do contrato (ex: inadimplemento, onerosidade excessiva) Elementos constitutivos dos contratos Escada ponteana 1º plano da existência: partes, objeto, vontade, forma 2º plano da validade: capacidade, objeto lícito, forma prescrita 3º plano da eficácia: condição, termo, registro... Classificação dos contratos Unilaterais: criam obrigações unicamente para uma das partes. Ex: doação pura Bilaterais: geram obrigações para ambos os contratantes. Ex: compra e venda, contrato de transporte, etc. São recíprocas, também chamadas de sinalagmáticas. Plurilaterais: contratos de consórcio, por exemplo. Onerosos: ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual, porém, corresponde um sacrifício, diminuição patrimonial. Gratuitos: Comutativos: de prestações certas e determinadas. Aleatórios: é o contrato bilateral e oneroso em que pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida. Ex: contratos de jogo. Consensuais: aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa e da observância de determinada forma. Reais: os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto. Ex: depósito, comodato. Antes da entrega da coisa só existe a promessa de contratar. Típicos: regulados pela lei. Atípicos: resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as duas características e requisitos definidos e regulados na lei. Paritários: são aqueles do tipo tradicional, em que as partes discutem livremente as condições, porque se encontram em situação de igualdade. Adesão: não permitem essa liberdade, devido à preponderância da vontade de um dos contratantes, que elabora todas as cláusulas. A manifestação da vontade se resume na aceitação. Ex: contratos de seguro, de transporte. Execução imediata: o cumprimento da obrigação é concomitante a celebração do contrato. Execução deferida: o cumprimento se dá em um único momento, mas se prolata no tempo. Ex: entregar o imóvel daqui 30 dias Execução continuada: o cumprimento da obrigação também se prolata no tempo, mas se faz de forma fracionada. Ex: locação, doação por subvenções periódicas. Definitivo: naquele instrumento contratual se esgotam as fases do cumprimento. Ex: locação Preliminar: possui existência e validade, mas para gerar eficácia é necessário outro (definitivo). A eficácia só se da com a tradição. Ex: contrato de gaveta Solenes ou formais: são os contratos que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar, não bastando a vontade das partes. Não solenes ou não formais: são os de forma livre. Basta o consentimento para a sua formação. Da formação dos contrato Proposta ≠ oferta Proposta: é feita entre particulares. É a manifestação da vontade de contratar, por uma das partes, que solicita a concordância da outra. É uma declaração unilateral recepticia que só produz efeitos ao ser recebida pela outra parte. Oferta: vai ser sempre aberta ao público, sendo privada ou para consumo. Puntuação ≠ proposta Puntuação são as negociações preliminares. Via de regra não geram o dever de indenizar. Nesta fase as partes ainda não manifestaram a sua vontade, não possuindo nenhum vínculo com o negócio. Assim, qualquer delas pode afastar-se, simplesmente alegando desinteresse. São partes da proposta, de um lado, o policitante, proponente ou solicitando, que é aquele que formula a proposta; e do outro o policitado, oblato ou solicitado, que é aquele que recebe a proposta. Requisitos da proposta vontade dirigida de forma inequívoca (animus) requisitos essenciais do negócio proposto. Ex: 482 (compra e venda) Quando deixa de ser obrigatória a proposta? Contrato entre presentes (art. 428, I): deixa de ser obrigatório se imediato e sem prazo – meios de comunicação simultânea (e-mail não se enquadra) Contrato entre ausentes: * sem prazo ( art. 428, II): “se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente.” “Prazo moral” *com prazo: “se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado.” Art. 423 e 424 A interpretação é sempre feita privilegiando o aderente. Isso não fere o princípio da isonomia, pois a verdadeira igualdade não é a formal, e sim a material (equidade); trata-se os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual na proporção de suas desigualdades, assim privilegia-se a parte mais fraca, no caso o aderente, para manter uma igualdade aristotélica ou material. Art. 430. Caso fortuito no envio da aceitação Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-áimediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos Ex: o caminhão tombou e chegou fora do prazo > o aceitante recebe e não avisa imediatamente o proponente > perdas e danos Art. 431: Contra-proposta Se houver mudanças na proposta, de valor, forma entre outros, ocorrerá a contraproposta e assim, reiniciar-se-á o prazo para aceitação invertendo-se as partes. Art. 435: Lugar na celebração do contrato O contrato será considerado celebrado no lugar em que foi proposto e se houver contraproposta, aonde esta ultima foi formulada. Estipulação de fato de terceiro Art. 439: Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, queado este não o executar. Assim, o único que pode ser “cobrado” é aquele que assumiu a obrigação, pois o terceiro não pode ser vinculado a cumprir uma obrigação, ante ao principio da relatividade dos efeitos. Entretanto, se o terceiro assentiu expressamente com a obrigação, não há mais como se falar em responsabilização do devedor primário, pois ele estará liberado da obrigação. (art. 440) Diferença novação e estipulação de fato de terceiro: na novação um dos indivíduos sai da relação pra ser substituído por outra pessoa que não fazia parte da relação. Extingue-se uma e cria-se outra. Na estipulação de fato de terceiro já nasce com a terceira pessoa mencionada na relação. Contrato aleatório "emptio spei": um dos contratantes assume o risco relativo à propria existência da coisa ou fato, não obstante um preço que será pago integralmente, mesmo que a coisa não venha a existir no futuro, desde que não haja dolo ou culpa da outra parte. Exemplo: seguro de acidente de veículo automotor. Contrato aleatório "emptio rei speratae": o risco se reduz à quantidade da coisa comprada, uma vez que um mínimo deverá ser apresentado. Ex: compra da sagra de café de 2014. Se nada existir,, não haverá alienação.
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